man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Broken Bells – Into The Blue
Oito anos depois do último registo de originais, um alinhamento de onze canções intitulado After The Disco, os Broken Bells de Danger Mouse e James Mercer, vocalista dos The Shins, estão de regresso aos lançamentos discográficos com Into The Blue, o terceiro disco do projeto, um trabalho que tem a chancela da AWAL e que possibilita, merecidamente, um regresso à ribalta desta dupla que se conheceu há dezoito anos nos bastidores do festival de Roskilde, na Dinamarca.
Regresso há muito aguardado pela nossa redação e por uma vasta legião de seguidores por esse mundo fora, este novo disco dos Broken Bells é um portento inabalável de indie pop, daquela indie pop charmosa, convincentemente majestosa e descaradamente fulgurante, incubado por dois músicos com provas mais do que dadas em variadíssimos subgéneros sonoros, quer como autores, compositores e intérpretes, mas também quer como produtores. Assim, com uma herança tão rica em ombros, só aos mais distraídos é que pode surpreender o elevadíssimo refinamento deste alinhamento de nove canções, que entusiasma e suscita sem grande sacrifício repetidas, mas sempre prazeirosas audições, garanto.
Logo na majestosidade e na riqueza instrumental do tema homónimo, que abre o disco, percebemos que há algo de indistinto e único nos próximos pouco mais de trinta minutos de audição que temos pela frente, mas também algo de familiar. De facto, algo que os Broken Bells têm no seu adn, goste-se ou não da fórmula, é o cariz marcante da sua música. Existe uma marca indelével no seu catálogo, um perfil interpretativo irrepetível e ao alcance de poucos. E o elevado cariz identitário desta dupla, plasma a astúcia e o vigor da ligação pessoal e profissional entre dois artistas que o destino condenou ao encontro, para felicidade de muitos milhares de outros seres que têm o bom gosto primeiro e o privilégio depois, de contar com este projeto californiano na banda sonora essencial das suas vidas.
Canções como a acusticidade belíssima das cordas que conduzem Invisible Exit, ou Love On The Run, uma majestosa, longa e intrincada canção que nos afaga num clima soul intenso e algo intrigante, com uma mescla feliz entre guitarras e trompetes a conferir-lhe a determinada altura uma toada psicadélica, são, de algum modo, os dois pólos antagónicos de um alinhamento que, sem sombra de dúvida, eleva para um patamar ainda mais eclético e diferenciado o tal adn muito próprio e identitário de uma dupla que depois, em Saturdays, no modo como alia um fabuloso baixo, melodicamente astuto, com alguns detalhes sintéticos efusiantes e guitarras repletas de distorções retro e harmoniosamente sempre subtis, amplia ainda mais a impressão firme de que beleza, emotividade e vigor são também aspetos relevantes de um álbum que, apesar dessas caraterísticas que parecem impôr algum respeito, tem a capacidade explícita de nos envolver num cenário muito próprio, tornando-nos quase que íntimos da dupla que fabricou estas nove canções.
O universo dos Broken Bells sempre oscilou entre atmosferas místicas carregadas com harmonias vintage e terrenos cósmicos futuristas, numa vivência feliz entre o retro e o tecnológico, assente em doces melodias e sofisticados arranjos vocais, com o falsete de Mercer, efusivo, a dar um pulsar e um charme verdadeiramente único aos seus próprios versos. Em Into The Blue este cardápio traça-se nas curvas sinuosas de um caminho que faz esta parceria Broken Bells atingir, finalmente, o real e maior potencial dos seus dois pólos. Espero que aprecies a sugestão...