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White Lies – Trouble In America

Sexta-feira, 30.09.22

As I Try Not To Fall Apart, um disco gravado nos estúdios Assault & Battery, no oeste de Londres e produzido por Ed Buler, é o título do sexto e novo disco dos White Lies, de Charles Cave, Harry McVeigh e Jack Lawrence-Brown, um registo cuja audição colocou justificadamente em polvorosa os fãs da banda relativamente ao seu conteúdo, já que é, possivelmente, o melhor trabalho da carreira da banda britânica.

White Lies anuncia o álbum “As I Try Not To Fall Apart” e divulga  faixa-título - Ok Music Play

Esse disco foi dissecado por cá, com detalhe, na passada primavera e acaba de receber um upgrade, com uma edição especial de luxo que conta com mais quatro inéditos, além das doze composições que já faziam parte do alinhamento de As I Try Not To Fall Apart.

Um desses inéditos é Trouble In America, uma composição que invade a mente de um assassino em série e da sua boa filha adolescente cristã, quando descobre quem o seu pai é e sempre foi. Aliás, o video do tema, idealizado pelo próprio Charles Cave, ilustra bem esta trama. Sonoramente, Trouble In America explora com notável grau de impressionismo a herança do melhor indie rock dos anos oitenta, que olhava com gula para aquela faceta pop que a eletrónica dos anos setenta gerou e que, abraçando as guitarras, na década seguinte se cimentou. Confere...

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publicado por stipe07 às 15:03

Wild Pink – See You Better Now

Quinta-feira, 29.09.22

John Ross, T.C. Brownell e Dan Keegan são o núcleo duro dos norte-americanos Wild Pink, uma banda de indie rock que se divide ente Brooklyn e Queens, bairros míticos de Nova Iorque e com pouco mais meia década de uma carreira que começou em dois mil e quinze com uma série de EPs. Estrearam-se nos discos em dois mil e dezassete com um excelente homónimo que tinha a chancela da Tiny Engines, entretanto lançaram mais dois álbuns e regressam a esse formato já em outubro com um novo longa duração intitulado ILYSM.

Daquele que será o quarto registo de originais dos Wild Pink, já foram divulgados o tema homónimo, a composição Hold My Hand, que conta com a contribuição vocal de Julien Baker e, mais recentemente, See You Better Now, tema que contém um magnífico solo de guitarra interpretado por J Mascis, vocalista, guitarrista, compositor e líder do grupo Dinosaur Jr. e objeto deste artigo.

See You Better Now é uma lindíssima canção de amor. Intensa, vibrante, melodicamente sagaz e exuberante no modo como utiliza as cordas para conduzirem uma melodia muito luminosa e atraente, é uma daquelas composições tipicamente indie, com um travo noventista ímpar e que, juntamente com as outras duas amostras já reveladas de ILYSM, promete um regresso em grande aos discos deste fantástico projeto norte-americano chamado Wild Pink, que vale bem a pena conhecer. Confere...

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publicado por stipe07 às 15:34

I LIKE TRAINS – The Spectacle

Quarta-feira, 28.09.22

Já com um histórico de quase duas décadas, visto terem iniciado as lides musicais em dois mil e quatro, os I LIKE TRAINS de Guy Bannister, Alistair Bowis, Simon Fogal, David Martin e Ian Jarrold, regressaram à ribalta há pouco mais de um ano com um disco intitulado Kompromat, uma coleção de nove canções que, à época, sucederam ao excelente The Shallows, de dois mil e doze. Era um registo que, uma vez mais, refletia sobre o estado atual do mundo em que vivemos, nomeadamente a conjuntura politica, uma imagem de marca sempre muito presente neste grupo natural de Leeds.

Leeds Post-Punk Heroes I Like Trains Return with the Video for "The  Spectacle" — Post-Punk.com

Agora, no início de outono de dois mil e vinte e dois, os I LIKE TRAINS voltam à carga com um novo e espetacular tema intitulado The Spectacle. É uma canção que faz uma crítica caústica e contundente ao modo como a classe política utiliza a linguagem e a oratória para controlar as massas a seu belo prazer e que, sonoramente, entronca, claramente, naquela que foi a filosofia estilística de Kompromat.

Portanto, The Spectacle assenta num punk rock de forte cariz progressivo, com uma originalidade muito própria e um acentuado cariz identitário, através da junção crescente de diversos agregados, que atingem o auge interpretativo numa bateria esquizofrénica e fortemente combativa, mas incrivelmente controlada. O resultado final é de proporções incrivelmente épicas, já que desse modus operandi percurssivo às guitarras, passando pelo vigor do baixo, tudo colabora na canção de forma coesa para o esplendor, inclusive o ruído abrasivo, que aqui em vez de magoar, fascina e seduz. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 15:49

Broken Bells – Love On The Run

Terça-feira, 27.09.22

Oito anos depois do último registo de originais, um alinhamento de onze canções intitulado After The Disco, os Broken Bells de Danger Mouse e James Mercer, vocalista dos The Shins, estão de regresso aos lançamentos discográficos em dois mil e vinte e dois, concretamente a sete de outubro próximo, com Into The Blue, o terceiro disco do projeto, um trabalho que terá a chancela da AWAL e que será, certamente, um regresso à ribalta desta dupla que se conheceu há dezoito anos nos bastidores do festival de Roskilde, na Dinamarca.

Broken Bells – “Love On The Run”

Depois de em julho termos revelado We’re Not In Orbit Yet…, o primeiro single divulgado de Into The Blue, e, no final de agosto, Saturdays, uma magnífica e imponente composição, que misturava um fabuloso baixo, melodicamente astuto, com alguns detalhes sintéticos efusiantes e guitarras repletas de distorções retro e harmoniosamente sempre subtis, agora chega a vez de contemplarmos Love On The Run, uma majestosa, longa e intrincada canção que nos afaga num clima soul intenso e algo intrigante, com uma mescla feliz entre guitarras e trompetes a conferir-lhe a determinada altura uma toada psicadélica que, sem sombra de dúvida, eleva para um patamar ainda mais eclético e diferenciado aquele que é o ADN muito próprio e identitário de uma dupla que se mantém bastante ativa nos seus projetos próprios (Danger Mouse prepara-se para lançar o disco de estreia do seu projeto paralelo Black Thought e James Mercer está a comemorar o vigésimo aniversário de Oh, Inverted World, o disco de estreia dos The Shins, com uma digressão), mas que neste novo álbum, tendo em conta as amostras já divulgadas, irá certamente manter o nome Broken Bells na rota de um caminho coeso, assertivo e refinado, nesta parceria que sabe como mostrar o real potencial dos seus dois pólos. Confere...

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publicado por stipe07 às 15:41

Big Scary – Me And You

Segunda-feira, 26.09.22

Os Big Scary são uma dupla australiana sedeada em Melbourne, formada por Tom Iansek e Jo Syme, que se estreou em dois mil e dez com o EP The Big Scary Four Seasons, ao qual se seguiu, no ano seguinte, o longa duração de estreia, intitulado Vacation. Em dois mil e treze viu a luz do dia Not Art, um alinhamento que colocou o hip-hop em plano de destaque na filosofia estilística do grupo e, três anos depois, Animal olhou com gula para ambientes algo teatrais, com o post-rock em cima da mesa como referencial importante no arquétipo sonoro das suas canções. Depois, no início do ano passado, a dupla voltou à carga com Daisy, um registo de nove canções que respeitava este cada vez maior ecletismo do adn dos Big Scary, que acaba de ter sequência com Me And You, um tomo de dez composições de fino recorte e que afirmam em definitivo o elevado nível de excelência da química entre Tom e Jo.

Watch: Big Scary - Organism | Pilerats

Em Me And You, uma vez mais, temas como o amor e a autenticidade e as aspirações pessoais num mundo cada vez mais digital, plasmam-se em letras carregadas de drama e melancolia. Sem exacerbar na impetuosidade sonora, é curioso perceber como a audição do disco consegue exalar nos nossos ouvidos uma indesmentível sensação de vigor e majestosidade, aspetos ampliados pela elegância e pela fragilidade característica da voz de Iansek.

Nas mãos dos Big Scary as guitarras estão praticamente ausentes, as sintetizações limitam-se a afagar, com charme e cor, as melodias e a percussão dá apenas a vida e o ritmo indispensáveis aquela que é a filosofia pretendida. Mas, mesmo assim, o punho cerra-se e a mente espevita-se enquanto o disco escorre, com a subtil cadência do nostálgico piano que conduz F.A., o hipnotismo de Firefly, o perfil jazzístico de Real Love, o groove delicioso de Goodbye Earle Street e a beleza tocante de In My ViewYou Won't Always, a não deixarem indiferente quem se predispôe a tentar perceber este modus operandi estilístico, que contém, diga-se, fortes reminiscências oitocentistas e um travo arty delicioso.

Em suma, mais do que um novo acrescento ao cardápio dos Big Scary, Me And You é um upgrade de charme e de reinvenção ao mesmo, um disco revigorante, que faz sentido escutar com devoção nestes tempos conturbados em que vivemos e que, sendo escutado desse modo, endereça ao ouvinte um convite direto ao questionamento pessoal, enquanto desperta a nossa curiosidade relativamente às infinitas possibilidades críticas que a nossa própria vivencia pessoal proporciona, sem muitas vezes nos apercebermos. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 09:05

Lobo Mau - 3 Segundos de Nada

Quinta-feira, 22.09.22

Há quase uma década, no verão de dois mil e doze, uma das bandas nacionais que fez furor na nossa redação foram os míticos TV Rural, com o registo A Balada Do Coiote. Era um disco cheio de canções explosivas, onde a tensão poética estava sempre latente e onde foi certamente propositada a busca do espontâneo, do gozo e até do feio, se é que é possível falar-se em estética na música. Agora, nove anos depois, David Jacinto, Gonçalo Ferreira e Lília Esteves, antigos colaboradores dos TV Rural, voltam ao nosso radar por causa do seu projeto Lobo Mau, que se estreou em grande em abril do ano passado com o disco Na Casa Dele, que teve poucos meses depois sequência com um tomo de quatro canções intitulado Vinha a Cantar, lançado em formato EP.

Lobo Mau antecipam edição de “Agarrado Ao Mundo” com single “3 segundos de  nada” – Glam Magazine

Agora, a entrar na reta final de dois mil e vinte dois, os Lobo Mau anunciam um novo longa duração. É um trabalho intitulado Agarrado ao Mundo, com lançamento previsto para o próximo dia catorze de outubro, uma edição de autor apoiada pela República Portuguesa, através do Programa Garantir Cultura.

Agarrado ao Mundo terá um alinhamento de nove canções, que terão como ponto de partida a herança do melhor folk rock nacional, induzindo uma forte componente experimental no mesmo, de modo a obter texturas sonoras que juntem a ousadia da electrónica, o arrojo dos trompetes e dos kazoos e a insistência da caminhada no ritmo das peles, das cordas e das teclas que acompanham a génese das canções, que é, sempre, a guitarra e as duas vozes. 3 Segundos de Nada, o primeiro single retirado do alinhamento de Agarrado ao Mundo e já com direito a um video realizado por Daniel Mota e Marco Oliveira, é um bom exemplo deste engenhoso e fulminante modus operandi. Confere...

www.lobomau.bandcamp.com

www.facebook.com/Lobo.Mau.Musica

www.instagram.com/lobomau_musica

www.youtube.com/channel/UCfk2yvg71nqsunI37Bmav1g/featured

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publicado por stipe07 às 14:18

Air Waves – The Dance

Quarta-feira, 21.09.22

Nicole Schneit é a feliz proprietária da magnífica voz que dá vida ao projeto a solo Air Waves, cujo nome é inspirado numa mítica canção dos Guided By Voices de Robert Pollard. Air Waves estreou-se em dois mil e sete com um registo homónimo que vale bem a pena destrinçar, ao qual se seguiram outros assinaláveis compêndios, nomeadamente Dungeon Dots, em dois mil e dez e Parting Glances, meia década depois. No entanto, o trabalho de Nicole Schneit só se começou a evidenciar verdadeiramente e com superior notoriedade junto da crítica em dois mil e dezoito com o excelente disco Warrior, que teve sequência há alguns dias atrás com um registo intitulado The Dance, que terá a chancela da Fire Records.

NICOLE SCHNEIT of AIR WAVES - Song For Ewe - Velvet Sheep

Em pouco menos de meia hora, The Dance espraia-se por nove canções que foram gravadas nos estúdios Figure 8, em Brooklyn, Nova Iorque, com as contribuições dos bateristas David Christian e Ben Florencio e do guitarrista Ethan Sass, contando também nos créditos com contribuições decisivas de nomes tão proeminentes como Skyler Skjelset (Fleet Foxes, Beach House), Luke Temple, Brian Betancourt, Cass McCombs, Rina Mushonga, Frankie Cosmos e Lispector.

Temas encharcados em profunda nostalgia e majestosidade, com a gloriosa década oitocentista do século passado na linha da frente, arregaçados, quase sempre, por sintetizações de forte cariz etéreo, acompanhadas de um registo vocal bastante emotivo e impactante, como sucede, por exemplo, em Wait, uma canção que explora as dificuldades de foco e de concentração que todos nós nos recordamos de ter sentido em idades mais precoces, são caraterísticas que abundam num disco concebido por uma artista ímpar no modo como domina diferentes vertentes e se expressa em múltiplas linguagens artísticas e culturais, sendo a música o código por excelência que Nicole utliza para expressar o mundo próprio em que habita e dar-lhe a vida e a cor, as formas e os símbolos que ela idealiza.

De facto, se na rugosidade das cordas que conduzem The Roof, o clássico rock alternativo se destaca, em Alien a participação feliz de McCombs já deixa interessantes pitadas folk no alinhamento, com a eletrónica ambiental de Black Metal, ou a delicadeza pop de Treehouse  a amplificarem o modo vigoroso como The Dance tem este travo de quem pretende comunicar connosco através de um código específico chamado diversidade estilística, tal é, como se percebe, a complexidade e a criatividade que estão plasmadas nas suas canções.

The Dance é, portanto, um disco em que cordas, sintetizadores e teclados são a matriz do arsenal bélico com que esta artista fantástica nos sacode enquanto traduz visões alienadas de uma mente criativa que parece, em determinados períodos, ir além daquilo que vê, pensa e sente, nomeadamente quando questiona alguns cânones elementares ou verdades insofismáveis do nosso mundo. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 16:52

Futurebirds And Carl Broemel – Bloomin’ Too EP

Terça-feira, 20.09.22

Figuras de destaque do rock psicadélico norte-americano, os Futurebirds deram as mãos aos guitarrista e produtor Carl Broemer, figura de relevo dos My Morning Jacket, para, juntos, incubarem um EP com sete canções intitulado Bloomin' Too, um tomo de sete canções que viu a luz do dia a nove de setembro último, com a chancela da No Coincidence Records e que sucede ao EP Bloomin' editado o ano passado com a mesma filosofia, modus operandi e intervenientes.

Futurebirds and Carl Broemel Unveil Fresh Track, “Buffet Days” Off New EP,  Bloomin' Too; Releasing September 9th | Grateful Web

Naturais de Athens, na Georgia, os Futurebirds são um dos nomes mais sonantes e excitantes do indie rock norte-americano contemporâneo. São, claramente, um dos melhores projetos a replicar uma sonoridade muito específica e que se restringe inapelavelmente às fronteiras entre o México e o Canadá, com uma identidade muito vincada e que assenta, essencialmente, na criação de composições bastante ligadas à corrente, através de efeitos indutores e guitarras cheias de fuzz. Geralmente, a aplicação prática criativamente feliz desta doutrina oferece ao ouvinte um clima marcadamente progressivo e rugoso, que não fecha mesmo os aolhos a um garage rock, ruidoso e monumental e que, frequentemente, também vira agulhas para o experimentalismo folk.

De facto, as canções deste EP são todas melodicamente belíssimas e nelas majestosidade e cor são evidências concretas. Sinz And Frenz, um tema composto por Daniel Womack, o líder dos Futurebirds, durante o período pandémico e que era para fazer parte de um disco a solo que o músico estava a incubar quando o surto teve início, é, talvez o tema que melhor condensa todos os atributos sonoros atuais de uma parceria feliz no modo como em mais sete temas, e à semelhança do que fez em dois mil e vinte e um, plasma os notáveis atributos que deve ter uma típica canção rock que quer impressionar pelo seu perfil nostálgico noventista e que habitualmente se serve de um arsenal instrumental que sustenta o rock alternativo mais genuíno para proporcionar ao ouvinte um som que pode ser também lisergicamente bastante apelativo. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 21:24

Jay-Jay Johanson – Labyrinth

Segunda-feira, 19.09.22

Foi há cerca de ano e meio que chegou aos escaparates Rorschach Test, o décimo terceiro e último álbum do sueco Jay-Jay Johanson, um riquíssimo reportório de experimentações sónicas que cimentaram o percurso sonoro tremendamente impressivo e cinematográfico de um dos nomes mais relevantes da pop europeia das últimas três décadas, um artista com uma carreira ímpar e que merece ser apreciada com profunda devoção. Agora, quase no ocaso do verão de dois mil e vinte e dois, Jay-Jay Johanson anuncia uma compilação de alguns dos melhores temas do seu catálogo mais recente, intitulada Portfolio, que ficará disponível no final desta semana, dia trinta de setembro.

Jay-Jay Johanson dévoile le titre inédit "Labyrinth"

Labyrinth, a décima primeira canção do alinhamento da compilação, é o original que fará parte do alinhamento de Portfolio. É, claramente, uma das mais belas composições da carreira do artista sueco, uma extraordinária e comovente canção, que disseca com inusitado pormenor as agruras, as incertezas e as encruzilhadas que todos enfrentamos nas nossas vidas. Nela, sonoramente, acusticidade orgânica e texturas eletrónicas particularmente intrincadas, conjuram entre si, muitas vezes de modo quase impercetível, para incubar uma composição que, como já referi, contém uma beleza sonora inquietante, proporcionada por um artista exímio no modo como, utilizando como instrumento de base o piano e como universos estilisticos prediletos o jazz, o trip hop e a pop, cria sons com forte inspiração em elementos paisagísticos e onde conceitos como majestosidade e bom gosto estão sempre presentes de modo bastante impressivo. Confere...

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publicado por stipe07 às 15:47

Death Cab For Cutie – Asphalt Meadows

Domingo, 18.09.22

Se há banda que ao longo desta década e meia de vida de Man On The Moon vai conseguindo conquistar, sorrateiramente, o coração sempre exigente da nossa redação, são os norte-americanos Death Cab For Cutie.  Disco após disco, desde que passaram por cá a primeira vez em julho de dois mil e onze com Codes And Keys, este coletivo dos arredores de Washington parece não nos oferecer, no imediato, algo com que o ouvido se regozije instantaneamente e que, além disso, trespasse o âmago com fervor, mas é um facto que desde que lhes seja dedicada merecida audição, algo que fazemos questão de intentar, acabam por ser como aqueles namorados que nos conquistam irremediavelmente com o tempo, porque as melhores relações não são, diga-se em abono da verdade, aquelas que se conectam, com mais ou menos fervor, à primeira vista.

Death Cab For Cutie – 'Asphalt Meadows' review: back to their best

Asphalt Meadows, o novo álbum dos Death Cab for Cutie, o décimo disco da banda e que tem a chancela da Atlantic Records, contando com a presença de John Congleton nos créditos relativos à produção, é um tiro certeiro neste fortalecimento de uma relação que, mesmo que não seja recíproca, visto desconhecermos a projeção deste blogue no seio do projeto, é já intensa e irrevogável, a não ser que, no futuro, este grupo proporcione algo completamente díspar daquilo que é a bitola qualitativa do adn do seu fabuloso catálogo.

Produzido pelo inimitável John Congleton, como já referi, Asphalt Meadows é, portanto, e como seria de esperar, mais um alinhamento certeiro a dissertar sobre sentimentos e emoções, à boleia de canções que olham sempre para a pop e o rock alternativo contemporâneos com sagacidade e, como é óbvio, encharcadas com letras que testam constantemente a nossa capacidade de resistência à lágrima fácil. Sonoramente é, talvez, o registo mais arrojado e vigoroso da banda, algo salutarmente previsivel a partir do momento em que se tornou público que o já referido produtor John Congleton faria parte dos seus créditos.

De facto, canções como Foxglove Through The Clearcut, um portento de intensidade e epicidade instrumental, ou Roman Candles, uma composição que Gibbard escreveu inspirando-se naquela sensação de ansiedade e incerteza que todos nós que vivemos o período pandémico e os sucessivos confinamentos e restrições conhecemos e que, sonoramente, à boleia de guitarras que debitam distorções sujas e abrasivas, nos oferece um instante de indie rock pulsante, rugoso e até algo hipnótico, assim como a espiral elétrica de Here To Forever, são três felizes capítulos que comprovam esta busca por uma sonoridade mais agressiva e inquietante, mas servida em bandeja de ouro com particular astúcia. Depois, e abreviando, porque o pulsante frenesim percussivo de I Miss Strangers, ou a rara tonalidade misteriosa de Fragments From The Decade, também condensam as melhores nuances do intenso espetro criativo que envolve Asphalt Meadows, a poderosa intensidade de Pepper, composição que, assentando num baixo irresistível, em cordas metalizadas reluzentes e um inquietante piano, adornado com borbulhantes efeitos sintéticos, remata, com enorme beleza, a irresístivel grandiosidade de um trabalho único no panorama alternativo de dois mil e e vinte e dois e, sem dúvida, um dos melhores instantes discográficos da carreira dos Death Cab For Cutie.

À medida que as audições de Asphalt Meadows se repetem, as suas onze canções ganham cada vez mais rugosidade e sentimento dentro do ouvinte empenhado e dedicado, uma evidência embalada por uma vasto arsenal de explosões sónicas vigorosas e musculadas, que, mesmo com esse perfil que pode soar a algo de certo modo cru e desprovido de sentimento, emocionam o ouvinte mais incauto com uma facilidade incrível. Os Death Cab For Cutie acabam de nos mostrar, com clarividência, a impressão firme no lado de cá da barricada de estarmos perante uma banda extremamente criativa, atual, inspirada e inspiradora e que sabe sempre como agradar aos fãs. Se dúvidas ainda haviam, agora é um facto que nunca mais colocaremos reservas sempre que este quarteto norte-americano colocar algo de novo debaixo dos nossos radares. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 15:13


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