man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Damien Jurado – Reggae Film Star
Depois de há cerca de um ano, na primavera de dois mil e vinte e um, ter editado o excelente registo The Monster Who Hated Pennsylvania, o norte-americano Damien Jurado está de regresso com um novo disco também monstruoso, intitulado Reggae Film Star. O décimo oitavo registo de originais do músico e compositor natural de Seattle e que conta, nos seus créditos, com o multi-instrumentista Josh Gordon e Alex Bush na mistura, tendo sido masterizado nos estúdios Sterling Sound de Greg Calbi e Steve Fallone, tem a chancela da Maraqopa Records e viu a luz do dia a vinte e quatro de junho.
Em doze canções que se esperaiam por pouco mais de meia hora, Reggae Film Star oferece-nos mais um delicado e sublime tratado sonoro, repleto de canções melodicamente irrepreensíveis, instrumentalmente fartas e filosoficamente tocantes, inspiradas num sitcom dos anos setenta para crianças chamado Alice, de que o autor se recorda da sua infância, um expressionismo sonoro que fica bastante claro ao ouvinte logo nos maravilhosos violinos que se espraiam por Roger.
Tendo sempre como ponto de partida esse programa infantil, este álbum é um exercício exemplar de majestosa psicadelia, enquanto nos relata ordinárias situações mundanas, um modus operandi intrínseco ao adn da escrita de Jurado. É uma escrita que se materializa em doze vinhetas sonoras, que tanto dissertam sobre um autor que ensaia repetitivamente a sua própria morte, como sobre um par de criativos que se separa, procurando ambos seguir o seu caminho. no fundo, mesmo que não conheças o programa, como é o nosso caso, é muito comum sentires-te reconhecido em algumas das personagens e ds circunstâncias que são descritas, encontrares, ao longo da audição deste registo, peças do teu próprio puzzle existencial, enquanto assistes a uma tocante saga emocional.
Jurado é um verdadeiro mestre a abrir portas e janelas para um universo muito peculiar, único e seu. A sua voz sussurrante, que comunica com o nosso âmago com incrível proximidade e uma forma de compôr que, algures entre a penumbra e a luz, está geralmente carregada com um timbre nas cordas rugoso, bem tipificado em Ready for My Close Up, um estilo de manobrar a viola que é simultaneamente revelador de inquietude e de serenidade e, já agora, também o clima jazzístico que muitas vezes é apenas implícito, mas indesmentível, como em Taped In Front Of A Live Studio Audience, são nuances que o músico aperfeiçou com superior requinte neste Reggae Film Star e que comprovam a mestria de um arquétipo sonoro compositório pleno de uma sofisticação muito própria e sem paralelo no panorama indie folk contemporâneo.
Day Of The Robot, canção essecial de dois mil e vinte e dois, uma composição com um travo mais eletrificado do que o habitual em Jurado e que pisca o olho, com gula e intensidade, à herança do melhor indie rock norte-americano de final do século passado, através de uma bateria exemplarmente marcada, cordas com um timbre metálico pleno de charme e violinos a planar pela melodia, é outro momento surrealista de um disco portentoso e que justifica, uma vez mais, porque é que este autor atualmente a residir em Los Angeles é um dos nomes fundamentais da folk norte americana e Reggae Film Star um trabalho único e obrigatório. Espero que aprecies a sugestão...