man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
50 Foot Wave – Black Pearl
Líder incontestada dos míticos Throwing Muses, Kristin Hersh é também figura de relevo de um outro projeto intitulado 50 Foot Wave, que junta, desde dois mil e três, a autora, cantora e compositora natural de Atlanta, na Georgia, ao baixista Bernard Georges, seu parceiro nosThrowing Muses e ao baterista Rob Ahlers. Este trio tem um novo disco intitulado Black Pearl, sete canções que nos oferecem uma trip sonora verdadeiramente alucinante, um registo que carece de dedicada audição, por todos os amantes daquele rock mais cru e experimental.
As canções de Black Pearl encontram a sua génese em arquétipos de composições que tinham como destino o catálogo dos Throwing Muses, mas que foram consideradas, logo à partida, demasiado estranhas ou alternativas, para esse propósito. No entanto, e ainda bem, foram preservadas, porque não eram vistas como descartáveis, recebendo agora, anos depois, o polimento final, num resultado verdadeiramente único, muito peculiar e sui generis e que até pode ser considerados por mentes mais puristas como quase marginal.
Carregamos no play e Black Pearl, logo que inicia, ensina-nos que o grunge, aquele famoso subgénero do rock alternativo que fez escola nos anos noventa, também pode ser melancólico e, além disso, também passível de ser sujeito a abordagens que tenham o experimentalismo livre de constrangimentos em declarado ponto de mira. Os riffs ecoantes de Staring Into The Sun, ou o emaranhado sonoro com que a guitarra abastece Hog Child, exemplarmente acompanhada pelo vigor do baixo e da bateria, são exemplos felizes de uma trama que obedece exatamente a estas permissas, em que o lo fi e o ruído são também vetores essenciais, nomeadamente no modo como projetam charme e lisergia.
Disco único, quer na concepção, quer na sonoridade que exala, Black Pearl é um registo cheio de personalidade, com uma produção cuidada e que nos aproxima do que de melhor propõe a música independente americana contemporânea. O álbum comunica connosco através de um código específico, tal é a complexidade e a criatividade que estão plasmadas nas suas canções. É um disco eclético, complexo e de audição verdadeiramente desafiante, mas altamente recompensadora. Espero que aprecies a sugestão...