man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Hatcham Social – We Are The Weirdos
Toby Kidd, Finnigan Kidd e David Claxton são os Hatcham Social, uma banda britânica oriunda da capital Londres e We Are The Weirdos o quinto trabalho do cardápio de um projeto cujas raízes remontam a dois mil e seis, altura em que com a benção de Tim Burgess, o líder dos Charlatans e de Alan McGee, patrão da Creation Records, os irmãos Kidd e Claxton, antigo baterista dos Klaxons, deram o pontapé de saída numa trip sonora que tem mergulhado, disco após disco, num universo sonoro recheado de novas experimentações e renovações e que soa sempre poderoso, jovial e inventivo.
Sucessor do extraordinário registo The Birthday Of The World de dois mil e quinze, We Are The Weirdos proporciona-nos mais uma mirabolante viagem rumo à melhor herança do rock britânico do último meio século. São catorze canções, repletas de vários convidados especiais e que fazem uma espécie de súmula de uma notável carreira de um dos projetos mais interessantes do cenário indie de terras de Sua Majestade. Falamos de uma banda cuja estreia nos discos ocorreu em dois mil e nove depois de alguns singles de sucesso editados anteriormente. You Dig The Tunnel and I'll Hide the Soil, foi o nome desse debut, um álbum produzido pelo já referido Tim Burgess e por Faris Badwan, dos The Horrors. O sempre difícil segundo disco, intitulado About Girls, chegou três anos depois e o elevado apreço por parte da crítica especializada manteve-se com Cutting Up The Present Leaks Out The Future, no início de dois mil e catorze. No outono do ano seguinte a fasquia ficou ainda mais elevada com esse The Birthday Of The World, uma esplendorosa coleção de dez canções, particularmente luxuriante, espiritual e hipnótica.
O que encontramos, então, neste We Are The Weirdos é uma coleção de canções verdadeiramente desconcertante e com uma produção cuidada, que aposta numa elevada dose de reverb e no típico espírito lo fi. É uma compilação que faz da sua audição um desafio constante, quer devido ao modo como coloca em causa, permanentemente e sem concessões, o típico formato canção, mas também pela amálgama heterogénea de arranjos, samples e sons que rodeiam e sustentam as suas composições.
Instrumentalmente, desde a bateria ao baixo, passando pelo orgão, o piano, sintetizadores, guitarras, violas acústicas e um arsenal alargado de instrumentos de percussão, é extenso o rol de convidados para esta festa única e lisérgica, não faltando um infinito arsenal de efeitos e sons originários das mais diversas fontes instrumentais, reais ou fictícias. Abundam as sobreposições instrumentais em camadas, onde vale quase tudo, mas nunca é descurado um forte sentido melódico e uma certa essência pop, numa curiosa busca de acessibilidade, havendo o propósito claro de aproximação ao ouvinte, cativando-o para uma audição dedicada.
Logo em If You Go Down To The Woods Today (Three Cheers For Our Side), a voz e a metalização da guitarra dão corpo a uma melodia plena de majestosidade e cor, encharcada com o melhor código genético de uns The Smiths, para depois, em In My Opinion o espraiar cuidadoso das cordas de uma agreste guitarra, cimentarem o combustível que inflama os raios flamejantes que cortam a direito e iluminam o colorido universo sonoro dos Hatcham Social, feito de uma enorme assertividade e bom gosto. Depois o blues rock stoniano de I Cannot Cure My Pure Evil, a essência punk vintage do baixo que conduz Sidewalk e a herança aditiva e luminosa que o efeito sintético e o espírito barroco das cordas e de um efeito planante nos transmitem em Lion With A Lazer Gun, assim como a monumentalidade pop da garageira de So So Happy Making, confirmam os mais incautos que estes Hatcham Social são uma banda obrigatória para todos aqueles que da psicadelia, à dream pop, passando pelo shoegaze, o chamado space rock e uma reforçada dose de experimentalismo sem regras e concessões, se deliciam com a mistura de vertentes e influências sonoras, sempre em busca de uma espécie de movimento estético de vanguarda sonoro, que desafia convenções e métodos e com liberdade plena para ir além de qualquer condicionalismo editorial que possa influenciar o processo criativo de um grupo. Espero que aprecies a sugestão...