man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Metronomy – Things Will Be Fine
Projeto que raramente escapa à malha da nossa redação são os Metronomy, um projeto nascido da fértil imaginação de Joseph Mount, natural da pequena localidade de Totnes, Devon, no sudoeste de Inglaterra. Reza a lenda que tudo começou quando o pai lhe ofereceu um computador para que ele pudesse dedicar-se à produção de música electrónica no quarto, onde se ouvia discos de Autechre, LFO, Aphex Twin e Devo, entre outros e daí até à ideia de criar uma banda foi um pequeno passo, como seria de esperar.
Os Metronomy estrearam-se nos discos em dois mil e onze com o excelente The English Riviera, para mim ainda o melhor registo do catálogo do grupo e a partir daí, em alinhamentos tão emblemáticos como Love Letters (2014) ou Summer 08 (2016) foram cimentando uma posição cimeira na chamada indietrónica, um subgénero sonoro que mescla com mestria sintetizações e guitarras, sempre num clima festivo, com nomes como os Phoenix, os Hot Chip os os Holy Ghost! a serem outras referências obrigatórias neste espetro único.
Agora, no início de dois mil e vinte e dois, os Metronomy voltam a merecer a nossa atenção devido a Things Will Be Fine, o último avanço revelado daquele que será o sétimo disco da carreira do projeto, um trabalho intitulado Small World, que irá ver a luz do dia a dezoito de fevereiro através da Because Music e que sucede ao registo Metronomy Forever, editado há pouco menos de dois anos. Things Will Be Fine é uma canção assente numa curiosa acusticidade luminosa e nostálgica, algo inédita num projeto que procura sempre dar primazia a contornos mais sintéticos, um tema intimist e climático, na medida em que versa sobre a juventude dos elementos do grupo e que tem a sua enorme sensibilidade melódica assente em esplendorosas cordas e nos arranjos típicos de um folk bastante inspirada. A trama jovial e apelativa de Things Will Be Fine é ampliada por um interessante vídeo assinado realizado por Juliet Casella e Thibaut Caesar. Confere...
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Spiritualized – Crazy
O extraordinário registo And Nothing Hurt, de dois mil e dezoito, assinado pelo projeto britânico Spiritualized, tem finalmente sucessor. Everything Was Beautiful é o nome do novo alinhamento da banda de Jason Pierce e irá ver a luz do dia a vinte e cinco de fevereiro próximo, com as chancelas da Bella Union e da Fat Possum.
Everything Was Beautiful contém sete composições que foram gravadas em mais de uma dezena de estúdios diferentes e com um elevado naipe de músicos convidados legível nos seus créditos, incluindo Poppy, a filha de Jason Pierce, músico, cantor e compositor extraordinário e que também toca variadíssimos instrumentos durante o alinhamento daquele que será o nono disco do grupo.
Always Together With You, o tema que abre o alinhamento de Everything Was Beautiful, foi o primeiro single retirado do disco, uma estrondosa composição gravada pela primeira vez em dois mil e catorze, na altura com uma roupagem mais agreste e intitulada, à época, Always Forgetting With You (The Bridge Song), sob o pseudónimo Mississippi Space Program.
Agora também já é possível escutar Crazy, a quarta canção do alinhamento de Everything Was Beautiful e que é mais um bom exemplo de variações eletromagnéticas emanadas por planetas, ruídos intergaláticos e uma série de elementos que ao serem posicionados de forma correta se transformam em música. O tema, que conta com a participação especial vocal da artista country Nikki Lane, é uma lindíssima balada, plena de soul e emotividade, que segue uma linha eminentemente country pop, com cordas reluzentes e arranjos sofisticados com o habitual pendor psicadélico do projeto, a proporcionarem-nos quase quatro minutos de intenso requinte e nostalgia, que podem ser ampliados pela visualização do vídeo da canção inspirado no filme Kiss de Andy Warhol e que é assinado pelo próprio Jason Pierce. Confere...
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Fontaines D.C. – Jackie Down The Line
Skinty Fia é o curioso título do novo disco dos irlandeses Fontaines D.C., que parecem verdadeiramente apostados em não colocar rédeas na sua veia criativa, estando a conseguir lançar um disco por ano, em média, e sem beliscarem a sua bitola qualitativa, desde que em dois mil e dezanove iniciaram uma fabulosa saga discográfica com Dogrel, que teve sequência no ano seguinte à boleia de A Hero’s Death, um dos grandes discos desse ano para a nossa redação.
Skinty Fia, um palavrão irlandês atualmente com uma conotação mais diliuída e que faz referência a uma espécie de veado desse país já extinto, irá ver a luz do dia em plena primavera, mais concretamente a vinte e dois de abril e volta a contar com Dan Carey na produção. Jackie Down The Line é o primeiro single revelado de um alinhamento que terá dez temas. É uma canção também já com direito a um interessante vídeo realizado por Hugh Mulhern e que conta com a participação especial da bailarina e coreógrafa Blackhaine. Sonoramente, a canção impressiona pela versatilidade e variedade das cordas, sendo conduzida por uma espetacular linha de baixo, que acama uma melodia algo hipnótica e sombria e diversos arranjos percurssivos enleantes. Confere Jackie Down The Line e a tracklist de Skinty Fia...
01. ‘In ár gCroíthe go deo’
02. ‘Big Shot’
03. ‘How Cold Love Is’
04. ‘Jackie Down The Line’
05. ‘Bloomsday’
06. ‘Roman Holiday’
07. ‘The Couple Across The Way’
08. ‘Skinty Fia’
09. ‘I Love You’
10. ‘Nabokov’
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Lobo Mau - Vinha A Cantar EP
Há nove anos atrás, no verão de dois mil e doze, uma das bandas nacionais que fez furor na nossa redação foram os míticos TV Rural, com o registo A Balada Do Coiote. Era um disco cheio de canções explosivas, onde a tensão poética estava sempre latente e onde foi certamente propositada a busca do espontâneo, do gozo e até do feio, se é que é possível falar-se em estética na música. Agora, quase no ocaso de dois mil e vinte e um, David Jacinto, Gonçalo Ferreira e Lília Esteves, antigos colaboradores dos TV Rural, voltam ao nosso radar por causa do seu projeto Lobo Mau, que se estreou em grande em abril do ano passado com o disco Na Casa Dele.
Os Lobo Mau têm um novo EP que dá sequência a esse registo de estreia. É um tomo de quatro canções intitulado Vinha a Cantar, viu a luz do dia em dezembro e que cruza, com superior mestria, na sua sonoridade melódica, elementos da música de raiz portuguesa com sons contemporâneos, agregando, no fundo, a multiculturalidade musical e poética do Portugal actual.
Vinha A Cantar são, portanto, quase quinze minutos claramente inspirados em histórias reais, possivelmente contadas por quem as viveu e que não se importa de, através destes quatro temas, expôr-se, a si, e aos seus jeitos de viver e sentir, aproveitando, em simultâneo para refletir sobre a identidade comum entre a ruralidade de uma aldeia portuguesa e a realidade urbana da actualidade. Espero que aprecies a sugestão...
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Gang Of Youths – In The Wake Of Your Leave
Os Gang Of Youths são uma banda australiana formada por David Le'aupepe (vozes e guitarra), Max Dunn (baixo), Jung Kim (guitarra, teclados), Donnie Borzestowski (bateria) e Tom Hobden (violinos, teclados e guitarra). Kim é descendente de um casal coreano e norte-americana, Dunn é da Nova Zelândia, Borzestowski é descendente de um casal polaco e australiano, Hobden é de terras de Sua Majestade e o pai de Le'aupepe era natural da Samoa e a mãe uma austríaca com raízes judaícas. Sedeados em Sidney, estrearam-se nos discos em dois mil e quinze com o registo The Positions, que teve, à época, excelente aceitação da crítica.
No ano transato os Gang Of Youths estiveram particularmente ativos. Lançaram em julho o EP Serene e em outubro revelaram uma canção intitulada The Man Himself. Depois, no mês seguinte, confirmaram ter um novo álbum chamado Angel In Realtime, que irá ver a luz do dia em fevereiro e que encontra a sua grande inspiração na morte recente do pai de David Le'aupepe, um nativo da Samoa, como já referi, e que emigrou para a Austrália, tendo passado antes pela Nova Zelândia.
In The Wake Of Your Leave é o mais recente single divulgado de Angel In Realtime, uma canção em que David reflete sobre o modo como se tornou criativamente tão dependente do evento da perca do seu pai, parecendo ser essa a única alavanca que o faz compor e que tudo o resto não passa para ele de uma mera futilidade. Sonoramente, In The Wake Of Your Leave assenta num rock vibrante, exuberante e majestoso. Confere...
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Kids On A Crime Spree – Goods Get Got
Os norte-americanos Kids On A Crime Spree, de Mario Hernandez (antigo membro dos Ciao Bella e dos From Bubblegum To Sky), que se estrearam há uma década com o extraordinário registo We Love You So Bad, estão prestes a regressar aos discos com um trabalho intitulado Fall in Love Not in Line, que irá ver a luz do dia a vinte e dois de janeiro do próximo ano, à boleia da Slumberland Records.
Ultimamente temos vindo a conferir alguns dos avanços já revelados de Fall In love Not In Line, que nos têm mostrado que vem aí um disco novo dos Kids On A Crime Spree assente num indie punk rock abrasivo, contundente e de elevado quilate. De facto, se canções como When Can I See You Again? e All Things Fade, foram claras relativamente a essa permissa, Goods Get Got, a última canção divulgada do registo, a sexta na ordem do alinhamento e que nos oferece um buliçoso e agreste tratado punk, ruidoso e efervescente, aguça ainda mais a nossa ânsia pela chegada aos escaparates do alinhamento integral deste novo álbum do grupo norte-americano. Confere...
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Yndling – Yndling EP
A redação de Man On The Moon já tinha saudades de um bom compêndio de indie pop, de cariz eminentemente etéreo e contemplativo. E essa espera finalmente terminou devido ao EP homónimo do projeto norueguês Yndling, encabeçado por Silje Espevik, uma artista capaz de nos transportar, com a sua magnífica voz e com uma capacidade inata de compôr, para um pote mágico onde encontramos todas as poções que nos dão acesso às melhores estratégias para lidarmos com as angústias, mas também os medos, as turbulências e as dúvidas e hesitações que o dia a dia nos oferece.
O mundo de Yndling é muito peculiar, sem dúvida. Escuta-se este alinhamento de sete canções e sente-se uma dificuldade clara em encontrar pontos em comum com outros projetos. Talvez se situe um pouco numa espécie de interseção entre a melhor eletrónica ambiental de uns Zero 7 com a majestosidade pop dos extintos Pavo Pavo, mas fazer tal afirmação advém, apenas e só, de um exercício intuitivo que desabrochou durante a primeira audição do EP. Por exemplo, se a nebulosa Childish Fear, que versa sobre as dificuldades que existem em qualquer relação de manter sempre o nível em terreno feliz, parece ter resultado de uma espécie de filtragem entre sintetizadores agonizantes e um registo percurssivo algo afoito, já Cotton Candy Skies, beneficiando de um acabamento não tão elegante e polido, mas mais áspero e ruidoso, também seduz porque nos mostra que uma certa indulgência orgânica, abastecida, neste caso, de guitarras plenas de efeitos texturalmente ricos, teclados corrosivos no modo como atentam contra o sossego em que constantemente nos refugiamos e a voz de Espevik num registo ecoante e esvoaçante, também é capaz de colocar em sentido todos os alicerces da nossa dimensão pessoal mais frágil e ternurenta.
Produzido por Adrian Einestor Sandberg, Yndling é um registo cintilante, muito comunicativo e sentimental. Um alinhamento que, apesar de ter, na maioria das canções, uma narrativa sombria, é, no seu todo, descontraído, triunfante e seguro. Nele, esta artista norueguesa ímpar, encarnou com as suas mágoas e esperanças, uma súmula muitas vezes quase impercetível entre epicidade frenética, crua e impulsiva e sensualidade lasciva, num resultado global borbulhante e colorido. Espero que aprecies a sugestão...
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The Reds, Pinks And Purples – I Still Owe You Everything
Sedeado em São Francisco, na Califórnia, o projeto The Reds, Pinks And Purples é um nome a ter em conta no cenário indie de cariz mais lo fi e experimental norte-americano, que se prepara para regressar aos discos neste ano de dois mil e vinte dois, o quarto de uma carreira que se iniciou em dois mil e dezanove com o registo Anxiety Art e que vale bem a pena explorar.
O novo álbum da banda, que é, basicamente, um projeto a solo de Glenn Donaldson, chama-se Summer At Land's End, terá onze canções e irá ver a luz do dia a vinte e dois de janeiro com a chancela da insuspeita Slumberland Records. Há algumas semanas atrás ficámos a conhecer a canção Pour The Light In, o sexto tema do alinhamento de Summer At Land's End, e agora, enquanto o disco não chega aos escaparates físicos e digitais, chega a vez de contemplarmos I Still Owe You Everything, uma composição que não fará parte do seu alinhamento, mas que vale bem a pena destrinçar.
Além de um registo vocal pleno de sentimento, mas também de mistério, I Still Owe You Everything impressiona pelos arranjos luminosos que vagueiam pelo tema, por um registo rítmico vigoroso e pela eletrificação ecoante da guitarra, com o grau de distorção apropriado, nomeadamente no solo, detalhes que nos permitem contemplar uma canção que carrega consigo claras reminiscências do melhor indie de finais do século passado, criada por um músico claramente consciente dos terrenos sonoros que pisa.
A edição digital de I Still Owe You Everything, disponível no bandcamp dos The Reds, Pinks And Purples, teve direito a um lado b, uma balada ao piano intitulada Break Upt The Band, bastante emotiva. Confere...
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Palace – Shame On You
Sedeados em Londres, os Palace consomem a sua criatividade na esfera de um indie alt-rock expansivo e encharcado em emotividade, que encontra fortes reminiscências no catálogo de nomes tão credenciados como os DIIV, Alt-J ou os My Morning Jacket. No centro das criações sonoras do projeto está quase sempre o inconfundível falsete de Leo Wyndham, o vocalista dos Palace, que nos faz recordar facilmente a maravilhosa tonalidade que era imagem de marca do saudoso Jeff Buckley.
Depois de no início do passado mês de outubro o projeto ter revelado a canção Lover (Don’t Let Me Down), o primeiro avanço de Shoals, o novo disco da banda e, poucas semanas depois, em dose dupla, as canções Fade e Gravity, agora, a poucos dias da edição do disco, chega a vez de conferirmos Shame On You, a segunda composição de um alinhamento de doze.
Shame On You é, sem sombras de dúvidas, uma das canções mais bonitas que a nossa redação ouviu nos últimos dias, um portento de indie rock majestoso e vibrante, em que camadas de cordas de elevado timbre metálico, sintetizações etéreas e melodicamente sagazes e uma bateria arritmada acamam o habitual registo vocal sedutor de Leo Wyndham.
Shoals vai ver a luz do dia a vinte e dois de janeiro, através do consórcio Avenue A/Fiction e sucede aos registos So Long Forever, o trabalho de estreia, lançado em dois mil e dezasseis e Life After, editado há dois anos, em dois mil e dezanove. Confere Shame On You e o alinhamento de Shoals...
1. Never Said It Was Easy
2. Shame On You
3. Fade
4. Gravity
5. Give Me The Rain
6. Friends Forever
7. Killer Whale
8. Lover (Don’t Let Me Down)
9. Sleeper
10. Salt
11. Shoals
12. Where Sky Becomes Sea
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The Smile – You Will Never Work In Television Again
Um dos projetos mais interessantes que começa a ganhar forma e impacto é, sem dúvida, os The Smile, um grupo que reúne Thom Yorke e Jonny Greenwood, o chamado núcelo duro dos Radiohead e Tom Skinner, baterista do Sons of Kemet. Os The Smile têm já algumas apresentações ao vivo no curriculum e parece que nos próximos meses irá haver estreia no formato disco. E será certamente um acervo discográfico incontornável do ano de dois mil e vinte e dois, tendo em conta You Will Never Work In Television Again, o inédito que o trio acaba de divulgar.
Produzida por Nigel Godrich, um colaborador antigo dos Radiohead e presença assídua nos créditos dos álbuns do grupo de Oxford, You Will Never Work In Television Again é uma abrasiva composição, que em pouco mais de três minutos nos oferece um punk rock de elevadíssimo calibre, com guitarras ruidosas e um registo percurssivo frenético a acamarem um registo vocal de Yorke que permanece intacto e pujante, mesmo após tantos anos. Confere...