man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
My Morning Jacket – My Morning Jacket
Já chegou aos escaparates e à boleia da ATO Records, My Morning Jacket, o novo trabalho dos My Morning Jacket de Jim James. Este homónimo é o nono álbum do projeto oriundo de Louisville, no Kentucky e que desde mil novecentos e noventa e oito nos delicia com uma mistura eclética de country rock, indie rock, funk e rock psicadélico, um som cheio de reverberações e que potenciam as sempre energéticas e entusiasmantes performances ao vivo do grupo.
Em My Morning Jacket Jim James e os seus companheiros encharcam-nos, durante pouco mais de uma gora, com um exercício doutrinal que apela à nossa conversão a uma forma de criação musical repleta de especificidades e que. no fundo, funde aquela que é, por excelência, a melhor escola folk sulita norte-americana, com alguns dos cânones fundamentais da indie pop contemporânea, que puxa para o enredo o sintético, muitas vezes em doses nada regradas, de modo a criar composições em que majestosidade e cor são evidências concretas, mas que trazem sempre consigo aquela profundidade reflexiva e intimista, plena de sensibilidade, que o outro lado do atlântico sempre estimou na hora de compôr.
Logo a abrir o disco, Regularly Scheduled Programming é um exemplo claro desta cartilha, com guitarras vigorosas e samples esvoaçantes a tocarem-nos atè à medula para, logo depois, ainda sem estarmos refeitos do safanão, Love Love Love, uma composição assente num indie rock experimental com forte vibe setentista, potenciado por riffs de guitarras intensos, trespassados por efeitos cósmicos com elevado teor psicadélico e um registo percussivo algo hipnótico, nos deixar, de vez, absorvidos por um disco em que cosmicidade, fuzz e lisergia são também traves mestras de um enredo que tem, claramente, uma relação direta com a vida do músico, como se ele fosse uma personagem que se transforma em matéria-prima audível.
O piano que se insinua pela soul indistinta da guitarra que sustenta In Color, o casamento perfeito que se estabelece entre o acústico e o elétrico em Least Expected, o rock boémio, fumarento e negro que cintila em Never In The Real World ou o travo rugoso e abrasivo de Complex , assim como a ode setentista que inflama por todos os poros de Penny For Your Thoughts, são outros momentos obrigatórios de um registo que pode ser visto como uma espécie de country alternativo, mas que encanta, acima de tudo, por ser, no fundo, um tratado de rock clássico, puro e duro e por conter inúmeros instantes de nostalgia, dissolvidos ao longo de um alinhamento naturalmente clássico, como é norma neste quinteto de Louisville, no Kentucky, mas que foi construído em cima de referências atuais e futuristas, que mantêm intocável a vontade e a capacidade criativa dos criadores, assim como as permissas essenciais que identificam e tipificam o seu som específico. Espero que aprecies a sugestão...