man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Os Melhores discos de 2021 (20 - 11)
20 - Wavves - Hideaway
Produzido por Dave Sitek, baterista e figura talismã responsável pelo sucesso dos TV On The Radio, mas também produtor de nomes como os Yeah Yeah Yeahs ou os Foals, Hideaway oferece-nos um animado alinhamento com um irrepreensível travo noventista, em que surf punk e garage rock se confundem, sem apelo nem agravo, com astúcia e luminosidade, atingindo no âmago o habitual adn dos Wavves, mas conferindo-lhe uma maior bitola qualitativa relativamente à componente melódica, demonstrando, desse modo, que Nathan Williams tem sabido, ao longo do tempo, aprimorar as suas qualidades interpretativas, sem se deixar contagiar por uma vertente mais pop e comercial, que é sempre tentadora para quem, abrindo o olhar para outros horizontes, acaba por ceder à radiofonia e à ditadura implacável do mercado.
19 - LNZNDRF - II
II navega num universo fortemente cinematográfico e imersivo e aos seu conteúdo deve atribuir-se um claro nível de excelência, não só devido aos diferentes fragmentos que os LNZNDRF convocaram nos vários universos sonoros que os rodeiam e que da eletrónica, à pop, passando pelo rock progressivo criaram uma relação simbiótica bastante sedutora, mas também porque, embarcando nessa feliz demanda, também não deixaram de partir à descoberta de texturas sonoras que se expressaram com intensidade e requinte superiores, nomeadamente num transversal piscar de olhos objetivo aquela crueza orgânica que aqui faz questão de viver permanentemente de braço dado com o experimentalismo e em simbiose com a psicadelia.
18 - Jay-Jay Johanson - Rorschach Test
Rorschach Test é um dos momentos maiores do cardápio que o autor sueco asssinou na sua carreira. Todo o alinhamento é um festim de charme e encantamento, um verdadeiro tratado de indie pop, no qual um baixo, amiúde vigoroso e uma profusa míriade de sons intrincados e misteriosos acamam a voz sempre melancólica e sedutora do autor e sustentam uma coleção irrepreensível de arrebatadoras e sensuais melodias, onde não faltam também batidas e efeitos percurssivos de cariz eminentemente experimental.
17 - BirdPen - All Function One
All Function One é um lugar mágico, com um toque de lustro de forte pendor introspetivo, ausente de constrangimentos estéticos, um compêndio de canções que nos ajuda a observar como é viver num mundo onde somos a espécie dominante e protagonista, mas também sujeita às contrariedades mais inesperadas que a mãe natureza implacavelmente nos coloca, um trabalho experimentalista naquilo que o experimentalismo tem por génese: a mistura de coisas existentes, para a descoberta de outras novas.
16 - Massage - Still Life
Still Life é um embrulho sonoro com um têmpero lo fi muito próprio, um salutar indie rock com leves pitadas de surf pop, agregado com um espírito vintage marcadamente oitocentista e que esconde a sua complexidade na simplicidade. Está repleto de boas canções que mostram como é bonito quando o rock pode ser básico e ao mesmo tempo encantador, divertido e melancólico, sem muito alarde.
15 - The War On Drugs - I Don't Live Here Anymore
Disco inspirado no modo como devemos optar sempre pela resiliência face ao desespero, I Don’t Live Here Anymore vive conceptualmente, de facto, num universo de diversas dicotomias; Conceitos como amor e dor, casa e fora, escuro e claro, entre outras, escutam-se constantemente, parecendo que querem dar vida a uma espécie de alter-ego, um herói que ficou sem rumo e submerso num vazio existencial profundo e que procura, na audição destas composições, voltar desesperadamente à tona e encontrar de novo um caminho.
14 - They Might Be Giants - Book
Book foi idealizado à boleia de uma filosofia sonora interpretativa que privilegiou exercícios abertos e descomprometidos de excentricidade experimentalista, algo que é, como todos sabemos, um traço típico dos They Might Be Giants e que tem vindo a ser apurado numa notável carreira com cerca de três décadas que parecem confluir neste catálogo de irrepreensíveis canções que, em pouco mais de três minutos, além de nos iluminarem com um travo tremendamente nostálgico e aditivo, também têm inovação e contemporaneidade a rodos.
13 - Efterklang - Windflowers
Windflowers foi um disco criado durante o período pandémico mais agudo, sendo o seu conteúdo bastante marcado por essa circunstância covid, mas também por algumas questões pessoais do trio, uma conjuntura que acabou por criar um clima criativo invulgar no seio dos Efterklang, impulsionando-os para um disco em que acusticidade orgânica e texturas eletrónicas particularmente intrincadas, conjuram entre si, muitas vezes de modo quase impercetível, para incubar uma alinhamento elegante e com uma beleza sonora inquietante.
12 - Fleet Foxes - Shore
Shores é um tapete de luz que se acomoda no nosso íntimo, uma viagem por um imenso oceano de exuberantes e complexas paisagens sonoras, com a mira apontada ao experimentalismo folk inspiradíssimo, um retrato humanamente doce e profundo, mas também necessariamente inquitetante e por isso revelador, da génese e dos alicerces da realidade civilizacional em que vivemos, que não sendo a mais feliz, tem nos seus pilares aquilo que de mais genuíno podemos experienciar enquanto seres vivos, que é a vibração do interior desta terra mãe que nos alimenta e que nos quer fazer refletir sobre aquilo que somos hoje e os desafios que nos esperam. Enquanto manifestação artística o disco torna-se revelador por desmascarar sensorialmente toda a pafernália biológica, física e filosófica, por um lado e religiosa, por outro, da sociedade dos nossos dias, colocando perante nós aquilo que realmente deve importar e fazer-nos verdadeiramente felizes, que é a essência harmoniosa do que de mais virgem e intocável existe em nosso redor, o nosso âmago.
11 - Chad VanGaalen - World’s Most Stressed Out Gardener
World’s Most Stressed Out Gardener é uma representação feliz das diferentes colagens de experiências assumidas por VanGaalen ao longo da sua carreira e que parece ser alvo de uma espécie de súmula neste seu cardápio, um festim de canções pop ruidosas, exemplarmente picotadas e fragmentadas e que penetram profundamente no nosso subconsciente. Este disco é um verdadeiro jogo de texturas e distorções, um notável passeio pela essência da música psicadélica, idealizado por um inventor de sons que nos canta as subtilezas da sua existência pessoal e que nos oferece aqui o disco mais estranho e abrasivo, mas também feliz, da sua carreira.