man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Elbow – Flying Dream 1
Os Elbow já têm nos escaparates o nono álbum de estúdio do grupo formado por Guy Garvey, Craig Potter, Mark Potter e Pete Turner. O novo registo da banda britânica chama-se Flying Dream 1 e vê a luz do dia dois anos depois do excelente Giants Of All Sizes, e um de Elbowrooms, já agora, um dos registos mais curiosos do período pandémico recente. Nesse Elbowrooms, o quarteto intepretou alguns dos seus principais êxitos com uma roupagem mais íntima e acústica, com cada um dos músicos da banda a tocar e a cantar a partir de sua casa, sem desrespeitar as regras de confinamento.
Escuta-se Flying Dream 1 e a primeira sensação óbvia que se tem é que terá sido pensado na sequência das bem sucedidas sessões caseiras de gravações que deram origem a Elbowrooms. O prazer que o quarteto sentiu com essa experiência criativa terá sido tal, que a vontade de lhe dar sequência com inéditos acabou por surgir naturalmente. E o resultado final é, sem dúvida, um dos discos mais refinados, envolventes e íntimos da discografia dos Elbow.
Não sendo um portento de majestosidade sonora, uma imagem de marca do grupo, Flying Dream 1 é, no entanto, um deleite melódico, um registo que brilha, canção após canção, no modo como nos oferece composições irrepreensíveis ao nível da beleza, uma sensação de aconchego que ganha ainda mais relevância quando é público que as dez composições foram sendo alicerçadas e incubadas entre Londres e Manchester, nos estúdios caseiros dos membros da banda, gerando-se através de uma troca de ficheiros e ideias que o grupo foi mantendo entre si, enquanto confinados.
A gravação final do registo acabou por acontecer no Brighton Theatre Royal, que se transformou propositadamente num estúdio para gravar o novo disco de uma das melhores bandas do mundo a ensinar-nos como enfrentar a habitual ressaca emocional que os eventos menos positivos provocam no equilíbrio emocional de qualquer mortal, mas também exímios a oferecer-nos odes celebratórias de todo o encanto e alegria que a vida nos oferece.
De facto, se logo a abrir o disco, o tema homónimo, uma canção com o típico adn dos Elbow e que mistura com ímpar virtuosismo um piano vibrante, com alguns efeitos sintetizados subtis e uma bateria eloquente, acaba por mostrar todo o seu esplendor no modo como a voz de Garvey, cada vez mais charmosa, se torna ela própria em instrumento de eleição da condução melódica e da indução de alma, caráter e beleza a uma composição plena de alma e de caráter, depois, canções como After The Eclipse, um sublime tratado que mostra como vozes e cordas se conseguem entrelaçar com astúcia de modo a criar aquele ambiente clássico que a todos toca, o traquejo jazzístico de Is It A Bird, a profundeza poética com que Garvey, o piano e diversos arranjos percurssivos nos embalam e enamoram em Six Words, o soco contínuo com que a percurssão nos instiga em The Only Road e o charme folk de What Am I Without You, dão-nos asas para voarmos sem receio e completamente desamparados rumo à essência pueril de um disco que reflete, mais uma vez, um universo muito pessoal de Garvey, desta vez as memórias e os encantamentos que foram ficando dos seus primeiros anos de vida e que o marcaram para sempre. Espero que aprecies a sugestão...