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Os Melhores discos de 2021 (10 - 01)

Sexta-feira, 31.12.21

10 - Suuns - The Witness

The Witness, o quinto e mais recente disco da carreira dos Suuns, verdadeiros músicos e filósofos, além de não colocar minimamente em causa a herança do projeto, oferece-nos, principalmente ao nível da escrita e da composição, mais um fantástico naipe de canções com um forte cariz impressivo e realístico. Neste alinhamento de oito canções, que tem na sua génese o jazz experimental, explícito, os Suuns refletem sobre a contemporaneidade que os inquieta e os absorve, criando um alinhamento sedutoramente intrigante, bem no centro de um noise rock apimentado, convém também dizê-lo, por uma implícita dose de punk dance. Simultaneamente existencial e sinistro e arrebatadoramente humano, The Witness é, talvez, o disco mais cândido e direto do grupo. Assenta numa definição estrutural quase metódica e, independentemente das diversas abordagens que cada canção contém, tem aquele toque experimental que nos faz crer, logo à primeira audição, que este é um disco colossal, mas também tremendamente reflexivo.

9 - José González - Local Valley

Local Valley é o álbum mais enérgico e diversificado do catálogo de José González. É o primeiro alinhamento em que o músico utiliza ritmos sintéticos em vez da subtileza orgânica percurssiva dos três registos anteriores, sem deixarem de continuar a existir muitas guitarras, como é obrigatório no seu adn, e o primeiro também cantado em mais do que uma língua. É, em suma, um disco multifuncional, intenso e confessional, que nos escancara a porta para a mente de um dos artistas mais humanos da folk atual.

8 - The Dodos - Grizzly Peak

Disco muito coeso, maduro, impecavelmente produzido e um verdadeiro manancial de melodias lindíssimas, Grizzly Peak é muito centrado numa filosofia interpretativa em que sobressai uma intensa dinâmica percurssiva, entrelaçada com cordas faustosas e com uma crueza metálica ímpar. O registo materializa um novo rumo sonoro para os The Dodos, colocando o projeto novamente na senda daquela toada folk que marcou os primeiros trabalhos da dupla, enquanto nos transporta para um universo particularmente melancólico, sensível e confessional.

7 - Courtney Barnett - Things Take Time, Take Time

Fruto desta pandemia que nos assola, Things Take Time, Take Time, tem o condão de nos convidar a um certo recolhimento, mas também a nos tornarmos, em simultâneo, confindentes e bons amigos desta artista cada vez mais impressiva e realista. Fá-lo em dez canções sonoramente assentes na destemida companheira de sempre de Barnett, a guitarra, mas também com os sintetizadores a se quererem mostrar cada vez mais interventivos no catálogo da australiana, assim como o piano. Em suma, testemunha e materializa o cada vez maior ecletismo de Barnett, enquanto oferece ao ouvinte diferentes perspetivas sobre a realidade sociológica e psicológica que abriga a autora. 

6 - The Antlers - Green To Gold

Green To Gold traz consigo uma nova fase criativa do grupo de Brooklyn, promissora, luminosa e empolgante, assente na terna indulgência das cordas e na ardente soul das mesmas. Este sabor vai sendo ampliado, ao longo das dez canções, por portentosos violinos, sopros inspiradíssimos e um efeito metálico na guitarra com um adn muito vincado e pelo modo como este receituário se entrelaça sempre com a cândura vocal de Silberman e com o registo jazzístico da bateria. O resultado final é um alinhamento repleto de nostalgia e que versa quase sempre sobre a inocência que carateriza a esmagadora maioria das memórias da infância.

5 - Helado Negro - Far In

Far In é uma coleção irrepreensível de sons inteligentes e solidamente construídos, um naipe de belíssimas canções que são mais um momento marcante deste músico sedeado em Brooklyn, um alinhamento com forte pendor temperamental e com um ambiente feito com cor, sonho e sensualidade. Nele percebe-se esta filosofia de alguém positivamente obcecado pela evocação de memórias passadas e, principalmente, pela concretização sonora de sensações, estímulos, reações e vivências cujo fato serve a qualquer comum mortal.

4 - Liars - The Apple Drop

The Apple Drop é o disco mais esplendoroso e simultaneamente acessível da carreira dos Liars. Nele, o projeto que é a solo desde dois mil e catorze, altura em que o australiano, radicado em Nova Iorque, Angus Andrew tomou definitivamente as suas rédeas, podemos contemplar um krautrock que mistura eletrónica com rock alternativo, funk, noise rock, avant garde, post punk e quase todas as outras sonoridades que possas imaginar e que cabem num espetro sonoro que podia muito bem personificar a mescla perfeita entre os Radiohead pós Kid A e a melhor herança dos alemães Kraftwerk.

3 - Bill Callahan & Bonnie “Prince” Billy - Blind Date Party

Repleto de convidados de referência e nomes ímpar da indie cotemporânea, Blind Date Party é um exercício criativo ímpar e robusto, quer na concepção, quer no conteúdo, uma homenagem feliz e muito bem sucedida a uma herança e um género sonoro que é muitas vezes negligenciado mas que, bem vistas as coisas, contém os alicerces de toda a diversidade musical que o indie hoje em dia contém. Mesmo sendo uma obra comunitária, confirma a genialidade de dois nomes essenciais da folk norte-americana atual.

2 - Elbow - Flying Dream 1

Flying Dream 1 é um deleite melódico, um registo que brilha, canção após canção, no modo como nos oferece composições irrepreensíveis ao nível da beleza, um portento de majestosidade sonora e um dos trabalhos mais refinados, envolventes e íntimos da discografia dos Elbow, enquanto reflete, mais uma vez, um universo muito pessoal de Garvey, desta vez as memórias e os encantamentos que foram ficando dos seus primeiros anos de vida e que o marcaram para sempre.

1 - Damon Albarn - The Nearer The Fountain, More Pure The Stream Flows

Álbum intenso e cinematográfico, The Nearer The Fountain, More Pure The Stream Flows explora com minúcia temas como a fragilidade, a perda, a emergência e o renascimento e o seu título é um excerto do poema Love and Memory, de John Clare. O disco mostra um lado experimental que Albarn gosta de explorar com uma delicadeza bem presente e um lado também algo sombrio e questionador, que tão bem o carateriza, em onze canções que pretendem, no seu todo, dar vida a uma peça orquestral inspirada na Islândia, país onde o músico tem assentado arraiais periodicamente nos últimos anos. É um registo, de facto, maravilhoso, que encarna na perfeição o ambiente muito peculiar de uma ilha com caraterísticas únicas, mas que também exibe, a espaços com enorme esplendor, toda a cartografia sonora que faz com que Damon Albarn seja um dos músicos mais ecléticos e completos das últimas duas décadas. 

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publicado por stipe07 às 12:19

Os Melhores discos de 2021 (20 - 11)

Quinta-feira, 30.12.21

20 - Wavves - Hideaway

Produzido por Dave Sitek, baterista e figura talismã responsável pelo sucesso dos TV On The Radio, mas também produtor de nomes como os Yeah Yeah Yeahs ou os Foals, Hideaway oferece-nos um animado alinhamento com um irrepreensível travo noventista, em que surf punk e garage rock se confundem, sem apelo nem agravo, com astúcia e luminosidade, atingindo no âmago o habitual adn dos Wavves, mas conferindo-lhe uma maior bitola qualitativa relativamente à componente melódica, demonstrando, desse modo, que Nathan Williams tem sabido, ao longo do tempo, aprimorar as suas qualidades interpretativas, sem se deixar contagiar por uma vertente mais pop e comercial, que é sempre tentadora para quem, abrindo o olhar para outros horizontes, acaba por ceder à radiofonia e à ditadura implacável do mercado.

19 - LNZNDRF - II

II navega num universo fortemente cinematográfico e imersivo e aos seu conteúdo deve atribuir-se um claro nível de excelência, não só devido aos diferentes fragmentos que os LNZNDRF convocaram nos vários universos sonoros que os rodeiam e que da eletrónica, à pop, passando pelo rock progressivo criaram uma relação simbiótica bastante sedutora, mas também porque, embarcando nessa feliz demanda, também não deixaram de partir à descoberta de texturas sonoras que se expressaram com intensidade e requinte superiores, nomeadamente num transversal piscar de olhos objetivo aquela crueza orgânica que aqui faz questão de viver permanentemente de braço dado com o experimentalismo e em simbiose com a psicadelia.

18 - Jay-Jay Johanson - Rorschach Test

Rorschach Test é um dos momentos maiores do cardápio que o autor sueco asssinou na sua carreira. Todo o alinhamento é um festim de charme e encantamento, um verdadeiro tratado de indie pop, no qual um baixo, amiúde vigoroso e uma profusa míriade de sons intrincados e misteriosos acamam a voz sempre melancólica e sedutora do autor e sustentam uma coleção irrepreensível de arrebatadoras e sensuais melodias, onde não faltam também batidas e efeitos percurssivos de cariz eminentemente experimental.

17 - BirdPen - All Function One

All Function One é um lugar mágico, com um toque de lustro de forte pendor introspetivo, ausente de constrangimentos estéticos, um compêndio de canções que nos ajuda a observar como é viver num mundo onde somos a espécie dominante e protagonista, mas também sujeita às contrariedades mais inesperadas que a mãe natureza implacavelmente nos coloca, um trabalho experimentalista naquilo que o experimentalismo tem por génese: a mistura de coisas existentes, para a descoberta de outras novas.

16 - Massage - Still Life

Still Life é um embrulho sonoro com um têmpero lo fi muito próprio, um salutar indie rock com leves pitadas de surf pop, agregado com um espírito vintage marcadamente oitocentista e que esconde a sua complexidade na simplicidade. Está repleto de boas canções que mostram como é bonito quando o rock pode ser básico e ao mesmo tempo encantador, divertido e melancólico, sem muito alarde.

15 - The War On Drugs - I Don't Live Here Anymore

Disco inspirado no modo como devemos optar sempre pela resiliência face ao desesperoI Don’t Live Here Anymore vive conceptualmente, de facto, num universo de diversas dicotomias; Conceitos como amor e dor, casa e fora, escuro e claro, entre outras, escutam-se constantemente, parecendo que querem dar vida a uma espécie de alter-ego, um herói que ficou sem rumo e submerso num vazio existencial profundo e que procura, na audição destas composições, voltar desesperadamente à tona e encontrar de novo um caminho.

14 - They Might Be Giants - Book

Book foi idealizado à boleia de uma filosofia sonora interpretativa que privilegiou exercícios abertos e descomprometidos de excentricidade experimentalista, algo que é, como todos sabemos, um traço típico dos They Might Be Giants e que tem vindo a ser apurado numa notável carreira com cerca de três décadas que parecem confluir neste catálogo de irrepreensíveis canções que, em pouco mais de três minutos, além de nos iluminarem com um travo tremendamente nostálgico e aditivo, também têm inovação e contemporaneidade a rodos.

13 - Efterklang - Windflowers

Windflowers foi um disco criado durante o período pandémico mais agudo, sendo o seu conteúdo bastante marcado por essa circunstância covid, mas também por algumas questões pessoais do trio, uma conjuntura que acabou por criar um clima criativo invulgar no seio dos Efterklang, impulsionando-os para um disco em que acusticidade orgânica e texturas eletrónicas particularmente intrincadas, conjuram entre si, muitas vezes de modo quase impercetível, para incubar uma alinhamento elegante e com uma beleza sonora inquietante.

12 - Fleet Foxes - Shore

Shores é um tapete de luz que se acomoda no nosso íntimo, uma viagem por um imenso oceano de exuberantes e complexas paisagens sonoras, com a mira apontada ao experimentalismo folk inspiradíssimo, um retrato humanamente doce e profundo, mas também necessariamente inquitetante e por isso revelador, da génese e dos alicerces da realidade civilizacional em que vivemos, que não sendo a mais feliz, tem nos seus pilares aquilo que de mais genuíno podemos experienciar enquanto seres vivos, que é a vibração do interior desta terra mãe que nos alimenta e que nos quer fazer refletir sobre aquilo que somos hoje e os desafios que nos esperam. Enquanto manifestação artística o disco torna-se revelador por desmascarar sensorialmente toda a pafernália biológica, física e filosófica, por um lado e religiosa, por outro, da sociedade dos nossos dias, colocando perante nós aquilo que realmente deve importar e fazer-nos verdadeiramente felizes, que é a essência harmoniosa do que de mais virgem e intocável existe em nosso redor, o nosso âmago.

11 - Chad VanGaalen - World’s Most Stressed Out Gardener

World’s Most Stressed Out Gardener é uma representação feliz das diferentes colagens de experiências assumidas por VanGaalen ao longo da sua carreira e que parece ser alvo de uma espécie de súmula neste seu cardápio, um festim de canções pop ruidosas, exemplarmente picotadas e fragmentadas e que penetram profundamente no nosso subconsciente. Este disco é um verdadeiro jogo de texturas e distorções, um notável passeio pela essência da música psicadélica, idealizado por um inventor de sons que nos canta as subtilezas da sua existência pessoal e que nos oferece aqui o disco mais estranho e abrasivo, mas também feliz, da sua carreira.

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publicado por stipe07 às 13:09

Elbow – Flying Dream 1

Quarta-feira, 29.12.21

Os Elbow já têm nos escaparates o nono álbum de estúdio do grupo formado por Guy Garvey, Craig Potter, Mark Potter e Pete Turner. O novo registo da banda britânica chama-se Flying Dream 1 e vê a luz do dia dois anos depois do excelente Giants Of All Sizes, e um de Elbowrooms, já agora, um dos registos mais curiosos do período pandémico recente. Nesse Elbowrooms, o quarteto intepretou alguns dos seus principais êxitos com uma roupagem mais íntima e acústica, com cada um dos músicos da banda a tocar e a cantar a partir de sua casa, sem desrespeitar as regras de confinamento.

Elbow - 'Flying Dream 1' review: a soothing, slow-burning collection

Escuta-se Flying Dream 1 e a primeira sensação óbvia que se tem é que terá sido pensado na sequência das bem sucedidas sessões caseiras de gravações que deram origem a Elbowrooms. O prazer que o quarteto sentiu com essa experiência criativa terá sido tal, que a vontade de lhe dar sequência com inéditos acabou por surgir naturalmente. E o resultado final é, sem dúvida, um dos discos mais refinados, envolventes e íntimos da discografia dos Elbow.

Não sendo um portento de majestosidade sonora, uma imagem de marca do grupo, Flying Dream 1 é, no entanto, um deleite melódico, um registo que brilha, canção após canção, no modo como nos oferece composições irrepreensíveis ao nível da beleza, uma sensação de aconchego que ganha ainda mais relevância quando é público que as dez composições foram sendo alicerçadas e incubadas entre Londres e Manchester, nos estúdios caseiros dos membros da banda, gerando-se  através de uma troca de ficheiros e ideias que o grupo foi mantendo entre si, enquanto confinados.

A gravação final do registo acabou por acontecer no Brighton Theatre Royal, que se transformou propositadamente num estúdio para gravar o novo disco de uma das melhores bandas do mundo a ensinar-nos como enfrentar a habitual ressaca emocional que os eventos menos positivos provocam no equilíbrio emocional de qualquer mortal, mas também exímios a oferecer-nos odes celebratórias de todo o encanto e alegria que a vida nos oferece.

De facto, se logo a abrir o disco, o tema homónimo, uma canção com o típico adn dos Elbow e que mistura com ímpar virtuosismo um piano vibrante, com alguns efeitos sintetizados subtis e uma bateria eloquente, acaba por mostrar todo o seu esplendor no modo como a voz de Garvey, cada vez mais charmosa, se torna ela própria em instrumento de eleição da condução melódica e da indução de alma, caráter e beleza a uma composição plena de alma e de caráter, depois, canções como After The Eclipse, um sublime tratado que mostra como vozes e cordas se conseguem entrelaçar com astúcia de modo a criar aquele ambiente clássico que a todos toca, o traquejo jazzístico de Is It A Bird, a profundeza poética com que Garvey, o piano e diversos arranjos percurssivos nos embalam e enamoram em Six Words, o soco contínuo com que a percurssão nos instiga em The Only Road e o charme folk de What Am I Without You, dão-nos asas para voarmos sem receio e completamente desamparados rumo à essência pueril de um disco que reflete, mais uma vez, um universo muito pessoal de Garvey, desta vez as memórias e os encantamentos que foram ficando dos seus primeiros anos de vida e que o marcaram para sempre. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 10:51

I Am Oak - The Passage

Terça-feira, 28.12.21

Oriundo dos Países Baixos, Thijs Kuijken lidera um fantástico projeto musical que assina as suas criações musicais como I Am Oak, sendo o grupo um nome de referência da insuspeita Snowstar Records, uma das etiquetas fundamentais do cenário indie desse país.

I Am Oak | Discography | Discogs

Esta banda de Utrecht deu nas vistas em dois mil e dezanove com o registo Osmosis, que tinha o piano como grande suporte melódico das suas onze composições e volta ao nosso radar devido a uma canção intitulada The Passage. É uma lindíssima composição, de forte travo lisérgico e que vai crescendo em emotividade e sentimentalismo. Isso acontece porque é instrumentalmente diversificada; Nela, sintetizadores de forte pendor ambiental, são acompanhados por uma bateria e um baixo exemplarmente entrelaçados e também por diversos detalhes conferidos por um saxofone sagaz e sóbrios arranjos de cordas, num resultado final bastante inédito, tendo e conta o habitual ambiente sonoro criado pelos I Am Oak, que parecem dispostos a arriscar ainda mais em propostas futuras. Confere...

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publicado por stipe07 às 17:46

JennyLee – Newtopia / Clinique

Segunda-feira, 27.12.21

Jenny Lee Lindberg toca baixo e canta nas Warpaint, mas também edita música num projeto a solo que batizou com o nome JennyLee. Editou em dois mil e quinze um disco intitulado Right On! e está de regresso num formato diferente. Assim, em vez de um novo álbum, a artista está a lançar uma série de vários singles de sete polegadas, com artwork assente em pinturas abstratas da sua autoria e que irão merecer destaque neste espaço, com toda a certeza, à medida que forem vendo a luz do dia.

JennyLee shares Trentemøller-produced 'Tickles' and B-side 'Heart Tax'

Sendo assim, a primeira dupla que destacamos desta nova epopeia criativa de Jenny Lee Lindberg são os temas Newtopia e Clinique. A primeira canção, Newtopia, é uma solarenga composição, alicerçada em cordas reluzentes e um registo rítmico intenso e bem vincado, que versa sobre as múltiplas facetas que caraterizam a personalidade de todos nós, o lado negro e o lado brilhante. Já Clinique tem uma tonalidade mais experimental, rugosa e eletrónica, criada a partir de uma espécie de cruzamento feliz entre alguns dos detalhes fundamentais da dream pop e do chamado trip-hop que fez escola nos anos noventa, uma combinação em que nostalgia e contemporaneidade conjuram entre si com elevado groove e uma clara sapiência melódica. Confere...

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publicado por stipe07 às 11:43

Damon Albarn - The Nearer The Fountain, More Pure The Stream Flows

Sexta-feira, 24.12.21

Sete anos depois do extraordinário registo Everyday Robots, o melancólico, mas sempre genial, brilhante, inventivo e criativo Damon Albarn, personagem central da pop britãnica das últimas três décadas, centrou novamente atenções na sua carreira a solo, depois de mais um capítulo da saga Gorillaz o ano passado e de uma nova rodela do projeto The Good, The Bad And The Queen, que partilha com Paul Simonon, Simon Tong e Tony Allen, chamada Merrie Land que, como certamente se recordam, foi um dos melhores álbuns de dois mil e dezoito para a nossa redação.

Damon Albarn detalha novo álbum, The Nearer the Fountain, More Pure the  Stream Flows - Threshold Magazine

Esse novo disco a solo de Damon Albarn chama-se The Nearer The Fountain, More Pure The Stream Flows e contém onze canções que pretendem, no seu todo, dar vida a uma peça orquestral inspirada na Islândia, país onde o músico tem assentado arraiais periodicamente nos últimos anos. É um registo, de facto, maravilhoso, que encarna na perfeição o ambiente muito peculiar de uma ilha com caraterísticas únicas, mas que também exibe, a espaços com enorme esplendor, toda a cartografia sonora que faz com que Damon Albarn seja um dos músicos mais ecléticos e completos das últimas duas décadas. 

The Nearer The Fountain, More Pure The Stream Flows é um álbum que explora com minúcia temas como a fragilidade, a perda, a emergência e o renascimento e o seu título é um excerto do poema Love and Memory, de John Clare. Sonoramente, está cheio de instantes fabulosos. Merece particular destaque o tema homónimo, cinco minutos que nos proporcionam uma jornada introspetiva muito orgânica e intimista, onde a voz clemente e cativante de Albarn é trespassada por uma vasta míriade de efeitos, quer de teclas, quer de uma guitarra e de algumas teclas de um insinuante piano, simultaneamente encharcado em delicadez a inquietude. Depois, Polaris oferece-nos uma tonalidade um pouco mais folk, no modo como teclas exuberantes e com um brilho muito inédito e sui generis, são adornadas por detalhes percursivos curiosos, dos quais sobressaiem diversos tipos de metais, um xilofone e outros instrumentos de sopro que aparecem sempre no momento certo para conferir uma elevada dose de charme ao tema, com destaque para o solo de saxofone final e Particles vira agulhas para territórios mais intimistas, à boleia de dedilhares esporádicos de uma guitarra amiúde agreste, um piano que divaga pelos nossos pensamentos sem misericórdia e, com a voz a ser a pedra de toque fundamental para conferir ao tema o nível reflexivo comedido pretendido. Os grandes momentos do registo acabam por ser, contudo, Royal Morning Blue, a composição mais eclética e frenética de The Nearer The Fountain, More Pure The Stream Flows, criada ao piano, junto ao mar e de modo a procurar capturar aquele momento em que a chuva se transforma em neve, como se percebe logo no início da canção, conduzida por esse instrumento, em redor do qual viaja uma batida sintética efusiante, cordas impactantes e diversos efeitos já típicos das criações de Albarn e The Tower of Montevideo, uma composição que impressiona pela riqueza dos arranjos e pelo modo feliz como os mesmos nos conseguem transportar, com elevado nível de realismo auditivo e sensorial impressionista, para o lugar familiar e totalmente sobrenatural que, segundo Albarn, é a foz do rio de La Plata e a capital do Uruguai. Nesta cidade situa-se o Palacio Salvo, um edifício icónico, construído nos anos vinte do século passado e que inspirou esta composição caliente, romântica e instigadora, repleta de arranjos percussivos e de sopros que colocam o nosso imaginário naquele ambiente jazzístico algo boémio que caraterizava a la movida sul americana na segunda década do século passado.

Álbum intenso e cinematográfico e um dos discos fundamentais deste ano, The Nearer The Fountain, More Pure The Stream Flows mostra um lado experimental que Albarn gosta de explorar com uma delicadeza bem presente e um lado também algo sombrio e questionador, que tão bem o carateriza. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 17:20

Metronomy – Red River Rock

Quarta-feira, 22.12.21

Enquanto não chega aos escaparates Small World, o novo disco dos Metronomy, com data de lançamento prevista para dezoito de fevereiro de dois mil e vinte e dois, a banda de Joseph Mount e com raízes na pequena localidade de Totnes, Devon, no sudoeste de Inglaterra, acaba de divulgar uma deliciosa versão de Red River Rock, um original dos Johnny & The Hurricanes.

Metronomy BR (@metronomybr) / Twitter

A versão que os Metronomy criaram para este clássico Red River Rock, com sessenta e dois anos de vida, é bastante divertida. Tem uma tonalidade retro intensa e charmosa e está recheada de sintetizadores quentes e vibrantes, adornados com um inconfundível toque de Natal. Confere...

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publicado por stipe07 às 15:40

BANNERS – Happy Xmas (War is Over)

Terça-feira, 21.12.21

Michael Joseph Nelson, um músico inglês natural de Liverpool, mas sedeado em Toronto, no Canadá, assina as suas criações sonoras sob o pseudónimo Banners, tendo-se estreado nos disco em dois mil e dezanove com o excelente álbum Where the Shadow Ends.

American Idol': Meet Banners, Who Sings 'I Just Want To Be Someone' -  Variety

O artista está por estes dias no nosso radar devido à versão que criou de Happy Christmas (War Is Over), uma canção da autoria cantor e compositor John Lennon. Este tema icónico do ex-Beatle foi lançado em mil novecentos e setenta e um como single do grupo Plastic Ono Band. Era originalmente uma canção de protesto sobre a Guerra no Vietname, mas tornou-se um popular tema de Natal e, através de um exemplar desempenho, quer vocal, quer instrumental, BANNERS conseguiu dar-lhe um cunho particularmente lisérgico. Confere...

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publicado por stipe07 às 21:13

Joshua Radin – Happy Christmas (War Is Over)

Segunda-feira, 20.12.21

Natural de Cleveland, no Ohio, o norte-americano Joshua Radin tem já sete álbuns no seu catálogo, sendo um dos nomes mais proeminentes da folk contemporânea do outro lado do atlântico. Todos certamente se recordam de canções como WinterI'd Rather Be With You, Brand New Day, ou Lovely Tonight, verdadeiros tratados de charme e emotividade e que deverão fazer parte de qualquer compilação da melhor folk norte-americana das últimas duas décadas.

Joshua Radin | Discografia | Discogs

Joshua Radin está por estes dias no nosso radar devido a uma fantástica versão que fez de Happy Christmas (War Is Over), uma canção da autoria cantor e compositor John Lennon. Este tema icónico do ex-Beatle foi lançado em mil novecentos e setenta e um como single do grupo Plastic Ono Band. Era originalmente uma canção de protesto sobre a Guerra no Vietname, mas tornou-se um popular tema de Natal e, através de um exemplar desempenho, quer vocal, quer instrumental, Joshua Radin conseguiu dar-lhe um cunho particularmente intimista e familiar. Confere...

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publicado por stipe07 às 18:35

The Lumineers – This Is Life (Merry Christmas)

Domingo, 19.12.21

Aproxima-se o natal e, como é hábito, algumas bandas aproveitam para gravar temas relacionados com esta época tão especial, sejam versões de clássicos, ou originais escritos propositadamente para a ocasião. E nós, como também é habitual, cá estamos, ano após ano, para ir divulgando algumas das propostas mais interessantes do género, que podem dar um colorido diferente a esta época tão especial e que também se costumam materializar no formato programa de rádio deste blogue, que vai para o ar todas as semanas, na Paivense FM.

Listen To The Lumineers' New Song, 'This is Life (Merry Christmas)'

Um dos bons exemplos deste ano são os The Lumineers dos irmãos Fraites (Josh e Jeremiah) e de Wesley Schultz, que têm já este hábito de editarem um single nesta altura do ano. Em dois mil e vinte e um divulgam This Is Life (Merry Christmas), tema que conta com a participação especial de Daniel Rodriguez e que tem todos os ingredientes sonoros que mantêm intacto o adn do trio, impressionando pela simplicidade e classicismo e demonstrando que, para criar uma bonita canção de Natal, não é preciso ser demasiado extravagante e ousado. Confere...

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publicado por stipe07 às 19:24


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