man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
They Might Be Giants – Book
Três anos depois do excelente registo My Murdered Remains, os They Might Be Giants, uma banda norte-americana de rock alternativo do Massachusetts, formada por John Flansburgh, John Linnell, Dan Miller, Danny Weinkauf e Marty Beller, estão de regresso com um novo disco intitulado BOOK. Trata-se, na verdade, de um livro com cento e quarenta e quatro páginas, acompanhado por uma banda sonora constituida por quinze canções, um compêndio que resulta de uma colaboração direta do grupo norte-americano com o designer gráfico Paul Sahre e o fotógrafo de rua Brian Karlsson, que reside em Brooklyn, Nova Iorque.
Book é então, na prática, o vigésimo terceiro registo dos They Might Be Giants e em pouco mais de meia hora oferece-nos um indie rock de extraordinário calibre, encharcado com uma altivez indisfarcável, um disco que merece, logo à partida, todos os elogios porque, independentemente da nossa ligação afetiva à banda ou à sua sonoridade, garante intensidade, animação e diversão a quem se predispuser, de mente aberta e corpo gingado, a deixar-se embuir por uma cartilha interpretativa única e com um adn muito peculiar.
Book foi, de facto, idealizado à boleia de uma filosofia sonora interpretativa que privilegiou exercícios abertos e descomprometidos de excentricidade experimentalista, algo que é, como todos sabemos, um traço típico dos They Might Be Giants e que tem vindo a ser apurado numa notável carreira com cerca de três décadas que parecem confluir neste catálogo de irrepreensíveis canções que, em pouco mais de três minutos, além de nos iluminarem com um travo tremendamente nostálgico e aditivo, também têm inovação e contemporaneidade a rodos.
Assim, e falando do passado, se temas como Part Of You Wants To Believe Me, ou o travo surf rock de Moonbean Rays e o charme de Lord Snowden, nos trazem à memória o melhor catálogo de nomes tão preciosos como os Beach Boys ou os The Beatles, já I Can't Remember The Dream, uma composição com uma rara graça, que se projeta através de um riff de guitarra claramente inspirado na versão de Louie Louie que os Kingsmen fizeram em mil novecentos e sessenta e três e que era um original de Chuck Berry e que acabou por ser o grande sucesso do disco The Kingsmen In Person lançado por esta mítica banda de garage rock de Portland, nesse ano, nos proporciona, com esse olhar fulminante para o passado, com traços ainda mais vibrantes de uma época imprescindível para as fundações da história da música alternativa.
Outro motivo de enorme interesse neste álbum é o futuro, a percepção de que os momentos inovadores assentam, maioritariamente, em fabulosos instantes de bizarria e salutar improviso. Logo a abrir o registo, o modo como em Synopsis to Latecomers o orgão e a bateria se entrecruzam com a guitarra, ou em Drow The Clown, uma canção que se projeta através de uma linha de teclado claramente inspirada, a forma como as teclas e cordas se abraçam sem qualquer receio, assim como o poder único do baixo de I Lost Thursday, são exemplos felizes de que esta é uma banda indispensável no momento de se criar uma listagem dos projetos que atualmente podem ser considerados influências fundamentais na hora de descrever os cânones fundamentais do pop rock alternativo moderno. Espero que aprecies a sugestão...