man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
The Divine Comedy – The Best Mistakes
A nova etapa criativa dos The Divine Comedy de Neil Hannon, que começou há meia década com o registo Foreverland, está mesmo para ficar, para gaúdio dos fãs. Dois anos depois do excelente Office Politics, um compêndio de dezasseis canções escritas e produzidas pelo próprio Hannon, gravadas na Irlanda e na capital de Inglaterra e que contaram com as participações especiais de Chris Difford, Cathy Davey e Pete Ruotolo, o projeto está de regresso com um novo single intitulado The Best Mistakes, que antecipa um novo trabalho da banda.
Misturado nos míticos Abbey Road Studios, o novo álbum dos The Divine Comedy vai chamar-se Charmed Life - The Best Of The Divine Comedy e, como o próprio nome indica, irá compilar, em vinte e quatro temas, diversos clássicos do grupo, tão conhecidos como National Express, Something For The Weekend, Songs of Love, Our Mutual Friend, A Lady of A Certain Age, To The Rescue e Norman and Norma, além deste inédito The Best Mistakes, uma composição assente num tapete percurssivo carregado de groove, mas acompanhado por um teclado pleno de soul e diversos arranjos inspirados, nomeadamente de cordas. Esta nova canção do grupo mostra-se fiel à filosofia interpretativa sempre inventiva e intemporal dos The Divine Comedy, estando de acordo com o que se exige a um projeto com quase trinta anos de uma bem sucedida carreira, icónica e fundamental no cenário indie britânico. Confere...
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Bloc Party - Traps
Será a vinte e seis de abril do próximo ano e à boleia do consórcio infectious/BMG que chegará aos escaparates Alpha Games, o sexto e novo trabalho dos britânicos Bloc Party, uma banda londrina liderada pelo carismático vocalista e guitarrista Kele Okereke e referência fundamental do indie rock alternativo do início deste século.
Alpha Games chega seis anos depois de Hymns, foi produzido pela dupla Nick Launay e Adam Greenspan e Traps é o primeiro single retirado do seu alinhamento, uma explosão de pós punk, como descreve o próprio Okereke, com uma crueza e espontaneidade instrumental e interpretativa que faz recordar os primórdios dos Bloc Party e a herança do carismático disco Silent Alarm. Confere...
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Local Natives – Music From The Pen Gala 1983
Um dos lançamentos mais curiosos dos últimos dias chama-se Music From The Pen Gala 1983. É assinado pelos Local Natives, que em quatro temas recriam uma banda de covers, na série dramática da plataforma de streaming apple,The Shrink Next Door, que tem como principais protagonistas Paul Rudd e Will Ferrell e que em oito episódios recria a improvável (e tóxica) relação entre um psiquiatra e um paciente.
Na série, o grupo toca as quatro canções num evento chamado Pen Gala. Nele, enquanto a banda atua em placo, a personagem Ike (interpretada por Paul Rudd) usa o dinheiro da personagem Marty (interpretada por Will Ferrell) para fins de caridade. São versões de clássicos que todos conhecemos dos anos oitenta, da autoria dos Roxy Music, Gerry Rafferty, Michael McDonald and 10cc e que, mantendo a essência nostágica dos originais, impressionam pelo modo como lhes dão um travo atual, devido ao modo como conseguem uma formatação primorosa de diferentes nuances melódicas, feitas, em todas as quatro composições, de melancolia e acusticidade, desenhadas sempre com cordas de elevado pendor clássico, enleadas por arranjos de diferentes proveniências e com diversas tonalidades e por um registo vocal sempre ímpar de Taylor Rice.
Music From The Pen Gala 1983 é mais um compêndio que nos mostra os Local Natives soterrados em variadas emanações sumptuosas e encaixes musicais sublimes, como é apanágio do seu adn, através de um espírito interpretativo intenso e charmoso, num resultado final de forte cariz pop. Espero que aprecies a sugestão...
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The Districts – Do It Over
Um dos nomes mais interessantes do catálogo da Fat Possum Records são os The Districts, um coletivo de indie rock lo fi oriundo da Filadélfia, que se estreou em dois mil e dez com um disco intitulado Telephone e que deu um grande salto de popularidade quando assinou pela etiqueta acima mencionada. O quarteto teve como últimos grandes sinais de vida, o excelente registo Popular Manipulations, lançado em dois mil e dezassete e You Know I’m Not Going Anywhere, um álbum editado o ano passado e que, na linha do antecessor, continha um alinhamento abrangente e eclético, abarcando alguns dos detalhes fundamentais da vertente mais disco da pop, mas também da folk e do rock experimental.
Este You Know I’m Not Going Anywhere já tem sucessor programado, um trabalho intitulado Great American Painting, que irá ver a luz do dia a quatro de fevereiro do próximo ano e do qual divulgámos há algumas semanas, como certamente se recordam, o single de apresentação I Want To Feel It All. Agora chega a vez de conferirmos Do It Over, o segundo tema retirado do alinhamento de Great American Painting, uma composição que se debruça sobre o modo como vamos alterando as nossas perspetivas relativamente a alguns eventos do nosso passado que foram marcantes, à medida que crescemos e modificamos muita da nossa essência.
Sonoramente, Do It Over assenta numa filosofia interpretativa que coloca particular ênfase num registo nostálgico e contemplativo, induzido por teclados melodicamente sagazes, trespassados por uma guitarra com um timbre metálico bastante apelativo e, a espaços, particularmente imponente, uma imagem de marca já distintiva destes The Districts. Confere Do It Over e a tracklist de Great American Painting...
1. Revival Psalm
2. No Blood
3. Do It Over
4. White Devil
5. Long End
6. Outlaw Love
7. Hover
8. I Want To Feel It All
9. On Our Parting My Beloved
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Hazel English - Nine Stories
Artista debaixo dos holofotes da crítica mais atenta desde que lançou há já quase meia década o EP Give In / Never Going Home, Hazel English estreou-se finalmente nos discos muito recentemente com Wake Up!, um buliçoso alinhamento de dez composições que nos oferecem uma bagagem nostálgica tremendamente impressiva, já que parece que embarcamos numa máquina do tempo assim que o começamos a escutar, rumo à melhor pop que se fazia há mais ou menos meio século e que ainda hoje influencia fortemente alguns dos melhores nomes da indie contemporânea.
Agora, alguns meses depois de Wake Up!, Hazel volta à carga com uma nova canção intitulada Nine Stories, produzida por Day Wave’s Jackson Phillips. É uma composição vibrante e melodicamente sagaz, com o timbre musculado das cordas e diversas variações rítmicas, adornadas por arranjos das mais diversas proveniências, a conferirem a quase três minutos de puro deleite pop, um perfil encantador e luminoso. Confere este novo single de Hazel English e o vídeo da canção, filmado por Marguerite Marcella Mannix e David Vieira e editado pela própria Hazel...
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Pete Yorn – Elizabeth Taylor
A situação pandémica que o mundo tem vivido nos últimos dois anos tem sido um manancial inspirador para inúmeros artistas, músicos e compositores e Pete Yorn, um dos nomes mais interessantes do cenário indie norte-americano, que se notabilizou há cerca de dez anos quando gravou o disco Break Up, em parceria com a atriz e cantora Scarlett Johansson. e que nos deslumbrou em dois mil e dezanove com o registo Caretakers, é também um bom exemplo dessa onda.
Elizabeth Taylor, o mais recente single divulgado por Pete Yorn, que, já agora, está a comemorar vinte anos que lançou o seu disco de originais, é uma composição criada a partir de uma espécie de alter ego que o artista criou durante o período pandémico em que ficou enclausurado e sentiu necessidade de ter alguém com quem comunicar permanentemente, nem que fosse uma personagem criada por si próprio. O tema é o primeiro avanço divulgado de Hawaii, o próximo álbum de originais de Yorn, uma canção pop reluzente e bastante aditiva, onde o autor demonstra com elevada bitola qualitativa a sua elevadíssima capacidade interpretativa junto das cordas, nomeadamente a viola e a guitarra, os seus instrumentos de eleição. Confere...
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Caveman – Smash
Cinco anos depois de Otero War, os nova iorquinos Caveman estão de regresso aos lançamentos com Smash, um registo com a chancela da Fortune Tellers e produzido por Nico Chiotellis nos estúdios Rivington 66. Liderados por Matthew Iwanusa, os Caveman voltam a não desiludir ao terceiro álbum, à sombra do típico rock norte americano e muito influenciados pelo desparecimento de um primo do líder, cujo apelido dá nome ao disco.
Smash impressiona pelas guitarras mas também, e à imagem do antecessor pelo modo como a vertente sintética encaixa nas distorções e no pendor orgânico de grande parte das canções, um pouco à imagem do que sucedeu em Otero War. A sintetização lenta que conduz Hammer e o modo como se cruza com o compasso da bateria, é um bom exemplo deste modus operandi dos Caveman, com Don't Call Me, utilizando a mesma receita, a proporcionar uma faceta mais ampla e ecoante, para criar uma densa parede de som, com uma tonalidade que é já imagem de marca do projeto. E Smash acaba por servir na perfeição para isso mesmo, para carimbar uma sonoridade de forte cariz identitário e para nos esclarecer qual é, definitivamente, o rumo que o grupo pretende trilhar. O próprio piano que se escuta no início do registo, em Like Me, servindo de contraponto, esclarece que a herança e a nostalgia nunca deixarão o catálogo dos Caveman, mas que o olhar anguloso é mesmo em direção a caminhos eminentemente eletrónicos, como se percebe quando os sintetizadores e as próprias guitarras tomam conta do tema. A própria cândura de You Got A Feeling, a serenidade de Awake e a densidade de River acabam por conferir ainda mais homogeneidade a um alinhamento que acaba por expressar aquele dilema que muitas bandas sentem de estarem presas a um determinado som e que, em vez de complicar, resolvem render-se a essa evidência e tentar aprimorar ao máximo a cartilha em que, consciente ou inconscientemente, se sentem mais confortáveis. Espero que aprecies a sugestão...
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The Antlers – Losing Light EP
Projeto fundamental do indie rock experimental norte-americano da última década e meia, os The Antlers de Peter Silberman e Michael Lerner, regressaram na passada primavera aos discos com o registo Green To Gold, que em dez canções nos trouxe uma nova fase do grupo de Brooklyn, bastante promissora, luminosa e empolgante.
Agora, mais de meio anos depois e de modo algo surpreendente, a dupla oferece-nos um EP intitulado Losing Light, com quatro canções, que são nada mais nada menos que reinterpretações de composições que fazem parte do cardápio de Green To Gold, reconstruções feitas de um modo um pouco mais agreste e intuitivo do que os originais do álbum, tomando como ponto de partida as mesmas demos e gravações que serviram de partida aos originais.
Para quem conhece a fundo o conteúdo de Green to Gold, é fundamental escutar este EP, até para perceber que abordagens poderiam ter tido as canções se o estado de espírito dos The antlers fosse um pouco mais sombrio e depressivo na altura em que o disco foi gravado. Recordo que os The Antlers habituaram-nos desde o fabuloso Hospice (2009) a um faustoso banquete de composições encharcadas em sensibilidade, angústia e conflito, canções cheias de sons aquáticos e claustrofóbicos, mas que nos mantinham sempre à tona porque também sabiam salvaguardar um soporífero cariz relaxante. Após o monumental registo Familiars, editado em dois mil e catorze e colocado em primeiro lugar nos melhores álbuns desse ano para a nossa redação, esse desfile de discos assertivos e metaforicamente intensos foi interrompido por opção da própria dupla e os The Antlers entraram num hiato que foi interrompido com Green To Gold, uma obra prima de sensibilidade e nostalgia. Confere...
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Luciano Mello & Orchestra Falsa - Gus Van Sant
Luciano Mello é um compositor, cantor, pianista e arranjador brasileiro. Tem obras gravadas por Elza Soares, uma das mais importantes cantoras do Brasil na atualidade e também por Marina Lima, entre outros nomes da MPB. Luciano Mello, que atualmente vive em Braga, tem quatro álbuns disponíveis nas plataformas de streaming de música, além de singles, EPs e inúmeras bandas sonoras compostas para teatro, dança e algumas incursões pelo cinema. Conhecido pelas composições, tem também o seu nome marcado pelos espetáculos de lançamento de seus álbuns, verdadeiras performances multimédia em que vídeo, música eletrónica e acústica dialogam, proporcionando ao público uma experiência de imersão ímpar.
Luciano Mello é também o criador do conceito Orchestra Falsa, uma orquestra construída de samples de gravações antigas, que eleva a sonoridade única das suas produções.
Depois de termos divulgado o singleVazio, a primeira amostra do mais recente álbum de Luciano Mello, Vida Portátil, agora chega a vez de conferirmos a canção Gus Van Sant, uma composição que impressiona pelos timbres das sintetizações e pela postura algo hipnótica do poema, nomeadamente o refrão. Ela é uma homenagem, de acordo com o autor, a um dos seus diretores preferidos do cinema e também um questionamento que muitos dos filmes deste diretor lhe trouxeram, entre eles, Paranoid Park, Elephant e Milk.
Gus Van Sant tem também já direito a um vídeo produzido por Patrick Tedesco e o próprio Luciano Mello, que traduz com perfeição a atmosfera post-punk que o álbum Vida Portátil quer criar. Confere...
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Helado Negro – Far In
O projeto Helado Negro, liderado por Roberto Carlos Lange, um filho de emigrantes equatorianos, radicado nos Estados Unidos, começou em grande estilo a sua caminhada ao lado da etiqueta 4AD, para onde se transferiu em dois mil e vinte, dando as mãos à cantora e compositora Jenn Wasner, que assina as suas obras sonoras como Flock of Dimes e a Devendra Banhart, para assinarem, há cerca de um ano, em conjunto, uma versão do clássico Lotta Love de Neil Young. Agora Helado Negro já tem também o seu primeiro disco etiquetado pela 4AD, um trabalho intitulado Far In, com quinze inéditos e que aprimora ainda mais a visão psicadélica e caleidoscópica de um artista ímpar no panorama alternativo atual.
Quem segue com particular atenção a carreira deste músico incrível, ao escutar com devoção Far In a primeira impressão que tem é que o catálogo do mesmo nunca foi tão sensorial e orgânico como agora. De facto, este é um disco que apela muito à natureza, ao ambiente e ao modo como o autor, colocando-se na primeira pessoa, nos transmite memórias de um passado rico em experiências e vivências num Equador riquíssimo em belezas naturais e ancestralmente muito ligado à terra e aos recursos que a mesma nos oferece de mão beijada, quando é devidamente respeitada.
Gemini And Leo, o segundo tema do alinhamento de Far In e o primeiro avanço divulgado deste novo registo de Helado Negro há alguns meses atrás, elucidou-nos desde logo esta ligação que o disco iria ter à natureza. E, sonoramente, também nos fez prever que, como se veio a concretizar, o autor iria ampliar as suas já habituais experimentações com samples e sons sintetizados, com referências sonoras eminentemente cruas, para recriar um clima ainda mais acolhedor e imediato que o habitual e que encarnasse na perfeição o espírito muito particular e simbólico que pretende para esta nova etapa da sua carreira e da sua música.
Far In escorre sorrateiramente pelos nossos ouvidos e os nossos apurados sentidos voltam a ficar em sentido perante Outside The Outside, canção que mantém o autor nessa tão propalada demanda experimental, que se materializa, neste caso, numa agregação inspirada entre batidas e adornos rítmicos e melódicos ondulantes, das mais diversas proveniências instrumentais, principalmente sintéticas, enquanto Lange revive afetuosas memórias da sua infância e o modo como a sua família foi acolhida nos Estados Unidos da América. Depois, a cereja no topo do bolo está guardada para outro fruto, La Naranja, tema muito focado no prazer do usufruto das coisas simples da vida, como um simples sumo de laranja e sonoramente com uma vibração particularmente luminosa e tropical, impressionando pelo modo como a orquestralidade dos arranjos de violino vagueia pela batida sem nunca abafar o seu vigor e impetuosidade.
Far In é, em suma, uma coleção irrepreensível de sons inteligentes e solidamente construídos, mais um naipe de belíssimas canções que são mais um momento marcante deste músico sedeado em Brooklyn, um alinhamento com forte pendor temperamental e com um ambiente feito com cor, sonho e sensualidade. Nele percebe-se esta filosofia de alguém positivamente obcecado pela evocação de memórias passadas e, principalmente, pela concretização sonora de sensações, estímulos, reações e vivências cujo fato serve a qualquer comum mortal. Espero que aprecies a sugestão...