man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Nothing – Amber Gambler
Editado em dois mil e catoze, Guilty of Everything foi o trabalho de estreia dos Nothing, uma banda de Filadélfia, que logo nesse primeiro disco clarificou deambular entre a dream pop nostálgica e o rock progressivo amplo e visceral. Após essa estreia, o grupo foi, com mais dois registos no catálogo, Tired Of Tomorrow e Dancing On The Blacktoop, impressionando audiências com um som cativante e explosivo, sempre com fuzz nas guitarras e o nível de distorção no red line, oferecendo, a quem os quisesse ouvir, o melhor da herança do rock alternativo de finais do século passado, suportada por nomes tão fundamentais como os My Bloody Valentine ou os Smashing Pumpkins, só para citar algumas das influências mais declaradas do grupo.
O ano passado os Nothing editaram The Great Dismal, o quarto disco do grupo liderado por Dominic Palermo, mais um documento essencial para se perceber a progressão do quarteto. The Great Dismal tinha um alinhamento assente na primazia das guitarras, mas também contava com um elevado teor sintético, uma nuance que conferiu ao seu som uma toada muito rica e luminosa e um travo pop que, na verdade, acabou por amenizar o cariz eminentemente sombrio do rock que os Nothing se gabam de saber replicar melhor que ninguém.
Amber Gambler, o novo single divulgado pelos Nothing e que irá fazer parte do alinhamento de The Great Dismal B-Sides, um acrescento a The Great Dismal e que além desta nova canção incluirá uma cover do clássico dos Delfonics, La La Means I Love You e ainda uma nova roupagem do tema que dá nome a The Great Dismal, é um claro exemplo desta filosofia interpretativa. A canção sopra na nossa mente e envolve-nos com uma toada emotiva e delicada, mesmo abundando a rudeza das distorções e o ruido sombrio de guitarras, em reverb, numa postura claramente lo fi, importante para criar o ambiente soturno e melancólico pretendido. The Great Dismal B-Sides foi produzido, misturado e materizado por Will Yip e chegará aos escaparates em formato digital e em vinil de doze polegadas, a oito de outubro, via Relapse. Confere...
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Blossoms - Care For
Cerca de três anos após o lançamento de Cool Like You, um registo que sucedeu ao disco homónimo de estreia editado no verão de dois mil e dezasseis e que à época causou forte impacto na crítica generalizada, muito por culpa de canções como Charlemagne, Honey Sweet ou Getaway, o quinteto britânico Blossoms, oriundo de Stockport e formado por Tom Ogden, Charlie Salt, Josh Dewhurst, Joe Donovan e Myles Kellock, regressará ainda este ano aos discos que terá uma forte influência setentista, tendo em conta o conteúdo de Care For, o mais recente single divulgado do grupo.
A fazer recordar a herança dos míticos Bee Gees, a banda que Tom Ogden, o líder dos Blossoms, mais tem ouvido ultimamente, Care For oferece-nos uma perspicaz simbiose entre guitarras certeiras e teclados incisivos, mescla que resulta numa composição luminosa, tremendamente radiofónica e vibrante, feita, em suma, com uma synthpop retro muito aditiva, inspirada e orelhuda. Confere...
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Villagers – Fever Dreams
Os irlandeses Villagers são, neste momento, praticamente monopólio da mente criativa de Conor O'Brien e estão já na linha da frente do universo indie folk europeu, pelo modo criativo e carregado com o típico sotaque irlandês, como replicam o género, ainda por cima oriundos de um país com fortes raízes e tradições neste estilo musical. Com um trajeto musical bastante profícuo nos últimos anos, além de intenso e rico, com momentos discográficos significativos do calibre de Becoming a Jackal (2010), {Awayland} (2013) e Darling Arithmetic (2015), entre outros, os Villagers têm finalmente nos escaparates um sucessor para o também fantástico The Art Of Pretending To Swim, de dois mil e dezoito.
Fever Dreams, o novo álbum dos Villagers, viu a luz do dia muito recentemente e ainda a tempo de incendiar com encanto um verão que tem sido verdadeiramente inconstante, na verdadeira aceção de uma palavra que não se pode aplicar a um alinhamento de doze composições instrumentalmente irrepreensíveis e com uma delicadeza e um charme inconfundíveis, algo que não irá certamente surpreender demasiado quem acompanha com particular atenção um dos melhores grupos da atualidade a criar canções ricas em sentimento e cor.
The First Day, uma deslumbrante canção, com uma amplitude sónica impressiva e com uma heterogeneidade instrumental bastante audível é, desde logo, uma porta de entrada que se escancara para um universo em que, realmente, podemos vivenciar diferentes sensações que nos levam da alegria contagiante à tristeza contemplativa num abrir e fechar de olhos e quase sem darmos por isso, tal é o modo compacto e milimetricamente calculado como sopros, metais, cordas, sintetizadores e diversos efeitos de múltiplas proveniências, conjuram entre si permanentemente, de um modo otimista e festivo, mas tambêm cândido e aconchegante.
Esta absorção que nos suga sem apelo nem agravo mantém-se imperdível em Song In Seven, um tratado de acusticidade etérea de forte travo classicista, assim como no forte teor sentimental de So Simpatico, uma cintilante composição repleta de momentos que forçam espontaneamente ao sorriso fácil, no abraço empolgante entre baixo e tromete na hipnótica Restless Endeavour e no modo como o travo soturno do piano é equilibrado pela sinergia entre sopros e sintetizador em Momentarily, assim como na maravilhosa alegoria pop Circles In The Firing Line, canção em que Conor mostra uma vez mais a sua ímpar graça a entrelaçar letras e melodias e a elas adicionar belos arranjos, sempre de forte teor sentimental, sem recear que, no meio de um exeprimentalismo apenas aparentemente descontrolado, as canções possam perder o norte no meio de tanta diversidade e exigência.
O resultado de toda esta trama é um tratado de indie folk absolutamente imperdível, um disco arrebatador, um tratado sonoro encharcado com instantes sonoros de superior magnificiência, em que é possível sentirmos que estamos abraçados ao líder desta banda, a partilhar o mesmo espaço físico, completamente desprovidos de qualquer defesa, enquanto testemunhamos o modo como Conor se entrega a uma aritmética amorosa, onde está em causa não só o modo como gere a sua relação com o amor, mas também consigo mesmo e os seus próprios conflitos emocionais. Espero que aprecies a sugestão...
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Husky - Meteorite
Foi há já fez anos que fez furor nesta redação Forever So, um álbum dos australianos Husky, uma banda natural de Melbourne e formada, à altura, por Husky Gawenda (voz, guitarra), Gideon Preiss (teclados), Evan Tweedie (baixo) e Lucas Collins (bateria) e que figurou na lista dos melhores álbuns do ano para esta redação, graças a treze maravilhosas canções que formavam, no seu todo, uma espécie de pintura sonora carregada de imagens evocativas de outro tempo, salpicada com melodias acústicas bastante virtuosas e cheias de cor e arrumadas com arranjos meticulosos e lúcidos, que provavam a sensibilidade desta banda para expressar pura e metaforicamente a fragilidade humana.
Agora, quase no ocaso do verão de dois mil e vinte e um, os Husky voltam à carga com Meteorite, uma lindíssima canção, quente e intimista, repleta de delicadas camadas de sons e ritmos, um registo que exala uma forte vibe setentista, à boleia de um buliçoso piano lisérgico e um registo vocal tremendamente adoçicado, que comprova o já público amor que os Husky confessam sentir pela pop clássica, celebrizada por nomes tão influentes como Leonard Cohen, Paul Simon, The Doors, ou os Beach Boys. Confere...
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Future Islands - Peach
Foi no final do ano passado que os norte-americanos Future Islands regressaram com As Long As You Are, um excelente tomo de canções de uma banda com uma carreira já bem cimentada no panorama índie contemporâneo, não só por causa da elevada bitola qualitativa do cardápio sonoro que credita, mas também por causa do carisma de Samuel Harring, um agitador nato, fabuloso dançarino e um dos melhores frontmen da atualidade.
Agora, quase nove meses após esse registo, que foi o sexto dos Future Islands, a banda de Baltimore está de regresso com Peach, uma canção de forte cariz meditativo e intimista, assente num registo sonoro encharcado pela nostalgia da melhor pop oitocentista, graças a um vigoroso baixo, que contrasta com um vasto arsenal de sintetizações inebriantes e indutoras, em suma, um tema que reflete experiências pessoais de Harring, sonorizado através de inspiradas e felizes interseções entre uma componente sintética bem vincada e uma secção rítmica fluída, como é apanágio deste grupo. Confere...
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Phoebe Bridgers – Nothing Else Matters
Num ano em que têm abundado as versões de alguns temas incontornáveis da última década do século passado, merece superior destaque a nova roupagem que Phoebe Bridgers, criou para o clássico Nothing Else Matters dos Metallica e que fará parte de um disco de tributo à banda de James Hetfield intitulado The Metallica Blacklist, que verá a luz do dia digitalmente a dez de Setembro e fisicamente no início do mês seguinte, através da Blackened Recordings, um registo que pretende marcar o trigésimo aniversário da edição do mítico álbum The Black Album.
Produzida por Tony Berg e Ethan Gruska, esta versão de Phoebe Bridgers, uma cantora nascida em Los Angeles, a dezassete de agosto de mil novecentos e noventa e quatro, impressiona pela espetacular linha de piano da autoria de Gruska, acomanhado exemplarmente à guitarra por Rob Moose, num resultado final verdadeiramente assombroso e que aprimora ainda mais a ímpar e conturbada intimidade do original. Confere...
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A Great Big Pile Of Leaves – Pono
Depois de um longo hiato de sete anos os norte-americanos A Great Big Pile Of Leaves, uma banda de Brooklyn, em Nova Iorque, formada atualmente por Pete Weiland, Tyler Soucy, Matthew Fazzi e Tucker Yaro, estão de regeresso com Pono, um alinhamento de dez canções abrigado pela Topshelf Records e que nos leva numa fantástica e relaxante viagem até às origens do melhor indie rock contemporâneo.
Gravado no estúdio caseiro da banda e mixado por Matthew Weber, na Gradwell House Recording em Haddon Heights, Nova Jersey, Pono reacende o fervor que os fãs antigos sempre tiveram por esta banda, mas tem também o condão de agregar novos seguidores à causa A Great Big Pile Of Leaves. E tal sucede porque ouvir Pono é um exercício auditivo desconcertante e fortemente indutor, tal é o nível de beleza e de luminosidade, quer melódica, quer instrumental, de composições dominadas por guitarras que sabem sempre a tonalidade correta a dar à filosofia poética idealizada, sem colocar em causa, mesmo nos momentos mais efusivos e em que as distorções abundam, o efeito relaxante e atmosférico que carateriza o registo.
De facto, se temas como Beat Up Shoes e Hit Reset possuem tonalidades e rugosidades um pouco mais explosivas, a escolha dos dos temas para singles de apresentação do disco não terá sido inocente, porque acabam por espelhar com enorme fidelidade a visão que o quarteto teve para Pono. Depois o brilho percurssivo que testemunhamos em músicas como Kitchen Concert, Swimmer e Writing Utensils, acaba por ser o toque diferenciador que confere harmonia e solidez ao conjunto, num resultado final claramente bem conseguido e que deverá figurar, aposto, em algumas listas dos melhores lançamento do ano.
Em suma, mostrando que a longa espera de mais de meia década foi recompensada, Pono é um marco evolutivo ímpar na carreira dos A Great Big Pile Of Leaves, conseguido à boleia de um álbum exemplarmente polido, um compêndio cintilante de indie rock que tem como atributo maior, por incrível que pareça, o facto de ser um daqueles alinhamento muito fluído e de fácil digestão e, por isso, claramente divertido e prazeiroso. Espero que aprecies a sugestão...
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They Might Be Giants – I Can’t Remember The Dream
My Murdered Remains, o último registo de originais dos They Might Be Giants, viu a luz do dia em dois mil e dezoito e, na sequência, há alguns meses atrás, a banda norte-americana de rock alternativo do Massachusetts, formada por John Flansburgh, John Linnell, Dan Miller, Danny Weinkauf e Marty Beller, anunciou um novo projeto intitulado, BOOK. Trata-se de um livro com cento e quarenta e quatro páginas, que será acompanhado por uma banda sonora constituida por quinze canções, um compêndio que resulta de uma colaboração direta do grupo norte-americano com o designer gráfico Paul Sahre e o fotógrafo de rua Brian Karlsson, que reside em Brooklyn, Nova Iorque. Book terá edição física em livro e disco juntos, mas a parte musical terá também edição em separado nos formatos habituais, com data projetada de lançamento para vinte e nove de outubro próximo.
Do alinhamento de BOOK tivemos contacto há algumas semanas com os temas I Lost Thursday e I Broke My Own Rule. Agora chega a vez de conferirmos I Can't Remember The Dream, uma exercício de excentricidade experimentalista, que é um traço típico dos They Might Be Giants e que foi apurado nestes pouco mais de três minutos com um travo tremendamente nostálgico e aditivo. É uma composição com uma rara graça, que se projeta através de um riff de guitarra claramente inspirado na versão de Louie Louie que os Kingsmen fizeram em mil novecentos e sessenta e três e que era um original de Chuck Berry e que acabou por ser o grande sucesso do disco The Kingsmen In Person lançado por esta mítica banda de garage rock de Portland, nesse ano. Confere...
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Courtney Barnett – Before You Gotta Go
Três anos depois do registo Tell Me How You Really Feel, que na altura sucedeu a Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit, o feliz título do arrebatador disco de estreia, a australiana Courtney Barnet está de regresso em dois mil e vinte e um ao formato longa-duração com Things Take Time, Take Time, um alinhamento de dez canções produzido por Stella Mozgawa (Warpaint, Cate Le Bon, Kurt Vile) em Sidney e Melbourne e que irá ver a luz do dia a doze de novembro próximo, por intermédio do consórcio Mom+Pop Music/Marathon. Foi um disco concebido durante o período de confinamento, que Barnett aproveitou para se embrenhar a fundo na filmografia de Agnes Varda e Andrei Tarkovsky, leituras de livros e pinturas em aguarelas.
Courtney Barnett tem-se mostrado na sua carreira bastante hábil no modo como expôe aqueles pequenos detalhes da vida comum e do seu próprio quotidiano e os transforma, na sua escrita, em eventos magnificientes e plenos de substância. E se na estreia, há três anos, procurou um ambiente eminentemente festivo e jovial que nos levasse a colocar o nosso melhor sorriso eufórico e enigmático e a passar a língua pelo lábio superior com indisfarçável deleite, ao som de uma voz doce, uma bateria intensa e uma guitarra que brilhava daqui ao céu, num vaivém musculado e constante, em dois mil e dezoito a opção foi por uma atmosfera menos imediata e um pouco mais intrincada e até amargurada e agressiva.
Before You Gotta Go, o último single revelado do terceiro disco da autora, é um belíssimo quadro sonoro de indie rock, uma composição íntima e muito pessoal sobre um beijo de despedida, que tem um elevado travo nostálgico e contemplativo, mas também vibrante, efeito conseguido no modo como o já habitual timbre metálico delicioso da guitarra de Barnett é trespassado por diversos arranjos acústicos, enquanto o baixo e a bateria acamam, de modo disciplinado e crescente, uma balada quente e tremendamente elegante. Confere...
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We Are Scientists – Handshake Agreement
Três anos depois de Megaplex, os norte americanos We Are Scientists estão de regresso aos discos em dois mil e vinte e um com Huffy, o sétimo registo discográfico desta banda que teve as suas raízes na Califórnia, está atualmente sedeada em Nova Iorque e já leva dezassete anos de carreira, sendo liderada por Keith Murray e um dos nomes fundamentais do pós punk atual. Este novo trabalho dos We Are Scientists vai ver a luz do dia a oito de outubro próximo através da 100% Records.
Canção que se debruça sobre o forte impacto que as redes sociais e os média têm no nosso dia a dia e no modo como ambos e a pandemia têm reduzido imenso o sempre necessário contacto social presencial que todos precisamos, Handshake Agreement é o novo single retirado do alinhamento de Huffy, uma canção que nos oferece um animado e irrepreensível travo noventista, em que surf punk e garage rock se confundem, sem apelo nem agravo, com astúcia e luminosidade, atingindo no âmago o habitual adn dos We Are Scientists. Confere...