man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Low – Days Like These
Três anos depois do excelente Double Regist, os Low de Alan Sparhawk, Mimi Parker e Steve Garrington voltam a impressionar-nos com a sua pop emotiva e sedutora à boleia de Days Like These, o primeiro avanço revelado de Hey What, o décimo terceiro e próximo disco deste grupo norte americano oriundo de Duluth, no Minnesota e que há trinta e sete anos nos oferece um maravilhoso cardápio que é, no seu todo, um marco significativo na carreira de um projeto ímpar do indie rock e da dream pop contemporânea.
Days Like These tem tudo para nos esclarecer que Hey What será, certamente, um registo que, na sua essência, estará assente num som negro, mas potenciador no modo como suscitará a vinda à tona de todos nós alguns dos receios, dores e angústias que guardamos no nosso âmago, de forma mais ou menos disfarçada. Na canção, a limpidez do registo inicial à capella da dupla Alan e Mimi, agarra desde logo o ouvinte a uma enganadora luminosidade, que rapidamente resvala para uma vasta míriade de ruídos, que em vez de terem um efeito abrasivo e repugnante, são facilmente entendidos como traves mestras de uma inesperada luz e positivismo. No fundo, esta bem pensada e criativa dicotomia arquitetada pelos Low, esconde, no seu seio, uma pancada seca e certeira numa pop paciente e charmosa e que, escutada com a merecida devoção, coloca em causa todos os cânones e normas que definem alguns dos pilares fundamentais da nossa interioridade. Confere Days Like These e a tracklist de Hey What...
01 White Horses
02 I Can Wait
03 All Night
04 Disappearing
05 Hey
06 Days Like These
07 There’s a Comma After Still
08 Don’t Walk Away
09 More
10 The Price You Pay (It Must Be Wearing Off)
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Helado Negro – Gemini And Leo
Em pleno outono do ano passado, o projeto Helado Negro, liderado por Roberto Carlos Lange, um filho de emigrantes equatorianos, radicado nos Estados Unidos, começou em grande estilo a sua caminhada ao lado da etiqueta 4AD, para onde se transferiu em dois mil e vinte, dando as mãos à cantora e compositora Jenn Wasner, que assina as suas obras sonoras como Flock of Dimes e a Devendra Banhart, para assinarem, em conjunto, uma versão do clássico Lotta Love de Neil Young.
Agora, no início do verão de dois mil e vinte e um, Helado Negro anuncia o seu primeiro disco etiquetado pela 4AD, um trabalho intitulado Far In, que terá um alinhamento de quinze inéditos e que sairá para os escaparates a vinte e dois de outubro próximo.
Gemini And Leo, o segundo tema do alinhamento de Far In, é o primeiro avanço divulgado deste novo registo de Helado Negro, uma composição onde o autor amplia as suas já habituais experimentações com samples e sons sintetizados, de modo a replicar a multiplicidade de referências sonoras que o inspira, sempre em busca de ambientes eminentemente intimistas e acolhedores e que encarnem na perfeição o espírito muito particular e simbólico da sua música. Aliás, o próprio vídeo da canção, também entretanto divulgado e dirigido por Jacob Escobedo, reforça esta visão psicadélica e caleidoscópica de um artista ímpar no panorama alternativo atual. Confere Gemini And Leo e a tracklist de Far In...
01 Wake Up Tomorrow (Feat. Kacy Hill)
02 Gemini And Leo
03 Purple Tones
04 There Must Be A Song Like You
05 Aguas Frias
06 Aureole
07 Hometown Dream
08 Agosto (Feat. Buscabulla)
09 Outside The Outside
10 Brown Fluorescence
11 Wind Conversations
12 Thank You Forever
13 La Naranja
14 Telescope (Feat. Benamin)
15 Mirror Talk
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The Kills – Cosmic Dancer
Ansiosa por um disco novo da dupla, a redação deste blogue regressa aos britânicos The Kills de Jamie Hince e Alison Mosshart por causa da versão que fizeram para o clássico Cosmic Dancer dos T-Rex, em novembro do ano passado, para celebrar a indução da banda de Marc Bolan no The Rock & Roll Hall of Fame.
Já é habitual os The Kills aventurarem-se na criação de novas roupagens de composições que fazem parte dos gostos pessoais da dupla; Recordo que o ano passdo demos conta de um single de sete polegadas de edição limitada dos The Kills que continha também duas versões, a primeira List of Demands (Reparations), um original de Saul Williams e a segunda uma revisitação do clássico Steppin’ Razor, de Peter Tosh. Esta potente versão de Cosmic Dancer dos T-Rex tem um resultado final verdadeiramente enleante e que mantém intocável o charme inconfundível de uma dupla única e sem paralelo no universo alternativo atual. Confere...
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Damon Albarn – The Nearer The Fountain, More Pure The Stream Flows
Sete anos depois do extraordinário registo Everyday Robots, o melancólico, mas sempre genial, brilhante, inventivo e criativo Damon Albarn, personagem central da pop britãnica das últimas três décadas, centrou novamente atenções na sua carreira a solo, depois de mais um capítulo da saga Gorillaz o ano passado e de uma nova rodela do projeto The Good, The Bad And The Queen, que partilha com Paul Simonon, Simon Tong e Tony Allen, chamada Merrie Land que, como certamente se recordam, foi um dos melhores álbuns de dois mil e dezoito para a nossa redação.
Esse novo disco a solo de Damon Albarn chama-se The Nearer The Fountain, More Pure The Stream Flows, contém onze canções que pretendem, no seu todo, dar vida a uma peça orquestral inspirada na Islândia, país onde o músico tem assentado arraiais periodicamente nos últimos anos, e irá ver a luz do dia a doze de novembro próximo.
O primeiro avanço revelado de The Nearer The Fountain, More Pure The Stream Flows, um álbum que explora com minúcia temas como a fragilidade, a perda, a emergência e o renascimento, é exatamente o tema homónimo, cujo título é um excerto do poema Love and Memory, de John Clare. Sonoramente, é um portento contemplativo brilhante, com um travo tipicamente clássico, cinco minutos que nos proporcionam uma jornada introspetiva muito orgânica e intimista, onde a voz clemente e cativante de Albarn é trespassada por uma vasta míriade de efeitos, quer de teclas, quer de uma guitarra e de algumas teclas de um insinuante piano, simultaneamente encharcado em delicadez a inquietude. Confere The Nearer The Fountain, More Pure The Stream Flows e a tracklist do disco...
1. The Nearer The Fountain, More Pure The Stream Flows
2. The Cormorant
3. Royal Morning Blue
4. Combustion
5. Daft Wader
6. Darkness To Light
7. Esja
8. The Tower Of Montevideo
9. Giraffe Trumpet Sea
10. Polaris
11. Particles
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Um Corpo Estranho - Mavorte
Foi em dois mil e dezanove que a nossa redação apresentou o projeto nacional sedeado em Setúbal chamado Um Corpo Estranho, formado por Pedro Franco e João Mota. Na altura a nossa redação teve o privilégio de ouvir antecipadamente o extraordinário disco Homem Delírio, na altura o terceiro registo de originais do projeto e que sucedia aos trabalhos De Não Ter Tempo (2014), que contou com a participação de Celina da Piedade e incluia uma versão de um tema da Madredeus e Pulso (2016), considerado por alguma imprensa especializada como um dos melhores discos nacionais desse ano (Santos da Casa RUC, Certeza da Música, No Sólo Fado).
Agora, no início do verão de dois mil e vinte e um, os Um Corpo Estranho voltam à carga, novamente abrigados pela editora independente Malafamado Records, com um novo single intitulado Mavorte, uma canção que conta com a participação da também setubalense Cátia Mazari Oliveira, responsável pelo projecto A Garota Não. O tema foi produzido por Sérgio Mendes, guitarrista e produtor de A Garota Não, mas também habitual colaborador dos Um Corpo Estranho, tendo sido ele quem produziu o já referido Homem Delírio.
De acordo com a própria dupla, Mavorte, composição que reflete sobre diversas dualidades e que nos deslumbra não só pelas cordas, mas também pelo jogo vocal bastante impressivo e realista, é um tema pessoal que nasce da análise de relações e vivências passadas, que fala de amor e de perdão mas também de auto-superação.
Mavorte já tem direito a um lindíssimo vídeo produzido pelas produtoras Souza Filmes e Garagem e realizado por António Aleixo, vencedor de vários prémios nacionais e internacionais entre os quais um prémio Sophia há dois anos. Confere...
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Modest Mouse – The Sun Hasn’t Left
Oriundos de Issaquah, nos arredores de Washington, mas estabelecidos em Portland, no Oregon e já com mais de duas décadas de carreira, os Modest Mouse do guitarrista Isaac Brock, do baterista Jeremiah Green e do baixista Eric Judy, uma banda fundamental do indie rock alternativo contemporâneo, estão a poucas horas de lançar o sucessor para o já saudoso álbum Strangers To Ourselves, de dois mil e quinze. Será um trabalho intituladoThe Golden Casket, terá doze canções e irá ver a luz do dia com a chancela da Epic.
Como aperitivo, já o terceiro, para o alinhamento de The Golden Casket, podemos contemplar o single The Sun Hasn't Left, uma composição luminosa e otimista, em que os sintetizadores ditam a sua lei, trespassados por uma melodia muito caraterística e em tudo parecida ao som de um xilofone, um modus operandi pouco usal nos Modest Mouse, algo que até se saúda, mas que não deixa de salvaguardar alguns dos melhores detalhes da herança sonora do projeto. Confere...
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Efterklang – Living Other Lives
Quase dois anos após o extraordinário registo Altid Sammen, os dinamarqueses Efterklang protagonizaram uma das transferências mais badaladas da temporada musical assinando pela alemã City Slang depois de três discos na britânica 4AD, tendo já na forja um novo disco nessa etiqueta intitulado Windflowers. O registo será o sexto da carreira d projeto formado por Mads Brauer, Casper Clausen e Rasmus Stolberg e irá ver a luz do dia a oito de Outubro próximo, ainda bem a tempo de se tornar num dos melhores do ano de dois mil e vinte e um.
Windflowers foi um disco criado durante o período pandémico mais agudo, sendo o seu conteúdo bastante marcado por essa circunstância covid, mas também por algumas questões pessoais do trio, uma conjuntura que acabou por criar um clima criativo invulgar no seio dos Efterklang, impulsionando-os para um disco que, de acordo com os próprios, será certamente marcante na sua discografia.
Living Other Lives é o primeiro single divulgado de Windflowers, uma lindíssima composição em que acusticidade orgânica e texturas eletrónicas particularmente intrincadas, conjuram entre si, muitas vezes de modo quase impercetível, para incubar uma composição com uma beleza sonora inquietante, gravada durante uma jam session no estúdio de Casper Clausen em Lisboa. O tema já tem direito a um vídeo criado por Søren Lynggaard Andersen e filmado na ilha de Møn, onde o resto do álbum também foi gravado em cinco partes. Confere...
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Django Django – Glowing In The Dark
Pouco mais de três anos depois de terem desvendado Marble Skies, os Django Django de Dave Maclean, Vincent Neff, Tommy Grace e Jimmy Dixon estão de regresso com um novo álbum intitulado Glowing In The Dark, mais um excelente naipe de canções feitas com uma pop angulosa, proposta por quatro músicos que, entre muitas outras coisas, tocam baixo, guitarra, bateria e cantam, sendo isto praticamente a única coisa que têm em comum com qualquer outra banda emergente no cenário alternativo atual.
Produzido por David McLean, este quarto registo do grupo de Edimburgo é um anguloso alinhamento encharcado de camadas de sintetizadores com uma proeminente toada vintage, fortemente inspirada na eletrónica do século passado, enquanto se debruça sobre o modo como ainda será possível criar laços e afinidades quando a situação pandémica atual e as crenças politicas em voga, que têm ganho bastantes adeptos nas extremas, quer direita quer esquerda, parecem propiciar terreno fértil para a divisão e o afastamento entre as pessoas.
Apesar de estarmos a falar de um disco em que a eletrónica marca a sua lei e dita as regras, como já referi, Glowing In The Dark também impressiona pelo abraço extenso que dá em diferentes direções sonoras e estilos, fazendo-o, a espaços, de um modo mais ou menos explícito. De facto, em temas como na soul de Kick The Devil Out, no travo folk de The World Will Turn e no piscar de olhos à tropicália de Got Me Worried, sente-se um ecletismo feito com seriedade e inatacável bom gosto.
Seja como for, é no single homónimo do disco, no post-punk de Spirals, na imponência de The Ark e no groove de Free From Gravity, uma fabulosa composição que contém tudo aquilo que uma canção pop aditiva deve conter, nomeadamente uma batida hipnótica e vigorosa, que está o eixo central de um alinhamento sabiamente arquitetado em sintetizações com um sóbrio pendor experimental, uma linguagem melódica inspirada e incisiva e letras atuais e contagiantes.
Em suma, Glowing In The Dark cimenta a cartilha sonora que é feita há mais de meia década pelos Django Django, replicada com uma dose divertida de experimentalismo e psicadelismo, um modus operandi que muitos rotulam como art pop, art rock ou ainda beat pop e que suporta, com cada vez maior nível de imponência, um cardápio riquíssimo assinado por uma banda que merece claramente sentar-se à mesa dos nomes fundamentais da música de dança atual. Espero que aprecies a sugestão...
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Kings Of Convenience – Peace Or Love
Doze anos depois do registo Declaration Of Dependence e vinte do álbum de estreia Quiet Is The New Loud, os noruegueses Kings Of Convenience de Erlend Øye e Eirik Glambek Bøe, estão de regresso com um lindíssimo disco intitulado Peace Or Love, um alinhamento de onze canções que viu a luz do dia a dezoito de junho, através da EMI Records.
A exploração profunda, singela e perene daquilo que é o amor e o desejo é o eixo central do conteúdo de Peace Or Love, um contemplativo, confiante e confidente exercício sonoro que, como seria de esperar, exala o adn indie folk típico desta dupla, assente em deslumbrantes cordas e num registo interpretativo que se mostra melodicamente sagaz e sofisticado. Duas décadas após a estreia, Eirik Glambek Bøe e Erlend Øye mostram-se, naturalmente, mais adultos e conscientes do mundo que os rodeia e com um outro conhecimento relativamente à vida, algo que se reflete no modo consciente como plasmam as suas ideias acerca da temática central do registo, com a pureza destas canções e a elegância das mesmas, conferida pelas pitadas deslumbrantes de bossa nova que contêm, a diferenciarem consistentemente este projeto de outras propostas dentro do mesmo espetro sonoro e a plasmarem tal astúcia e traquejo.
De facto, um dos grandes atributos dos Kings Of Convenience é conseguirem escrever músicas sem grandes truques ou adornos, mas sem deixarem de ser profundas, inspiradoras e tocantes, algo que requer uma capacidade criativa melódica incomum e uma dose de confiança mútua ímpar, com a dupla a nunca vacilar, ao longo do registo, no modo como, dentro desta evidência, entrelaçam cordas com alguns adereços percurssivos, fazendo-o com superior requinte, por exemplo, em Catholic Country, mas também deslumbrantemente em canções como Angel, que disserta sobre a tristeza de uma mulher destroçada pela não correspondência, ou na mais contemplativa Killers.
As vozes luminosas e imponentes de Bøe e Øye, de timbre semelhante, são a cereja no topo do bolo desta filosofia que sustenta um disco repleto de charme, delicadeza e cuidado, um trabalho que expressa inocência e experiência ao mesmo tempo e onde mesmo que pareça, em alguns momentos que algumas esperanças silenciosas de obter dele dicas infaliveis acerca de como sobreviver ao fim de um romance sejam frustradas, aquilo que fica é a clarificação de que quer o amor quer o desejo, que são sentimentos complicados e ilegíveis na sua essência, são também, em última análise, razões de ser fundamentais, inadiáveis e inaliáveis na nossa existência. Espero que aprecies a sugestão...
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Said The Whale – Show Me Everything
Como certamente se recordam, no passado mês de março noticiámos que os Said the Whale de Tyler Bancroft, Ben Worcester, Jaycelyn Brown e Lincoln Hotchen estavam em estúdio com o produtor Steve Bays a ultimar alguns temas que poderiam fazer parte de mais um disco desta banda de Vancouver, no Canadá, com catorze anos de vida e já seis álbuns no catálogo. Nesse mesmo artigo revelámos também a composição Honey Lung como a primeira materialização divulgada dessa colaboração. Agora, três meses depois dessa agradável novidade, confirma-se que haverá um novo álbum em breve dos Said The Whale, que será abrigado pela nova etiqueta Everything Forever, do próprio Tyler Bancroft e há, pelo menos, mais uma nova canção do projeto para contemplar chamada Show Me Everything.
Composição já com direito a um vídeo dirigido por Sterling Larose e Riley Orr e tremendamente intimista, mas sonoramente deslumbrante, Show Me Everything é fortemente sintetizada, mas também acama no seu arquétipo um cardápio de guitarras nada desprezível, além de diversas outras cordas replicadas por membros da Vancouver Symphony Orchestra, uma mescla que resulta num indie rock de elevado calibre e ímpar contemporaneidade. Confere...