man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Still Corners – White Sands
Dois anos depois do belíssimo registo Slow Air, a dupla britânica Still Corners está de regresso, novamente à boleia da Wrecking Light, com The Last Exit, o quinto álbum da carreira deste projeto formado por Greg Hughes e Tessa Murray e que sedeado há já alguns anos nos Estados Unidos tem pautado a sua carreira por calcorrear um percurso sonoro balizado por uma pop leve e sonhadora, íntima da natureza etérea e onde os sintetizadores são reis, mas também uma pop que pisca muitas vezes o olho aquele rock alternativo em que as guitarras eléctricas e acústicas marcam indubitavelmente uma forte presença.
White Sands é a mais recente composição divulgada do alinhamento deste novo trabalho dos Still Corners, uma envolvente canção que através de uma batida frenética, sintetizadores minuciosamente apetrechados com diversas camadas melódicas, um baixo pulsante e guitarras com um timbre encharcado com aquele brilho de forte lustro vintage, aponta angulosamente para ambientes dançantes, sendo também uma canção que tem em ponto de mira um indisfarçável ambiente de romantismo e sensualidade. Confere...
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The Antlers - Solstice
Projeto fundamental do indie rock experimental norte-americano da última década e meia, os The Antlers de Peter Silberman e Michael Lerner, habituaram-nos desde o fabuloso Hospice (2009) a um faustoso banquete de composições encharcadas em sensibilidade, angústia e conflito, canções cheias de sons aquáticos e claustrofóbicos, mas que nos mantinham sempre à tona porque também sabiam salvaguardar um soporífero cariz relaxante. Após o monumental registo Familiars, editado em dois mil e catorze e colocado em primeiro lugar nos melhores álbuns desse ano para a nossa redação, esse desfile de discos assertivos e metaforicamente intensos foi interrompido por opção da própria dupla e os The Antlers entraram num hiato que será finalmente interrompido, para gaúdio de todos aqueles que se têm deliciado com a sua notável discografia.
Assim, e depois de no passado outono os The Antlers nos terem proporcionado a audição de Wheels Roll Home e It Is What It Is, dois novos temas que pareciam ter uma lógica sequencial e que marcaram o arranque de uma nova fase da carreira do projeto, mas ainda sem anúncio de novo disco, agora, no arranque de dois mil e vinte e um, uma nova canção intitulada Solstice confirma estar na forja um novo disco dos The Antlers. Essa rodela chama-se Green To Gold, chegará aos escaparates em março e terá no seu alinhamento dez canções que trarão consigo, certamente, uma nova fase do grupo de Brooklyn ainda mais promissora, luminosa e empolgante do que a anterior.
A terna indulgência das cordas que conduzem Solstice e a ardente soul das mesmas, um sabor ampliado quase no ocaso do tema por portentosos violinos e impregnado fluidamente no efeito metálico da guitarra e no modo como esse mesmo efeito se entrelaça com a cândura vocal de Silberman e com o registo jazzístico da bateria, sustentam uma canção repleta de nostalgia, até porque versa sobre a inocência que carateriza a esmagadora maioria das memórias da infância. Confere Solstice e o alinhamento de Green To Gold...
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Dream People - People Think
Os Dream People são uma nova banda lisboeta formada por Francisco Taveira (voz), Nuno Ribeiro (guitarra), Bernardo Sampaio (guitarra), João Garcia (baixo) e Diogo Teixeira de Abreu (bateria), cinco jovens que procuram refletir na sua música a sua visão de um país belo mas pobre, onde ser músico tanto pode ser considerado um ato de coragem como de loucura. Abriram as hostilidades com um EP intitulado Soft Violence que nos oferecia um equilíbrio entre atmosferas sintéticas, que lembram algumas variações da dream pop, e uma componente de shoegaze melancólico. Esse trabalho já tem sucessor, um disco intitulado Almost Young, com edição prevista para março e que, de acordo com as expetativas plasmadas no press release de antecipação, mostrará um grupo mais maduro, mais confortável consigo mesmo. Um grupo que, acima de tudo, busca autenticidade e substância no seu trabalho. Uma banda de sonhadores em busca da realidade e que não renuncia pintá-la como ela é, quer cantar a realidade sem adornos, complexa, intrincada. É aí que reside a profundidade do seu trabalho.
People Think é o mais recente single divulgado do alinhamento de Almost Young, uma canção aparentemente optimista e até eufórica - reminescente os anos oitenta - mas que é acompanhada de uma letra confrontativa, em que se aponta o dedo a quem, com o decorrer da vida, se deixa tornar obsoleto. A quem com a idade adulta cai numa rotina entorpecente e perde a sua própria essência. A quem se esquece da juventude. O tema também já tem direito a um videoclipe conta com a participação do dançarino João Reis Moreira. Confere...
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Sun Kil Moon – Snowbound
Sun Kil Moon é o projeto atual de cantor e compositor Mark Kozelek, que ficou conhecido por ter sido o líder dos carismáticos Red House Painters. Sun Kil Moon encontra então Kozelek ao volante de uma banda que se estreou em dois mil e três com o fabuloso disco Ghosts of the Great Highway, e que tem um novo trabalho intitulado Welcome To Sparks, que será analisado por esta redação nos próximos dias.
Para já, a primeira nota do ano deste blogue para Sun Kil Moon centra-se em Snowbound, uma canção que Kozelek divulgou logo após o último natal e que afirma com subtil beleza a habitual sonoridade frágil e cândida deste projeto, através de um belíssimo tratado de folk acústica onde a simplicidade melódica coexiste com uma densidade sonora suave que transborda uma majestosa e luminosa melancolia. Confere...
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The Telescopes - Strange Waves
Com mais de trinta anos de carreira e já descritos pela imprensa musical britânica como uma revolução da psique, os The Telescopes estão prestes a regressar aos discos com Songs Of Love And Revolution, o décimo segundo álbum do quarteto e, pelos vistos, mais uma explosão solar de ritmos indutores de transe, presa no leme por uma parede de baixo pulsante e mantida no lugar por um enxame de guitarras ao redor, como é apanágio num projeto com um legado cheio de momentos “eureka”, alimentados via intravenosa através de uma racha no ovo cósmico, e que sempre revelou algo novo dentro de um espetro indie de forte cariz lisérgico e ampamente progressivo.
Depois de termos ficado a conhecer o tema Mesmerised no início de dezembro último, agora chega a vez de conferirmos Strange Waves, o terceiro tema do alinhamento de Songs Of Love And Revolution, canção em que a tónica é colocada, primordialmente, na criação de um ambiente com forte travo lisérgico e cósmico, proporcionado pela eficaz interseção entre um efeito tenebroso de uma guitarra e um efeito reverbante de outra, numa espécie de fuzz psicadélico, que impressiona pela majestosidade e ímpeto, nuances conjuradas com elevada mestria no âmago mais inquietante de um um projeto que foi, é e será sempre visionário, revolucionário e marcadamente experimental. Confere...
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David Bowie – Tryin’ To Get To Heaven & Mother
Se ainda estivesse entre nós, David Bowie, o camaleão nascido em Brixton, em 1947, teria feito setenta e quatro primaveras na última sexta-feira, dia oito de janeiro. Essa data acabou por não passar em claro porque foram reveladas nesse dia duas raras versões de originais de John Lennon e Bob Dylan, assinadas por Bowie, disponíveis fisicamente numa edição em vinil de sete polegadas, limitada a oito mil cento e quarenta e sete unidades apenas, com a chancela da Rhino Records.
O original de Lennon que Bowie revisitou foi Mother, uma canção lançada pelo ex-Beatle em mil novecentos e setenta e Tryin’ To Get To Heaven foi criada no ano seguinte por Dylan, composição que fazia parte do alinhamento de Time Out Of Mind, o álbum que o músico natural de Duluth, no Minnesota, lançou em mil novecentos e setenta e um e que ganhou um grammy nesse mesmo ano.
Com uma carreira cheia de momentos marcantes e que dificilmente serão esquecidos, estas duas versões agora lançadas à tona obedecem fielmente a um modus operandi com mais de quatro décadas no qual este músico britânico transformou histórias pessoais em canções, numa cruzada sonora intensa, próxima e subtilmente encantadora, idealizada por um intérprete exímio a entender os mais variados sentimentos e confissões humanas e que sabia, de forma bastante peculiar e única, como converter simples sentimentos em algo grandioso, épico e ainda assim delicadamente confessional. Confere...
01. Tryin’ To Get To Heaven
02. Mother
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Kings Of Leon – The Bandit & 100,000 People
Meia década depois do disco Walls, os irmãos Followill e restante trupe estão de regresso com When You See Yourself o novo registo de originais dos norte-americanos Kings Of Leon. Esse novo trabalho do coletivo de Nashville, o oitavo da carreira do projeto, foi produzido por Markus Dravs e viu a data de lançamento adiada devido ao período pandémico, sendo só confirmado o momento em que iria ver a luz do dia, já depois do último natal.
The Bandit e 100,000 People são os dois temas já divulgados de When You See Yourself, duas canções que se perfilam na segunda e terceira posições do alinhamento do disco mas algo antagónicas. Assim, se The Bandit é uma espécie de avalanche sonora em que guitarras e baixo se esgrimem para criar uma composição vibrante e com uma filosofia roqueira inconfundível, já 100,000 People, mesmo crescendo em intensidade e sentimentalismo, contém um clima sonoro mais ponderado, delicado e calculado. Confere...
1. "When You See Yourself, Are You Far Away"
2. "The Bandit"
3. "100,000 People"
4. "Stormy Weather"
5. "A Wave"
6. "Golden Restless Age"
7. "Time In Disguise"
8. "Supermarket"
9. "Claire And Eddie"
10. "Echoing"
11. "Fairytale"
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Louis Philippe & The Night Mail - Thunderclouds
Francês, mas a viver em Londres há já trinta e quatro anos, Louis Philippe tem já no seu catálogo discográfico um interessante cardápio com mais de uma dezena de discos dos quais é nome de destaque nos seus créditos. De facto, tem sido uma vida inteira dedicada à escrita, produção, composição e interpretação, de mãos dadas com nomes como os The High Llamas, Towa Tei, Martin Newell, Big Big Train, Testbild!, The Clientele e Bertrand Burgalat e produzindo para artistas abrigados pela É! Records de Mie Alway.
Assim, depois de Louis Philippe ter aberto as hostilidade em dois mil e vinte com o lançamento de The Devil Laughs, a sua segunda colaboração com Stuart Moxham (Young Marble Giant), perto do ocaso desse ano atípico e através da Tapete Records divulgou Thunderclouds, o título da sua nova obra-prima e o primeiro álbum do músico feito com uma banda ao vivo em estúdio, neste caso os The Night Mail, um trio formado pelo músico e jornalista Robert Rotifer na guitarra (ex-Acid Jazz e Weller), o DJ, produtor e enciclopédia ambulante de pop Andy Lewis no baixo e o supremo Papernut Cambridge, ex-membro de Thrashing Doves e Death in Vegas Ian Button na bateria. Já agora, esta colaboração entre Louis Philippe e os The Night Mail, começou a ser incubada em dois mil e dezassete, na festa de duas noites do aniversário dos quinze anos da Tapete Records no Lexington de Londres, quando tocaram juntos, pela primeira vez, na segunda noite.
Thunderclouds contém treze composições encharcadas por uma pop bastante inspirada e concebidas quer por Louis Philippe quer por Rotifer, dois amigos de há muitos anos que se inspiraram na sua experiência compartilhada de espectadores democraticamente marginalizados da agitação em torno da saída da Grã-Bretanha da União Europeia e da confluência dessa crise crescente com a pandemia atual para criarem um disco no momento certo das vidas de ambos.
No final do primeiro período de confinamento, Rotifer foi ver Louis Philippe para lhe mostrar a infindável pilha de demos musicais que ele tinha acumulado ultimamente. No início de setembro, a banda finalmente reuniu-se para dois ensaios antes de ir para os Rimshot Studios na zona rural de Kent gravar as faixas de base para todas as treze músicas do álbum, bem como as cordas (tocadas pela violinista Rachel Hall de Big Big Train) e partes do trompete (por Shanti Jayasinha), seguido por outra sessão de vozes, teclados, percussão e mais algumas guitarras, habilmente projectadas por Andy Lewis no estúdio caseiro de Rotifer em Canterbury. O resultado é um álbum que evoca a marca lendária do progressivo caprichoso daquela cidade, tanto quanto as raízes profundas de Philippe na arte da música francesa e um amor compartilhado pelo lado outonal da pop ensolarada.
Transcrevendo a press release de lançamento do registo, Thunderclouds inicia as hostilidades com “Living on Borrowed Time, um cativante tema que soa a uma música de um filme perdido de Lemmy Caution. Enquanto a faixa-título do álbum esconde a antecipação de uma tempestade de acordes Wyattesque com toques de jazz que se erguem magicamente do barulho musical que emana de umas obras dum edifício junto à casa de Shepherd's Bush de Louis Philippe, valsas leves como "Fall in a Daydream" e “Once in a Lifetime of Lies” conseguem fazer Londres parecer Paris, antes da faixa de encerramento “When London Burns” convidar o ouvinte para uma pista de dança imaginária onde o anglófono Michel Polnareff encontra o disco. Entre tudo isso, atravessamos as misteriosas paisagens urbanas aurais de “Alphaville”, a ampla gama dinâmica de duas suítes de música (“The Man who had it All” e “Rio Grande”), a Tropicália/ subtileza folk de “The Mighty Owl ”, os surpreendentes ritmos gospel de“ Love is the Only Light ”, os cativantes dramáticos de“ No Sound ”, os tons celtas inesperados de“ Do I ”e o igualmente maluco e belo semi-instrumental“ Willow ”.
Como Louis Philippe conseguiu manter todas estas ideias reprimidas dentro de si por todos estes anos permanece um mistério, mas assim que elas começam a jorrar, ele é verdadeiramente imparável. E como ele previu com razão em 2017, The Night Mail provou ser capaz de acompanhá-lo a todo gás. Sem dúvida, porém, essa urgência recém-descoberta é um testemunho dos tempos desafiadores que todos nós estamos passando. Espero que aprecies a sugestão...
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Molly Burch – Emotion
Depois do excelente registo de natal The Molly Burch Christmas Album lançado em dezembro de dois mil e dezanove, a norte-americana Molly Burch, volta a dar sinais de vida com um novo single intitulado Emotion, abrigado pela Captured Tracks e que terá direito nos próximos dias a edição em formato de sete polegadas, juntamente com a canção Needy, uma cover de um original de Ariana Grande como b-side.
Emotion coloca esta cantora e compositora natural de Austin, no Texas, no terreno que se sente mais confortável, já que nos proporciona, através de um vigoroso baixo, uma hipnótica batida e diversos efeitos sintetizados plenos de groove, um portento melódico de charme e sedução, desenhado à sombra de ambientes algo nebulosos e jazzísticos e que não descuram uma leve pitada de R&B, mas que têm como base os cânones fundamentais da melhor indie pop atual. Confere...
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Bill Callahan & Bonnie ‘Prince’ Billy – Rooftop Garden
Nomes proeminentes da mítica etiqueta Drag City, Bill Callahan e Will Oldham, que assina a sua música como Bonnie “Prince” Billy, têm vindo a abençoar-nos, desde outubro último e mês após mês, com uma fascinante coleção de versões de originais de nomes que respeitam e veneram, juntando sempre, em cada nova gravação, um terceiro elemento convidado.
A mais recente composição criada ao abrigo dessa iniciativa é a cover de Rooftop Garden, um clássico assinado por Lou Reed, incluído no disco Legendary Hearts que este músico norte-americano, natural de Brooklyn, em Nova Iorque, editou no já longínquo ano de mil novecentos e oitenta e três.
Para gravar esta nova roupagem de Rooftop Garden, Bill Callahan e Bonnie "Prince" Billy convidaram George Xylouris, mentor do projeto Xylouris White, dando ao tema uma sonoridade mais contemporânea e atual, tipicamente americana, que sobrevive impecavelmente numa base eminentemente elétrica, mas que não deixa de ter embutidos alguns tiques e detalhes que roçam um curioso noise experimental de forte cariz lo-fi. Confere...