man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Sigur Rós – Odin’s Raven Magic
Os islandeses Sigur Rós são provavelmente os maiores responsáveis pela geração a que pertenço se ter aproximado da música erudita ou de quaisquer outras formas de experimentação e de estranhos diálogos que possam existir dentro do campo musical. Ao lado da conterrânea Björk, este projeto não apenas colocou a Islândia no mapa dos grandes expoentes musicais, como definiu de vez o famigerado pós rock, género que mesmo não sendo de autoria da banda, só alcançou o estatuto e a celebração de hoje graças, em grande parte, ao rico cardápio instrumental que este grupo conseguiu alicerçar nas mais de duas décadas que já leva de existência.
Agora, sete anos depois do último disco da banda, o aclamado Kveikur, os Sigur Rós voltam a fazer mossa com Odin’s Raven Magic, um disco orquestral ao vivo, que conta com as participações de vários músicos do país da banda, nomeadamente Maria Huld Markan Sigfúsdóttir do projeto Amiina, Hilmar Örn Hilmarsson e Steindór Andersen e que é inspirado num poema medieval islandês chamado Edda e que retrata um banquete de deuses marcado por presságios agoirentos sobre o fim do mundo. Já agora, a primeira interpretação desta verdadeira banda sonora de um poema sucedeu um par de vezes, há já dezoito anos, em dois mil e dois, no evento Reykjavik Arts Festival. Este lançamento em disco de Odin’s Raven Magic, acontece à boleia do consórcio Krunk vs Warner, teve os arranjos assinados por Kjartan Sveinsson e por Sigfúsdóttir, da banda Amiina e capta uma performance no La Grande Halle de la Villette, em Paris, em setembro de dois mil e quatro.
As oito composições de Odin's Raven Magic funcionam, naturalmente, como um bloco único de som que dá cor, movimento e ainda maior substância à exuberância natural de um poema mítico e que merecia, obviamente, uma personificação sonora com os mesmo grau de misticismo e drama que narra. E ninguém melhor do que os Sigur Rós para recriar tais ambientes, uma operação sonora bem sucedida porque o trio islandês concebeu texturas onde todas as opções instrumentais, predominantemente sintéticas e minimalistas, mas também fortemente orgânicas e dominadas pelas cordas e pelos sopros da orquestra participante, se orientaram, ininterruptamente e de forma controlada, para tais desideratos.
Não faltam, portanto, momentos de vincada sensibilidade e emoção ao longo do registo, com o destaque maior a ser, sem dúvida, Stendur æva (stands alive), canção marcada por um loop hipnótico conferido por um curioso xilofone construído a partir de fragmentos de pedra rudemente talhados, da autoria do escultor Páll Guðmundsson. A partir dessa base, os restantes elementos instrumentais, a voz profunda de Andersen e o falsete de Jonsi conjuraramentre si até se aglutinarem num clímax sereno, mas bastante emotivo, resultando, no seu todo, num salutar grau de epicidade, sendo a audição deste tema uma experiência auditiva de forte pendor metafísico e sensorial, assim como a audição de todo o concerto. Espero que aprecies a sugestão...
01. Prologus (Feat. Hilmar Örn Hilmarsson, Maria Huld Markan Sigfusdottir And Steindór Andersen)
02. Alföður Orkar (Feat. Hilmar Örn Hilmarsson, Maria Huld Markan Sigfusdottir And Steindór Andersen)
03. Dvergmál (Feat. Hilmar Örn Hilmarsson, Maria Huld Markan Sigfusdottir And Steindór Andersen)
04. Stendur æva (Feat. Hilmar Örn Hilmarsson, Maria Huld Markan Sigfusdottir And Steindór Andersen)
05. Áss Hinn Hvíti (Feat. Hilmar Örn Hilmarsson, Maria Huld Markan Sigfusdottir And Steindór Andersen)
06. Hvert Stefnir (Feat. Hilmar Örn Hilmarsson, Maria Huld Markan Sigfusdottir And Steindór Andersen)
07. Spár eða Spakmál (Feat. Hilmar Örn Hilmarsson, Maria Huld Markan Sigfusdottir And Steindór Andersen)
08. Dagrenning (Feat. Hilmar Örn Hilmarsson, Maria Huld Markan Sigfusdottir And Steindór Andersen)