man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Jeff Tweedy – Love Is The King
O norte-americano Jeff Tweedy, líder do míticos Wilco, é, claramente, um dos músicos mais profícuos e criativos do cenário musical alternativo atual. Já nesta década, ao comando da sua banda, idealizou e incubou The Whole Love (2011), Star Wars (2015) e Schmilco (2016) e entretanto aproveitou para escrever uma auto-biografia intitulada Let's Go (So We Can Get Back): A Memoir of Recording and Discording with Wilco, Etc., onde disserta sobre aspetos da sua personalidade e do seu trajeto nos Wilco. À boleia desse exaustivo exercício escrito de introspeção, acabou por criar WARM, um dos destaques da sua etapa discográfica a solo, onze canções que viram a luz do dia no início deste ano com a chancela da insuspeita dBpm Records e que sucedem a Together at Last (2017), um registo de versões de alguns dos temas mais emblemáticos da sua já extensa carreira. Depois de WARM, o ano passado chegou Warmer, disco que, conforme o título indica, não estava dissociado do conteúdo do antecessor, já que, além de ter sido gravado durante o mesmo período em que foi captado WARM, acabou por, na sua essência, obedecer à mesma filosofia sonora estilística. Agora, no início deste estranho outono, Love Is The King é a mais recente obra discográfica de um compositor que assenta o seu processo criativo numa concepção de escrita que explora bastante a dicotomia entre sentimentos e no modo criativo e refinado como musica as letras que daí surgem, aliando o seu adn pessoal às tendências mais contemporâneas da folk e do rock alternativo.
Gravado em pleno período pandémico e de confinamento, no estúdio caseiro do autor, Love Is The King é um voo picado que o autor faz sobre si próprio, a sua existência e a daqueles que lhe são mais próximos, nomeadamente os seus herdeiros Spencer e Sam. Acaba por ser um disco feito em família, com a participação direta da mesma na sua concepção e definição do conteúdo sonoro e que, como é natural, sendo eminentemente autobiográfico, constitui um exercício sonoro de exorcização de alguns dos demónios, angústias, eventos traumáticos e conflitos interiores de Tweedy.
Este é, pois, um alinhamento com um travo melancólico particularmente abundante, mas também um registo quente, positivo e sorridente. Mas, tema após tema, seja qual for o lado para o qual se incline, a base é homogénea e de simples descrição; Love Is The King é um álbum direto, cru, tremendamente orgânico, claramente lo-fi, um impressivo e jubilante tratado folk, dominado por timbres de cordas particularmente estridentes, que abastecem uma constante dicotomia entre sentimentos e confissões.
O rock puro e duro de Guess Again, a pueril acusticidade de Even I Can See, a pureza country de Opaline, ou o travo mais alternativo de Bad Day Lately, sustentam toda uma simplicidade melódica simplesmente arebatadora mas terrivelmente eficaz, desprovida de qualquer sede de exacerbado protagonismo. O resultado final é uma atmosfera bucólica e encantatória, mas intrigante, num álbum que manifesta de forma pura, desinteressada e bastante reveladora, uma pessoalidade única e inconfundivel no panorama indie atual. Espero que aprecies a sugestão...
01. Love Is The King
02. Opaline
03. A Robin Or A Wren
04. Gwendolyn
05. Bad Day Lately
06. Even I Can See
07. Natural Disaster
08. Save It For Me
09. Guess Again
10. Troubled
11. Half-Asleep