man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Grutera - Aconteceu
Foi à boleia da Planalto Records que viu a luz do dia Aconteceu, o quarto disco do projeto Grutera, assinado por Guilherme Efe, um músico nascido em pleno verão de mil novecentos e noventa e um e que, segundo reza a lenda, chegou ao nosso mundo todo nu, careca, sem dentes e cheio de sangue da barriga de sua mãe. As más línguas também referem que na altura o músico ainda não sabia tocar guitarra, porque não tinha unhas, mas provavelmente já sabia que era isso que faria o resto da sua vida, ainda que paralelamente tivesse qualquer outra atividade, mais ou menos lícita, mais ou menos nobre, com que fizesse mais ou menos dinheiro.
Guilherme começou a sua carreira artística a tocar guitarra em bandas de metal, depois descobriu os recônditos prazeres da guitarra clássica e percebeu que seria por aí que iria conseguir alcançar a tão almejada fama, riqueza e sucesso, que tanto ambicionava desde o ventre materno, ou pelo menos, fazer música que o emocionasse e que melhorasse alguns minutos da vida de alguém que a ouvisse.
O percurso discográfico de Guilherme começou há cerca de oito anos com Palavras Gastas, no ano seguinte chegou aos escaparates o registo Sempre e dois anos depois viu a luz do dia Sur Lie, o antecessor deste Aconteceu, que foi gravado numa pequena adega, em casa dos pais do músico e que quebra um hiato de meia década, tendo começado a ser incubado em Braga desde dois mil e dezassete, com a ajuda de Tiago e Diogo Simão, que já tinham tido um papel preponderante nos três trabalhos anteriores deste projeto Grutera.
Aconteceu é, provavelmente, o disco mais eclético e rico da carreira de Grutera. Durante as audição do seu alinhamento desfila nos nosso ouvidos uma vasta pafernália de teias, relações e emaranhados sonoros, sempre com as cordas na liderança, quer da condução melódica das composições, quer na adição dos principais arranjos e detalhes que as adornam e enriquecem. O grande segredo e que merece ser exaltado sem receios, foi o modo feliz e criativo como o músico conseguiu dar tantas formas diferentes e criativas de expressão às cordas. De facto, o próprio Grutera confessa que procurou explorar um som mais denso, mais cheio e corpulento, recorrendo por isso pela primeira vez a uma guitarra semiacústica eletrificada e à utilização de pedais de loops e efeitos. Depois organizou catarticamente as canções, que versam sobre as memórias do autor que mais o marcaram na última meia década, com cada tema a debruçar-se sobre um sentimento e uma recordação em especifico, de modo a que o alinhamento fosse gradualmente ganhando mais eletricidade e corpo até ao final do álbum, num crescendo de experiências entre loops e efeitos. O resultado final é, claramente, um dos álbuns mais curiosos e instrumental e emocionalmente ricos da discografia nacional que nos foi apresentada este ano. Espero que aprecies a sugestão...
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