man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
First Aid Kit – On The Road Again
A Suécia foi sempre berço de projetos graciosos e embalados por doces linhas instrumentais, letras mágicas e vocalistas dotados de vozes hipnoticamente suaves. Hoje regresso à dupla feminina First Aid Kit, formada pelas manas Johanna e Klara Söderberg e talvez uma das melhores personificações de toda esta subtileza e amenas sensações que percorrem a produção musical da fervilhante Estocolmo. Dois anos depois do excelente registo Ruins, elas estão de regresso com a versão que fizeram há já meia década para o clássico On The Road Again, um original de Willie Nelson de mil novecentos e oitenta e que, de acordo com a dupla, é um tema infelizmente bastante atual devido à situação pandémica.
As First Aid Kit rebuscaram o baú, resolveram pegar novamente na composição que assenta num cenário melódico eminentemente acústico e onde algumas das principais linhas orientadoras da country e da folk norte-americana têm papel determinante e fazer um vídeo da mesma com uma espécie de foto montagem de várias imagens que foram guardando das suas digressões. Confere...
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EELS – Baby Let’s Make It Real
Dois anos depois do excelente registo The Deconstruction, os Eels de E (Mark Oliver Everett), Kool G Murder e P-Boo estão de regresso com um novo single intitulado Baby Let's Make It Real, que foi gravado no estúdio da banda em Los Feliz, na Califórnia e que, para já, não vem, infelizmente, acompanhado com o anúncio de um novo disco do grupo.
Com um registo melódico orelhudo, que nos embala e nos convida a partilhar algumas das angústias e desejos plasmados, Baby Let´s Make It Real é uma canção assente num registo eminentemente pop rock lo fi que, através da distorção da guitarra e dos arranjos das teclas, de forte índole melancolica e introspetica e de uma percurssão bastante aditiva, pisca o olho à tradição da melhor indie folk norte-americana. Confere...
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Bill Callahan – Breakfast
Nascido em mil novecentos e sessenta e seis, Bill Callahan é um músico norte americano, natural de Silver Spring, no Maryland. A sua carreira musical começou na década de noventa com o bem sucedido projeto Smog e desde então Callahan não sabe o que é descanso. Depois de em dois mil e cinco ter lançado A River Ain’t Too Much To Love, o último disco nos Smog, começou a carreira a solo em 2007 com Woke on a Whaleheart, logo após ter assinado pela editora independente Drag City. Mas o melhor ainda estava para vir; Lançado em 2009, Sometimes I Wish We Were an Eagle resgatava toda a funcionalidade e beleza das composições da antiga banda do músico e figurou nas listas de alguns dos melhores lançamentos desse ano. O segundo disco, Sometimes I Wish We Were An Eagle chegou dois anos depois e, em dois mil e onze, Apocalypse vinha embutido com a palavra paradoxo, devido à beleza e mistério de um álbum feito à base de guitarras eléctricas, mas embutidas em sonoridades folk, a roçarem o country e o jazz, nuances que foram determinantes para o esboço do conteúdo de Shepherd In A Sheepskin Vest, o álbum que o músico norte-americano lançou o ano passado e que já tem sucessor.
Gold Record, o novo disco de Bill Callahan, chega aos escaparates no início do próximo mês de setembro, à boleia da Drag City. Terá dez canções, uma nova versão de Let’s Move to the Country, um dos momentos altos de Knock Knock (1999), para muitos a obra-prima dos Smog e outros temas que foram sendo revelados nas últimas semanas, Pigeons, Another Song, 35, Protest Song, The Mackenzies e, mais recentemente, Breakfast, composições que vão comprovando, com enorme mestria e refinadíssima acusticidade, a superior capacidade interpretativa de Callahan aos comandos de uma viola.
Mantendo a toada eminentemente acústica que define o adn do músico, Breakfast é, possivelmente, a canção mais intrincada de todas as que Callahan já divulgou do seu novo trabalho, um agregado de diversas camadas instrumentais e soberbos e charmosos arranjos e entalhes, que têm primazia nas cordas, com particular ênfase no registo interpretativo sublime das guitarras. Confere...
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Widowspeak – Even True Love
É na insuspeita Captured Tracks que se abrigam os Widowspeak, projeto sedeado em Brooklyn, Nova Iorque e que flutua abrigado pela incrível e criativa química que se estabeleceu há já uma década entre a cantora e escritora Molly Hamilton e o guitarrista Robert Earl Thomas, dois músicos com raízes em Tacoma e Chicago, mas estabelecidos na cidade que nunca dorme há já algum tempo. Com já quatro extraordinários discos em carteira e o quinto na forja, começaram por viver à sombra daquela pop de finais dos anos oitenta muito sustentada por elementos sintetizados, mas não restam dúvidas que é nas construções musicais lançadas há cerca de três décadas que melhor navegam, nomeadamente a dream pop e a psicadelia sessentistas.
No final deste mês de agosto chegará aos escaparates Plum, o tal quinto disco dos Widowspeak e depois de nos termos deliciado com Money, canção com um forte cariz bucólico, assente em faustosas cordas vibrantes e com o tema homónimo do disco, uma composição feita de uma enorme sensibilidade melódica assente em esplendorosas cordas e nos arranjos típicos da folk sulista norte americana, agora chega a vez de conferir Even True Love, um tema lumisoso e otimista, alinhado num andamento rítmico marcial que nunca definha, acamado por um baixo que acolchoa a doce e campestre voz de Hamilton. São três amostras imprescindíveis para termos a certeza que Plum será um marco discográfico de dois mil e vinte, um trabalho que soprará na nossa mente de modo a fazer o nosso espírito facilmente levitar e que nos provocará, aposto, um cocktail delicioso de boas sensações. Confere...
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Tim Bowness – Northern Rain
Nascido e criado no noroeste de Englaterra, Tim Bowness começou a sua carreira nos anos noventa, tendo sido representado pelas etiquetas Probe Plus, One Little Indian e Sony/Epic 550, tendo começado por se destacar como vocalista e compositor dos No-Man, banda onde também tocava Steven Wilson, membro dos Porcupine Tree. Nesse projeto participou em seis discos e um documentário, mas ainda arranjou tempo para colaborar com a italiana Alice e com Robert Fripp, Hugh Hopper (Soft Machine), OSI e Phil Manzanera dos Roxy Music, entre outros, além de ter feito parte dos Henry Fool, dos Slow Electric e dos Memories Of Machines.
Além disso, Tim ainda gravou o álbum Flame (1994) com Richard Barbieri (Porcupine Tree), coproduziu e compôs para o aclamado Talking With Strangers (2009), um álbum de Judy Dyble, antigo membro dos Fairport Convention e colaborou com Peter Chilvers, um músico que costuma acompanhar Brian Eno e Karl Hyde. Desde dois mil e um dirige a bem sucedida etiqueta e loja de música online Burning Shed, juntamente com o baixista Pete Morgan, seu antigo companheiro nos No-Man.
Agora, quase três décadas após o disco de estreia dos No-Man e cerca de quinze anos depois de My Hotel Year, o seu primeiro registo a solo, Tim Bowness está de regresso aos lançamentos discográficos com Late Night Laments, o seu terceiro álbum a solo, lançado pela etiqueta Inside Out, com as participações especiais de Richard Barbieri, Colin Edwin e Tom Atherton e que irá ver a luz do dia a vinte e oito deste mês de agosto.
Northern Rain, uma canção sobre alguém que assiste impotente ao companheiro de uma vida a ser engolido pelas garras da demência, é o mais recente avanço divlgado de Late Night Laments, um tema fabuloso e extremamente sensorial, que conta com as participações especiais de Melanie Woods (Sidi Bou Said, Knifeworld) e Evan Carson (Kate Rusby, iamthemorning) e que está carregado com uma densidade e ao mesmo tempo leveza sonora, difíceis de descrever, graças não só a uma guitarra com um timbre bastante vincado, mas também devido a teclados atmosféricos e ao glamour inigualável da voz nasalada bastante sedutora e intrigante deste gentleman do indie rock britânico. Confere...
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Radical Face – The Missing Road
O norte-americano Ben Cooper é a mente que lidera o projeto Radical Face e ficou famoso nos últimos anos por ter andado a produzir algumas versões de temas que são do seu agrado. Começou por remexer em The Goonies, um tema da autoria de Cyndi Lauper, depois foi até à Irlanda do Norte homenagear os The Cranberries com a sua versão de Ode to My Family e, finalmente, na sua terceira versão de canções que fazem parte daquele núcleo de composições com as quais se identifica, este músico oriundo de Jacksonville Beach, na Flórida, revisitou de modo particularmente charmoso e aditivo Video Games, o grande hit de Lana Del Rey, fazendo-o olhando para algumas das principais particularidades que marcam a eletrónica ambiental contemporânea, com um resultado final muito agradável e sedutor.
Agora, em pleno verão de dois mil e vinte, Ben Cooper oferce-nos um novo original, um tema intitulado The Missing Road e que encontra inspiração no romance de Robert Frost, The Road Not Taken. Sonoramente, esta nova composição do projeto Radical Face proporciona-nos uma brilhante e aconchegante imersão num universo em que reina a mais clássica indie folk norte-americana, que dita as suas regras através de uma deslumbrante guitarra repleta de cor e emotividade. Confere...
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Time For T - Qualquer Coisa
Gravado, de acordo com a própria banda, durante o mais recente período de confinamento resultante da situação pandémica global e com início numa caravana que assentou arraiais nos arredores de Lagos, Simple Songs For Complicated Times é o novo EP dos Time For T, um projeto nacional mas com raízes em Inglaterra, mais concretamente em Brighton. Na sua génese está Tiago Saga, um jovem com genes britânicos, libaneses e espanhóis e que cresceu no Algarve. Enquanto estudava composição contemporânea na Universidade de Sussex, Inglaterra, Tiago Saga foi criando a sua própria sonoridade assente na world music e na folk rock anglo-saxónica com outros músicos que foi conhecendo e com quem foi partilhando as mesmas inspirações, nomeadamente Joshua Taylor, Felipe Bastos e Juan Toran, os seus parceiros nestes Time For T.
Simple Songs for Complicated Times foi pensado, inicialmente, para ser uma coleção de canções feitas apenas com voz e guitarra, mas Saga acabou por pedir aos outros membros da banda e a alguns amigos que se encontravam em quarentena, para adicionarem as suas partes, porque cada um tinha a possibilidade de gravar em casa. O resultado é um tomo de canções feitas em português, inglês e espanhol e que irá ver a luz do dia a catorze de agosto próximo através da Street Mission Records.
Manteiga foi o primeiro single divulgado do EP, um tema que fala da experiência pessoal de Tiago por voltar a viver em Portugal e, paralelamente, daquela situação onde todos nós já nos encontramos, quando estamos sem tempo ou energia para fazer tudo aquilo que queremos. Agora chega a vez de conferir Qualquer Coisa, o mais recente single retirado de Simple Songs For Complicated Times, um tributo, de acordo com o seu press release, à vida boémia, em toda a sua glória e comédia trágica. Sendo o seugndo tema do compêndio cantado na nossa língua, contém uma lista de observações da vida em Portugal, mais concretamente em Lisboa, na altura dos Santos. Sonoramente, obedecendo ao adn dos Time For T, conta com a participação especial de Andrew Stuart-Buttle, que adicionou ao tema alguns arranjos de violino. Confere...
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Dope Lemon – Every Day Is A Holiday
Os seguidores mais atentos do universo sonoro indie e altrnativo já terão certamente ouvido falar de Angus Stone, um cantor, compositor e produtor australiano, nascido a vinte e sete de abril do já longínquo ano de mil novecentos e oitenta e seis e que se tem notabilizado com a sua irmã, formando juntos o duo Angus & Julia Stone, já com quatro discos em carteira, numa carreira iniciado há cerca de uma década com o excleente, Smoking Gun. Ora, Angus Stone também tem uma carreira a solo, onde assina com o pseudónimo Dope Lemon, iniciada há três anos com o registo Honey Bones, que teve sequência, no ano seguinte, com o EP Hounds Tooth e que viu sucessor em julho de dois mil e dezanove com Smooth Big Cat, dez canções abrigadas pela BMG Australia e que, na altura, se tornaram num verdadeiro desafio para o músico, que procurou um ambiente intimista e recatado sem colocar em causa o exigido som de estúdio que faz parte do seu adn.
Agora, pouco mais de um ano depois do lançamento de Smooth Big Cat, Dope Lemon regressa à carga com um novo tema intitulado Every Day Is A Holiday, composição que conta com a participação especial do coletivo australiano Winston Surfshirt e que teve na sua concepção como principal ferramenta alguns dos típicos traços identitários de uma espécie de folk psicadélica de cariz eminentemente etéreo e contemplativo, com uma considerável vertente experimental associada e onde hip-hop e R&B também se insinuam sem receio. É uma canção boémia, movida a cordas reluzentes, adornadas por diversos sopros e acamadas numa batida bastante hipnótica. Confere...
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The Notwist – Ship
Considerados por muitos como verdadeiros pais do indie rock, os The Notwist, liderados pelos irmãos Archer, estão de regresso aos lançamentos discográficos com Ship, um EP que irá ver a luz do dia ainda durante este mês de agosto, à boleia da Morr Music, etiqueta alemã, e que será o primeiro sinal de vida do projeto em seis anos. Recordo que em dois mil e catorze este projeto alemão único lançou o disco Close to The Glass, um tomo de onze canções assentes numa eletrónica cheia de elementos do krautrock, mas que também passava pelo hip hop mais negro, o indie rock e o jazz progressivo, um verdadeiro caldeirão sonoro onde cada elemento foi cuidadosamente tratado e que estava minuciosamente carregado de vida.
Para antecipar o lançamento deste EP, ao qual se seguirá, ainda de acordo com a banda, um novo longa duração ainda em 2020, os The Notwist acabam de divulgar o single homónimo do registo, uma canção que conta com a participação vocal da japonesa Saya, vocalista da banda Tenniscoats e que impressiona pelo rigor percurssivo, assente num registo tremendamente hipnótico, devido a uma batida seca que lateja sem cessar, enquanto é constantemente rodeada por uma espiral sintetizada repetitiva e diversas aparições de uma guitarra que se insinua sempre à espreita do momento ideal para explodir em riffs e distorções incontroláveis, algo que acaba por não acontecer. Confere...
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The Psychedelic Furs – Made Of Rain
Trinta anos é uma eternidade, o disco a que se refere este artigo quebra um dos mais longos hiatos da historia do indie rock, mas é exatamente este o tempo que separa World Outside, disco que os londrinos The Psychedelic Furs lançaram no início da década de noventa do século passado, de Made Of Rain, o oitavo e novo registo de originais desta banda londrina de pós punk, liderada pelos irmãos Butler, Richard e Tim, aos quais se juntam, atualmente, o guitarrista Rich Good, o baterista Paul Garisto, o saxofonista Mars Williams e a teclista Amanda Kramer, e cujas raízes remontam a mil novecentos e setenta e sete, tendo o projeto estreado-se nos lançamentos discográficos em mil novecentos e oitenta com um homónimo que, apesar de ter sido um relativo fracasso comercial, foi bem aceite pela crítica e colocou logo este projeto nos holofotes do cenário indie britânico.
Basta ouvir Made Of Rain uma única vez para se perceber que esté um disco de rock puro e duro, pleno de profundidade e força, instrumentalmente luxuoso, adulto, impressionista e com alguns instantes emocionalmente sublimes. Para quem atualmente aprecia nomes tão sobejamente conhecidos como os The National, Interpol, Editors ou The Killers e nunca se esqueceu da herança dos Cure ou Echo & The Bunnymen, Made Of Rain é o registo perfeito para a agregação num só alinhamento de todas as boas sensações que cada uma destas ilustres figuras nos proporcionam isoladamente e com as suas próprias especificidades, já que este é um álbum exuberante, texturizado e moderno, mas nitidamente atemporal.
Uma das grandes virtudes dos The Psychedelic Furs durante os anos oitenta foi sempre o cultivo de uma faceta algo enigmática, dissidente e extravagante, com a vertente comercial a estar sempre em segundo plano. Trinta anos poderiam ter feito mudar esse modo de ver a arte musical e este regresso à atividade poderia muito bem obedecer a um imperativo de aproveitamente de um nome e de uma herança para faturar mais uns milhões e assegurar a segurança financeira definitiva dos três irmãos. Mas nem a essa lógica Made Of Rain parece obedecer, porque mais do que a busca de canções melodicamente radiofónicas, o intuíto terá sido o reencontro com o simples prazer de compôr e criar, tendo apenas como bitola, além da herança rica da banda, o gosto pessoal do núcleo duro que se mantém integro e que não sofreu qualquer desgaste com o tempo. Existem semelhanças na abordagem estética relativamente ao que o grupo fez há quatro décadas atrás, mas há também uma sensação de modernidade indesmentível.
Assim, na enganadora gentileza de Tiny Hands, na absoluta epicidade de You'll Be Mine, no travo gótico do single Don't Believe e de Turn Your Back On Me e na grandiosidade lírica e dramaticamente maleóvola de No-One, situam-se os alicerces fundamentais de um disco imponente, repleto de drama mas também de humor, um alinhamento ao qual é transversal um niilismo melancólico amiúde arrepiante, encharcado de narrativas em que as palavras e frases são como cores feitas para criar pinturas abstratas e impressionistas, mas sentimentalmente bastante evocativas de uma espiritualidade que foi sempre muito intrínseca a um Richard Butler, o grande poeta destes The Psychedelic Furs, ávido por se afogar com as contradições inerentes a quem se deixa ver exteriormente como alguém alegre e sorridente, mas que guarda no seu âmago uma dose nada pequena de negatividade e dramatismo. É esta ambiguidade e este belo caos emocional que Made Of Rain, um disco cinematográfico, impressionista e expressionista, destila por todos os poros. Espero que aprecies a sugestão...
01. The Boy That Invented Rock And Roll
02. Don’t Believe
03. You’ll Be Mine
04. Wrong Train
05. This’ll Never Be Like Love
06. Ash Wednesday
07. Come All Ye Faithful
08. No-One
09. Tiny Hands
10. Hide The Medicine
11. Turn Your Back On Me
12. Stars