man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Muzz - Muzz
Uma das grandes surpresas discográficas do momento é o registo homónimo de estreia do super grupo Muzz, um trio formado por Paul Banks dos Interpol, Matt Barrick dos The Walkmen e Josh Kaufman dos Bonny Light Horseman. O projeto começou a ser incubado há quase meia década por Banks e Barrick, amigos dos tempos de escola que tiveram sempre em mente juntar esforços para compor e criar música. Josh Kaufman, exímio multi-instrumentista e habitual colaborador em diversos projetos, com especial destaque para os The National e o registo de estreia a solo de Matt Berninger, prestes a ver a luz do dia, foi a cereja no topo do bolo dessa ideia feliz e que dá agora frutos num alinhamento de doze canções com elevado travo indie e onde do rock alternativo à folk, funde-se o adn de Banks, que olhou sempre com gula para um registo eminentemente punk, com as sonoridades mais atmosféricas e luminosas do agrado de Barrick, admirador confesso de referências como Neil Young ou Bob Dylan.
Abrigado pela Matador Records, Muzz tem como excelente exemplo de toda a trama que o sustenta, o modo como um dramático piano se entrelaça com uma guitarra repleta de efeitos, enquanto alguns sopros deambulam pela melodia de Broken Tambourine, uma das canções mais bonitas do ano. A partir daí, Muzz proporciona uma jornada sonora em que limpidez e sobriedade dão as mãos convictamente, para colocarem rédea curta num rock que não deixa de ser sedutor, adulto e até charmoso, mas que é minuciosamente arquitetado e alvo de um trabalho de produção irrepreensível. Mesmo quando as guitarras distorcidas se fazem notar desenfreadamente em Red Western Sky ou Knuckleduster, nunca é permitido o resvalar para territórios mais progressivos e rugosos.
Apesar de Banks e Barrick serem as figuras públicas maiores deste coletivo, é Kaufman quem, no fundo, está na base a segurar todo o edifício sonoro do álbum, já que é ele o responsável pelo adorno dos temas, o dono de grande parte dos arranjos de cordas e o intérprete da maioria do arsenal instrumental utilizado. O intimismo sintético de Evergreen, a salutar e impressiva acusticidade de Everything Like It Used to Be, o pendor clássico e até pastoral de All Is Dead to Me e o modo como folk e eletrónica sustentam Patchouli, só são possíveis devido aos múltiplos recursos que este músico possui e à sua ímpar capacidade interpretativa.
Outro aspeto interessante durante a audição de Muzz é a percepção clara de que fica sempre à tona um salutar minimalismo que, diga-se, é o registo instrumental interpretativo que melhor faz sobressair a voz inconfundível de Banks, uma das mais sagazes do indie rock contemporâneo e que, podendo estar a perder alguma potência com a idade, está a ganhar claramente em afinação e sentimento.
Não sendo ainda claramente percetível em que direção pretendem estes três amigos talentosos caminhar, algo que até abona positivamente em relação às expetativas futuras relativamente a este projeto, é já certo poder dizer-se que Muzz é uma feliz e promissora estreia de um conjunto de músicos que parecem ter encontrado o ninho perfeito para deixarem a sua criatividade fluir livremente, sem os constrangimentos óbvios do adn sonoro das bandas de onde são originários. Em Banks, por exemplo, percebe-se que ele se sente feliz por finalmente fazer parte de uma banda em que não precisa de vestir um fato cada vez que tem de dar a cara por ela. Espero que aprecies a sugestão...
01. Bad Feeling
02. Evergreen
03. Red Western Sky
04. Patchouli
05. Everything Like It Used To Be
06. Broken Tambourine
07. Knuckleduster
08. Chubby Checker
09. How Many Days
10. Summer Love
11. All Is Dead To Me
12. Trinidad