man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Woods - Strange To Explain
Com uma dezena de discos no seu catálogo, os Woods são, claramente, uma verdadeira instituição do indie rock alternativo contemporâneo. De facto, esta banda norte americana oriunda do efervescente bairro de Brooklyn, bem no epicentro da cidade que nunca dorme e liderada pelo carismático cantor e compositor Jeremy Earl e pelo parceiro Jarvis Taveniere, tem-nos habituado, tomo após tomo, a novas nuances relativamente aos trabalhos antecessores, aparentes inflexões sonoras que o grupo vai propondo à medida que publica um novo alinhamento de canções. Mas, na verdade, tais laivos de inedetismo entroncam sempre num fio condutor que tem sido explorado até à exaustão e com particular sentido criativo, abarcando todos os detalhes que o indie rock, na sua vertente mais pura e noise e a folk com um elevado pendor psicadélico permitem. Estes são os grandes pilares que, juntamente com o típico falsete de Jeremy, orientam o som dos Woods e que se mantêm, com enorme primor, em Strange To Explain, o álbum que a dupla lançou a vinte e dois de maio, à boleia da etiqueta do grupo, a Woodsist.
Strange To Explain sucede ao excelente Love Is Love, de dois mil e dezassete, sendo o primeiro do projeto desde que Earl foi pai e Jarvis se mudou para Los Angeles. Tais eventos foram marcantes para a dupla e obrigaram a mesma a uma redifinição de rotinas, mas também acabaram por influenciar o conteúdo lírico e sentimental de onze canções que acabam por mostrar os Woods num território sonoro onde se sentem particularmente confortáveis. Falo daquele rock com um elevado travo folk, nomeadamente aquele mais reflexivo e íntimo que, curiosamente, foi o combustível principal de At Echo Lake, o trabalho que os Woods lançaram há exatamente uma década e que ainda é, para muita crítica, o momento discográfico maior deste projeto norte-americano.
De facto, canções como Next To You And The Sea, um buliçoso mas agradável portento de luz e cândura e Where Do You Go When You Dream?, canção que entre cordas, um baixo vibrante, um belo falsete, uma bateria pujante, arranjos luminosos e simultaneamente lo fi e guitarras experimentais, reluz porque assenta num som leve e cativante e com texturas psicadélicas que, simultaneamente, nos alegram e nos conduzem à introspeção, são temas que nos mostram, desde logo, que houve uma intenção clara de estabelecer um diálogo sonoro com o ouvinte que não obrigasse este a demasiada reflexão de modo a destrinçar o modus operandi que conduziu a conceção do disco, ao mesmo tempo que houve uma busca por induzir uma sonoridade agradável, sorridente e o mais orgânica possível. As cordas vibrantes e os efeitos borbulhantes em que navegam as águas calmas de Just To Fall Asleep e o clima sedutor que se estabelce entre viola e bateria em Before They Pass By são outros exemplos bonito desta busca por um clima otimista, reluzente e aconchegante, que marca Strange To Explain.
Mesmo nas sintetizações retro em que assenta Can’t Get Out, na subtil epicidade experimental de The Weekend Wind, ou no travo cósmico dos flashes que pairam pela bateria e pela guitarra de Fell So Hard, nunca é colocada em causa esta marca indistinta que possui Strange To Explain, um disco eminentemente cru, envolvido por um doce travo psicadélico, enquanto passeia por diferentes universos musicais, sempre com um superior encanto interpretativo e um sugestivo pendor pop, traves mestras que melodicamente colam-se com enorme mestria ao nosso ouvido e que justificam, no seu todo, que este seja um dos melhores registos do já impressionante catálogo do grupo e o que mais aproxima os Woods dos seus primórdios. Espero que aprecies a sugestão...
01. Next To You And The Sea
02. Where Do You Go When You Dream?
03. Before They Pass By
04. Can’t Get Out
05. Strange To Explain
06. The Void
07. Just To Fall Asleep
08. Fell So Hard
09. Light Of Day
10. Be There Still
11. Weekend Wind