man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
The 1975 – Notes On A Conditional Form
Um dos grandes momentos discográficos do momento é, sem dúvida, o lançamento de Notes On A Conditional Form, o novo registo de originais dos The 1975 de Matt Healy e sucessor do excelente registo A Brief Inquiry Into Online Relationships, que viu a luz do dia em dois mil e dezoito. Notes On A Conditional Form tem a chancela daPolydor Records e contém dezoito temas, sendo, claramente, o projeto mais ambicioso deste extraordinário coletivo natural de Manchester, em Inglaterra.
Quarto disco da carreira dos The 1975, Notes On A Conditional Form é o trabalho mais ambicioso e abrangente da carreira deste coletivo, não só devido ao número de canções que contém, mas também, e principalmente, por causa do seu conteúdo eclético e abrangente. Depois de um percurso discográfico com três tomos em que a grande aposta foi um anguloso piscar de olhos a algumas das referências pop dos anos oitenta com forte tendência radiofónica, não faltando até interseções com o melhor R&B norte americano e a eletrónica mais futurista, este novo trabalho do grupo britânico encarna com ímpar experimentalismo e superior grau criativo um labirinto sonoro que da eletrónica, ao punk rock, passando pela pop e o típico rock alternativo lo fi, abraça praticamente todo o leque que define os arquétipos essenciais da música alternativa atual.
Assim, logo a abrir, depois de um breve discurso de Greta Thunberg, People, o primeiro single revelado de Notes On A Conditional Form, abre as hostilidades e dá as cartas de modo abrasivo. É uma contundente e tenebrosa canção, que traçando uma linha reta entre a herança de nomes tão proeminentes do metal como os Rammstein ou os Marilyn Manson, nos oferece quase três minutos de um punk rock direto e cru, sólido, vibrante e efusivo. A seguir ao interlúdio The End (Music For Cars), a composição Frail State Of Mind leva-nos a um ambiente mais contido e intimista, através de um soft rock que interceta R&B com dubstep, enquanto se debruça sobre a temática da depressão (Go outside? Seems unlikely, I’m sorry that I missed your call, I watched it ring; Don’t waste their time, I’ve always got a frail state of mind).
Dado o pontapé de partida do álbum com dois temas tão díspares, fica desde logo plasmada a tal abrangência, que se mantém até ao ocaso, sempre com aquele registo pop algo açucarado, mas inconformado, feito de guitarras contundentes, mas também melodicamente sagazes, uma performance percurssiva eclética e que nunca enjeita colocar explicitamente as pistas de dança na mira e uma vasta miríade de efeitos e arranjos, que raramente têm receio de se adornar com cor e exuberância. Canções do calibre de Me And You Together Song, uma composição romântica, amena e contemplativa, assente num rock algo lo fi, onde o vigor das cordas e um ritmo algo frenetico, são amaciados por uma tonalidade ao nível dos arranjos a fazer recordar a euforia pop que marcou grandes sucessos de algumas bandas carismáticas, no dealbar dos anos noventa do século vinte e o início deste, ou Guys, um portento indie de romantismo e nostalgia, em que as guitarras são amaciadas por uma tonalidade cândida ao nível dos arranjos, à medida que Healy homenageia os seus companheiros de grupo, já que o tema versa sobre o modo como determinadas amizades são marcantes na nossa vida, mesmo que o passar dos anos e as vicissitudes da existência de cada um provoquem distanciamento físico, são outros momentos maiores de um registo que tem como ponto comum fundamental deste disco em relação aos seus antecessores. o forte cariz autobiográfico de grande parte das canções. Não faltam, portanto, aqui letras que se debruçam bastante sobre as experiências pessoais e os pontos de vista de Matt Healy, um artista que investe imenso, fisica e psicologicamente, na sua carreira musical e que já confessou que morreria realizado e feliz se isso sucedesse enquanto estivesse em palco.
De facto, o arco narrativo do disco segue Healy desde as suas origens de filho de duas personalidades da televisão britânica relativamente conhecidas e que, não sendo particularmente excepcional no seu percurso educativo, sempre teve o sonho de ser uma estrela rock, desiderato que me parece já ter atingido com este Notes On A Condiotional Form. Mas, apesar deste aparente centralismo narrativo, o foco é abrangente e Healy, olhando para dentro de si com pouco pudor, fá-lo de modo a conciliar também a habitual propensão dos The 1975 para a crítica contundente acerca do estado atual do mundo em que vivemos, com a política, o terrorismo, as questões ambientais e a religião a serem também temas abordados num compêndio que, como já referi, capta na sua essência as tendências mais atuais de um rock alternativo cada vez mais disposto a alargar fronteiras e a misturar, sem receio, estilos, géneros e tiques, de modo a criar uma sonoridade pop cada vez mais futurista e que prime pela diferença. Espero que aprecies a sugestão...
01. The 1975
02. People
03. The End (Music For Cars)
04. Frail State of Mind
05. Streaming
06. The Birthday Party
07. Yeah I Know
08. Then Because She Goes
09. Jesus Christ 2005 God Bless America
10. Roadkill
11. Me And You Together Song
12. I Think There’s Something You Should Know
13. Nothing Revealed / Everything Denied
14. Tonight (I Wish I Was Your Boy)
15. Shiny Collarbone
16. If You’re Too Shy (Let Me Know)
17. Playing On My Mind
18. Having No Head
19. What Should I Say
20. Bagsy Not In Net
21. Don’t Worry
22. Guys