man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Beck – Hyperspace
Colors ainda não tem três anos, o single Tarantula, inserido na banda-sonora do filme Roma, escrito e dirigido por Alfonso Cuarón, um, mas Beck Hansen, uma referência icónica da música popular das últimas duas décadas, já tem disco novo, um registo intitulado Hyperspace, um tomo de onze canções que viu recentemente a luz do dia, à boleia da Capitol Records.
O frenesim criativo não é algo inédito neste músico californiano que no início da década de noventa atuava em clubes noturnos vestido de stormtrooper e que da aproximação lo-fi ao hip-hop de Mellow Gold e Odelay, passando pela melancolia de Sea Change e a psicadelia de Modern Guilt, nos foi habituando, nas últimas três décadas, a frequentes e bem sucedidas inflexões sonoras. Produzido por Pharell Williams e o próprio autor, Hyperspace, o décimo quarto registo de originais da carreira de Beck, acaba por ser mais um passo em frente relativamente às pegadas do antecessor Colors, um trabalho que, recordo, fez Beck regressar ao trilho da pop mais efervescente, sintética e luminosa e que estava repleto de canções a apelarem às pistas e à criatividade dos remisturadores.
O tal passo em frente de Hyperspace relativamente a Colors é dado em direção a uma filosofia estilística e interpretativa menos burilada e mais simples, direta e minimal. No entanto, mantém-se a fixação recente de Beck pelos anos oitenta do século passado, num disco repleto de tiques típicos do R&B, da soul e da pop lisérgica, num resultado final onde ironia, festa e uma auto reflexão muitas vezes emotiva são conceitos transversais a todo o alinhamento.
Assim, se as cordas de Die Waiting nos oferecem aquele Beck que é exímio em criar melodias agradáveis, marcantes e ricas em detalhes e texturas, dentro de um espetro pop eminentemente contemplativo, já Saw Lightning, pouco mais de quatro minutos de um efervescente festim pop, que sobressai pela luminosidade das cordas de uma viola, por diversos detalhes percurssivos e pelo fuzz intermitente de uma teclado, oferece-nos o tal outro lado mais animado e consentâneo com as propostas mais sintéticas do autor. Depois, Chemical, uma lindíssima balada onde sobressai um teclado que acompanha com mestria aquele efeito mais doce com que o músico costuma adornar a sua voz quando quer transmitir algo mais profundo, é outro oásis etéreo dentro de um registo que também vive muito de uma componente cósmica, no que concerne ao cardápio de efeitos e sintetizações que adornam algumas das suas composições.
Recheado de outros ilustres convidados, nomeadamente os colegas de longa data de Beck, Jason Falkner, Smokey Hormel e Roger Manning Jr., Greg Kurstin, que coescreveu e coproduziu See Through, uma mescla feliz entre R&B e chillwave, Paul Epworth que fez o mesmo em Star, Chris Martin que participa em Stratosphere, Terrell Hines, no tema homónimo do disco e Sky Ferreira nos coros de Die Waiting, Hyperspace não é ainda uma aproximação bem conseguida aos melhores trabalhos da carreira de Beck, mas contém um pretexto explícito, mensagens contundentes e uma identidade bem definida, além de um forte sentido de contemporaneidade e de aproximação às tendências comerciais mais ouvidas na música atual. Espero que aprecies a sugestão...
01. Hyperlife
02. Uneventful Days
03. Saw Lightning
04. Die Waiting (Feat. Sky Ferreira)
05. Chemical
06. See Through
07. Hyperspace (Feat. Terrell Hines)
08. Stratosphere
09. Dark Places
10. Star
11. Everlasting Nothing