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The Flaming Lips - The Soft Bulletin: Recorded Live At Red Rocks With The Colorado Symphony Orchestra

Sexta-feira, 29.11.19

Poucos meses após King's Mouth, um álbum conceptual baseado no estúdio de arte com este nome que esta banda norte americana abriu há quatro anos e que fala de um rei gigante bebé que quando cresceu fê-lo de tal modo que sugou para dentro da sua enorme cabeça todas as auroras boreais e de uma coletânea com os maiores êxitos da carreira com a chancela da Warner Brothers Records, os The Flaming Lips de Wayne Coyne estão de regresso com The Soft Bulletin: Recorded Live At Red Rocks With The Colorado Symphony Orchestra, um registo de doze canções que se assume como o primeiro ao vivo da banda de Oklahoma.  The Soft Bulletin: Recorded Live At Red Rocks With The Colorado Symphony Orchestra conta, como o próprio título indica, com a participação especial de cento e vinte e cinco elementos da Colorado Symphony Orchestra, conduzidos pelo maestro Andre De Ridder, sessenta e oito insturmentistas e cinquenta e sete cantores e reproduz o alinhamento de The Soft Bulletin, considerada por muitos como a obra-prima dos The Flaming Lips, um disco que está a comemorar vinte anos de vida.

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Quem conhece a fundo a trajetória desta banda percebe que este registo ao vivo só pode ter sido incubado pela mente de um Coyne que é, claramente, um dos artistas mais criativos do cenário indie contemporâneo e que percebe, talvez melhor que ninguém, que as componentes visual e teatral são, a par do conteúdo sonoro, também essenciais na promoção e divulgação musical. E ao escutar-se The Soft Bulletin: Recorded Live At Red Rocks With The Colorado Symphony Orchestra, um concerto que teve lugar a vinte e seis de maio de dois mil e dezasseis, a ideia com que imediatamente se fica é que, mesmo não se vendo o palco e a multidão defronte, adivinha-se um orgasmo de cor feito de confetis e balões e até de dramatização de canções que são verdadeiras pérolas do catálogo indie e alternativo de final do século passado.

De facto, na majestosidade das cordas e da percurssão vibrante de Race For The Prize, nos sopros, nos violinos lacrimejantes e na harpa que enfeitiça A Spoonful Weighs A Ton, nos efeitos etéreos e nas nuvens agridoces de sons feitos com trompetes e clarinetes que parecem flutuar em The Spark That Bled, no modo como o piano e os sopros namoram em de The Spiderbite Song e também em Buggin', na suavidade flourescente de What Is The Light?, na luminosidade da curiosa acusticidade das teclas que abastecem Waitin' For A Superman e na inflamante rugosidade do baixo e das distorções que vagueiam por Feeling Yourself Disintegrate, somos convidados a contemplar um extraordinário tratado de indie rock, mas também de música clássica, um caldeirão de natureza hermética e de enormes proporções, porque além de existir neste alinhamento diversidade e heterogeneidade, cada composição tem um objetivo claro dentro da narrativa subjacente à filosofia que incubou The Soft Bulletin, compartimentando-a e ajudando assim o ouvinte a perceber de modo mais claro, orgânico e impressivo toda a trama idealizada há já duas décadas. 

The Soft Bulletin: Recorded Live At Red Rocks With The Colorado Symphony Orchestra conduz-nos, então, numa espécie de viagem apocalíptica, onde Coyne, exemplarmente secundado pelo maestro Andre De Ridder, assume o papel de guia, num resultado final que ilustra na perfeição o cariz poético, teatral e orquestral dos The Flaming Lips, um grupo ao mesmo tempo próximo e distante da nossa realidade e sempre capaz de atrair quem se predispõe a tentar entendê-los para cenários complexos, mas repletos de sensações únicas que só eles conseguem transmitir. Espero que aprecies a sugestão...

The Flaming Lips - The Soft Bulletin Recorded Live At Red Rocks With The Colorado Symphony Orchestra

01. Race For The Prize
02. A Spoonful Weighs A Ton
03. The Spark That Bled
04. The Spiderbite Song
05. Buggin’
06. What Is The Light?
07. The Observer
08. Waitin’ For A Superman
09. Suddenly Everything Has Changed
10. The Gash
11. Feeling Yourself Disintegrate
12. Sleeping On The Roof

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publicado por stipe07 às 17:52

Bill Callahan – If You Could Touch Her At All vs So Long, Marianne

Quinta-feira, 28.11.19

Bill Callahan, nascido em mil novecentos e sessenta e seis, é um músico norte americanos folk, natural de Silver Spring, no Maryland. A sua carreira musical começou na década de noventa com o bem sucedido projeto Smog e desde então Callahan não sabe o que é descanso. Depois de em dois mil e cinco ter lançado A River Ain’t Too Much To Love, o último disco nos Smog, começou a carreira a solo em 2007 com Woke on a Whaleheart, logo após ter assinado pela editora independente Drag City. Mas o melhor ainda estava para vir; Lançado em 2009, Sometimes I Wish We Were an Eagle resgatava toda a funcionalidade e beleza das composições da antiga banda do músico e figurou nas listas de alguns dos melhores lançamentos desse ano. O segundo disco, Sometimes I Wish We Were An Eagle chegou dois anos depois e, em dois mil e onze, Apocalypse, vinha embutido com a palavra paradoxo, devido à beleza e mistério de um álbum feito à base de guitarras eléctricas, mas embutidas em sonoridades folk, a roçarem o country e o jazz.

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Lançado o ano passado, Shepherd In A Sheepskin Vest é o mais recente trabalho de Callahan, uma obra-prima da qual o músico ainda retira dividendos e cujo primeiro aniversário resolveu comemorar com a edição de um single com duas covers de músicas da sua eleição; If You Could Touch Her At All, de Lee Clayton, um original celebrizado por  Willie Nelson e Waylon Jennings e uma versão do clássico So Long, Marianne, com cinquenta e um anos, da autoria de Leonard Cohen. As duas composições impressionam tanto na voz como na instrumentação sofisticada e plural, uma espécie de gravitar divertido em redor de um intimismo controlado, simultaneamente espontâneo e livre. Confere...

Bill Callahan - If You Could Touch Her At All - So Long, Marianne

01. If You Could Touch Her At All
02. So Long, Marianne

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publicado por stipe07 às 18:01

Elbow – Giants Of All Sizes

Quarta-feira, 27.11.19

Já chegou aos escaparates Giants Of All Sizes, o oitavo álbum de estúdio dos britânicos Elbow, um compêndio de nove canções lançado à boleia da Polydor Records. Giants Of All Sizes foi gravado em Hamburgo, na Alemanha, nos estúdios Clouds Hill Studios, com equipamento eminentemente analógico e foi produzido e misturado pelo teclista do grupo, Craig Potter. É um trabalho que conta com as participações especiais de músicos como Jesca Hoop, os The Plumedores e o novato Chilli Chilton e que, de acordo com Guy Garvey, o vocalista e líder do projeto, tem o conceito de luto bastante presente, um luto devido às morte recente do pai de Garvey (On Deronda Road debruça-se sobre este assunto em particular), mas também um mais metafórico devido ao brexit e ao atentado a vinte e dois de maio de dois mil e dezassete em Manchester, terra natal dos Elbow, durante um concerto de Ariana Grande.

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Donos de um som épico, eloquente e que exige dedicação, os Elbow verbalizam sonoramente em Giants Of All Sizes, um distanciamento cada vez maior da faceta rock que sempre marcou o projeto e que teve como clímax o excelente tema Grounds for Divorce, incluído no já clássico The Seldom Seen Kid (2208), para se aproximarem, mais do que nunca, de um som íntimo, polido, de forte pendor acústico, ou seja, um som que tem na pop, na folk e até na própria música de câmara influências mais do que evidentes.

Assim, charme e classicismo são conceitos que assaltam facilmente a mente de quem escuta estas nove composições que, não deixando de ter felizes combinações entre guitarras eletrificadas e uma ímpar imponência percurssiva, como é o caso do single Dexter And Sinister, canção que mistura com ímpar virtuosismo um baixo vibrante, com alguns efeitos sintetizados subtis e uma bateria eloquente, acabam por mostrar todo o seu esplendor em composições que têm como ponto forte instrumentais sofisticados, onde não faltam violinos (Seven Veils) ou orgãos (Empires), como instrumentos de eleição da condução melódica e da indução de alma, caráter e beleza às mesmas e, no cômputo geral, ao registo. No entanto, importa também salientar que a voz de Garvey é, também, um ponto forte do trabalho, funcionando como mais uma espécie de elemento instrumental, com igual importância no arquétipo do registo. O modo como se entrelaça com as cordas em The Delayed é um excelente exemplo dessa constatação, que se tornará óbvia para quem escutar este registo com alguma devoção.

Giants Off All Sizes é o primeiro capítulo de uma espécie de segunda vida dos Elbow, até porque não terá sido por acaso que o grupo editou uma compilação de sucessos há exatamente dios anos. A nova vida da banda britânica é sonoramente mais recatada e charmosa, mas a escrita talvez seja mais efusiva e aprimorada do que nunca. Independentemte disso, o travo mantém-se idêntico; Os Elbow são das melhores bandas do mundo para nos ensinar como enfrentar a habitual ressaca emocional que os eventos familiares menos positivos provocam no equilíbrio emocional de qualquer mortal, mas também servem como odes celebratórias de todo o encanto e alegria que a vida nos oferece. Espero que aprecies a sugestão...

Elbow - Giants Of All Sizes

01. Dexter And Sinister
02. Seven Veils
03. Empires
04. The Delayed 3:15
05. White Noise White Heat
06. Doldrums
07. My Trouble
08. On Deronda Road
09. Weightless

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publicado por stipe07 às 21:20

The Japanese House – Chewing Cotton Wool

Terça-feira, 26.11.19

The Japanese House debuts "Chewing Cotton Wool"

O projeto The Japanese House de Amber Bain vai começar dois mil e vinte com a edição de um EP intitulado Something Has To Change, à boleia da Dirty Hit Records. Esse novo trabalho da autora, compositora e cantora britânica irá suceder ao disco de estreia Good At Falling, que viu a luz do dia em março último.

Depois de em setembro termos ficado a conhecer o tema homónimo deste novo EP de The Japanese House, agora chega a vez de contemplarmos Chewing Cotton Wool, um suculento prato sonoro repleto de minimalismo melancólico e que se debruça sobre o modo como é possível amar mesmo nos momentos em que nos sentimos mais angustiados e tristes. Confere...

The Japanese House - Chewing Cotton Wool

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publicado por stipe07 às 13:05

Vila Martel - Não nos Deixem Ir Embora

Segunda-feira, 25.11.19

Os Vila Martel são Francisco Botelho de Sousa, Rodrigo Marques Mendes, Francisco Inácio, Tiago Cardoso e Afonso Carvalho Alves, um coletivo da capital prestes a estrear-se nos discos com oito canções cantadas em português e gravadas há já quase um ano.

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Não nos deixes ir embora é a primeira dessas composições a chegar aos nossos ouvidos em formato single, um tema vibrante, com uma luminosidade pop muito aditiva, onde guitarras e teclados se dividem no seu protagonismo, uma canção que, de acordo com o seu press release, fala sobre a falta de vontade de sair do país por necessidade, quando o sonho é ficar em Lisboa. É sobre não querer ver os aeroportos como locais de despedida. Há uma festa, uma última noite para aproveitar na cidade, e a banda sonora é Vila Martel.
Não Nos Deixem Ir Embora também já tem direito a um vídeo realizado pelo próprio vocalista e guitarrista, Rodrigo Mendes, que serve como espelho da personalidade de cada um dos membros, e da sua relação individual com a banda e como banda. É um vídeo que se foca neles mesmos e no ambiente festivo a que nos remete a música do quinteto. Confere...

Facebook https://www.facebook.com/vilamartelbanda/

Instagram https://www.instagram.com/vilamartel.banda/  

 

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publicado por stipe07 às 16:59

Niki Moss - Standing In The Dark EP

Sábado, 23.11.19

Niki Moss é o alter-ego de Miguel Vilhena, músico multi-instrumentista, fundador da editora pontiaq, vocalista dos Savanna e produtor de inúmeras bandas portuguesas (Pista, Marvel Lima, Ditch Days, Flying Cages, George Marvinson, entre outros). Estreou-se em maio com Gooey, o seu registo de estreia e que tem como um dos grandes destaques Standing In The Dark, uma canção que Niki Moss resolveu agora reinterpretar com cinco diferentes versões, dando assim origem a um dos mais curiosos lançamentos em formato EP, dos últimos tempos. Já agora, Gooey e Standing In The Dark EP foram lançados numa colaboração entre a pontiaq e a editora britânica Street Mission Records com distribuição pela PIAS.

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No conteúdo do EP, segunda reintrepretação de Standing In The Dark, Standing In The Dark II, é o single do EP, uma versão que se foca nos aspetos mais pop do original e que tem, de acordo com o autor, o refrão mais épico e dramático, com uma instrumentação à anos 80. O single tem também já direito a um vídeo realizado por Diogo Vale e que pretende seguir os passos da música, um filme sombrio mas confortável, misterioso e metafórico, ora sereno, ora explosivo

Ao conceber este EP Niki Moss teve como grande permissa, um forte desejo de embarcar numa viagem para descobrir quão épico, psicadélico, eletrónico e sombrio este single se poderia tornar. É uma abordagem radical e ousada, um verdadeiro trabalho de amor, onde duas das cinco versões são acompanhadas de teledisco para ilustrar a sua realidade. O próprio confessa que quis dissecar os aspetos mais poderosos da música original e dividi-los em capítulos. A parte dois é focada nas tendências mais pop, com refrões orelhudos e um imaginário mais 80s. A terceira parte remete ao trabalho de estúdio, onde abusei muito do equipamento analógico e retorci os instrumentos originais para criar novas texturas. A parte IV é sobre as influências eletrónicas sempre presentes na minha música e a parte V é sobre as trevas que são o tema do EP.

Confere Standing In The Dark e, se for possível, vai ver Niki Moss, já amanhã, no Super Bock em Stock, na Sala 2 do Cinema São Jorge.

TOUR Niki Moss

22 de Novembro/ Super Bock Em Stock 2019, Lisboa

28 de Novembro/ Wurlitzer Ballroom, Madrid

29 de Novembro/ Carpe Diem, Santo Tirso

30 de Novembro/ Porta 253, Braga

30 de Novembro/ Ferro, Porto

6 de Dezembro/ Rock With Benefits 2019, Fafe

7 de Dezembro/ Quina das Beatas Fest 2019, Portalegre

20 de Dezembro/ Oficina Os Infantes, Beja

21 de Dezembro/ SHE, Évora

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publicado por stipe07 às 13:51

Coldplay – Everyday Life

Sexta-feira, 22.11.19

Quatro anos depois de A Head Full Of Dreams, os britânicos Coldplay estão de regresso com Everyday Life, um disco duplo que contém um total de vinte e duas composições, com vários interlúdios pelo meio, um alinhamento cuja primeira metade tem como título Sunrise, ao passo que a segunda se chama SunsetEveryday Life viu a luz do dia hoje mesmo através da Parlohone, a etiqueta de sempre da banda formada por Chris Martin, Guy Berryman, Will Champion e Jonny Buckland.

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Disco antecipado desde há algumas semanas através da publicação de diversas mensagens enigmáticas na página oficial da banda, cartas escritas aos fãs e da divulgação de diversos cartazes em várias cidades do mundo, com fotos vintage dos membros dos Coldplay a tocarem numa orquestra dos anos vinte do século passado, juntamente com o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, Everyday Life pode muito bem ser um daqueles discos que inicialmente se estranha, mas que após sucessivas audições poderá acabar por se entranhar e tornar-se, quem sabe, no melhor trabalho do grupo desde a genial estreia com Parachutes, há já quase vinte anos.

De facto, não só devido à possível saturação de uma fórmula que já se estava a tornar demasiado repetitiva, mas também porque os últimos desenvolvimentos na vida pessoal de Chris Martin fizeram o seu âmago recuar até aos bons velhos tempos daquela juventude mais inocente e apaixonada, parece que os Coldplay parecem finalmente apostados em deixar um pouco de lado aquela etiqueta de banda de massas da pop e da cultura musical, feita de exuberância sonora e de uma mescla da enorme variedade de estilos que foram bem sucedidos comercialmente na última década, nomeadamente a eletrónica e o rock repleto de sintetizações, para voltarem a colocar na linha da frente aquele lado mais intimista, simples e humano, o modus operandi que talvez melhor potencie todos os atributos estilísticos e interpretativos que o grupo possui.

Assim, apesar do tema homónimo, por exemplo, ser uma composição instrumentalmente bastante cinematográfica e épica e que tem no piano a ferramenta maior de uma melodia com uma sensibilidade muito própria, como é apanágio das propostas mais recentes da banda de Chris Martin, de Arabesque, tema com trechos cantados em francês e que conta com as participações especiais de Stromae (voz) e de Femi Kuti (sopros), estar repleta de detalhes eletrónicos e de Orphans oferecer-nos aquela tal faceta eminentemente pop que marcou os últimos trabalhos dos Coldplay, os melhores momentos de Everyday Life estão reservados para canções como Daddy, um sublime exercício de catarse intimista dedilhado ao piano e sussurrado no nosso ouvido, Church, tema assente num rock rugoso e direto de primeira água, apesar da vasta miríade de efeitos que o adorna sem ofuscar, Trouble In Town, uma montanha russa de emoções assente num riff de guitarra empolgante e numa sonoridade rock expansiva que faz jus a alguns dos melhores instantes da carreira da banda e BroKen, um delicioso exercício experimental gospel, buliçoso e vibrante.

Em Everyday Life os Coldplay parecem querer voltar, como já referi, um pouco àquelas raízes em que o coração de Martin é que impõe a sua lei no conteúdo das canções do quarteto e não aquilo que a exigente radiofonia pede, apesar do travo que o disco tem à areia do deserto que cobre uma das zonas mais conturbadas do mundo atual. Nos seus dois volumes, os Coldplay não deixam de ser ajudados por uma máquina de produção irrepreensível, juntam ao cardápio mais um naipe de canções que funcionará certamente bem em estádio defronte de grandes masssas, apesar da cada vez maior consicência ecológica do projeto e da menos necessidade de faturar os fazer interrrogar acerca da necessidade de tal, mas o que mais marca este álbum é o facto de expôr alguns dos fantasmas estéticos que sempre acompanharam a carreira discográfica dos Coldplay, que tantas vezes procurou um equilíbrio nem sempre fácil entre o apelo comercial da indústria musical e a vontade destes músicos em ressuscitar antigos arranjos, técnicas e sonoridades. Espero que aprecies a sugestão...

Coldplay - Everyday Life

01. Sunrise
02. Church
03. Trouble In Town
04. BrokEn
05. Daddy
06. WOTW/POTP
07. Arabesque
08. When I Need A Friend
09. Sunrise/Sunset Interlude #1
10. Sunrise/Sunset Interlude #2
11. Sunrise/Sunset Interlude #3
12. Sunrise/Sunset Interlude #4
13. Sunrise/Sunset Interlude #5
14. Sunrise/Sunset Interlude #6
15. Guns
16. Orphans
17. Eko
18. Cry Cry Cry
19. Old Friends
20. Bani Adam
21. Champion Of The World
22. Everyday Life

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publicado por stipe07 às 14:55

Moon Duo – Stars Are The Light

Quinta-feira, 21.11.19

O fabuloso rock psicadélico dos Moon Duo está de regresso em dois mil e dezanove com Stars Are The Light, o sétimo registo de estúdio deste projeto formado pela dupla Ripley Johnson e Sanae Yamada e um nome incontornável do cenário indie atual. Detentores de um trajeto discográfico imaculado e com vários pontos altos, os Moon Duo têm tido uma segunda metade desta década bastante profícua, com o lançamento de Occult Architecture Vol. 1 e Vol., há dois anos, dois álbuns que nos levaram de novo rumo à pop psicadélica setentista, através dos solos e riffs da guitarra de Ripley a exibirem muitas vezes linhas e timbres muito presentes na country americana e no chamado garage rock, mas também de sintetizadores inspirados e com efeitos cósmicos plenos de groove. No início do ano seguinte voltaram com o lançamento de um duplo single, à boleia da Sacred Bones, o refúgio perfeito que encontraram há já algum tempo para explorar todo o hipnotismo lisérgico que carimba o seu adn e agora, com este Stars Are The Light, cimentam uma posição forte, dentro de um espetro sonoro muito peculiar e tremendamente aditivo.

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Com um olhar bastante anguloso numa mescla entre o funk setentista e o salutar caos em que se instalou o rock progressivo no final do século passado, Stars Are The Light oferece-nos oito canções que refletem as experiências humanas que têm no amor, na mudança e na luta interna, muitas vezes a maior força motriz. Em Flying levantamos logo voo nas asas de uma batida inebriante e um sintetizador repleto de cosmicidade e a partir daí ficamos, rapidamente absorvidos por este caldo algo entropecedor, mas nada bafiento. Depois, a curiosa toada épica e vibrante do tema homónimo e, principalmente, o riff abrasivo que define o punk inspirado de Eye 2 Eye afunda-nos definitivamente na espiral filosófica dos Moon Duo, uma espécie de catarse psicadélica que, pouco depois, em Lost Heads, ao assentar numa batida inspirada e em flashes de efeitos e timbres de cordas divagantes, faz-nos dançar em altos e baixos enleantes, ao som de uma química interessante e única entre o orgânico e o sintético.

O que mais impressiona nos Moon Duo é que, registo após registo, a fórmula selecionada é muito simples e semelhante, mas conceitos como inovação, diferença e inquietude estão timbrados com indelével marca porque aquilo que sobressai acaba por ser a genialidade e a capacidade de execução de dois verdadeiros mestres do improviso psicadélico, uma estratégia que, melodicamente, cria atmosferas nostálgicas e hipnotizantes capazes de nos transportar para uma outra galáxia, que terá muito de etéreo, mas também uma imensa aúrea crua e visceral e que contém muitos dos pilares fundamentais que são ainda, meio século depois dos anos setenta, definidores da nossa contemporaneidade cultural.

Álbum que prova que ainda é possível, várias décadas depois, haver um som que pode ser recriado com elevado grau de inedetismo e de acessibilidade, Stars Are The Light tem essa subtil capacidade para nos fazer deambular entre diferentes mundos, inclusive da própria world music (escute-se Eternal Shore), uns com mais groove e outros mais relaxantes, mas sempre com a tónica do experimentalismo na linha da frente e sem este projeto de São Francisco se perder em exageros desnecessários. Espero que aprecies a sugestão... 

Moon Duo - Stars Are The Light

01. Flying
02. Stars Are The Light
03. Fall In Your Love
04. The World And The Sun
05. Lost Heads
06. Eternal Shore
07. Eye 2 Eye
08. Fever Night

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publicado por stipe07 às 12:40

Comet Gain - Fireraisers Forever!

Quarta-feira, 20.11.19

Os britânicos Comet Gain de David Feck, estão de regresso com o seu primeiro álbum em cinco anos, um trabalho intitulado Fireraisers Forever! que viu a luz do dia através da Tapete Records e que sucede ao aclamado registo Paperback Ghosts de 2014. Gravado numa sala de estar no norte de Londres com James Hoare (The Proper Ornaments, Ultimate Painting), com a ajuda de Joseph Harvey-Whyte (Hanging Stars), Fireraisers Forever foi transformado em disco pelo baterista e produtor MJ Taylor e oferece-nos doze enraivecidas canções, assentes num punk rock de elevado calibre e com uma forte toada abrasiva, como se exige a um projeto que sempre se fez notar por uma filosofia estilística de choque com convenções e normas pré-estabelecidas.

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Fireraisers Forever! é um claro manifesto contra a desumanidade crescente e a estupidez incomensurável que grassa neste mundo onde o dinheiro se reclama como a religião com mais crentes. Numa época do vale tudo, custe o que custar e seja contra quem for, os Comet Gain parecem apostados em fazer mossa e agitar as mentes mais desprevenidas e incautas com composições plenas de chama nas veias e com um travo nostálgico em que a herança de nomes como os The Clash, Ramones e até o próprio Lou Reed, se faz notar com elevado grau de impressionismo.

Assim, sem perderem tempo com o acessório e claramente a quererem celebrar o momento, o imediato e o presente, os Comet Gain vão diretos ao assunto, com canções como Mid 8ts ou We're All Fucking Morons a assentarem em guitarras repletas de fuzz e distorções ríspidas e uma bateria onde a anarquia é pedra de toque essencial, mas também com instantes como Society Of Inner Nothing ou The Godfrey Brothers, a mostrarem uma faceta mais clássica e acessível, dentro do declarado espetro rock puro e duro em que assenta o adn dos Comet Gain.

Foreraisers Forever! é um daqueles espasmos criativos pensado e executado logo à primeira, um disco para ser escutado sem ideias pré-definidas e que se torna particularmente aprazível em dias festivos e descomprometidos. É aquela banda-sonora perfeita para os momentos em que vale tudo e as consequências ficam para depois, um alinhamento boémio, irascível e lascivo, desobediente e até algo marginal, executado por um projeto que merece claramente uma superior projeção. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 12:41

Modest Mouse – Ice Cream Party

Terça-feira, 19.11.19

Modest Mouse - Ice Cream Party

Oriundos de Issaquah, nos arredores de Washington e já com mais de duas décadas de carreira, os Modest Mouse acabam de divulgar um novo tema intitulado Ice Cream Party, depois de em abril último, na edição deste ano do Record Store Day, terem editado um vinil de sete polegadas com dois novos temas, Poison The Well e I'm Still Here.

O lançamento deste terceiro single da banda formada há quase três décadas pelo guitarrista Isaac Brock, o baterista Jeremiah Green e o baixista Eric Judy e atualmente em digressão com os Black Keys, foi antecipado há alguns dias pela divulgação de um gelado com o nome Modest Mouse, que pode ser provado na gelataria Ruby Jewel, em Portland. Quanto ao conteúdo sonoro de Ice Cream Party, trata-se de uma composição que navega à boleia de um garage rock algo épico e vibrante, feito de uma estreita ligação entre arranjos sintetizados e guitarras carregadas de fuzz, uma alegoria pop e uma opção estilística que salvaguarda alguns dos melhores detalhes da herança sonora do grupo. Confere...

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