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Pete Yorn – Caretakers

Quinta-feira, 31.10.19

Nascido em Nova Jersey há já quatro décadas e meia, Pete Yorn é um dos nomes mais interessantes do cenário indie norte-americano, um músico, cantor e compositor, que se notabilizou há cerca de dez anos quando gravou o disco Break Up, em parceria com a atriz e cantora Scarlett Johansson. Caretakers é o seu novo compêndio de originais, o oitavo registo do seu cardápio sonoro, um trabalho em que Yorn demonstra com elevada bitola qualitativa a sua elevadíssima capacidade interpretativa junto das cordas, nomeadamente a viola e a guitarra, os seus instrumentos de eleição.

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Tendo-se estreado no início deste milénio com o álbum musicforthemorningafter e já beneficiado de colaborações de nomes como Peter Buck ou os Guided By Voices, além da já referida Scarlett, nos oito discos que editou, Pete Yorn tem consolidado uma carreira bastante interessante dentro de um espetro sonoro que privilegia uma interseção cuidada entre alguns dos tiques essenciais do típico rock alternativo norte-americano e o chamado alt-country, que conserva, na sua essência, alguns dos mais belos fundamentos daquele som tipicamente americano que todos identificamos facilmente. Chapéus de cowboy e camisas aos quadrados por cima de t-shirts desbotoadas podem muito bem ser o dress code das canções de Yorn, caso elas se quisessem vestir com aquela que é a sua essência e travo.

De facto, em pouco mais de meia hora, Caretakers transporta-nos com nitidez para uma América repleta de dilemas, mas também profundamente humana, emocional e, de algum modo, simples. Canções do calibre de Calm Down, um exuberante exercício de manipulação de cordas luminosas com arranjos de forte cariz vintage, Can't Stop You, um mais intimista e afetuoso instante de melancolia e introspeção à boleia de uma guitarra eletrificada repleta de charme ou ECT, um portento de intimidade que convida ao sorriso fácil e à reflexão espontânea, são momentos maiores de um trabalho onde simplicidade e sofisticação se confundem e se sentem porque as canções deste disco falam do nosso interior com clareza e ressucitam o que de melhor a mente humana pode sentir, sendo a sua audição uma experiência ímpar e de ascenção plena a um estágio superior de letargia. Espero que aprecies a sugestão...

Pete Yorn - Caretakers

01. Calm Down
02. I Wanna Be the One
03. Can’t Stop You
04. Idols (We Don’t Ever Have To Say Goodbye)
05. Do You Want To Love Again?
06. Caretakers
07. Friends
08. ECT
09. POV
10. Opal
11. A Fire In The Sun
12. Try

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publicado por stipe07 às 15:09

Tiago Vilhena - Portugal 2018

Quarta-feira, 30.10.19

O músico e compositor Tiago Vilhena, que já foi George Marvison noutro projeto e membro dos Savana, acaba de se estrear nos lançamentos discográficos com Portugal 2018, um trabalho que tem a chancela da Pontiaq e cantado quase na sua totalidade em português. Portugal 2018 contém dez composições filosóficas e relaxadas, introspetivas e reveladoras, sendo um registo com um forte cunho ativista, mas tambémum álbum fantástico porque retrata profetas, dilemas da morte e da vida, poções e milagres. É um registo em que o autor olha de modo particularmente crítico para este mundo e, de modo muito particular, para o nosso jardim à beira mar plantado, questionando a existência, incorporando e relatando experiências de animais, criticando a inoportunidade, elogiando a vida, a viagem e a simplicidade.

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Ode à diversidade e ao bom gosto, Portugal 2018 contém um soberbo manancial de composições buriladas com inquestionável requinte e bom gosto, rematadas por uma limpidez e uma sapiência indesmentíveis, quer ao nível da produção quer da mistura. Se ao ouvires Portugal 2018 percebes que o buliçoso piano de Quem me trouxe ao mundo te faz sorrir de orelha a orelha sem notares, se o dedilhar intensamente impressivo das cordas que recriam um instante a dois de intenso frenesim sensual em Cabaço vai morrer é um filme que fazes no teu âmago sem esforço, se as ondas que sentes a se eriçarem na tua pele durante a audição de O mar têm um travo a sal e a ostras delicioso ou as sintetizações pueris que sustentam Fujo para sempre te iludem com uma espécie de despreocupação inócua, que resulta, na verdade, de um processo de experimentação tremandamente criterioso e bem sucedido, ou se D'esta vida te coloca dentro de uma espécie de caixinha de sons minúscula, que tem como cenário um delicioso pôr do sol em plena Primavera então estás, na minha humilde opinião, claramente sintonizado com a essência de um disco com uma beleza melódica, lírica e instrumental incomum, que instiga, hipnotiza e emociona, um registo capaz de fazer parar o relógio ao mais empedernido coração e colocá-lo no rumo certo, tal é o rol de emoções que transmite e a intensidade das mesmas. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 22:14

Tame Impala – It Might Be Time

Terça-feira, 29.10.19

Tame Impala - It Might Be Time

Quase cinco anos após Currents e a testar os limites da nossa paciência devido a tão prolongado hiato, eis que os australianos Tame Impala de Kevin Parker voltam, finalmente, a dar sinais de vida com It Might Be Time, tema que fará parte de The Slow Rush, o novo registo de originais do projeto, um alinhamento com doze músicas gravadas, produzidas e misturadas pelo próprio Parker entre Los Angeles e o estúdio do artista em Fremantle, na Austrália, onde reside. The Slow Rush tem data de lançamento prevista para catorze de fevereiro do próximo ano, à boleia da Modular Records, a habitual etiqueta do grupo.

It Might Be Time é já o terceiro tema divulgado de The Slow Rush. Os leitores mais atentos de Man On The Moon certamente recordam-se que este ano a nossa redação já divulgou as composições Patience e Borderline. No entanto esta é a primeira canção a confirmar alguns dos detalhes fundamentais daquele que será o quarto alinhamento dos Tame Impala e certamente um dos marcos discográficos de dois mil e vinte.

Quanto ao seu conteúdo, It Might Be Time oferece-nos quatro minutos e meio de um pop rock de forte matriz psicadélica e com uma atmosfera sonora bastante aprazível, num resultado final algo melancólico e espiritual e onde, como é norma no projeto, é dado um enorme ênfase na nostalgia e no modo como apresenta com uma contemporaneidade invulgar alguns sons do passado, importantes pedras de toque da filosofia sonora dos Tame Impala.Confere...

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publicado por stipe07 às 13:33

The Growlers – Natural Affair

Segunda-feira, 28.10.19

Os The Growlers são uma banda norte americana de Costa Mesa, na Califórnia, formada por Brooks Nielsen (voz), Matt Taylor (guitarra), Scott Montoya (bateria), Anthony Braun Perry (baixo) e Kyle Straka (teclas e guitarra) e que descobri já em 2012 por causa de Hung At Heart, o terceiro álbum da discografia do grupo, um disco gravado em Nashville, editado em novembro desse ano através da Everloving Records e que foi produzido por Dan Auerbach dos The Black Keys. Um ano após esse registo, disponibilizaram Guilded Pleasures e em dois mil e catorze, com uma cadência quase anual, os The Growlers regressaram às edições com Chinese Fountain, um trabalho que cimentou definitivamente o adn de um projeto que aposta numa sonoridade fortemente influenciada pela psicadelia dos anos sessenta.

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Após Chinese Fountain os The Growlers entraram num período de relativo pousio e criaram a sua própria etiqueta, a Beach Goth Records and Tapes. Casual Acquaintances, disco editado o ano passado, foi o primeiro sinal de vida do grupo nesta nova fase da carreira, um levantamento de algumas demos, lados b e temas inacabados que a banda foi juntando ao longo das sessões de gravação dos discos anteriores e que acabam de ver finalmente sucessor, um trabalho intitulado Natural Affair e que merece ser descoberto com alguma minúcia já que contém canções com elevada bitola qualitativa.

Frequentemente catalogados com uma banda de surf rock, a sonoridade do projeto vai muito além dessa simples catalogação e Natural Affair é mais uma demonstração cabal dessa permissa. Se no tema homónimo do registo é a pop radiante e efusiva que dita leis, logo a seguir, em Long Hot Night (Halfway To Certain) e em Shadow Woman a toada é um pouco mais à blues, com Pulp Of Youth e Foghorn Town a olharem com astúcia para climas algo etéreos e psicadélicos e Social Man a ter um travo tropical que se saúda, até porque se espraia com enorme deleite pelos nossos ouvidos. A partir daí, no chill lo fi de Truly ou no modo astuto como a banda exercita alguns dos cânones fundamentais do rock psicadélico setentista em Tune Out, percebe-se claramente o charme e a personalidade ímpar de um disco cuja aparente simplicidade e descomprometimento não será obra do acaso, mas a obediência clara a um desejo de criação de uma imagem própria, inerente ao conceito de rebeldia, mas sem descurar um apreço pela qualidade comercial e pela apresentação de um alinhamento de canções que agrade às massas.

Os The Growlers têm toda a aparência de conviverem pacificamente com a herança do rock das últimas quatro ou cinco décadas, mas escapam do eventual efeito preverso da mesma e fazem-no com mestria, até porque há uma elevada sensação de espontaneidade num álbum que deve estar no radar de todos aqueles que se interessam por este espetro sonoro. Espero que aprecies a sugestão...

The Growlers - Natural Affair

01. Natural Affair
02. Long Hot Night (Halfway To Certain)
03. Pulp Of Youth
04. Social Man
05. Foghorn Town
06. Shadow Woman
07. Truly
08. Tune Out
09. Coinstar
10. Stupid Things
11. Try Hard Fool
12. Die And Live Forever

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publicado por stipe07 às 21:50

The 1975 – Frail State Of Mind

Domingo, 27.10.19

The 1975 - Frail State Of Mind

Depois de um percurso discográfico com três tomos em que a grande aposta foi um anguloso piscar de olhos a algumas das referências pop dos anos oitenta com forte tendência radiofónica, não faltando até interseções com o melhor R&B norte americano e a eletrónica mais futurista, os The 1975 de Matt Healy preparam-se para uma verdadeira inflexão sonora à boleia de Notes On A Conditional Form, o ábum que o grupo britânico se prepara para lançar no início do próximo ano.

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publicado por stipe07 às 12:01

Coldplay – Arabesque vs Orphans

Sexta-feira, 25.10.19

Quatro anos depois de A Head Full Of Dreams, os britânicos Coldplay estão finalmente de regresso, e já a vinte de dois de novembro, com Everyday Life, um disco duplo que contém um total de dezasseis composições, um alinhamento que já é conhecido e cuja primeira metade tem como título Sunrise, ao passo que a segunda se chama Sunset. Everyday Life irá ver a luz do dia através da Parlohone, a etiqueta de sempre da banda formada por Chris Martin, Guy Berryman, Will Champion e Jonny Buckland.

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Disco antecipado desde há algumas semanas através da publicação de diversas mensagens enigmáticas na página oficial da banda, cartas escritas aos fãs e da divulgação de diversos cartazes em várias cidades do mundo, com fotos vintage dos membros dos Coldplay a tocarem numa orquestra dos anos vinte do século passado, juntamente com o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, Everyday Life acaba de se entreabrir com a divulgação dos singles Arabesque e Orphans, um tema de cada uma das duas metades do registo.

Se Arabesque, sétima canção de Sunrise, com trechos cantados em francês e que conta com as participações especiais de Stromae (voz) e de Femi Kuti (sopros), está repleta de detalhes eletreónicos, mas também conta com um excelente trabalho percurssivo, já Orphans, segunda composição de Sunset, oferece-nos aquela faceta eminentemente pop que marcou os últimos trabalhos dos Coldplay, um tema luminoso e festivo, mas também melodicamente amplo e épico e que celebra o otimismo e a alegria. Confere Arabesque e Orphans e a tracklist de Everyday Life... 

Coldplay - Arabesque - Orphans

01. Arabesque
02. Orphans

Disc 1: Sunrise
01 “Sunrise”
02 “Church”
03 “Trouble in Town”
04 “BrokEn”
05 “Daddy”
06 “WOTW / POTP”
07 “Arabesque”
08 “When I Need a Friend”

Disc 2: Sunset
01 “Guns”
02 “Orphans”
03 “Èkó”
04 “Cry Cry Cry”
05 “Old Friends”
06 “بني آدم” (“Bani Adam,” Arabic for “Children Of Adam”)
07 “Champion Of The World”
08 “Everyday Life”

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publicado por stipe07 às 11:06

Mando Diao - Bang

Quinta-feira, 24.10.19

Já chegou aos escaparates Bang, o novo registo de originais dos suecos Mando Diao, uma banda de rock alternativo formada em dois mil e um, com origem em Borlänge e comandada atualmente por Björn Dixgård, Mats Björke e Carl-Johan Fogelklou. Bang é o nono tomo da carreira dos Mando Diao, sucedendo ao excelente trabalho Good Times, editado na primavera de dois mil e dezassete.

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A primeira impressão que fica da audição de Bang, ainda mais intensa para quem conhece com algum detalhe a discografia do projeto, é uma clara sensação de imediatismo e crueza do seu alinhamento. Em Bang, e um pouco à imagem do que já sucedeu com o antecessor Good Times, os Mando Diao resolveram simplificar o seu receituário estilístico e o seu modus operandi, que tinha-se tornado algo difuso e enigmático em Aelita (2014) e, principalmente, em Infruset (2012), criando agora canções que não deixam de conter um indispensável cardápio de nuances e detalhes, quer no modo como as cordas se apresentam ou como as sintetizações conduzem ou adornam as composições, mas que são, no cômputo geral, composições de elevado airplay e intensidade.

Long Long Way um dos singles divulgados de Bang, é um bom exemplo de toda esta trama que conjura Bang. É uma composição bastante otimista e que impressiona pela exuberância das cordas e dos arranjos que as adornam, sendo, claramente, um tema que faz com nitidez a súmula de um trabalho um pouco diferente da suposta escalada sonora e vertiginosa ao universo indie rock mais pop e até progressivo, que marcou a primeira metade desta década da carreira dos Mando Diao, para voltar a colocar as fichas numa estética também plena de adrenalina, mas com uma forte filosofia garageira, talvez o território onde este quarteto sueco se tem sentido mais confortável ao longo da carreira.

Bang é, portanto, não só um exercício de continuidade de superior calibre relativamente ao antecessor, sem deixar também de ser, no fundo, um registo um pouco diferente do que estamos habituados ultimamente nos Mando Diao, já que nesse Good Times era mais tímida a vontade de optar por uma direção diferente. De facto, o travo funk de Bang Your Head, o virtuosismo vocal e a delicadeza acústica que nunca se deixa esconder inteiramente na crescente My Woman, a luminosidade punk de One Last Fire ou a deliciosa soul empoeirada que conduz a stoniana He Can't Control You, são momentos maiores de um registo que recoloca os Mando Diao no trilho ideal e os faz terem mais um notável punhado de canções que irão certamente incendiar plateias em concertos futuros de uma banda que se tem valorizado pela originalidade simultaneamente vintage e contemporânea das suas obras, discos que sustentam uma identidade firme e coesa de uma banda que merece, claramente, e agora mais do que nunca, uma superior projeção. Confere...

Mando Diao - BANG

01. One Last Fire
02. He Can’t Control You
03. Long Long Way
04. Don’t Tell Me
05. I Was Blind
06. Bang Your Head
07. Get Free
08. My Woman
09. Scream For You
10. Society

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publicado por stipe07 às 18:07

Born-Folk - Fall-Inn

Quarta-feira, 23.10.19

Têm apenas alguns meses de vida os Born-Folk, um projeto oriundo de Lisboa constituido por músicos com influências oriundas de épocas distintas, mas que assume uma dimensão criativa pop, livre e eclética. O grupo quer chegar ao âmago do coração, de modo assumidamente casual e algo romântico, tendo já na forja um EP intitulado Come Inside! e do qual começou por ser retirado o tema Heat And Rum, no ocaso do último verão. Agora, em pleno estio outunal, chega a vez da composição Fall-Inn, tema que encerra o alinhamento do EP e também já com direito a um vídeo realizado por Luis Vieira, um possível retrato de um peculiar “rendez vous” outonal falhado com uma “patinadora artística” que vai pirateando corações com o seu sorriso alemão.

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Se Heat And Rum era uma típica canção de verão, com uma indesmentível e peculiar vibe surf rock sessentista, carregada de surf tremolo na guitarra e voz delicada e com uma letra em que estava patente toda a simbologia ligada à temática do surf, calor, ondas e raparigas a exibirem-se e toda a parte, Fall-Inn, conduzida por um eletrificação de cordas agreste e abrasiva, mas tremendamente charmosa e com um travo punk delicioso, tem um clima mais outunal. De acordo com os Born-Folk, no hotel FALL-INN (uma espécie de open space hostel) somos saqueados por uma coelhinha pirata que embala os hóspedes com o seu olho empalado. A enigmática mensagem em “alemão da região da baixa googlândia” é o hall de entrada. Segue-se uma imperial overdrive interminável até à infusão fatal, um cházinho relaxante e inebriante carregado de wah wah “delayano” que nos levará até ao grand finale, onde a queda é uma aposta segura. Willkommen!!! Confere...

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publicado por stipe07 às 18:53

Foals - Everything Not Saved Will Be Lost Part 2

Terça-feira, 22.10.19

Quase quatro anos depois de What Went Down, os Foals de Yannis Philippakis prepararam dose dupla para dois mil e dezanove, tendo começado com o lançamento, no passado mês de maio, de Everything Not Saved Will Be Lost Part 1, ao qual sucedeu, já neste mês de outubro, Everything Not Saved Will Be Lost Part 2, dois trabalhos com a chancela do consórcio Transgressive / Warner Bros. Sexto registo da carreira do projeto britânico e, tal como o antecessor, com artwork do artista equatoriano Vicente Muñoz, que pretende simbolizar muito do conteúdo lírico dos álbuns através de um cruzamento criativo entre a natureza e uma construção humana e produzido pela própria banda e por Brett Shaw, Everything Not Saved Will Be Lost Part 2 é o segundo registo do projeto sem a presença do baixista Walter Gervers que o ano passado abandonou amigavelmente os Foals.

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Everything Not Saved Will Be Lost Part 1 foi um disco muito focado no modo como o homem tem pressionado o ambiente e a natureza, colocando o futuro do nosso planeta em risco, mas também olhanva para assuntos importantes da realidade britânica como o brexit, a imigração e o fosso cada vez maior entre ricos e pobres. Everything Not Saved Will Be Lost Part 2 mantém-se, filosoficamente, nessa demanda de análise analítica da contemporaneidade conturbada em que a sociedade ocidental vive, fazendo-o de um modo ainda mais dramático e intenso que o antecessor. Os pouco mais de dez minutos de Neptune, no ocaso do registo, acabam por sublimar toda esta trama que os Foals nos facultaram este ano em dose dupla, fazendo-o com irrepreensível lucidez, mas também notável sentimentalismo.

De facto, se logo no clima cinematográfico impressivo da introdutória Red Desert é-nos apresentado um certo travo de angústia e dúvida, em composições do calibre de Black Bull, uma canção impulsiva e eloquente, assente em guitarras conduzidas por uma epicidade frenética, crua e impulsiva, que tem ainda o bónus de contar com um elevado protagonismo do baixo na arquitetura melódica que a sustenta, mas também em The Runner e Into The Surf, dois temas que têm essa toada hard, seca e vibrante, fica assente a tónica numa clara angústia e aversão dos Foals, relativamente ao modo como vêm hoje o poder e quem toma conta das suas rédeas. Nelas, as guitarras experimentais que sustentaram com enorme sucesso Antidotes o registo de estreia da banda e a atmosfera pop rock oitocentista bastante vincada de canções como a marcial Like Lightning, a empolgante Dreaming Of e a cinematográfica e a intrigante10,000 Feet, têm esse cunho realístico que confere às composições de Everything Not Saved Will Be Lost Part 2 poder e capacidade para se tornarem em bandas sonoras perfeitas das mais diversas manifestações de contra poder que temos assistido um pouco por todo o mundo nas últimas semanas e que, da questão das alterações climáticas ao sufoco do capitalismo, passando pela intolerância religiosa e pelo direito à auto determinação,  deixam este mundo mais irrequieto e vulnerável do que o aquilo que seria de supor. Só o tempo dirá se esta é, no cômputo geral, uma irrequietude saudável.

Registos pensados ao milímetro, carregados de nuances, quebras, detalhes, instantes de euforia, mas também de contemplação, Everything Not Saved Will Be Lost, Part 1 e Part 2 consolidam a verdadeira essência de um projeto que, por muitas voltas que procure dar ao seu catálogo, tem no seu adn as guitarras como elemento aglutinador e identitário primário, assim como o tal tribalismo percussivo, mas que também utiliza alguma sintetização para fugir ao óbvio de forma madura e cativante, sem nunca deixar de tentar estabelecer, com sentimentalismo penetrante e profundo, uma conexão assertiva entre as pistas de dança do passado e do presente. Espero que aprecies a sugestão...

Foals - Everything Not Saved Will Be Lost, Part 2

01. Red Desert
02. The Runner
03. Wash Off
04. Black Bull
05. Like Lightning
06. Dreaming Of
07. Ikaria
08. 10,000 Feet
09. Into The Surf
10. Neptune

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publicado por stipe07 às 21:55

Perfume Genius – Pop Song

Segunda-feira, 21.10.19

Perfume Genius - Pop Song

Cerca de dois anos e meio depois do excelente No Shape, Mike Hadreas, aka Perfume Genius, está de regresso com novidades que poderão muito bem antecipar o lançamento em breve do quinto álbum da carreira de um dos nomes mais excitantes do cenário musical alternativo. Importa, no entanto, ressalvar que Hadreas não este parado durante este par de anos, já que criou os temas Eighth GradeBooksmart e13 Reasons Why, para a banda sonora do filme The Goldfinch, além de ter andado em digressão a promover No Shape e de ter ainda autorizado algumas remisturas e participado em colaborações.

Entretanto também já era do conhecimento público que Perfume Genius andava a colaborar com a coreógrafa Kate Wallich e com a companhia de dança The YC, num bailado contemporâneo e numa performance ao vivo. O nome dessa inusitada obra éThe Sun Still Burns Here e começam a ser revelados cada vez mais detalhes do produto final e da performance, estando o seu conteúdo cada vez menos confinado aos estúdios de dança onde têm decorrido os ensaios e as gravações.

Eye In The Wall foi o primeiro grande detalhe já revelado desse trabalho colaborativo, uma composição sonora assinada por Perfume Genius e que nos oferece uma espécie de sinistro western percurssivo, com uma impactante atmosfera lo-fi, mas também com aquela dose de delicadeza e emotividade que carateriza, através de um aparato tecnológico amplo, os principais caminhos de expressão musical da sua discografia. Agora, algumas semanas depois, acaba de ser revelada mais uma composição dessa performance colaborativa e com a assinatura de Hadreas. A canção intitula-se Pop Song e permite-nos contemplar um curioso exercício de simbiose entre elementos sintéticos particularmente rugosos, com um edifício percussivo repleto de groove, tudo temperado com o habitual falsete de Hadreas, sempre emotivo e realisticamente magnético. Confere...

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publicado por stipe07 às 21:12


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