man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Ride - This Is Not A Safe Place
Produzido por Erol Alkan e misturado por Alan Moulder e Caesar Edmunds, This Is Not A Safe Place é o nome do novo registo de originais dos britânicos Ride de Andy Bell, que, recordo, depois de um hiato de mais de duas décadas, reuniram-se e lançaram um novo disco há três anos, intitulado Weather Diaries. Esse trabalho vê agora sucessor, depois do EP Tomorrow Shore, editado o ano passado e que continha quatro temas que sobraram das gravações de Weather Diaries.
Verdadeiras lendas do shoegaze contemporâneo, os Ride contrariam um pouco o comportamento habitual de algumas lendas do rock que se reúnem depois de uma longa ausência, editam um disco e acabam por desaparecer novamente na penumbra. De facto, existe aqui uma busca de continuidade, materializada em This Is Not A Safe Place, registo que começa a todo o vapor com R.I.D.E., uma composição cujo título não terá sido escolhido ao acaso já que plasma a nova têmpera deste grupo, além dos fundamentos essenciais do processo criativo que norteiam o projeto. Guitarras efusiantes em perfeita simbiose com sintetizadores plenos de rugosidade e uma opção estilística ao nível dos arranjos e dos detalhes que vá de encontro às noções de grandiosidade, definem o cariz geral deste tema e, de um modo geral, de todo o disco, mesmo que, logo a seguir, em Future Love, sejamos impressionados com grandiosa canção assente numa aditiva melodia com leves pitadas de surf pop e garage rock, embrulhada com um espírito vintage marcadamente oitocentista e que terá o propósito bem claro de captar definitivamente o lado mais radiofónico do ouvinte, sem colocar em causa a habitual ousadia experimental dos Ride. Pouco depois, Clouds Of Saint Marie, o melhor momento do disco, na minha opinião, também procura replicar nuances melódicas mais luminosas e atrativas e, quase no ocaso do registo, na etérea acusticidade plena de psicadelia de Dial Up e na mais melancólica de Shadows Behind the Sun, os Ride procuram mostrar-se ecléticos, abrangentes e, principalmente, modelos, mesmo que também não tenham pudor em expôr algumas das suas principais referências. Por exemplo, o período aúreo dos Depeche Mode é, por exemplo, uma daquelas memórias significativas que surgem de modo algo espontâneo durante a audição de This Is Not A Safe Place.
Seja como for, temas como Repetition e até End Game voltam a colocar o foco na base sintética do tema inicial, através de um rock progressivo pleno de aspereza e monumentalidade e que, de certo modo nos recorda aquela amálgama de sons distorcidos e ambientações etéreas tipicamente novecentistas, com a bateria seca, os riffs planantes e o registo vocal algo cavernoso de Kill Switch a aprimorarem ainda mais todo um receituário que também não deixa de nos transportar nostalgicamente para algumas das bandas que melhor definiram a história essencial da pop de final so século passado.
Disco que vai de encontro a um desejo de renovação do grupo que se saúda e que não disfarça a elevada influencia da dupla de produtores acima referida e em especial Alan Moulder, This Is Not A Safe Place cimenta ainda mais os Ride num lugar de destaque do rock alternativo contemporâneo, não só devido ao modo como aprimoram a cada vez mais perfeita relação que mantêm com as guitarras e o modo como elas se refinam com a restante heterogeneidade instrumental para criar blocos de som plenos de criatividade, mas também pela busca de um desempenho melódico e lírico que seja o mais emocional possível. Espero que aprecies a sugestão...
01. R.I.D.E.
02. Future Love
03. Repetition
04. Kill Switch
05. Clouds Of Saint Marie
06. Eternal Recurrence
07. 15 Minutes
08. Jump Jet
09. Dial Up
10. End Game
11. Shadows Behind The Sun
12. In This Room