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Vampire Weekend – Father Of The Bride

Quinta-feira, 09.05.19

Mais de meia década depois do excelente Modern Vampires of the City, os Vampire Weekend de Ezra Koenig, Chris Baio e Chris Tomson, estão finalmente de regresso aos lançamentos discográficos com Father Of The Bride, o quarto disco da carreira do grupo de Nova Iorque, um álbum duplo, que viu a luz do dia através da Columbia Records e que tem como eixos basilares orientadores da sua escrita noções como alegria, luminosidade e o renascer para uma nova vida, no fundo, ideias que deverão estar neste momento muito presentes no dia-a-dia de um projeto que perdeu há três anos Rostam Batmanglij, uma das suas pedras basilares, multi-instrumentista e anterior responsável pela função de principal produtor do grupo e que procura agora colocar-se novamente nos eixos. Ezra Koenig é, portanto, a grande força motriz atual de um projeto muito centrado neste músico, vocalista e compositor, que durante este longo hiato constituiu família com a atriz Rashida Jones, lançou a sua série de animação Neo Yokio no Netflix, continuou a apresentar o programa Time Crisis e co-escreveu Hold Up de Beyoncé, enquanto vivia algumas experiências descritas neste novo álbum dos Vampire Weekend.

Esta banda nova iorquina sempre evoluiu e enriqueceu o seu cardápio à custa de canções divididas entre um travo afro e o rock alternativo, um modus operandi que com Contra, e no anterior Modern Vampires Of The City também evoluiu para sonoridades mais maduras e experimentais. Com as participações especiais de Steve Lacy dos The Internet em dois temas e de Danielle Haim em três, Father Of The Bride continua a apostar nesta lógica de continuidade evolutiva e de busca de uma maior heterogeneidade e complexidade para o cardápio do grupo.

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Desta vez tal demanda centrou-se na busca de interseções apuradas entre a herança pop do último meio século, com especial ênfase para o período sessentista dominado pela exuberância das cordas, mas também pelo uso das teclas de um modo menos clássico e mais experimental. Assim, dentro dessa baliza estilística, importa referir Harmony Hall, uma lindíssima composição conduzida por um inspirado piano pleno de charme e de contemporaneidade, acompanhado por cordas radiantes, num exercício de simbiose que de forma experimental e criativa sustenta uma melodia pop com um certo cariz épico e melancólico e que nas suas nuances rítmicas se divide constantemente entre a simplicidade e a grandeza dos detalhes, assim como Big Blue, composição com uma intimidade e uma acusticidade ímpares. Depois, num plano mais exuberante, canções como a vibrante Married In A Gold RushThis Life, um buliçoso tema solarengo e com um groove bastante charmoso, assente num trabalho rítmico e percurssivo bastante radiante, atestam a já habitual asseritividade rítmica do grupo, também preenchida com elementos tropicais e étnicos. Já agora, o tema This Life, um dos que conta com a participação especial vocal de Danielle Haim, tem uma letra inspirada nas canções It Never Rains in Southern California, um sucesso de mil novecentos e setenta e dois da autoria de Albert Hammond, pai de Albert Hammond Jr., membro dos The Strokes e presença assídua neste blogue (Baby I know pain is as natural as the rain, I just thought it didn’t rain in California) e, no refrão, na composição Tonight, do rapper californiano iLoveMakonnen (You’ve been cheating on, cheating on me, So I’ve been cheating on, cheating on you).

No meio de toda esta diversidade e ecletismo, importa ainda referir a aposta em algumas da principais tendências estilísticas da eletrónica atual, bem patentes, por exemplo, em 2021, uma pequena peça sonora intimista, sustentada num curioso sintetizador minimalista e numa guitarra com um efeito metálico muito peculiar e em Unbearably White, tema que se debruça no modo cínico como a questão do racismo é hoje tratada numa cada vez mais politizada e dividida América (There’s an avalanche coming, Cover your eyes), uma composição melancólica e intimista, com uma vasta inserção de arranjos de cordas e outros de origem sintética a pairarem sobre uma melodia intrigante e algo densa. Sympathy é talvez aquela canção que melhor condensa todo este receituário, no modo como cruza batidas e ritmos com funk e com um travo hispânico delicioso, com alguns dos arquétipos essenciais do rock progressivo setentista, rematados por detalhes de cordas de forte indole orgânica.

Toda esta trama conceptual faz movimentar um trabalho que se divide constantemente entre a simplicidade e a grandeza dos detalhes, um registo entregue, de forma experimental e criativa à busca algo incessante de melodias com um forte cariz pop e radiofónico, mas sem deixarem de piscar o olho ao universo underground e mais alternativo que foi quem sustentou e ajudou os Vampire Weekend, no início da carreira, a obterem a notoriedade que hoje os distingue. Espero que aprecies a sugestão...

Vampire Weekend - Father Of The Bride

01. Hold You Now (Feat. Danielle Haim)
02. Harmony Hall
03. Bambina
04. This Life
05. Big Blue
06. How Long?
07. Unbearably White
08. Rich Man
09. Married In A Gold Rush (Feat. Danielle Haim)
10. My Mistake
11. Sympathy
12. Sunflower (Feat. Steve Lacy)
13. Flower Moon (Feat. Steve Lacy)
14. 2021
15. We Belong Together (Feat. Danielle Haim)
16. Stranger
17. Spring Snow
18. Jerusalem, New York, Berlin

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publicado por stipe07 às 14:27






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