man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Swervedriver - Future Ruins
Foi no passado dia vinte e cinco de janeiro, à boleia da Dangerbird, que viu a luz do dia Future Ruins, o novo registo de originais dos Swervedriver de Adam Franklin, uma banda icónica de rock shoegaze, nascida há quase trinta anos das cinzas dos míticos Shake Appeal e que depois de um hiato de cerca de uma década voltou a reunir-se há cerca de três anos, tendo incubado na altura o registo I Wasn't Born To Lose You, que viu finalmente sucessor.
Álbum com uma forte componente política, já que se centra particularmente na política climática dos países ditos desenvolvidos, Future Ruins pretende mostrar o quanto os Swervedriver se sentem infelizes e preocupados com aquilo que o homem está a fazer à sua própria casa, o planeta onde vive. O tema homónimo do registo é muito claro relativamente a essa intenção, já que oferece-nos uma sombria reflexão sobre o estado atual do mundo, considerando que o mesmo é hoje governado por pessoas insensatas que vão levar a nossa descendência à ruína. A própria sonoridade depressiva da canção casa na perfeição com o seu conteúdo lírico, cimentando, desde logo, um importante aspeto deste registo, que mostra uns Swrvedriver mais pessimistas e conformados do que o habitual. Recordo que ao longo da sua discografia, este projeto britânico sempre nos habituou a mostrar que por muito mau que seja o enredo, há sempre algo de positivo ao virar da esquina.
Assim, a força motriz sonora que está no cerne deste Future Ruins, incubado por um projeto que se foi habituando a apresentar um indie rock contemplativo, melancólico e atmosférico, mas mesmo assim incisivo, é um rock com uma elevada toada shoegazer, ali num meio termo entre o post punk e o rock mais progressivo. Acaba por ser uma sonoridade de forte cariz ambiental, uma espécie de space travel rock, em que guitarras e sintetizadores apostam em distorções rugosas e efeitos inebriantes rumo a uma cosmicidade sonora que, como não podia deixar de ser, conta também com uma elevada componente etérea e contemplativa.
Tendo em conta toda esta filosofia estilística do registo, Mary Winter acabou por ser uma opção óbvia para single de apresentação de Future Ruins, já que se trata de uma melancólica e imponente canção, assente numa guitarra distorcida que contrasta na perfeição com o registo vocal ecoante de Adam, que disserta sobre os pensamentos de um astronauta que passeia no espaço enquanto recorda bons momentos vividos cá em baixo (Been floatin’ out here so long, And you know I’m not coming down, With planet earth long gone, And my feet don’t touch the ground). Depois, na luminosidade melódica da guitarra que conduz Drone Lover e na nebulosa pujança de Golden Remedy conferimos outros dois momentos altos de um alinhamento com um universo muito próprio e que, no seu todo, comunica com a nossa mente e os nossos sentidos de modo particularmente perturbador, naquilo que essa sensação pode ter de positivo e esotérico. Espero que aprecies a sugestão...
Autoria e outros dados (tags, etc)
Tape Junk - Couch Pop
Quase quatro anos depois de um excelente homónimo, os Tape Junk de João Correia estão de regresso aos lançamentos discográficos, em formato digital e em cassete, com Couch Pop, o terceiro disco do projeto, um compêndio de nove canções pensadas e estruturadas pela mente do cérebro da banda. De facto, os Tape Junk assumem-se cada vez mais como um projeto a solo deste músico que também fundou os Julie & The Carjackers e os They’re Heading West, já que neste Couch Pop todos os instrumentos foram registados pelo João, que contou apenas com o apoio de António Vasconcelos Dias nos sintetizadores.
Álbum escrito e construído sem pressas, entre o início de dois mil e dezasseis e o ocaso do verão passado e com um alinhamento que foi sendo continuamente aperfeiçoado, mutado e aprimorado de acordo com o estado de espírito do autor e ao sabor de um tempo que nunca o pressionou, Couch Pop tem um conjunto notável de composições que, no seu todo, homogéneo e impressivo, nos oferecem um amplo panorama de descobertas sonoras, que acabam por personificar uma espécie de exercício criativo nostálgico, onde cada uma veste a sua própria pele enquanto se dedica, de corpo e alma, à hercúlea tarefa comunicativa que o autor lhe designou.
Pavement, Giant Sand, Yo La Tengo, Rolling Stones ou Velvet Underground são influências óbvias e algumas até assumidas e declaradas, mas quem vence é, na soma de todas as partes, aquele rock clássico e intemporal, que logo no delicioso timbre metálico agudo da guitarra de Willow Crown plasma, com notável nitidez instrumental, a tal personificação de soalheiras aventuras sonoras nos temas. E alguns deles até agudizam o elevado pendor pessoal e intimista caraterístico deste projeto, onde não falta, inclusive, um confessado humor negro, e um curioso nonsense, nomeadamente na vibe soalheira de General Population, um exemplo claro desta despreocupação e deste desejo pessoal que os Tape Junk sentem, na pessoa do João Correia, de não serem levados demasiado a séria no que concerne não só ao arquétipo, mas também à vertente lírica e poética das canções.
De facto, o que impressiona na escrita deste cantautor é o modo como disserta sobre banalidades e rotinas comuns e as transforma num interessante conjunto de eventos inspiradores, já que a sua música tem a capacidade de provocar sentimentos e sensações únicas que podem servir de aconchego para as nossas mágoas ou um incentivo ao despertar aquilo que de melhor guardamos dentro de nós. Se a soul contemplativa de Hard Times Blues só não cerra os punhos de quem se sente já demasiado confiante para não perceber que os precalços estão sempre ao virar daquela esquina que cruzamos diariamente e que nunca nos surpreendeu, já o piano de Down, os sons poderosos, tortuosos, luminosos e flutuantes e as vozes deslumbrantes de Carved In Stone ou o riff contagiante da guitarra que acompanha o refrão e os efeitos sintetizados que vão ornamentando diversas mudanças rítmicas no single Cranberry and Thyme, são canções que refletem aquela luz que não se dispersa, mas antes se refrata para inundar os corações mais carentes daquela luminosidade que transmite energia, num disco sem cantos escuros.
Projeto de palco e já com uma notável reputação nesse campo, os Tape Junk têm neste Couch Pop um notável conjunto de canções para juntar ao cardápio que define aquilo que é uma típica banda rock, mas que sabe qual o melhor receituário para adocicar, através de alguns elementos fundamentais da dita pop, a salutar rugosidade de um universo sonoro que tem de guiar a sua sonoridade através de guitarras plenas de eletrificação, mas que pretende fazê-lo de modo a replicar melodias contagiantes e que exalem uma sensação de contemporaneidade. E no caso dos Tape Junk tal pode ser apreciado quer nas notas mais delicadas, até quando elas estão num modo particularmente explosivo, quer nos efeitos selecionados ou nos arranjos simples, mas bastante criativos, mas também em peculiares variações de ritmo e, mais do que tudo isso, numa saudável sensação de crueza e ingenuidade, transversal aos pouco mais de trinta minutos de um disco em que voz e instrumentos fluem naturalmente e se acomodam naquilo a que claramente se chama de som de banda. Em suma, os Tape Junk provam que não é preciso ser demasiado complicado quando o objetivo é criar sons e melodias intrincadas e simultaneamente acessíveis. Consegui-lo é ser-se agraciado pelo dom de se fazer a música que se quer e o João Correia obteve, mais uma vez, tal desiderato, já que usou a fórmula correcta, feita com uma quase pueril simplicidade, para demonstrar uma formatação adulta e a capacidade de se reinventar, reformular ou simplesmente replicar o que de melhor têm alguns projetos bem sucedidos na área sonora em que melhor se identifica, sem deixar de evocar um certo experimentalismo típico de quem procura, através da música, fazer refletir aquela luz que não se dispersa e que fará, certamente parte daquilo que é a sua própria individualidade, não só como artista mas como ser humano. Espero que aprecies a sugestão...
Autoria e outros dados (tags, etc)
The National – You Had Your Soul With You
Será a dezassete de maio que chegará aos escaparates e através da 4AD, I Am Easy To Find, o tão aguardado novo registo de originais dos norte-americanos The National. Oitavo disco da carreira do grupo, I Am Easy To Find sucede a Sleep Well Beast, o disco que a banda de Matt Berninger e os irmãos Dessner e Devendorf editou no final do verão de dois mil e dezassete e terá um alinhamento de dezasseis canções também já divulgado.
Uma das grandes curiosidades de I Am Easy To Find é resultar de uma parceria da banda com o realizador Mike Mills, sendo o registo um dos componentes de 20th Century Women, o mais recente filme do cineasta, que também dirigiu uma curta-metragem com o nome do álbum, que conta com Alicia Vikander como protagonista principal e que conta na banda sonora com You Had Your Soul With You, o primeiro single retirado deste novo trabalho discográfico dos The National.
Canção conduzida pela habitual cadência rítmica inconstante e cheia de quebras que é já uma imagem de marca da banda de Nova Iorque e que conta com a particpação especial vocal de Gail Ann Dorsen, que fez parte da banda de David Bowie, You Had Your Soul With You coloca os The National no trilho de uma sonoridade cada vez menos sombria e com ênfase numa toada mais épica, aberta e dançável, que deverá ser transversal a um disco que também conta com as participações especiais de Sharon Van Etten, Lisa Hannigan, Mina Tindle, the Brooklyn Youth Chorus, entre outros e que, numa perspetiva cada vez mais madura, assertiva e positiva, deverá firmar novamente uma posição relevante dos The National na classe dos artistas que basicamente só melhoram com o tempo. Confere You Had Your Soul With You e o alinhamento de I Am Easy To Find...
1. You Had Your Soul With You
2. Quiet Light
3. Roman Holiday
4. Oblivions
5. The Pull Of You
6. Hey Rosey
7. I Am Easy To Find
8. Her Father In The Pool
9. Where Is Her Head
10. Not In Kansas
11. So Far So Fast
12. Dust Swirls In Strange Light
13. Hairpin Turns
14. Rylan
15. Underwater
16. Light Years
Autoria e outros dados (tags, etc)
Pond – Tasmania
Quase dois anos depois de The Weather e quatro do excelente Man It Feels Like Space Again, os australianos POND de Nick Allbrook, baixista dos Tame Impala, estão de regresso aos discos em dois mil e dezanove com Tasmania, um álbum que viu a luz do dia através da Marathon Artists e idealizado por uma banda obrigatória para todos aqueles que da psicadelia, à dream pop, passando pelo shoegaze e o chamadospace rock, se deliciam com a mistura destas vertentes e influências sonoras, sempre em busca do puro experimentalismo e com liberdade plena para ir além de qualquer condicionalismo editorial que possa influenciar o processo criativo de um projeto.
Oitavo disco da trajetória discográfica dos POND e produzido por Kevin Parker, vocalista dos Tame Impala, Tasmania começou a ser incubado quando Nick Albrook trocou impressões com um cientista especializado em meterologia e questões ambientais que lhe explicou que a temperatura média da Austrália iria continuar a subir consideravelmente nas próximas décadas e que não faltaria muito até a Tasmânia ser o único local habitável desse continente. De facto, canções como o rock orquestral, vibrante e épico de Daisy , o charme hipnótico dos sintetizadores que adornam a melodia de Selené ou o intenso downgrade sonoro, fortemente lisérgico, cósmico e imponente do tema homónimo, (might go and shack up in Tasmania before the ozone goes. And paradise burns in Australia, who knows?) comprovam essa permissa conceptual do disco, alargada com maior abrangência na alegoria pop eletrónica eminentemente sintética de Hand Mouth Dancer, tema em que Albrook alarga as suas preocupações ambientais à realidade geopolítica europeia e à crise de refugiados que atualmente assola o nosso continente (I’m no hero; just do my hand mouth dance,[This is ] for all the actual heroes, dying to get the kids to France). E estes três exemplos, além de mostrarem o leque temático do disco, também podem servir para balizar a matriz sonora de dez canções que apostam, claramente, na diversidade e que têm apenas como ponto comum irem progredindo e aumentando de intensidade, dentro de um universo que terá na expressão rock cósmico talvez a forma mais feliz de se catalogar.
Tasmania é, portanto, mais um retrato fiel do caldeirão sonoro que os POND reservam para nós cada vez que entram em estúdio para compor. Seja no andamento mais progressivo e experimental de Goodnight, P.C.C., no curioso travo R&B de The Boys Are Killing Me ou na vibe cósmica e etérea inicial e depois explosiva de Burnt Out Star, não faltam guitarras alimentadas por um combustível eletrificado que inflama raios flamejantes que cortam a direito, feitas, geralmente, de acordes rápidos, distorções inebriantes e plenas de fuzz e acidez e acompanhadas, desta vez mais do que nunca, por sintetizadores munidos de um infinito arsenal de efeitos e sons originários das mais diversas fontes instrumentais, reais ou fictícias. Para compor o ramalhete não falta ainda uma secção rítmica que aposta, frequentemente, numa sobreposição instrumental em camadas, onde vale quase tudo, mas nunca é descurado um forte sentido melódico e uma certa essência pop, numa busca de acessibilidade enquanto passeamos por uma espécie de jardim contemplativo que nos proporciona um rol de emoções e sensações expressas com intensidade e minúcia, misticismo e argúcia e sempre com uma serenidade extraordinariamente melancólica e bastante impressiva.
Com um clima glam muito próprio, Tasmania enche-nos com um espaço sonoro pleno de texturas e fôlegos e onde é transversal uma sensação de experimentação nada inócua e que espelha o cimento das coordenadas que se apoderaram do departamento de inspiração dos POND, sendo o resultado da ambição deste fabuloso projeto australiano em se rodear, cada vez mais, com uma áurea resplandecente e inventiva e de se mostrar mais heterogéneo e abrangente do que nunca. Espero que aprecies a sugestão...
01. Daisy
02. Sixteen Days
03. Tasmania
04. The Boys Are Killing Me
05. Hand Mouth Dancer
06. Goodnight, P.C.C.
07. Burnt Out Star
08. Selené
09. Shame
10. Doctor’s In
Autoria e outros dados (tags, etc)
Cosmic Mass - Vice Blooms
Foi no primeiro dia do próximo mês de março que chegou aos escaparates Vice Blooms, o disco de estreia do projeto nacional Cosmic Mass, um quarteto sedeado em Aveiro e formado por André Guimas, Miguel Menano, Pedro Teixeira e António Ventura, que se serve de um garage rock de primeira água, com um elevado pendor psicadélico, para criar canções ariscas, intrigantes e ousadas, que vão diretas ao âmago e ao assunto, sem falsos adereços ou enfeites desnecessários.
Estes Cosmic Mass assumem, de queixo erguido, o objetivo claro de se constituirem como uma alternativa consistente à lixeira pop radiofónica que tem invadido as playlists recentemente, sendo, na minha opinião, uma verdadeira lufada de ar fresco no panorama indie e alternativo nacional. a resposta à mais recente onda psych-rock que tantos discos nos tem dado nos últimos tempos.
Assim, nas nove canções deste disco, gravadas e misturadas nos Estúdios Adega, por Alexandre Braga e Hugo Ribeiro, confere-se um garage rock rude, mas tremendamente preciso e maduro, que narra histórias sobre Vice, um personagem criado pela banda numa série de noites de copos, com o clima vigoroso de Mantra, o frenesim elétrico de Desert, oandamente progressivo do tema homónimo e, principalmente, a guitarra hipnótica, esquizófrenica e fortemente combativa, mas incrivelmente controlada de I've Become The Sun, o single já retirado de Vice Blooms, a consituirem-se como portas de entrada perfeitas para a filosofia sonora destes Cosmic Mass, que incubaram, logo na estreia, um rock de punhos cerrados, mas também de proporções incrivelmente épicas, que nos proporciona um verdadeiro orgasmo sonoro volumoso, soporífero e emocionalmente desconcertante. Espero que aprecies a sugestão...
Autoria e outros dados (tags, etc)
Funeral Advantage – Nectarine EP
Lançado há alguns dias à boleia da Sleep Well Records, Nectarine é o novo fôlego na carreira do projeto norte-americano Funeral Advantage de Tyler Kershaw, sete canções que sucedem a um outro EP intitulado Please Help Me, editado no início de dois mil e dezassete e ao longa duração do projeto, um trabalho intitulado Body Is Dead que viu a luz do dia no final do verão de dois mil e quinze.
Natural de Boston, Tyler Kershaw é mestre a criar um ambiente sonoro fortemente etéreo e melancólico, através de canções tipicamente rock, esculpidas com cordas ligas à eletricidade, mas com um travo lo fi charmoso que lhes confere uma fragilidade incrivelmente sedutora, uma certa timidez que não é mais do que um assomo de elegância contida e uma exibição consciente da sapiência melódica de um autor, cantor, produtor e compositor que tem na herança oitocentista o seu principal eixo orientador.
Em Nectarine, assistimos então a uma parada de composições bastante emotivas e intimistas e que além de serem construídas à base de guitarras com efeitos e distorções intrigantes e enleantes e uma percussão bastante vincada, sem ter uma tonalidade exageradamente grave, também estão cheias de boas letras que nos oferecem uma atmosfera sonora épica, positiva, sorridente e bastante apelativa.
O timbre metálico da guitarra de Peach Nectarine, o baixo pulsante que conduz o andamento incisivo e visceral de Black House, o frenesim encantador de Rinsed, o esplendor e a intensidade de Stone Around Your Neck são um convite direto e preciso ao acto de encarar estes últimos dias de inverno com esperança, enquanto ficamos envoltos numa intensa aúrea vincadamente orgânica e, por isso, fortemente sensual, que nos despe de todo aquele mistério, tantas vezes artificial, onde frequentemente nos refugiamos, para que não tenhamos receio de mostrar, com ousadia, a verdadeira personalidade do agregado sentimental que nos carateriza, enquanto não chega a primavera que há-de finalmente libertar-nos de toda esta reclusão que nos entorpece. Espero que aprecies a sugestão...
01. Rinsed
02. Black House
03. Peach Nectarine
04. Stone Around Your Neck
05. Bad Magnet
06. Take Me Down
07. It Never Gets Any Better, You Just Get Used To It
Autoria e outros dados (tags, etc)
Robert Forster - Inferno
Lembram-se dos míticos The-Go Betweens? Pois é... Robert Forster, um dos fundadores deste projeto australiano, andou bastante ocupado nos últimos anos a orientar a histórica edição da Domino Records de Anthology Volume 1 1978-1984 , uma revisitação de alguns dos melhores momentos da sua antiga banda The Go-Betweens e escreveu o livro de memórias Grant & I, que foi eleito pela Mojo e pela Uncut como Livro do Ano. Mas Forster tem também um muito recomendável projeto a solo, que começou há pouco mais de uma década e que acaba de ver um novo capítulo.
O novo disco de Robert Forster chama-se Inferno, é o primeiro registo do artista desde Songs To Play (2015) e contém nove temas gravados em Berlim no último verão, com a ajuda de Victor Van Vugt (Beth OrtonTrailer Park, PJ Harvey Stories From The City, Stories From The Sea), que produziu de modo brilhante o registo e com quem Forster tem trabalhado nesta sua trajetória a solo. Nos créditos de Inferno, lançado através da Tapete Records, é também possível encontrar os multi-instrumentalistas Scott Bromley e Karin Bãumler, que também tocaram em Songs To Play (2015), além do baterista Earl Havin (Tidersticks, Mary J. Blige) e do teclista Michael Muhlhaus (Blumfeld, Kante), que tocam pela primeira vez em canções de Robert Forster.
Inferno é um solarengo festim pop, onde não falta uma vasta interseção de detalhes sonoros oriundos de diferentes latitudes e espetros sonoros, idealizados por um músico com uma vasta experiência e com uma irrepreensível formação musical. Assim, desde a empolgante alegoria pop que é Inferno (Brisbane In Summer), passando pelo groove refrescante de Life Has Turned A Page e pela pitada underground setentista de Remain e terminando, de modo brilhante, dramático e inteligente na épica One Birds In The Sky, este é um registo esteticamente apurado e onde o vintage e o contemporâneo se cruzam de modo muitas vezes impercetível, apenas uma de várias nuances que oferecem à toada geral do alinhamento não só um intenso charme como uma sensação de familiariedade inconfundíveis. Espero que aprecies a sugestão...
01. Crazy Jane On The Day Of Judgement
02. No Fame
03. Inferno (Brisbane In Summer)
04. The Morning
05. Life Has Turned A Page
06. Remain
07. I’ll Look After You
08. I’m Gonna Tell It
09. One Bird In The Sky