man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Mating Ritual – U.N.I.
Menos de um ano do lançamento de Light Myself On Fire, o projeto Mating Ritual do músico californiano Ryan Marshall Lawhon e do seu irmão Taylor Marshall, que planeia nos próximos cinco anos lançar o mesmo número de alinhamentos de canções, está de regresso aos discos já em maio com um trabalho intitulado Hot Content, que será o terceiro registo de originais da dupla e que verá a luz do dia a dez de maio à boleia da editora Smooth Jaws, pertença do próprio Ryan.
U.N.I. é o primeiro single divulgado de Hot Content, uma composição assente numa guitarra efusiante e num baixo imponente, cordas que se aliam a a sintetizadores de elevado cariz retro, com efeitos que disparam em diferentes direções, uma míriade instrumental que aconchega o timbre sintético vocal de Ryan, numa toada que tem tanto de sexy como de robótico e que nos clarifica que vira aí mais um disco que poderia muito bem ter sido congeminado algures no início da década de oitenta e no período aúreo do disco sound. Confere...
Autoria e outros dados (tags, etc)
I Was A King – Slow Century
Já viu a luz do dia, à boleia da Coastal Town Recordings, Slow Century, o novo registo de originais dos noruegueses I Was A King, um coletivo formado por Frode Strømstad, Anne Lise Frøkedal, Ole Reidar Gudmestad e Arne Kjelsrud Mathisen e oriundo de Egersund, nos arredores de Oslo. Liderados pelos dois primeiros, Frode Strømstad e Anne Lise Frøkedal, e a compôr belíssimas canções pop há já mais de uma década, os I Was A King já têm cinco discos em carteira e uma enorme reputação não só no circuito local, mas também no panorama indie nórdico e britânico, inclusive e este novo disco do grupo veio acentuar ainda mais a boa impressão da crítica e de uma já vasta legião de seguidores relativamente ao seu percurso musical.
Os I Was A King admitem ter como principal bitola a pop dos anos sessenta e setenta, mas também abordagens mais contemporâneas deste amplo género musical. Nomes como os The Byrds, Big Star, Robyn Hitchcock, Teenage Fanclub, The Beatles, Incredible Stringband, Guided By Voices, Olivia Tremor Control e Neil Young, entre outros, são declaradas influências. Por isso, sem escutarmos Slow Century, um disco produzido por uma das suas infuências, Norman Blake, dos Teenage Fanclub, quase que conseguimos antecipar o seu conteúdo sonoro e a respetiva base melódica, sabendo de antemão todo este manancial rico e eclético de referências. E de facto, o que se escuta neste alinhamento de doze canções, divididas em cerca de meia hora e que começam logo a impressionar com a ímpar luminosidade da guitarra que conduz Clouds, confirma essas suspeitas que poderiam ter sido formuladas à priri, de estarmos na presença de canções perfeitas para os apreciadores da típica sonoridade pop, feita de imensas cordas, às vezes distorcidas, mas sempre muito melódicas, vozes concisas, límpidas e bem audíveis, cheias de mudanças no tom e, finalmente, uma excelente escrita, daquela que denota um apreciável sentido crítico e uma enorme sensibilidade.
Havendo em Slow Century aquela saudável linearidade, que faz com que o disco seja ouvido de uma vez só sem quase se notar, há, no entanto, canções que de destacam e que denotam sentido criativo e uma vontade expressa de procurar diferentes ritmos e abrodagens instrumentais, nomeadamente com recurso à percurssão, sem fugir à sonoridade padrão adotada. Assim, além da já descrita Clouds, no single Bubble é possível contemplar uma subtil mistura entre sintetizações inebriantes e uma abordagem clássica, mas sempre eficaz às guitarras, num resultado final particularmente efusivo e luminoso. Por outro lado, se o tema homónimo oferece-nos um instante um pouco mais lisérgico e contemplativo, mas igualmente recompensador, já Folksong, mantendo essa abordagem mais intimista, comprova que este grupo também se movimenta com à vontade por climas mais acústicos e orgânicos.
Slow Century é um bom disco de indie pop da mais pura estirpe nórdica, ouve-se em qualquer altura do ano, tem belíssimas canções, está cheio de potenciais singles e prova que, quando os intérpretes têm qualidade, escrever e compôr boa música não é uma ciência particularmente inacessível. Espero que aprecies a sugestão...
01. Clouds
02. Bubble
03. Shake
04. Tiny Dots
05. Hatchet
06. Tanker
07. Slow Century
08. No Way Out
09. Folksong
10. Egersound
11. Run
12. Lighthouse
Autoria e outros dados (tags, etc)
Local Natives – When Am I Gonna Lose You vs Café Amarillo
Cerca de dois anos depois de Sunlit Youth, os norte-americanos Local Natives de Taylor Rice estão de regresso aos discos com Violet Street, um registo produzido por Shawn Everett e que irá ver a luz do dia a vinte e seis de abril, à boleia da Loma Vista Recordings.
When Am I Gonna Lose You e Café Amarillo são dois singles já divulgados de Violet Street, canções em que a banda de Los Angeles se mantém fiel à sua herança sonora, assente num indie rock que se cruza com a eletrónica, algo muitas vezes feito com texturas monumentais e arranjos deslumbrantes, mas também nunca perdendo de vista melodias suaves e mais intimistas, vectores essenciais do conceito sonoro deste grupo e que se deverão estender pelo alinhamento desse novo registo dos Local Natives. De facto, se o piano e a bateria animada de When Am I Gonna Lose You nos oferecem um ambiente mais deslumbrante, luminoso e efervescente, já em Café Amarillo, nos efeitos de cordas, no registo vocal eminentemente agudo e numa guitarra apenas insinuante, mas muito presente, somos puxados para ambientes mais melancólicos, amenos e nostálgicos.
Ambos os temas já tê direito a vídeo oficial, merecendo especial menção o filme de When Am I Gonna Lose You, que conta com a participação especial da atriz Kate Mara, sendo dirigido por Van Alpert. Confere os dois singles...
01. When Am I Gonna Lose You
02. Café Amarillo
Autoria e outros dados (tags, etc)
Helado Negro – This Is How You Smile
Pouco mais de dois anos após o excelente Private Energy, o projeto Helado Negro, liderado por Roberto Carlos Lange, um filho de emigrantes equatorianos, radicado nos Estados Unidos, está de regresso com This Is How You Smile, o seu sexto longa duração. Falo de doze belíssimas canções que plasmam mais um momento marcante deste músico sedeado em Brooklyn, um disco onde Lange amplia as suas experimentações com samples e sons sintetizados de modo a replicar uma multiplicidade de referências sonoras, desta vez em busca de ambientes mais intimstas e acolhedores, que encarnam na perfeição o espírito muito particular e simbólico da música de Helado Negro.
Projeto que me é muito querido, Helado Negro tem conduzido o seu percurso musical sempre em busca da mescla entre aa especificidade sonora centro-americana, muito marcada por percurssões vibrantes e cordas de forte pendor orgânico, com a melhor eletrónica ambiental contemporânea. E de facto, se logo em Please Won't Please, uma sublime sapiência sintética e uma incontida sensação de relaxamento e conforto apoderam-se imediatamente do ouvinte, nos acordes de Imagining What To Do, é fácil viajarmos para as areias calientes do caribe. Depois planamos com os samples dos sons tipicamente sul americanos que adornam os teclados e os sopros ariscos de Fantas, e ficamos prontos para ao som da viola que conduz Pais Nublado, para levantar o nosso olhar para o horizonte sem deixar de querer alargar o diâmetro da nossa anca, possuída, sem dono e com vontade própria, porque ela não resiste a acompanhar, subtilmente, uma canção que fala que vai subindo de intensidade e emoção enquanto provoca igual efeito na temperatura do nosso corpo, que volta a estabilizar ao som do delicado piano que sustenta Running, um tema com forte pendor temperamental e com um ambiente único, feito de nostalgia, mas também de cor, de sonho e de sensualidade. Sabana de Luz é outra composição com um efeito soporífero que convida aquela intimidade que força o pensamento à divagar, mas sem deixar que o mesmo resvale para memórias menos felizes.
É assim a música de Helado Negro, intensa, palpável, urbana e dominada por um pendor acústico e tipicamente latino, mas com a eletrónica em forma de dream pop de cariz lo fi e etéreo e que incluí também travos deR&B, a ser cada vez mais um veículo privilegiado no processo de composição. Nela sente-se facilmente aquele aspeto geográfico e ambiental tão sul americano em que cidade, praia e floresta tropical amiúde se fundem, neste caso num registo com uma elevada vertente autobiográfica, já que nele Lange desabafa sobre experiências individuais da sua infância e juventude. O músico apresenta muito esta filosofia interpretativa, no que concerne à escrita das suas canções, mostrando, sem receios, ser alguém positivamente obcecado pela evocação de memórias passadas e, principalmente, pela concretização sonora de sensações, estímulos, reacções e vivências cujo fato serve a qualquer comum mortal.
Cada vez mais confiante, inspirado e multifacetado, Lange continua a aventurar-se corajosamente na sua própria imaginação, construída entre o caribe que o viu nascer e a América de todos os sonhos. Neste This Is How You Smile contorna, mais uma vez, todas as referências culturais que poderiam limitar o seu processo criativo para, isento de tais formalismos, compilar com música, história, cultura, saberes e tradições, num pacote sonoro cheio de groove e de paisagens sonoras que contam histórias que Helado Negro sabe, melhor do que ninguém, como encaixar. Espero que aprecies a sugestão...
01. Please Won’t Please
02. Imagining What To Do
03. Echo For Camperdown Curio
04. Fantasma Vaga
05. Pais Nublado
06. Running
07. Seen My Aura
08. Sabana De luz
09. November 7
10. Todo Lo Que Me Falta
11. Two Lucky
12. My Name Is For My Friends
Autoria e outros dados (tags, etc)
Ten Fé – Future Perfect, Present Tense
Já viu a luz do dia, à boleia do consórcio Some Kinda Love/PIAS, Future Tense, Present Tense, o novo registo dos londrinos Ten Fé, um alinhamento de onze canções que sucede ao aclamado disco de estreia, Hit The Light, lançado o ano passado. Future Tense, Present Tense foi produzido por Luke Smith (Foals, Depeche Mode) e misturado por Craig Silvey (Arcade Fire, Florence & The Machine).
Hit the Light foi uma das lufadas de ar fresco que o panorama indie britânico sentiu há cerca de dois anos e colocou logo esta banda sob o olhar clínico de grande parte da crítica especializada e de uma já considerável legião de fãs que aguardavam com expetativa o sucessor. E o primeiro elogio que se deve desde já fazer a Future Tense, Present Tense é o modo como abarca composições grandiosas e crescentes, mas também instantes sonoros intimistas e melancólicos, com a grande novidade desta vez a ser um mais efusivo piscar de olhos à pop de cariz mais sintético e retro que fez escola na década de oitenta do século passado, como se confere logo no soft rock do single Won’t Happen, uma nuance que não é nova no grupo, mas que se mostra mais apurada e capaz de agradar a um espetro ainda mais alargado de ouvintes.
Para que a audição deste disco seja usufruida em pleno é preciso que o ouvinte tenha a noção que a ideia de tempo é transversal a praticamente todo o registo. A canção que melhor plasma essas noções temporais é o single No Night Lasts Forever, canção que se debruça sobre o tempo que demora para chegar a algo, o tempo que nunca voltará e o tempo que ainda está para vir. Esta composição com uma sonoridade assente numa onda sintética particularmente expansiva e luminosa, é um tratado pop inspirado e rico que, quer na luminosidade da acusticidade inicial das cordas, quer na emotividade da sua escrita, reforça a tal presença na filosofia interpretativa atual dos Ten Fé e a predisposição para oferecerem ao ouvinte uma paleta de sons o mais inédita, urbana e contemporânea possível, fazendo-o com o tal espectro mais virado para a electrónica e para o synthpop, os estilos que atualmente mais seduzem e melhor conseguem captar a alma deste grupo londrino. O impressionismo percurssivo de Coasting, o travo setentista de Echo Park e o piano que conduz To Lie Here Is Enough, são outros focos de vitalidade, astúcia e de uma declarada intencionalidade pop de um álbum que passa com distinção no sempre difícil teste do segundo disco. Espero que aprecies a sugestão...
01. Won’t Happen
02. Isn’t Ever A Day
03. No Night Lasts Forever
04. Coasting
05. Echo Park
06. Caught On The Inside
07. To Lie Here Is Enough
08. Here Again
09. Not Tonight
10. Can’t Take You With Me
11. Superrich
Autoria e outros dados (tags, etc)
Swimming Tapes - Pyrenees
Os Swimming Tapes são os norte irlandeses Louis Price, Robbie Reid, Paddy Conn e Jason Hawthorne e o baterista inglês Andrew Evans, cinco amigos sedeados em Londres e que se preparam para surpreender a crítica com Morningside, o registo de estreia do grupo, que verá a luz do dia na próxima primavera, à boleia da Sub Pop Records.
Já com dois EPs em carteira, os Swimming Tapes gravaram Morningside nos estúdios Haggerston, no leste de Londres, com a ajuda de Paddy Baird (Kowalski, Two Door Cinema Club, Warm Digits) e contaram com Tom Schick (Wilco, Nora Jones, Glen Hansard) para a mistura do mesmo, feita no outro lado do atlântico, em Chicago, nos míticos estúdios Loft de Chicago, propriedade dos Wilco de Jeff Tweedy.
Pyrenees é o mais recente single divulgado de Morningside, uma composição que mistura de modo deliciosamente sonhador cordas luminosas e vibrantes com uma bateria viciante e com a serenidade vocal de Robbie e Louis, que juntos, denotando uma imensa cumplicidade, adicionam um travo fascinante e envolvente a uma música otimista, alegre e apelativa. Confere...
Autoria e outros dados (tags, etc)
Balthazar - Fever
Quase meia década após o aclamado Thin Walls, os belgas Balthazar estão de regresso no início deste ano aos lançamentos discográficos com Fever, um disco que viu a luz do dia a vinte e cinco de janeiro através da etiqueta Play It Again Sam e que foi idealizado por Jinte Deprez e Maarten Devoldere, as duas grandes mentes criativas do projeto.
Após o lançamento e a promoção de Thin Walls, os dois grandes mentores dos Balthazar exploraram outros territórios e latitudes sonoras, algo que acabou por influenciar o conteúdo de Fever. Enquanto Devoldere andou pela antiga república soviética do Quirguistão a gravar temas de jazz abrigado pelo alterego Warhaus, Deprez ficou por Ghent a aprofundar a sua paixão antiga pelo R&B mais clássico, tendo gravado um disco a solo, assinando nele J. Bernardt. Quando ambos se voltaram a reunir para preparar a nova etapa dos Balthazar levaram consigo essas novas nuances que acabam, certamente, por estar impressas de modo mais ou menos explícito no conteúdo de Fever. Aliás, isso percebeu-se logo umas semanas antes do lançamento do álbum quando foi dado a conhecer o single I’m Never Gonna Let You Down Again, uma composição charmosa e com uma soul muito própria, assente numa linha de baixo plena de groove e adornada por deliciosos falsetes e diversos arranjos de elevado apuro melódico e onde as teclas são protagonistas.
Os Balthazar sempre tiveram uma preocupação clara em seguir determinados cânones e regras pré-estabelecidas por eles próprios, ou seja, sempre elegeram a sua bitola como se estivessem plenamente convencidos que existe um caminho bem balizado rumo ao estrelato e ao sucesso comercial e Fever demonstra essa filosofia já que assume-se como um compêndio sonoro com uma elevada maturidade, quer melódica quer instrumental e com um acerto criativo que não defrauda minimamente a herança anterior deste grupo belga.
Ao longo do alinhamento, canções comoa homónima Fever, uma composição que plasma todos os dotes percurssivos e ritmícos do grupo, a sedutora e intrigante Changes, o baixo proativo de Wrong Faces, a boémia Phone Number e o groove dançante da festiva Entertainment são, além do single inicialmente descrito, outras notáveis composições que demonstram o modo coerente e apaixonado como os Balthazar funcionam enquanto corpo único e como catalizaram toda a energia para compor excelentes e convincentes músicas que são prova de uma notável auto confiança, uma tremenda experiência e um acerto interpretativo incomum. Espero que aprecies a sugestão...
01. Fever 06:05
02. Changes 03:46
03. Wrong Faces 03:57
04. Whatchu Doin’ 03:44
05. Phone Number 04:51
06. Entertainment 03:08
07. I’m Never Gonna Let You Down Again 03:37
08. Grapefruit 04:56
09. Wrong Vibration 02:46
10. Roller Coaster 02:47
11. You’re So Real
Autoria e outros dados (tags, etc)
Panda Bear – Buoys
Já está nos escaparates desde o início do passado mês de fevereiro Buoys, o sexto álbum de estúdio do músico norte-americano Panda Bear, mais um vigoroso passo em frente na carreira a solo de Noah Lennox, um músico natural de Baltimore, no Maryland e a residir em Lisboa e um dos nomes obrigatórios da indie pop e daquele rock mais experimental e alternativo que se deixa cruzar por uma elevada componente sintética, sempre com uma ímpar contemporaneidade e enorme bom gosto.
Quem acompanha cuidadosamente e com particular devoção a carreira de Panda Bear, compreende a necessidade que ele sente de propôr em cada novo disco algo que supere os limites da edição anterior. É como se, independente da pluralidade de acertos que caracterizavam o antecessor, o novo compêndio de canções que oferece tenha que transpôr barreiras e como se tudo o que fora antes construído se encaminhasse de alguma forma para o que ainda há-de vir, já que é frequente perceber que, entre tantas mudanças bruscas e nuances, é normal perceber que, para Bear, o que em outras épocas fora acústico, transformou-se depois em eletrónico, o ruidoso tornou-se melodioso e o que antes era experimental, estranhamente aproximou-se da pop. Agora, quase quatro anos depois do aclamado Panda Bear Meets The Grim Reaper e um do EP A Day With The Homies, Lennox dá um novo significado a essa necessidade de superação e de evolução a cada disco no conteúdo deste Buoys, um regresso a um maior minimalismo e acusticidade, numa sequência de nove canções que não deixam de nos oferecer ainda primorosas e atrativas experimentações, mas com um menor nível de desordem sonora e, consequentemente, uma maior acessibilidade para o ouvinte, com o próprio autor a confessar que pretendeu fazer desta vez canções que a sua descendência pudesse ouvir, compreender e apreciar.
Assim, num álbum sereno, apelativo e coerente, importa antes de mais referir que uma das maiores diferenças que notamos neste Buoys relativamente aos registos anteriores do autor é uma maior predominância da componente vocal na sonoridade global dos temas. Isso não significa necessariamente que exista uma maior abundância dessa vertente, desta vez gravada quase sempre num único take, mas é um facto que desta vez as batidas sintéticas e os efeitos maquinais das cordas ou a sua acusticidade, em vez de se sobreporem à voz, amparam-na e, em alguns casos, até ajudam a evidenciar os dotes de quem a replica. E para esta nova realidade plasmada em Buoys muito contribuiu o excelente trabalho de produção de Rusty Santos, além de diversos arranjos da autoria de DJ e cantora de trap e reggaetón chilena Lizz, não só vocais mas também, por exmplo, de gotas de água ou disparos de laser, só para citar alguns dos exemplos mais audíveis e felizes. Por exemplo, no caso das gotas de água, são elas que de certa forma marcam o ritmo de Dolphin, o single de apresentação do disco e ajudam a dar ao tema uma frescura e um colorido muito curiosos e apelativos.
Mas há outros momentos fortes e merecedores de devoção e audição atenta neste Buoys. O eco que ressoa das cordas e da voz que dá vida a Cranked, atravessada pelos tais lasers, o toque cósmico do dub crescente em Token, o belíssimo instante de folk psicadélica que é I Know I Don't Know ou o (falso) minimalismo tremendamente detalhístico de Master, fazem o disco fluir com uma salutar leveza e uma homogeneidade que acaba por fazer transparecer um certo humanismo que Lennox certamente quis que transbordasse de um alinhamento que entre o experimental e o atmosférico, seduz e emociona, um rol de canções em que, parecendo que não, abundam sons que tão depressa surgem como se desvanecem e deixam-nos sempre na dúvida sobre uma possível alteração repentina do rumo dos acontecimentos, exigindo ao ouvinte estar permanentemente alerta e focado no que escuta.
Exatidão e previsibilidade não são palavras que constem do dicionário deste autor e Buoys, um disco corajoso e encantador, plasma mais uma completa reestruturação no som de Panda Bear, firmada por uma poesia sempre metafórica, o que faz com que este artista se mostre ao mesmo tempo próximo e distante da nossa realidade e capaz de atrair quem se predispõe a tentar entendê-lo para cenários complexos, mas repletos de sensações únicas e que só ele consegue transmitir. Espero que aprecies a sugestão...
01. Dolphin
02. Cranked
03. Token
04. I Know I Don’t Know
05. Master
06. Buoys
07. Inner Monologue
08. Crescendo
09. Home Free
Autoria e outros dados (tags, etc)
Vampire Weekend - Sunflower vs Big Blue
Mais de meia década depois do excelente Modern Vampires of the City, disco lançado em dois mil e treze, os Vampire Weekend de Ezra Koenig, Rostam Batmanglij, Chris Baio, Chris Tomson, Greta Salpeter, estão finalmente de regresso aos lançamentos discográficos com Father Of The Bride, o quarto disco da carreira do grupo de Nova Iorque, ainda sem data de lançamento definida mas certamente neste ano de dois mil e dezanove.
De acordo com Ezra Koenig, Father Of The Bride será um disco duplo com dezoito composições e um terço do alinhamento deste lançamento será divulgado ao grande público no primeiro semestre deste ano, tendo esse processo já dado o pontapé de saída com Harmony Hall e 2021, os dois primeiros temas disponibilizados do novo álbum dos Vampire Weekend. E pelos vistos a estratégia de divulgação de composições do registo aos pares continua a estar na linha da frente, acabando de ser disponibilizados agora, em simultâneo, os temas Sunflower e Big Blue.
Sunflower é um buliçoso tema que conta com a participação especial de Steve Lacy dos Internet, uma composição solarenga e com um groove bastante charmoso assente num trabalho rítmico e percurssivo bastante radiante. O vídeo do tema foi realizado por Jonah Hill no famoso Zabar’s, em Upper West Side, Manhattan e será divulgado muito em breve. Já Big Blue tem um cariz mais minimalista e acústico, impressionando pelo brilho das cordas que sustentam uma melodia pop com um certo cariz bastante íntimo e melancólico, um exercício de composição assertivo e que mostra todo o virtuosismo de uma banda que deverá figurar, pelas amostras já divulgadas do seu novo disco, na lista dos grandes regressos de dois mil e dezanove . Confere...
01. Sunflower
02. Big Blue
Autoria e outros dados (tags, etc)
The Black Keys – Lo/Hi
Cinco anos depois de Turn Blue, a dupla The Black Keys de Dan Auerbach e Patrick Carney estará provavelmente de regresso em dois mil e dezanove com um novo disco. Para já, acabam de divulgar um novo tema intitulado Lo/Hi, gravado no estúdio Easy Eye Sound, em Nashville e produzido pela própria banda.
Confortáveis com o passado, mas cientes da capacidade que têm de prosseguirem a carreira sem cair na repetição, em Lo/Hi os The Black Keys voltaram a ganhar carisma, vibração, potência e um elevado charme, numa canção com um groove intenso e pleno de soul, conduzida por uma guitarra mais perto do que nunca do punk rock de garagem. Confere...