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Ultimate Painting – Up!

Sexta-feira, 30.11.18

Dois anos depois do excelente Dusk, já se conhece o conteúdo de Up!, o quarto disco da carreira dos Ultimate Painting, uma dupla inglesa formada por Jack Cooper e James Hoare, habituais colaboradores dos Mazes e de Veronica Falls e que, curiosamente, no início deste ano, portanto alguns meses antes do lançamento deste registo, tinham anunciado a separação devido a divergências criativas irreconciliáveis. Na altura, a dupla chegou a solicitar à Bella Union, o novo selo da banda depois dos três alinhamentos anteriores terem sido abrigados pela Trouble In Mind Records, para que este disco, que já estava pronto, não fosse lançado, mas a verdade é que, felizmente, Up! viu a luz do dia para gaúdio de todos aqueles que, tal como eu, vibram com esta banda que aposta nos traços mais caraterísticos da indie pop, para lhes dar um certo toque psicadélico, coberto por uma aúrea de sensibilidade e fragilidade romântica indisfarçáveis, tudo rematado com uma inconfundível pitada de charme.

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Os Ultimate Painting são exímios na criação de melodias que transmitem sensações onde a nostalgia do nosso quotidiano se reveja e, nesse particular, distinguem-se pela qualidade que demonstram na criação de típicas canções de amor, envolvidas com um certo toque psicadélico.

Portanto, em Up!, as solarengas e levitantes cordas de Needles In My Eyes, o ternurento efeito metálico do single Not Gonna Burn Myself Anymore, uma canção emotivamente forte, conduzida por um baixo vincado e uma guitarra cheia de soul, o tom confessional de I Am Your Gun, o piano melancólico de Someone's Out To Get You ou a luminosidade melódica que chega a inebriar em Foul & Fair e a ofuscar no cerrar de punhos a que sabe Take Shelterpermitem-nos, com uma certa clareza, refletir sobre tão nobre sentimento e tudo aquilo que de bom tem para nos oferecer, enquanto percebemos os diferentes elementos sonoros que vão sendo adicionados e esculpindo as canções, com as guitarras, melodicamente sempre muito próximas da postura vocal e os arranjos sintéticos a sobressairem, não porque ficam na primeira fila daquilo que se escuta, mas porque suportam aqueles simples detalhes que, muitas vezes com uma toada lo fi, fazem toda a diferença no cariz que a canção toma e nas sensações que transmite.

Em Up! vai-se, num abrir e fechar de olhos, do nostálgico ao glorioso, numa espécie de indie-folk-surf-suburbano, feito por mestres de um estilo sonoro carregado de um intenso charme e que parecem não se importar de transmitir uma óbvia sensação de despreocupação, algo que espalha um bom gosto ainda maior pela peça em si que este disco representa. Neste disco, os Ultimate Paiting encerram em grande forma e de um modo extraordinariamente jovial, uma curta mas profícua carreira que seduziu-me pela forma genuína e simples como nela retrataram sonoramente e com superior clarividência eventos e relacionamentos de um quotidiano rotineiro, mas onde o amor é a grande força motriz no modo como nos encadeamos uns nos outros. Espero que aprecies a sugestão...

Ultimate Painting - Up!

01. Needles In My Eyes
02. Not Gonna Burn Myself Anymore
03. I Am Your Gun
04. Foul And Fair
05. Someone’s Out To Get You
06. Take Shelter
07. My Procedure
08. Lying In Charles Street
09. Darkness In His Eyes
10. Snake Pass

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publicado por stipe07 às 12:57

Galo Cant’Às Duas - Sobre Um Tanto Medo

Quinta-feira, 29.11.18

Moita, no concelho de Castro Daire, é um ponto geográfico nevrálgico fulcral para o projeto Galo Cant’às Duas, uma dupla natural de Viseu, formada por Hugo Cardoso e Gonçalo Alegre e que tocou pela primeira vez nesse local, de modo espontâneo, durante um encontro de artistas. Nesse primeiro concerto, o improviso foi uma constante, com a bateria, percussões e o contrabaixo a serem os instrumentos escolhidos para uma exploração de sonoridades que, desde logo, firmaram uma enorme química entre os dois músicos.

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Inspirados por esse momento único, Hugo e Gonçalo arregaçaram as mangas e há cerca de dois anos começaram a compor, ao mesmo tempo que procuravam dar concertos, sempre com a percussão e o contrabaixo na linha da frente do processo de construção sonora. A guitarra e o baixo elétrico acabam por ser dois ingredientes adicionados a uma receita que tem visado, desde Os Anjos Também Cantam, o disco de estreia do projeto editado na primavera do ano passado, a criação de um elo de ligação firme entre duas mentes disponíveis a utilizar a música como um veículo privilegiado para a construção de histórias, mais do que a impressão de um rótulo objetivo relativamente a um género musical específico.

Agora, cerca de ano e meio depois dessa estreia auspiciosa, os Galo Cant’Às Duas deixaram a guitarra em casa, olharam com maior gula para os sintetizadores e já anunciaram o sempre difícil segundo disco, um trabalho chamado Cabo da Boa Esperança, que verá a luz do dia em janeiro e do qual já se conhece o single de apresentação, um tema intitulado Sobre Um Tanto Medo, uma canção que plasma a inegável ousadia e mestria instrumental da dupla, nomeadamente na percussão e que serviu-se de um salutar experimentalismo psicadélico para nos levar numa viagem de descoberta de um leque variado de extruturas e emoções que se vão sobrepondo e antecipando diversas quebras e mudanças de ritmo e fulgor. 

De acordo com o press release de lançamento do single, para o respectivo vídeo, interessou a ideia de filmar o lugar onde realizaram a capa do disco. Naturalmente sem acompanhar a cadência da música quiseram provocar a dúvida da sua real existência. De um não-lugar, de um universo que é nosso ou criado por nós. Sentiram assim a necessidade de imortalizar/revitalizar aquele lugar que o vídeo vai mostrando e dando vida.

No dia vinte e oito de Dezembro acontecerá uma festa de pré lançamento que se intitula Cantar de Galo. No Carmo’81, em Viseu, os Galo Cant’Às Duas convidam também o percussionista João Pais Filipe, que recentemente lançou o seu disco a solo, para abrir o que será uma noite de celebração cheia de pessoas bonitas que fizeram também parte deste processo de criação. Confere o single de apresentação de Cabo da Boa Esperança...

 

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publicado por stipe07 às 18:36

Preoccupations – Pontiac 87

Terça-feira, 27.11.18

Preoccupations - Pontiac 87

Õs canadianos Matt Flegel e Mike Wallace são dois músicos já habituados a recomeços no que concerne a projetos musicais. Depois de terem feito parte dos extintos Women, um projeto que terminou a carreira há alguns anos mas que deixou saudades no universo sonoro alternativo, incubaram os extraordinários Viet Cong, um coletivo que fez furor há três anos com um disco homónimo que foi considerado por esta redação como o melhor do ano, em 2015. Este nome tão sugestivo da banda acabou por não sobreviver à crítica, muita dela oriunda do importante mercado discográfico e, por isso, a dupla viu-se na necessidade de se reinventar de novo, surgindo agora sobre a capa dos Preoccupations, um coletivo onde à dupla se juntam os guitarristas Scott Munro e Daniel Christiansen, que já os acompanhavam nos Viet Cong. New Material foi o registo discográfico que deu o pontapé de saída a esta nova vida do projeto no início da última primavera, dez canções alicerçadas num post punk labiríntico de elevado calibre e abençoado pela chancela da insuspeita Jagjaguwar, uma das principais editoras independentes norte-americanas.

Agora, pouco mais de meio ano depois de New Material, os Preoccupations preparam-se para ir para a estrada na América do Norte com os Protomartyr, uma banda de pós-punk norte americana formada há já uma década em Detroit e que conta com Joe Casey nas vozes, Greg Ahee na guitarra, Alex Leonard na bateria e Scott Davidson no baixo. Para comemorar este avanço em conjunto para os palcos, os dois grupos resolveram editar uma cover de ambos, disponível digitalmente e num single em vinil de sete polegadas, este último via Domino Records e com o título Telemetry At Howe Bridge. Assim, se os Protomartyr gravaram uma cover de Forbidden, um tema dos Preoccupations disponível no lado b desta edição, no lado a está Pontiac 87, um original dos Protomartyr que os Preoccupations revisitaram através de um rock progressivo de elevada qualidade, com a percussão e o baixo vibrante em perfeita harmonia e a voz amplificada e distorcida, conjugada com guitarras carregadas de distorção, a conferir à canção uma toada psicadélica extraordinária. Confere...

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publicado por stipe07 às 08:45

Zero 7 - Mono

Terça-feira, 27.11.18

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Os britânicos Zero 7 de Henry Binns e Sam Hardaker, um dos projetos fundamentais da eletrónica downtempo e da chillwave, já não davam sinais de vida há algum tempo, nomeadamente desde dois mil e quinze quando colaboraram com José González no tema Last Light. Agora, três anos depois dessa composição, eles estão de volta com novidades, um novo single intitulado Mono, que resulta de uma parceria profícua com o cantor Hidden.

Mono tem como grandes atributos, além da performance vocal irreprensível de Hidden, um arquétipo sonoro de forte cariz cinematográfico, num registo muito quente e a apelar à soul, uma canção que exala aquele charme típico da dupla e que reforça o ambiente fashion que sempre caraterizou os Zero 7. Confere...

Zero 7 - Mono

01. Mono (Feat. Hidden)
02. Mono (Feat. Hidden) (Thool Remix)
03. Mono (Thool Remix Instrumental)

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publicado por stipe07 às 08:26

Ten Fé - No Night Lasts Forever

Segunda-feira, 26.11.18

Ten Fé - No Night Lasts Forever

Os londrinos Ten Fé vão lançar a oito de março do próximo ano, à boleia do consórcio Some Kinda Love/PIAS, Future Tense, Present Tense, o novo registo do grupo e que sucede ao aclamado disco de estreia, Hit The Light, lançado o ano passado. Future Tense, Present Tense foi produzido por Luke Smith (Foals, Depeche Mode) e misturado por Craig Silvey (Arcade Fire, Florence & The Machine) e do seu alinhamento já se conheciam os singles Won’t Happen Not Tonight, sendo o mais recente um tema intitulado No Night Lasts Forever e que, à semelhança dos temas anteriores, aborda noções temporais, nomeadamente o tempo que demora para chegar a algo, o tempo que nunca voltará e o tempo que ainda está para vir.

Com uma sonoridade assente numa onda sintética particularmente expansiva e luminosa, No Night Lasts Forever é um tratado pop inspirado e rico que, juntamente com as outras canções já conhecidas, faz antecipar um excelente sempre difícil segundo disco deste projeto. Já agora, acerca desta composição a banda referiu recentemente: there was a debate when we were writing the song as to whether that’s an optimistic or a pessimistic statement. But we decided we liked the ambiguity – that it didn’t have to be one or the other. Confere...

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publicado por stipe07 às 13:10

The Smashing Pumpkins – Shiny And Oh So Bright, Vol. 1 / LP: No Past. No Future. No Sun.

Quinta-feira, 22.11.18

Billy Corgan acaba de dar mais um passo fundamental para que os seus The Smashing Pumpkins, uma banda fundamental do rock alternativo das últimas três décadas, consigam regressar aos bons e velhos tempos, com a edição recente de Shiny And Oh So Bright, Vol. 1 / LP: No Past. No Future. No Sun., um compêndio de oito canções gravadas com a ajuda de Rick Rubin e que viu a luz do dia há alguns dias via Napalm Records.

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Já não é a primeira vez que Billy Corgan tenta fazer com que os The Smashing Pumpkins regressem às luzes da ribalta, depois da espetacular sucessão discográfica que o projeto criou no início da década de noventa do século passado. Oceania, disco lançado há mais ou menos seis anos pela EMI, e Monuments To An Elegy, dois anos depois, tinham sido as últimas tentativas concretas dessa ressurreição de uma saga que se tinha tornado algo penosa depois de Adore (1998), Machina (2000) e Teargarden by Kaleidyscope (2007), disco inspirado no universo das cartas do tarot e com quarenta e quatro canções e, principalmente, depois da saída da banda de Jimmy Chamberlin e James Iha, elementos fulcrais na extraordinária sonoridade que compôs Siamese Dream e Mellon Collie and the Infinite Sadness, dois discos que são para mim uma referência incontornável da música que ouvi apaixonadamente há pouco mais de vinte anos. Desta vez, parece-me haver uma maior possibilidade de sucesso porque, além de contar com o guitarrista Jeff Schroeder, colaborador de longa data de Corgan, finalmente conseguiu fazer regressar a casa Iha e Chamberlin e assim, voltar a colocar no cardápio do projeto canções com aquele timbre de guitarra metálico único sustentado por uma densidade encorpada que todos nós conhecemos e que, neste Shiny And Oh So Bright, Vol. 1 / LP: No Past. No Future. No Sun., as amostras Silvery Sometimes (Ghosts) e Solara exemplarmente replicam.

Os pouco mais de trinta minutos deste registo que, pelo título, terá certamente, em breve, um egundo capítulo, são, portanto, uma mistura entre os melhores detalhes do rock alternativo da década de noventa, com algumas das atuais tendências, com os violinos e o piano de Knights Of Malta acamados por um baixo vibrante, a serem, logo a abrir o alinhamento, um exemplo claro deste novo fôlego de quem pretende não renegar as suas origens e mostrar-se competente na abordagem a uma contemporaneidade que exige mestria para encaixar devidamente no seu ADN sonoro.

O disco contém letras interessantes e apelativas, com o apelo sentido de Travels a ser a mais curiosa de um disco onde a temática do amor mais inocente e puro opôe-se às ideias de raiva e angústia que dominaram a escrita de Corgan durante muito tempo e que sempre encaixaram como uma luva na sua voz, novamente espontânea e ingénua. O registo num quase falsete que Corgan canta neste tema e que eu apreciei particularmente, é complementado, de modo assertivo, com a simplicidade do riff que remata o refrão e em Alienation, o modo como, a espaços, em vez de cantar quase declama, e aquela raiva incontida que nos é tão cara e que ele volta a exalar no emo punk de Marchin’ On, são mais duas demonstrações superiores da maturidade e do grau de integridade que Corgan consegue mostrar relativamente ao seu registo vocal único e ainda inconfundível.

Impecavelmente produzido,  Shiny And Oh So Bright, Vol. 1 / LP: No Past. No Future. No Sun. é um disco curto, mas ousado no modo como procura fazer com que os The Smashing Pumpkins se tornem novamente relevantes, sendo louvável o modo como Corgan procurou reunir novamente os seus parceiros mais queridos e com eles oferecer-nos novas amostras que complementam superiormente todas as vidas que já viveu na banda que lidera, com um resultado coeso e que se escuta com particular interesse. Espero que aprecies a sugestão...

The Smashing Pumpkins - Shiny And Oh So Bright, Vol. 1 - LP No Past. No Future. No Sun.

01. Knights Of Malta
02. Silvery Sometimes (Ghosts)
03. Travels
04. Solara
05. Alienation
06. Marchin’ On
07. With Sympathy
08. Seek And You Shall Destroy

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publicado por stipe07 às 17:56

LUMP - LUMP

Quarta-feira, 21.11.18

Foi no início do último verão que viu a luz do dia, à boleia da Dead Oceans, LUMP, o disco homónimo de estreia do projeto com o mesmo nome que junta os britânicos Laura Marling e Mike Lindsay, membro dos Tunng, uma inusitada mas bem sucedida colaboração que começou a ganhar vida há cerca de dois anos quando os dois músicos se conheceram. LUMP materializa-a em sete canções que se fundamentam numa necessidade de ambos de refletirem sobre a sociedade de consumo, através de composições misturadas com uma ímpar contemporaneidade e com inegável bom gosto, cimentadas numa fusão feliz entre pop, eletrónica e folk.

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Lump is a product, assim termina este disco que tem como principal força motriz as reflexões de Laura sobre a desmesurada importância que as marcas, os produtos e a aparência têm na realização pessoal de muitas pessoas. Palavra escolhida pela filha de seis anos de Marling para batizar quer o disco, quer a figura criada para o mesmo que ilustra o artwork, quer o próprio projeto, LUMP tem essa carga conotativa, servindo como uma espécie de sinónimo ou de palavra chave para aquilo que é o pensamento crítico da dupla relativamente à obsessão pelo consumo, um vocábulo que aqui é personificadono tal peluche e musicado numa combinação de estilos entre a habitual interpretação vocal angelical de Marling e o modus operandi sonoro de Lindsay, um compositor que está sempre pronto para criar melodias doces e cativantes, mesmo que sejam adornadas, muitas vezes, com arranjos e samples à primeira vista tendencialmente agrestes e ruidosos. Acaba por ser uma parceria que, à primeira audição, pode parecer antagónica, mas que acaba por soar a um charme e a uma elegância inegáveis, principalmente no modo como, em vários temas, alguns detalhes percussivos algo abrasivos e um vasto oceando de sintetizações, a maioria de cariz falsamente minmalista, se entrelaçam com o registo vocal doce e aconchegante de Marling.

Desse modo, na intrigante combinação de cordas com teclas e na tremenda languidez vocal em Hand Hold Hero (Money didn’t buy you nothing at all, Accept a ball for your chain), no clima algo claustrofóbico, mas também empático de Shake Your Shelter (born a crab, naked and sad), uma canção que reflete de modo impressivo aquela sensação de isolamento e de vazio que muitos sentem num mundo tão amplo e tão vasto como é o nosso, exatamente por causa de algumas opções comportamentais (I know the feeling of losing the ceiling on a beach full of empty shells)  e na pop charmosa e espirituosa de Curse of the Contemporary, a composição melodicamente mais feliz e acessível do disco, LUMP vai-se convertendo nos nossos ouvidos num portento de sensibilidade e optimismo, um álbum a transbordar uma espécie de amor que é oferecido por quem cria a quem escuta e que parece ser só passível de ser sentido na nossa imaginação, mas que é real porque nos liberta definitivamente de algumas das amarras que ainda filtram o modo como a nossa consciência vê o mundo, dia após dia. De facto, o maior ensinamento que LUMP nos permite usufruir é que no seio de um processo de criação sonora algo complexo e que não renegou o uso de várias influências e onde o experimentalismo livre de constrangimentos se assumiu como uma filosofia condutora marcante,  é uma verdade insofismável que por mais que a existência humana e tudo o que existe em nosso redor, estejam amarrados à ditadura da tecnologia, estas canções podem ser um veículo para o encontro do bem e da felicidade, quer pessoal quer até coletiva. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 15:33

The Good, The Bad And The Queen – Merrie Land

Terça-feira, 20.11.18

Doze anos depois do excelente disco de estreia homónimo, os The God, The Bad And The Queen de Damon Albarn, Paul Simonon, Simon Tong e Tony Allen estão de regresso com Merrie Land, um registo que chegou aos escaparates há alguns dias. É um estrondoso trabalho discográfico, produzido por Tony Visconti e que poderá muito bem vir a figurar em várias listas dos melhores álbuns de dois mil e dezoito.

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O melancólico, mas sempre genial, brilhante, inventivo e criativo Damon Albarn é, obviamente, a personagem central deste projeto que junta quatro músicos de insuspeita qualidade e com provas dadas no panorama indie britânico há várias décadas. Assim, falar da filosofia que Damon Albarn pretende como artista para este projeto The Good, The Bad And The Queen, que esperou quase uma dúzia de anos para ter um novo registo depois da espetacular estreia, e não abordar as experiências musicais do artista em projetos tão significativos como os Blur, os Gorillaz ou a solo, é algo impossível, já que em todos eles há um ponto em comum bem vincado, o modo como o homem Damon Albarn vê a contemporaneidade e em especial a Inglaterra e como, na pele do artista Damon Albarn, transporta as suas ideias e essa sua visão crítica bastante clínica, lúcida e clarividente para as canções que compôe e que, independentemente do género e estilo que abarcam (e os seus vários projetos permitem-lhe uma abrangência e um ecletismo ímpares), têm sempre um marco de excelência, de brilho e de bom gosto.

Assim, se o homónimo The Good, The Bad & The Queen narrava, de certo modo, uma jornada imaginária por algumas ruas mais obscuras de uma Londres cosmopolita mas ainda com fortes marcas ancestrais e com tradições que remontam à revolução industrial, Merrie Land deve imenso a algumas viagens que Albarn fez pelo norte de Inglaterra, nomeadamente pela zona costeira de Blackpool, de certo modo descritas quer no tema homónimo quer em Lady Boston, oferecendo-nos, assim, uma visão mais abrangente sobre o reino de sua majestade, com as suas onze canções a ganharem vida através de poemas comuns sobre o quotidiano ordinário de um típico bife, na busca de explicarem aquilo que é hoje o ser inglês, com a realidade civilizacional, social, económica e cultural do mesmo muito marcada pela crise financeira de início desta década em Inglaterra, as consequentes medidas de austeridade que potenciaram o brexit e, mais recentemente, a comemoração dos cem anos do fim da primeira grande guerra e as memórias familiares que este evento despoletou em muitas famílias inglesas que têm aproveitado o momento para homenagearem e recodarem alguns dos seus heróis esquecidos e as suas façanhas.

É pois, nas asas de uma espécie de folk rock baseado em cordas exuberantes e com um brilho muito inédito e sui generis, amiúde adornadas por detalhes percursivos curiosos, dos quais sobressaiem diversos tipos de metais, um baixo discreto mas essencial no sustento do edifício melódico da maioria dos temas e um piano algo descontraído mas que aparece sempre no momento certo para conferir uma elevada dose de charme, que brilham canções como a descontraída e animada Gun To The Head ou a intrincada homónima. Esta última, por exemplo, é uma lindíssima peça sonora que nos coloca no meio de um teclado cósmico, de leves batidas e de uma guitarra que nos faz emergir da solidão, com a voz calma e humana de Albarn a mostrar-nos, uma vez mais, que por trás de um músico que tinha tudo para viver uma existência ímpar e plena de excessos, existe antes um homem comum, às vezes também solitário e moderno. Mas também nos detalhes doces da contemplativa Ribbons, no clima mais soturno de Nineteen Seventeen ou na sedutora Drifters & Trawlers se consegue sentir aquela névoa húmida tipicamente britânica e visualizar multidões em chapéu de coco a beber um chá ou um gin e a ter conversas humoradas com o típico sotaque que todos conhecemos, enquanto ao fundo, chaminés de tijolo fumarentas e barcos a vapor fazem respirar a alma de um povo sedento de normalidade, num mundo atual tão mecanizado e rotineiro e que, tantas vezes, atrofia, de algum modo, a predominância das vontades e necessidades de cada um, em detrimento daquilo que é descrito como o bem e a vontade comuns. Espero que aprecies a sugestão... 

The Good, The Bad And The Queen - Merrie Land

01. Introduction
02. Merrie Land
03. Gun To The Head
04. Nineteen Seventeen
05. The Great Fire
06. Lady Boston
07. Drifters And Trawlers
08. The Truce Of Twilight
09. Ribbons
10. The Last Man To Leave
11. The Poison Tree

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publicado por stipe07 às 21:05

The Vaccines – All My Friends Are Falling In Love

Domingo, 18.11.18

The Vaccines - All My Friends Are Falling In Love

Produzido por Ross Orton, Combat Sports foi o registo discográfico que os britânicos The Vaccines de Justin Young, Freddie Cowan, Pete Robertson, Árni Árnason, editaram na passada primavera, o quarto registo de originais da carreira deste projeto que se estreou em 2011 com o aclamado  What Did You Expect from The Vaccines? e que desde então tem pautado o seu percurso discográfico pela consolidação de uma estética sonora que, numa esfera indie rock, nunca deixou de olhar quer para alguns detalhes dopunk, como para certos tiques e arranjos que sobrevivem à sombra da eletrónica.

Agora, cerca de meio ano depois de colocarem nos escaparates esse alinhamento, os The Vaccines acabam de divulgar um novo single intitulado All My Friends Are Falling In Love, uma exuberante canção assente em cordas inspiradas e com uma luminosidade radiofónica ímpar, pouco mais de três minutos e meio de uma pop animada, dançavel e positiva, que antecipam uma nova digressão do grupo pelas ilhas britânicas. Confere...

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publicado por stipe07 às 15:18

Cat Power – Wanderer

Sábado, 17.11.18

Seis anos depois do excelente Sun, já viu a luz do dia Wanderer, o  décimo álbum de estúdio da norte-americana Cat Power, uma cantora e compositora também conhecida como Chan Marshall, nascida em Atlanta, na Georgia e que foi cedo viver para Nova Iorque onde conheceu  Steve Shelley (baterista dos Sonic Youth) e Tim Foljahn (guitarrista dos Two Dollar Guitar) que a encorajaram a gravar Dear Sir (1995) e Myra Lee (1996), os seus primeiros registos de originais e que, desde logo, chamaram a atenção de Matador Records, sendo este Wanderer o primeiro alinhamento que ela publica noutra etiqueta, neste caso a também insuspeita Matador Records.

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Uma das personalidades mais carismáticas e íntegras do indie rock atual, Cat Power oferece-nos em Wanderer mais um disco cheio de emoção e repleto de testemunhos de uma vivência pessoal que é, no fundo, comum a tantas mulheres da sua idade. E é curioso perceber que esta artista não é propriamente púdica no modo como se expôe aos seus admiradores e lhes conta eventos através das suas canções, quase como se estivesse a fazê-lo num balcão de um bar a uma das suas amigas numa noite de diversão. Aliás, escuta-se o dueto dela com Lana Del Rey em Woman e parece que estamos a testemunhar algo parecido com essa descrição. E depois, quando em Robin Hood ela disserta sobre as dificuldades da vida de quem tenta sobreviver com menos posses, ou quando em Me Voy ela fala diretamente connosco quase em jeito de despedida, percebemos esta proximidade que ela faz questão de ter com o ouvinte, esta busca clara de uma conexão que, como seria de esperar, faz que Wanderer tenha um clima geral bastante introspetivo, cheio de momentos de rara beleza e a exalarem a um forte travo a vulnerabilidade.

Produzido também com a ajuda da autora e com todos os instrumentos a serem tocados pela mesma, Wanderer deambula entre a folk, o blues e o melhor cancioneiro norte-americano, sabendo, por isso, sonoramente, a toda a carreira de Cat Power, já que foram estas as bitolas pelas quais ela se foi guiando nestas duas décadas, mesmo quando em Sun, o antecessor, ela explorou territórios mais eletrónicos e sintéticos, ou quando, neste mesmo Wanderer, nos oferece uma versão de Stay, um tema que Mikky Ekko produziu para o Unapologetic (2012), de Rihanna. Assim, cheio de pianos e guitarras inspiradas é, em suma, um registo de celebração de uma autenticidade rara nos dias de hoje, um disco que sabe a oferenda, mas também a versatilidade e empenho, por parte de uma das artistas mais marcantes, maduras e criativas do cenário musical contemporâneo. Espero que aprecies a sugestão...

Cat Power - Wanderer

01. Wanderer
02. In Your Face
03. You Get
04. Woman (Feat. Lana Del Rey)
05. Horizon
06. Stay
07. Black
08. Robbin Hood
09. Nothing Really Matters
10. Me Voy
11. Wanderer/Exit

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