man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Old Jerusalem - Chapels
Foi a doze de outubro que chegou às lojas Chapels, o sétimo registo de originais de Old Jerusalem, o lindíssimo projeto assinado por Francisco Silva e que caminha a passos largos para as duas décadas de carreira. Old Jerusalem é, de facto, uma incrível jornada, batizada com uma música do mítico Will Oldham e com um brilho raro e inédito no panorama nacional, um projeto que nos tem habituado a canções que cirandam entre os altos e baixos da vida e que nos mostram como é, tantas vezes, muito ténue a fronteira entre esses dois pólos, entre magia e ilusão, como se a explicação das diferentes interseções com que nos deparamos durante a nossa existência fossem alguma vez possível de ser relatada de forma lógica e direta.
Com dez temas imediatos e sem adornos, assentes em interpretações gravadas à primeira e que acabam por estar intimamente associadas ao processo da sua escrita, também algo intuitivo, e deixando a nu os alinhavos de arranjos e as primeiras sugestões de caminhos melódicos e harmónicos, Chapels tem em cada canção um veículo privilegiado para o ouvinte tomar contacto de modo realisticamente impressivo, com o ímpeto criativo do Francisco e a urgência que o seu âmago sente de comunicar connosco. E fá-lo através de um dos melhores veículos que conheço para a transmissão de sentimentos, emoções e ideias... a música.
Chapels é, portanto, um álbum extremamente comunicativo e repleto de composições contemplativas, que criaram uma paisagem imensa e ilimitada de possibilidades que compete a nós destrinçar ou, em alternativa, idealizar, já que as duas abordagens são sempre possíveis na música de Old Jerusalem. Escuta-se a simplicidade melódica e o imediatismo de Black pool of water and sky, assim como a sua crueza e simplicidade acústica, evocando a verdade eterna que todos reconhecemos de que tudo é passageiro, a fragilidade perene que tremula no registo vocal de The Meek, aquela nostalgia que provoca encantamento e torpor e que exala de Oleander, a simultaneamente intrigante e sedutora Ancient Sand, Ancient Sea ou a luz que nos faz sorrir sem medo do amanhã que fica defronte de Lighthouse e acedemos, sem vontade de olhar para trás, a um universo único, enquanto experimentamos a simultaneamente implacável e sedutora sensação de introspeção e melancolia mitológica que este maravilhoso alinhamento transmite. Espero que aprecies a sugestão...