man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Still Corners – Slow Air
Dois anos depois do belíssimo registo Dead Blue, a dupla britânica Still Corners está de regresso, novamente à boleia da Wrecking Light, com Slow Air, o quarto álbum da carreira deste projeto formado por Greg Hughes e Tessa Murray e que agora sedeado nos Estados Unidos tem pautado a sua carreira por calcorrear um percurso sonoro balizado por uma pop leve e sonhadora, íntima da natureza etérea e onde os sintetizadores são reis, mas também uma pop que pisca muitas vezes o olho aquele rock alternativo em que as guitarras eléctricas e acústicas marcam indubitavelmente uma forte presença.
Iniciamos a audição de Slow Air e, na cadência embaladora de In The Middle Of The Night e, logo depois, no tremendo charme dos acordes da guitarra que plana sobre a melodia de The Message, percebe-se que os Still Corners continuam exímios no modo como se servem de alguns dos mais relevantes aspetos herdados da eletrónica dos anos oitenta, para os cruzar com forte sentido melódico e um indesmentível bom gosto, principalmente ao nível dos arranjos. E fazem-no com aquela saudável rugosidade orgânica que o baixo e a guitarra eletrificada contêm, tendo sempre em ponto de mira a criação de canções feitas de romantismo e sensualidade, sensações muito latentes nas propostas acolhedoras que controlam o timbre vocal de Tessa Murray, enleante e até algo hipnótico em Sad Movies, talvez o tema do registo onde a cantora melhor plasma os seus enormes atributos e onde a sua performance mais impressiona no modo como simbioticamente se cruza com a heterogeneidade instrumental, neste caso essencialmente sintética, que alicerça a canção.
O disco avança sem deixar de manter um elevado nível qualitativo e nos curiosos agregados percurssivos que fazem flutuar Welcome to Slow Air, tema com uma estética global algo etérea e intemporal, no modo como os efeitos dos teclados de Black Lagoon servem para acentuar o clima dançante da composição, na toada contemplativa e reflexiva de Dreamlands, na mais sombria e enigmática de Whisper e no nostálgico lo fi psicadélico de Fade Out torna-se claro que a sua audição cuidada é um exercício algo complexo mas claramente recompensador para o ouvinte.
Registo que conscientemente serve para fazer uma ponte entre o passado que inspira os Still Corners e o presente onde se querem inserir, Slow Air é uma espécie de travessia temporal à boleia de uma obra alimentada por temáticas recentes do universo pop e por uma indisfarçável nostalgia sonora, essencialmente a que contém aquele teor mais intimista que busca sempre o ideal de grandiosidade, mas sempre controlada. Dessa forma, acaba por ser um registo que nos leva ao encontro de emoções fortes e explosivas, algumas outrora adormecidas, mas que também não descura instantes que nos possibilitem depois serenar. Sem dúvida, um trabalho fantástico para ser escutado num dia de sol acolhedor, como os mais recentes. Espero que aprecies a sugestão...
01. In the Middle Of The Night
02. The Message
03. Sad Movies
04. Welcome To Slow Air
05. Black Lagoon
06. Dreamlands
07. Whisper
08. Fade Out
09. The Photograph
10. Long Goodbyes