man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Snow Patrol – Wildness
Não é segredo nenhum para ninguém que os irlandeses Snow Patrol são uma das minhas bandas prediletas, sendo sempre aguardado por mim com enorme e redobrada expetativa cada novo disco deles. E Wildness, disco que esta banda formada em 1994 em Dundee acaba de lançar, naturalmente não é exceção. É o sétimo trabalho de estúdio desta banda liderada por Gary Lightbody, foi produzido por Jacknife Lee e mostra o projeto a tentar afastar-se um pouco daquela pop eloquente que caraterizou os registos mais recentes, para voltar a acertar contas com atmosferas mais melancólicas e introspetivas, como se percebe logo nas cordas e no clima etéreo dos arranjos de Life On Earth, a cativante composição que abre Wildness e talvez o seu momento mais alto, juntamente com o arrepiante abraço entre Lightbody e o piano em What If This Is All the Love You Ever Get?.
Nos primeiros discos dos Snow Patrol sempre foram audíveis canções desenvolvidas com afinco e assentes num jogo de versos cuidadoso, sincero e trabalhado, tendo sempre por base um indie rock bastante rugoso e algo experimental que tanto piscava o olho ao grunge norte-americano como a alguns dos detalhes essenciais da brit mais alternativa e psicadélica. Com a chegada de Eyes Open, já no novo século, o grupo optou por uma fórmula mais pop, assente num catálogo de sons convencionais e característicos de uma radiofonia que acabou por ir ocultando a beleza explorada pelo grupo nos anos iniciais. Em Wildness essa fórmula não é totalmente renegada, mas os pianos melancolicamente projetados e as guitarras carregadas de efeitos, também dão protagonismo à acusticidade das cordas, com o exemplo já referido e o clima folk de Don’t Give In, assim como o brilho mágico de A Youth Written On Fire, a oferecerem-nos uns Snow Patrol mais serenos, debruçando-se, sem receios, em alguns dos problemas mais recentes que mexeram com o âmago de Lightbody, nomeadamente a demência do seu pai, publicamente conhecida e retratada em Soon, outro momentos maior do disco e o modo como lidou com a sua adição ao alcoolismo, ainda não totalmente resolvida, apesar de Gary ter afirmado recentemente estar sóbrio há mais de dois anos.
Temos então em Wildness um disco mais confessional e que serve, parece-me, para exorcizar alguns fantasmas, servindo como uma espécie de ponto de recomeço depois da ausência dos Snow Patrol de mais de meia década do formato álbum. Mas, apesar desta filosofia do registo, estas são músicas das quais muitos de nós se podem apropriar, ou seja, tendo sido incubadas a partir da reflexão pessoal de alguém que viveu recentemente dias complicados, contêm aquela desejada universalidade já que acabam por abordar temáticas comuns reais e íntimas a tantos de nós.
Disco sóbrio e tremendamente honesto, Wildness volta a deixar-nos rendidos ao especial talento que Lightbody tem para cantar sobre o amor e o desassossego que tantas vezes ele nos causa, principalmente qundo perdemos algo ou alguém que parece ser parte de nós. Para os Snow Patrol parece funcionar como uma espécie de confortável regresso ao espaço natural de um conjunto de intérpretes que estiveram ultimamente habituados a grandes multidões mas que precisavam de estar novamente no seu próprio espaço reduzido e intimista e rodeados dos instrumentos que mais apreciam, para evocarem tranquilamente alguns dos traços mais nostálgicos e sensíveis da existência humana. Espero que aprecies a sugestão...
01. Life On Earth
02. Don’t Give In
03. Heal Me
04. Empress
05. A Dark Switch
06. What If This Is All the Love You Ever Get?
07. A Youth Written In Fire
08. Soon
09. Wild Horses
10. Life And Death