man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Frank Turner - Be More Kind
Até 2005 Frank Turner, músico inglês nascido em Meonstoke, era vocalista da banda de post hardcore Million Dead. Nesse ano abandonou as guitarras para seguir uma carreira a solo numa sonoridade bem mais acústica. A vontade do músico em seguir uma linha menos agressiva e mais sofisticada já era antiga e em 2007 estreou-se nos discos com o bem sucedido Sleep Is For The Week. Nesse disco Turner não abandonou a voz forte e exuberante, nem a atitude típica de um verdadeiro rockstar. No entanto, adaptou a folk de forma singular a estas caraterísticas e por isso recebeu inúmeras críticas positivas e foi mais um a mostrar que a música acústica também poderá ter uma toada punk. Acabou por se tornar numa das figuras mais queridas da pop britânica e em 2011 lançou England Keep My Bones, mais um registo distante do hardcore e que que continha letras tocantes e apaixonadas. Agora, meia década depois desse registo fortemente politizado e depois de dois registos que serviram para exerocizar alguns demónios pessoais, Tape Deck Heart (2013) e Positive Songs For Negative People (2015), Frank Turner faz chegar aos escaparates Be More Kind, o seu oitavo registo, treze canções vibrantes e que colocam novamente o autor na rota de sonoridades rugosas e impulsivas, misturadas com arranjos de forte pendor orgânico e teor acústico.
Be More Kind vê a luz do dia depois de Turner ter estado em estúdio com Austin Jenkins e Joshua Block, antigos membros dos White Denim e também com Charlie Hugall (Florence And The Machine, Halsey), que assume as rédeas da produção de um alinhamento que abre com Don't Worry, um tratado de folk gospel pensado para quem quer conseguir perceber e conetar-se com este mundo cada vez mais estranho e anormal (I don’t know what I’m doing, no-one has a clue). A partir daí, Turner passa grande parte do álbum a dissertar sobre o brexit e Trump e fá-lo com resutlados particularmente inspirados, nomeadamente em 1933, um tratado sonoro fortemente influenciado pelo típico punk rock do outro lado do atlântico, um cerrar de punhos que curiosamente Turner rejeita, do seguinte modo, em declarações recentes: 1933 filled me with a mixture of incredulity and anger. (...) The idea that it have anything to do with punk rock makes me extremely angry. Algumas canções depois, no rock sintético de Make America Great Again, o autor dispara novamente sobre a ascendência de Trump ao poder nos Estados Unidos e como isso potenciou o declínio moral de um país que ele considera cada vez mais rascista e perigoso (Making racists ashamed again, Let’s make compassion in fashion again).
Este modo de pensar de Turner relativamente ao mundo que o rodeia, a colocar permanentemente o ênfase nos aspetos menos positivos da nossa contemporaneidade, é um percurso do qual ele nunca se desvia até ao ocaso de Be More Kind. Assim, se Brave Face dá a sua visão sobre como poderá ser o apocalipse num futuro próximo, em 21st Century Survival Blues encontramo-lo a dissertar sobre as alterações climáticas e, logo depois, no eletropop anguloso de Blackout, ele prevê o caos que se instalaria no nosso planeta se a eletricidade deixasse de existir de um momento para o outro. Mas, no meio de todo este clima caótico, Turner encontra finalmente espaço para a compaixão e para o entendimento entre os povos através do amor, aquela que ele considera ser a principal arma contra os racistas, os fascistas e os apoiantes do brexit, fazendo-o de modo particularmente vincado e simbólico na folk intimista do tema homónimo (In a world that has decided that it’s going to lose its mind, Be more kind, my friends, try to be more kind).
Toda a autenticidade que Be More Kind passa para o ouvinte, em jeito de apelo, é um enorme atributo, um fato a reter e um aspecto que dá ao alinhamento um imenso charme e carisma. Abrigado pela típica intensidade de Turner, Be More Kind ganha identidade e personalidade graças ao espírito único da música do compositor inglês, que não tem medo de experimentar e que volta a provar que na folk também pode existir um lado punk, enérgico, charmoso e carismático, neste disco de identificação e empatia, indicado para nos fazer refletir e ponderar sobre o presente, sem pressa de chegarmos ao nosso destino. Espero que aprecies a sugestão...
01. Don’t Worry
02. 1933
03. Little Changes
04. Be More Kind
95. Make America Great Again
06. Going Nowhere
07. Brave Face
08. There She Is
09. 21st Century Survival Blues
10. Blackout
11. Common Ground
12. The Lifeboat
13. Get It Right