man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Ulrika Spacek – Suggestive Listening EP
Criadores do melhor disco do ano de dois mil e dezassete para a redação deste blogue, os britânicos Ulrika Spacek de Rhys Edwards e Rhys William, aos quais se juntam Ben White, Callum Brown e Joseph Stone, estão de regresso com Suggestive Listening, um EP de cinco canções gravado, produzido e misturado numa galeria de arte chamada KEN e à qual os Ulrika Spacek chamam de sua casa, a bolha onde se refugiam para compôr, idealizar vídeos e expressar-se através de outras formas de arte além da música.
A filosofia de composição musical destes Ulrika Spacek baliza-se através de um assomo de crueza tingido com uma impressiva frontalidade quer lírica quer sonora. Na complacência enganadora de No. 1 Hum há um timbre metálico de guitarra rugosa, acompanhada por uma bateria em contínua contradição, e esta dupla é a mesma que vai ser depois o grande suporte das canções do EP, em volta da qual gravitarão diferentes arranjos, quer orgânicos, quer sintéticos, geralmente com um teor algo minimal. E se a guitarra nunca perde identidade, a bateria vai-se tornando mais precisa no modo como confere alma e robustez ao ritmo de cada composição. Depois, há um baixo implacável na marcação à zona e todo este arsenal instrumental é rematado por uma voz geralmente reverberizada e que se arrasta. É um rock que impressiona pelo forte travo nostálgico e por aquela sensação de espiral progressiva de sensações, que tantas vezes ferem porque atingem o âmago, bastanto ouvir Freudian Slips para se tomar contacto com esta autenticidade que desmascara quem arrisca entrar no jogo de sedução ímpar que Suggestive Listening proporciona.
Canções do calibre de Wave To Paulo, He’s Not There, pouco mais de quatro minutos de um cósmico devaneio soul onde aquela pop sessentista ácida e psicotrópica, encontra o poiso ideal para se espraiar ou a indulgência acústica intensamente reflexiva da já referida Black Mould, plasmam uma das maiores virtudes destes Ulrika Spacek que é a capacidade de conseguirem divagar por diferentes ângulos e espetros dentro de um universo sonoro bastante específico. Isso sucede porque corre-lhes nas veias aquela atitude claramente experimental e enganadoramente despreocupada, expressa numa vontade óbvia de transformar cada composição numa espécie de colagem de vários momentos de improviso. O modo quase cínico como em Lord Luck os Ulrika Spacek nos levam a abanar a anca ao som de uma canção que se insinua continuamente por causa do modo algo desconexo como se vai desenvolvendo ritmíca e melodicamente, acaba por ser a expressão máxima no EP deste modo bastante textural, orgânico e imediato de criar música e de fazer dela uma forma artística privilegiada na transmissão de sensações que não deixam ninguém indiferente.
Suggestive Listening atesta novamente a segurança, o vigor e o modo criativamente superior como este grupo britânico entra em estúdio para compôr e criar um shoegaze progressivo que se firma com um arquétipo sonoro sem qualquer paralelo no universo indie e alternativo atual. Espero que aprecies a sugestão...
01. No. 1 Hum
02. Black Mould
03. Freudian Slip
04. Lord Luck
05. Wave To Paulo, He’s Not There