man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
In Tall Buildings – Akinetic
Exatamente três anos depois do excelente Driver, disco que figurou na lista dos melhores álbuns de 2015 para esta redação, o projeto In Tall Buildings do norte-americano Erik Hall, está de regresso com Akinetic, um compêndio de dez canções produzidas com a ajuda de Brian Deck no estúdio caseiro de Erik e abrigadas pela Western Vinyl. É um registo com um clima pop particularmente amplo e luminoso e que, balançando entre escuridão e lucidez, está cheio de alegorias acerca desta espécie de sentimento de alienação massiva que a humanidade enfrenta atualmente, tendo em conta o modo como coloca em perigo, constantemente, a sua própria sobrevivência.
Músico e compositor de Pilsen, nos arredores de Chicago e que, de acordo com o próprio, compõe inspirado por duas dicas filosóficas, uma de Allen Ginsburg (First thought, best thought) e a outra da autoria de Kurt Vonnegut (Edit yourself, mercilessly), Erik Hall é uma das personagens mais interessantes de descobrir do cenário indie norte-americano menos divulgado, tal é a elevada bitola qualitativa das composições sonoras que incuba. Se a teoria de Ginsburg apela à primazia do instintivo e da naturalidade e da crueza, acima de tudo, já as palavras de Vonnegut parecem instar à constante insatisfação e à busca permanente da perfeição, considerando-se cada criação como algo inacabado e que pode ser alvo de melhorias e alterações e a verdade é que um dos grandes atributos da filosofica sonora de In Tall Buildings é o constante vaivém, muitas vezes pouco implícito e percetível, entre estas duas realidades aparentemente antagónicas.
Assim, em Akinetic o autor propôe e cria paisagens sonoras simples e amenas, de algum modo descomplicadas e acessíveis, mas que não descuram a beleza dos arranjos e um enorme e intrincado bom gosto na forma como as constrói, deixando sempre margem de manobra para que nos possamos apropriar das mesmas e dar-lhes o nosso próprio sentido. Aquela eletrofolk acústica ambiental, que em determinados instantes pisca o olho a um certo travo psicadélico, é, portanto, a trave mestra do alinhamento, competente na forma como abarca diferentes sensações dentro de um mesmo cosmos e como mistura harmoniosamente a exuberância acústica das cordas com a voz grave, mas suave e confessional de Hall, sendo este um álbum ameno, íntimo, cuidadosamente produzido e arrojado no modo como exala uma enorme elegância e sofisticação.
Ficamos logo agarrados ao disco com Beginning To Fade, o tema de abertura, feito de uma melodia que tem por base a bateria e a distorção de uma guitarra carregada de soul, às quais vão sendo adicionados vários detalhes e elementos, incluindo o dedilhar de algumas cordas. Este tema inicial é perfeito para nos transportar para um disco essencialmente vincadamente experimental, algo que logo depois, em dose dupla, no ritmado tema homónimo e em Long Way Down, fica ainda mais explícito, não só devido à dinâmica da batida e ao efeito sintetizado que acompanha a primeira e as cordas que conduzem a segunda, mas também devido ao modo sinuoso e cativante, como Erik nos convida à introspeção e à reflexão sobre este mundo moderno, ao mesmo tempo que não poupa na materialização dos melhores atributos que guarda na sua bagagem sonora. Overconscious acaba também por surpreender devido ao modo como o piano é introduzido em toda esta equação, oferecendo ao clima do registo também um pouco daquela sonoridade pop claramente urbana, que acaba por se mostrar perfeita no modo como em Siren Song o baixo e uma bateria galopante se cruzam com o sintetizador. A seguir, em Curtain, percebemos que In Tall Buildings também manipula com mestria os típicos suspiros sensuais que a subtil eletrificação da guitarra e uma batida marcada proporcionam e que se mantém aquela intacta a elevada dose de sensualidade e suavidade na tonalidade das canções que impressionou no registo anterior.
Até ao ocaso de Akinetic, a espiral melodicamente hipnótica de Wake Up e o dedilhar deambulante das cordas em Days In Clover são outros dois momentos que trazem brisas bastante aprazíveis ao ouvinte, fechando-se a cortina de um disco com uma atmosfera simultaneamente íntima e vibrante, que proporciona uma sensação intrincada e fortemente espiritual, que parece querer transmitir todas as sensações positivas e os raios de luz que fazem falta aos nosso dias, agora algo frios e sombrios. Álbum essencial e único, rico e arrojado e apontando em diferentes direções sonoras, Akinetic engloba diferentes aspetos e detalhes de diversas raízes musicais, num pacote cheio de paisagens sonoras que contam histórias que a voz de Hall sabe, melhor do que ninguém, como encaixar. Espero que aprecies a sugestão...
01. Beginning To Fade
02. Akinetic
03. Long Way Down
04. Overconscious
05. Cascadia
06. Siren Song
07. Curtain
08. New Moon
09. Days In Clover
10. Wake Up
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King Tuff - Psycho Star
Kyle Thomas, o garage rocker que assina o projeto King Tuff, quebrou um longo hiato com a divulgação de um novo single intitulado Psycho Star e o respetivo vídeo realizado por Cameron Dutra. Este filme da canção, que é um verdadeiro tratado de rock vanguardista alicerçado numa bateria seca com uma cadência plena de groove, à qual se vão juntando guitarras e efeitos sintetizados luminosos, é uma espetacular curta metragem onde se vê King Tuff a tocar o tema no estacionamento de uma estação de comboios, rodeado por dançarinas vindas diretamente do além mais quente, mas com a câmara também a mostrar-se particularmente interessada em captar imagens de pessoas anónimas, que parecem ter sido filmadas à socapa enquanto se dirigem para o seu rotineiro quotidiano, tendo alguns comportamentos duvidosos pelo caminho, tudo à medida que a letra escorre pelo ecrã e nos esclarece, de forma clarividente, o modo bizarro como nos temos vindo a comportar neste mundo que nos acolhe (Madness and destruction, Maybe that is just who we are, The universe is mostly made of nothing, Isn't it so beautifully bizarre).
Este tema é o primeiro avanço divulgado para The Other, disco que King Tuff se prepara para lançar no início da primavera. Será o sucessor do já longínquo Black Moon Spell de 2014 e conta com as participações especiais de Ty Segall, Jenny Lewis, Greta Morgan e Mikal Cronin. Confere...
Looking out my window
There's no doubt about it
We don't belong in this world
Be better off without us
Madness and destruction
Maybe that is just who we are
The universe is mostly made of nothing
Isn't it so beautifully bizarre
That here we are
Watching the wind blow
Watching the wind blow
Watching the rain so hard
Watching the fire getting higher
On this strange little star
We were always dreaming
Of castles in the sky
Dreaming of another planet
How could we be so blind?