man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Jaguwar - Ringthing
Uma das novas coqueluches da Tapete Records são os Jaguwar, projeto que nasceu em Berlim, na Alemanha, um trio formado inicialmente por Oyémi e Lemmy em 2012 aos quais se juntou Chris dois anos depois. Editaram dois Eps através da americana Prospect Records e tocaram ao vivo numa série de países como Inglaterra, Dinamarca, França, Sérvia, Alemanha, entre outros, partilhando o palco com nomes tão importantes como os We Were Promised Jetpacks, Japandroids e The Megaphonic Thrift, entre outros.
A estreia na Tapete Records foi a doze de janeiro de último com Ringthing, o longa duração de estreia do grupo. São dez canções que nasceram depois de o trio, armado com um impressionante leque de aparelhos de efeitos, guitarras, baixos e amplificadores e apoiado por um prodigioso abastecimento de café e cigarros, ter-se instalado nos estúdios Tritone Studio em Hof, na Baviera. Um dos grandes destaques do álbum é Crystal, canção que se insere naquele universo sonoro que mistura rock e pop, com uma toada noise e um elevado pendor shoegaze. O tema assenta numa guitarra rugosa e plena de efeitos metálicos, acompanhada por uma bateria falsamente rápida, e esta dupla é a mesma que vai ser depois o grande suporte das canções, em volta da qual gravitarão diferentes arranjos, quer orgânicos, quer sintéticos, geralmente com um teor algo minimal. Na verdade, além desse destaque, canções como a ritmada Lunatic, que sobrevive à custa de um efeito agudo metálico ou, em oposição, a mais climática e contemplativa Gone, expôem de modo esclarecido, como o som destes Jaguwar é assumidamente indie e plana entre a experimentação e o psicadelismo.
Ao longo deste, disco liderado pelas guitarras, ouve-se canções fáceis e ao mesmo tempo complexas, com variações, ruídos e efeitos variados. Existiu, sem dúvida, um aturado trabalho de produção, nenhum detalhe foi deixado ao acaso e houve sempre a intenção de dar algum sentido épico e grandioso às canções, arriscando-se o máximo até à fronteira entre o indie e o post rock. Espero que aprecies a sugestão...
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Jack White – Corporation
Continuam a ser divulgados novos temas do alinhamento de Boarding House Reach, o novo registo de originais de Jack White, sucessor do já longínquo Lazaretto. Assim, depois de Connected By Love e Respect Commander, Corporation é a nova canção conhecida desse novo trabalho do músico, compositor e guitarrista natural de Nashville.
Em Corporation o autor mergulha a fundo em territórios mais densos e experimentais, através de uma guitarra com a sua habitual assinatura plena de groove, à qual se juntam elementos percussivos caraterísticos do universo hip-hop e outros detalhes como congas ou elementos vocais sintetizados, num resultado final extremamente apelativo e bem conseguido.
Boarding House Reach chega às lojas a vinte e três de março via Third Man Records/Columbia e conta nos seus créditos com nomes como o percussionista Louis Cato, o baixista Charlotte Kemp Muhl, Neal Evans, John Scofield, Bobby Allende, Ann e Regina McCrary do trio gospel McCrary Sisters. Confere...
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James Blake – If The Car Beside You Moves Ahead
Depois de no Natal ter oferecido aos seus fãs uma lindíssima versão de Vincent, um clássico da autoria do cantor norte-americano Don McLean, originalmente gravada há quarenta e seis anos anos como homenagem ao pintor Vincent Van Gogh, James Blake está de regresso com um novo tema. A novidade deste músico londrino chama-se If The Car Beside You Moves Ahead, foi produzida pelo próprio e misturada por Nathan Boddy já tem direito a um excelente vídeo da autoria de Alexander Brown.
If The Car Beside You Moves Ahead marca o regresso de Blake a territórios sonoros mais experimentais, dentro do espírito da fase inicial da sua carreira, nomeadamente o seu disco homónimo de estreia, em cujo alinhamento este tema encaixaria claramente. A sua voz volta aquele registo fragmentado e sintético que o notabilizou e o manto sonoro algo enigmático e nebuloso que cobre a percurssão minmal e a linha sintetizada que conduzem a melodia da canção inserem-se nesse espírito, com o resultado final a ser original, vanguardista e hipnótico. Não há ainda confirmação se esta composição fará parte do alinhamento de um sucessor do anterior The Colour In Anything, lançado há quase dois anos. Confere...
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Django Django - Marble Skies
Os Django Django de Dave Maclean, Vincent Neff, Tommy Grace e Jimmy Dixon acabam de desvender todo o conteúdo de Marble Skies, o novo registo de originais desta banda escocesa natural de Edimburgo e que contém, como seria de esperar, dez canções feitas com uma pop angulosa proposta por quatro músicos que, entre muitas outras coisas, tocam baixo, guitarra, bateria e cantam, sendo isto praticamente a única coisa que têm em comum com qualquer outra banda emergente no cenário alternativo atual.
Com as participações especias de Rebecca Taylor (Slow Club) e de Anna Prior (Metronomy), Marble Skies expõe com ainda maior ênfase as referências do house mais ácido noventista, numa espécie de continuidade relativamente a Born Under Saturn, mas ainda mais festiva. Esta confirmação de uma estética sonora bem definida é uma coerência que de certo modo se saúda, principalmente no seio de quem, como eu, considerou há pouco mais de meia década este quarteto inglês como uma verdadeira lufada de ar fresco no universo sonoro regido pela pop de cariz mais eletrónico.
Mas não é só de pop eletrónica que vive Marble Skies. O disco é, na verdade, uma verdaderia amálgama e o caldeirão mantém-se bastante ativo como se percebe logo no início do alinhamento. Se o frenético e cósmico tema homónimo e a alegoria percurssiva e tribal de Tic Tac Toe e de In Your Beat obedecem à nuance sonora comum e intrinseca ao grupo, o spaghetti rock de Champagne e o elevado acerto melódico do piano de Sandials embrenham-nos em ambientes menos agitados e mais intrincados, numa mistura perfeita de géneros que serve para encontrar praias enterradas debaixo de edifícios de cimento e que vicia o ouvinte, convidando-a a repetidas audições.
Ao terceiro disco os Django Django apostam todas as fichas na sua notável capacidade para nos colocar a dançar, mesmo que haja uma relutância em relação ao constante apelo, nem que seja para um quase implícito abanar de ancas e aprimoram a sua cartilha sonora feita com uma dose divertida de experimentalismo e psicadelismo, que muitos rotulam como art pop, art rock ou ainda beat pop, acompanhada por guitarras que parecem ter saído do farwest antigo e por efeitos sonoros futuristas. Nele a banda cumpre cabalmente a função lúdica de apelo ao lado mais físico do ouvinte, mesmo num tempo em que parece existir uma clara obsessão em encontrar paralelismos e pontos de encontro no universo sonoro alternativo, entre a eletrónica mais progressiva e a comercial, para que um projeto mereça sentar-se mesa dos nomes fundamentais da música de dança atual. Espero que aprecies a sugestão...
01. Marble Skies
02. Surface To Air (Feat. Self Esteem)
03. Champagne
04. Tic Tac Toe
05. Further
06. Sundials
07. Beam Me Up
08. In Your Beat
09. Real Gone
10. Fountains
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Preoccupations – Espionage
Os canadianos Preoccupations de Matt Floegel acabam de anunciar o sucessor do seu disco homónimo de estreia editado em 2016 e que causou forte impacto na crítica, garantindo para o projeto uma base assídua de fãs que aguardam com enorme expetativa um novo registo de originais do grupo.
Esse desejo será atendido já a vinte e três de março com New Material, o segundo compêndio dos Preoccupations, uma coleção de oito canções das quais já se conhece Espionage, o tema que abre o alinhamento do registo. É uma inebriante canção assente numa guitarra com um rugoso efeito metálico particularmente aditivo e um baixo imponente, acompanhados por uma bateria falsamente rápida, detalhes que nos remete para aquele rock que impressiona pela rebeldia com forte travo nostálgico e por aquela sensação de espiral progressiva de sensações, que tantas vezes ferem porque atingem o âmago. Confere...
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Glen Hansard – Between Two Shores
O irlandês Glen Hansard é um já velho conhecido do universo musical e com algumas citações por cá, devido ao seu envolvimento no projeto The Swell Season, onde fazia parceria com Marketá Irglova e de cuja discografia destaco a banda sonora de Once, que lhes valeu um óscar, mas também por causa de Rhythm And Repose álbum de estreia que este ícone da folk contemporânea lançou em 2012. Agora, no início de 2018 Hansard está de regresso aos lançamentos discográficos com Between Two Shores, dez canções abrigadas pela reputada -ANTI e que começaram a ser incubadas pelo músico logo após a conclusão da gravação de Rhythm And Repose, no estúdio dos Wilco em Chicago. Hansard andava na altura em digressão a promover o seu disco de estreia mas tinha algum material em mãos que queria gravar, canções que acabaram por ser os alicerces deste Between Two Shores, sucessor de Didn’t He Ramble, disco lançado em 2015 mas que não contém nenhuma das composições que foram gravadas em Chicago dois anos antes.
Produzido pelo próprio autor com a ajuda de David Odlum, Between Two Shores oferece-nos um Glen Hansard mais expansivo e extorvertido do que nunca, sem deixar de se debruçar sobre a temática do amor não correspondido e das paixões arrebatadoras, aspetos que permanecem bem presentes na sua escrita. A viola acústica, às vezes mais folk, outras eminentemente country, também tem a companhia da guitarra elétrica e logo no rock frenético de Roll On Slow e, pouco depois, de Wheels On Fire, ela recebe o apoio de outros instrumentos, nomedamente sopros na primeira e o orgão na segunda, uma nuance que se vai repetir noutros temas do trabalho, nomeadamente Why Woman, o tema seguinte. Esta segunda canção do alinhamento, faz o contraponto através de um blues mais introspetivo, estando com estas três composições dado o pontapé de saída para um disco animado e com momentos festivos, mas também intimista, um registo onde se ouve um emaranhado de canções que nos transportam para bem longe, ao mesmo tempo que, havendo predisposição para isso, tocam fundo bem aqui, no nosso coração.
Sentimental como sempre e mais romântico do que nunca, Glen Hansard expõe em Between Two Shores o seu coração explosivo, mostrando-nos as suas diferentes caras e estados de espírito, ajudado por canções que misturam melodias avassaladoras, como é o caso da intimista e terna Wreckless Heart ou da mais explosiva Movin' On, com momentos mais intrincados e particularmente sentidos e melancólicos. São canções que merecem audição dedicada e comprovam a mestria de quem usa a música como um elixir terapêutico para tentar amenizar situações menos felizes que possam ter assolado a sua existência. Espero que aprecies a sugestão...
01. Roll On Slow
02. Why Woman
03. Wheels On Fire
04. Wreckless Heart
05. Movin’ On
06. Setting Forth
07. Lucky Man
08. One Of Us Must Lose
09. Your Heart’s Not In It
10. Time Will Be the Healer
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Moon Duo – Jukebox Babe / No Fun
Os norte americanos Moon Duo, de Ripley Johnson e Sanae Yamada, são já uma banda incontornável do indie rock psicadélico atual. Detentores de um trajeto discográfico imaculado e com vários pontos altos, tiveram um ano de 2017 bastante profícuo com o lançamento de Occult Architecture Vol. 1 e Vol. 2, dois álbuns que nos levaram de novo rumo à pop psicadélica setentista, através dos solos e riffs da guitarra de Ripley a exibirem muitas vezes linhas e timbres muito presentes na country americana e no chamado garage rock, mas também de sintetizadores inspirados e com efeitos cósmicos plenos de groove. No início de 2018 estão de volta, desta vez com o lançamento de um duplo single, à boleia da Sacred Bones o refúgio perfeito que encontraram há já algum tempo para explorar todo o hipnotismo lisérgico que carimba o seu adn.
As canções presentes nesta nova edição dos Moon Duo são Jukebox Babe e No Fun, versões de originais de dois projetos fundamentais para a dupla e que marcam bastante as suas influências. A primeira, Jukebox Babe, é um original de Alan Vega, líder dos míticos Suicide e a segunda, No Fun, um original dos The Stooges de 1969. Ripley e Sanae resolveram revisitar Jukebox Babe por ser um tema que Larry, o engenheiro de som do grupo de Portland, cantarolava bastantes vezes durante a gravação dos últimos discos dos Moon Duo e a ideia de fazer uma versão de No Fun surgiu na sequência de um pedido da BBC6 para a dupla gravar uma música da autoria de Iggy Pop, por ocasião do seu septagésimo aniversário. O resultado final são dois temas que caminham em direções sonoras diametralmente opostas. Se Jukebox Babe é um espetacular tratado de punk acid rock eletrónico rugoso e aditivo, uma espécie de catarse psicadélica, assente numa batida inspirada que nos faz dançar em altos e baixos divagantes que formam uma química interessante entre o orgânico e o sintético, No Fun sabe a uma espécie de hipnose instrumental pensada para nos levar numa road trip pelo deserto, com o sol quente na cabeça, uma viagem lisérgica através do tempo, até há quase meio século, em completo transe e hipnose. Confere...
01. Jukebox Babe
02. No Fun
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Fugly - Millenial Shit
Pedro Feio, ou Jimmy, começou o projecto Fugly em 2015 quando se fartou de estar sempre atrás da mesa de mistura e começou a querer subir de vez em quando ao palco. Chamou Rafael Silver e, mais tarde, Nuno Loureiro para juntos formarem este grupo oriundo do Porto, que se estreou ainda esse ano com Morning After, um EP que já tem finalmente sucessor. O primeiro longa duração dos Fugly chama-se Millenial Shit, viu a luz do dia por intermédio da editora O Cão da Garagem e assume-se como uma espécie de disco conceptual que conta a história dos millennials, a Geração Y, os jovens nascidos entre os anos oitenta e noventa, época que culminou na maior taxa de nascimentos per capita. São a voz do emprego precário, dos estágios intermináveis, da abstenção política, dos direitos dos animais, do vegetarianismo, da erradicação dos estigmas populares, da preguiça, do aborrecimento, da legalização da marijuana, dos smartphones, da falta de emoção e capacidades sociais, da depressão antecipada, do controlo hormonal e do capitalismo forçado.
Melhor do que ser eu a descrever o conteúdo de Millenial Shit é mesmo conferir também o que a banda tem a dizer acerca do seu conteúdo, através do press release do lançamento. Assim, tendo em conta a temática acima citada, Millenial Shit gira à volta do romance jovem, das noites loucas e espalhafatosas em que tudo de mau e bom acontece. O arrependimento causado por um dia seguinte cheio de perguntas sem resposta e todo o existencialismo associado. O alinhamento arranca a todo o gás com Hit the Wall, canção feita com uma voz exultante, guitarras banhadas por um audacioso reverb e um baixo vincado e pleno de ritmo que dá as mãos à bateria com elevada mestria. Depois, no punk direto e efusivo de Ciao (You’re Dead), na toada expressiva de Millennial Shit, no elevado acerto melódico com que guitarras e bateria se entrelaçam em Take You Home Tonight e na rugosidade rock de Yey, fica plasmado um modo muito próprio de expressar uma filosofia sonora interpretativa que mais do que mostrar uns Fugly presos por amarras ou balizas que enclausurem o arquétipo sonoro pelo qual se regem, clarifica o alargado e geralmente acelerado espetro rítmico que os define, já que quase sempre optam por criar músicas rápidas, com pouco tempo e que em poucos versos, introduzem a história que pretendem contar. Delirium acaba por funcionar um pouco como contraponto a todo este ideário estilístico dos Fugly, e Rooftop, Inside My Head e The Sun, com uma tonalidade um pouco mais diversificada e intrincada, dão esperança à personagem de poder mudar tudo, de começar de novo e perceber a lição que foi aprendida.
Em suma, Millenial Shit contém uma rebelde euforia utópica que explora ao máximo a relação sensorial humana, com um som psicadélico, barulhento e melódico que atiça todos os nossos sentidos, provoca em nós reações físicas que dificilmente conseguimos disfarçar e, contendo belíssimas texturas, que não se desviam do cariz fortemente experimental que faz parte da essência destes Fugly, trespassam sempre o nosso âmago, fechando-nos dentro de um mundo muito próprio e místico, onde tudo flui de maneira hermética e algo acizentada, como convém a uma crise de identidade bem sucedida. Espero que aprecies a sugestão...
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The Radio Dept. – Your True Name
Os suecos The Radio Dept. de Johan Duncanson, Martin Carlberg e Daniel Tjader estão quase a completar vinte anos de carreira e, além de alguns singles, EPs e temas avulsos, têm já dois discos no seu catálogo que viram a luz do dia esta década; Refiro-me aos extraordinários Clinging To A Scheme (2010) e Running Out Of Love (2016), que podem vir a ter sucessor em 2018, tendo em conta um novo tema acabado de divulgar por este trio bastante aclamado e querido no cenário indie e alternativo.
Distribuída pela Just So!, a etiqueta da banda, Your True Name é o título dessa novidade dos The Radio Dept., uma canção que é um verdadeiro tratado de dream pop eletrónica, embelezada por uma deliciosa guitarra sabiamente escolhida para sustentar uma melodia de onde sobressai uma subtil dose de delicadeza e encantamento que seduz e cativa de modo quase instantâneo. Confere...
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Strand Of Oaks – Harder Love
No final do inverno passado, dois anos e meio depois do excelente Heal, o projeto Strand Of Oaks do norte americano Timothy Showalter, regressou com Hard Love, nove pulsantes temas produzidos por Nicolas Vernhes (The War on Drugs, Spoon) e que foram mais uma fervorosa demonstração de saudável alienação por parte de um músico que, com quinze anos, no sotão de sua casa, se sentiu ausente do resto do mundo e percebeu que a música seria a sua cura e a composição sonora a alquimia que lhe permitiria exorcizar todos os seus medos, problemas e angústias. As sessões de gravação desse registo não incubaram apenas as nove canções que constaram do alinhamento de Hard Love, por isso agora, quase um ano depois, Timothy resolveu dar-lhes protagonismo com o lançamento de Harder Love, um compêndio de temas que por uma qualquer razão ficaram de fora do alinhamento de Hard Love, ou que são lados b dos singles entretanto publicados desse trabalho.
E indesmentível escutar algumas destas canções de Harder Love e não lhes conferir o mesmo cunho qualitativo daquelas que foram selecionadas para Hard Love. Logo no tema homónimo deste compêndio, encontramos uma canção repleta de cor e frenesim, um luminoso instante pop abastecido por referências noise, folk e psicadélicas, que depois se vão encontrar noutros temas do alinhamento, nomeadamente no clima envolvente do efeito que embala Passing Out, nos sintetizadores cósmicos audíveis em Chill Tent e na distorção proeminente e rugosa que conduz Dream Brother. Depois, momentos mais intimistas como Cry ou Rain Won't Come, em que as teclas são adornadas por camadas sonoras ricas em detalhes implícitos, nunca ofuscam a natural predisposição deste reverendo barbudo para expor sentimentos com genuína entrega e sensibilidade extrema, debruçando-se, geralmente, sobre viagens sem destino, o amor, o desapego às coisas terrenas e a solidão.
Strand Of Oaks é mais um que arrisca, e neste caso com enorme sucesso, a mergulhar fundo na psicadelia folk que definiu a música dos anos sessenta, mas fá-lo apoiado num som montado em cima de um imenso cardápio sonoro e musical que, de mãos dadas com uma produção irrepreensível, nos proporciona muito do que de melhor propõe hoje a música independente americana contemporânea. Este seu novo feliz alinhamento de composições acabam não só por dar ainda mais significado e excelência ao conteúdo de Hard Love como expandem os territórios deste artista verdadeiramente singular que replica com mestria um emaranhado de antigas nostalgias e novas tendências, que reproduzem toda a força neo hippie tipicamente rock, mas que também se deixa consumir abertamente tanto pelo experimentalismo punk lisérgico como pela soul. Espero que aprecies a nossa sugestão...
01. Harder Love
02. Passing Out
03. Cry (Alt Version)
04. On The Hill (Alt Version)
05. Sober
06. Dream Brother
07. Rain Won’t Come
08. Wicked Water
09. Chill Tent
10. On The Hill (Extended) [Bonus Track]
11. Wanna Get Lost (Bonus Track)