man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
St. Vincent - Masseduction
Foi no passado dia treze, através da Loma Vista Recordings, que chegou aos escaparates Masseduction, o quinto e mais arrojado álbum de St.Vincent, o alter ego sonoro de Annie Clark, uma compositora que nasceu em Tulsa, no Oklahoma, há trinta e cinco anos e que depois de começar a sua carreira musical nos míticos The Polyphonic Spree, enveredou por uma bem sucedida carreira a solo que amplia continuamente, disco após disco, as suas virtudes como cantora e criadora de canções impregnadas com uma rara honestidade, já que são muitas vezes autobiográficas e, ao invés de nos suscitarem a formulação de um julgamento acerca das opções pessoais da artista e da forma vincada como as expõe, optam por nos oferecer esperança enquanto se relacionam connosco com elevada empatia.
Com uma década de carreira, Annie Clark já cirandou quer pela pop mais ambiental quer pelo rock mais explosivo e orgânico e este Masseduction acaba, de certo modo, por fazer uma espécie de súmula de todas estas abordagens anteriores. Logo a abrir Masseduction deparamo-nos com esta abrangência porque se Hang On Me nos oferece um instante sonoro particularmente emotivo e climático, já Pills tem uma abordagem mais crua e rugosa, ficando assim audível esta intenção, logo á partida, de agregar tudo aquilo que a autora foi testando nos quatro álbuns anteriores, não faltando inclusivé, um pouco adiante, um flirt consciente ao melhor r&b no tema Savior., um dos momentos altos do álbum.
Sendo assim, o conhecedor profundo da carreira de St. Vincent perceciona com nitidez que este é um disco de súmula, um alinhamento que fazendo juz ao melhor glam rock setentista ou à herança que uma Madonna nos deixou nas duas últimas décadas do século passado, algo que o tema homónimo tão bem plasma, alicerça os seus cânones sonoros quase sempre numa pop orquestralmente rica e que tendo o sexo, as drogas e a depressão no foco lírico, pretende mostrar-nos os diferentes significados da palavra sedução, as suas diversas vertentes, positivas ou nem tanto e o heterogéneo campo semântico que o vocábulo abarca.
Produzido quase na íntegra por Jack Antonoff e contando com as participações especiais de Cara Delevingne, antiga namorada de Annie e de Kamasi Washington, entre outros, Masseduction é, em suma, o retrato vivo de uma intrincada teia relacional que a autora estabelece com um mundo nem sempre disposto a aceitar abertamente a diferença e a busca de caminhos menos habituais para o encontro da felicidade plena. Ela sempre teve o firme propósito de utilizar a música não apenas como um veículo de manifestação artística, mas, principalmente, como um refúgio explícito para uma narrativa que, sendo feita quase sempre na primeira pessoa, materializa o desejo de alguém que já confessou não conseguir fazer música se ela não falar sobre si próprio e que amiúde admite guardar ainda muitos segredos dentro de si. E neste trabalho ela fá-lo com tremenda nitidez, expondo-se através de um aparato tecnológico mais ou menos amplo que busca sempre e em primeira instância, respeitar a intimidade mais genuína da autora. Espero que aprecies a sugestão...