man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Arcade Fire - Everything Now
Quase quatro anos depois do excelente Reflektor e de dois discos a solo de Will Butler, os canadianos Arcade Fire aproveitaram a tomada de posse de Donald Trump e os seus devaneios para apresentarem ao mundo o seu novo álbum, mais uma inflexão sonora no rumo delineado pelo projeto no disco anterior e, tematicamente, também um claro manifesto político e de protesto claro, parece-me, ao novo rumo tomado pelo país vizinho, além da já habitual abordagem sociológica aos novos dilemas da contemporaneidade de cariz mais urbano e tecnológico em que a dita sociedade ocidental mais desenvolvida vive.
Apesar do groove punk de Infinite Content, a primeira premissa que me parece clara após a audição deste Everything Now é a certeza de que os Arcade Fire estão cada vez mais distantes do rock impetuoso dos primórdios. Se no anterior Reflektor o grupo ofereceu-nos um trabalho mais acessível e direto que os antecessores, conseguindo manter o habitual encanto algo misterioso e místico que sempre marcou os discos desta banda canadiana, mas longe de funerais, da poesia barroca e de histórias de subúrbios, definindo-se pela vontade de fazer algo diferente e pôr-nos a dançar, desta vez, com a pista de dança ainda em ponto de mira e a manutenção da tonalidade da escrita de Butler e Chassagne, acabamos por, em vários momentos, nomeadamente em Peter Pan, darmos por nós naquele limbo onde, há mínima escorregadela, podemos cair para um lado mais obscuro e depressivo.
Seja como for, os Arcade Fire apostam, definitivamente, na preponderância de sonoridades luminosas, com o formato eminemtemente pop a ser definitivamente relegado para primeiro plano e com o grupo a ter uma nova aúrea, completamente remodelada, mas sem deixar de lado como já referi, o rock, impecavelmente passado a lustro nas guitarras e na tonalidade aguda de Régine que acompanham a batida eletro do discosound setentista de Signs Of Life, mas também no efeito metálico que dá brilho à soul de Electric Blue e, com laivos de epicidade eletrónica extrema, no fuzz oitocentista de Creature Comfort. Depois, esta espécie de revisitação catálogo da história do rock nos últimos trinta anos, no seu formato mais pop, visita a obra de gigantes como David Bowie no toque de distinção dado pela percurssão em God Good Damn ou os U2 no rock de arena de Put Your Money On Me. As cançoes que acabam por suscitar uma aproximação evidente a ambientes mais nativos são, na minha opinião, o tratado de world music chamado Chemistry e Peter Pan, com a primeira a ir beber aos ares do caribe e a segunda a destacar-se pela fantástica percussão e pelos ritmos quentes e africanos.
Everything Now talvez seja a sequência musical mais arriscada da carreira dos Arcade Fire, já que não encontra quase paralelo nos trabalhos anteriores, excepto na tal abordagem a um clima mais pop à semelhança do antecessor e a permanência do típico ambiente quase religioso que a escrita das canções ainda criam, desta vez com a tal vertente política também muito presente. Com períodos introspetivos e outros de plena exaltação, é um disco altamente preciso e controlado, pensado ao mínimo detalhe e que podendo, para muitos fãs, não ir ao encontro das enormes expetativas que sobre ele recaiam, é, no entanto, na minha opinião, mais um salto qualitativo em frente na carreira dos Arcade Fire, principalmente por ter colocado, mais uma vez um enorme ponto de interrogação nos fãs e apreciadores da banda relativamente ao futuro sonoro do grupo. Espero que aprecies a sugestão...
01. Everything_Now (Continued)
02. Everything Now
03. Signs Of Life
04. Creature Comfort
05. Peter Pan
06. Chemistry
07. Infinite Content
08. Infinite_Content
09. Electric Blue
10. Good God Damn
11. Put Your Money On Me
12. We Dont Deserve Love
13. Everything Now (Continued)