man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Underground Lovers – Staring At You Staring At Me
Oriundos de Melbourne, na Austrália, os Underground Lovers são Philippa Nihill, Richard Andrew, Maurice Argiro, Glenn Bennie, Vincent Giarrusso e Emma Bortignon. Apostam no revivalismo do rock progressivo e psicadélico, com uma forte componente experimental, que começou a fazer escola nas décadas de sessenta e de setenta. Pouco conhecidos no resto do mundo, são acompanhados com particular devoção no país de origem e considerados como uma das mais inovadoras bandas australianas, pela forma como conjugam a tradicional tríade baixo, guitarra e bateria com a tecnologia e a eletrónica que hoje prolifera na música e que permite às bandas alargar o seu cardápio instrumental. Editado através da Rubber Records, habitual depositário do catálogo da banda, Staring At You Staring At Me é o trabalho mais recente dos Underground Lovers, um disco que celebra quase três décadas da carreria do grupo e que sucede a Wonderful Things (2011) e ao excelente Weekend (2014).
A banda iniciou a sua carreria discográfica em mil novecentos e noventa e um com um homónimo e Staring At You Staring At Me é já o décimo segundo álbum da carreira dos Underground Lovers, um grupo que passou por algumas transformações, várias entradas e saídas de elementos e com um historial típico de uma banda com um elevado número de músicos com vidas díspares e conturbadas.
Staring At You Staring At Me são nove canções que nos permitem aceder a uma outra dimensão musical com uma assumida pompa sinfónica e inconfundível, sem nunca descurar as mais básicas tentações pop e onde tudo soa utopicamente perfeito. Apesar da já extensa carreira, confesso-me cada vez mais impressionado pela beleza utópica das composições dos Underground Lovers, algo que não falta neste álbum, assim como as belas orquestrações, que vivem e respiram, lado a lado, com distorções e arranjos mais agressivos.
Staring At You Staring At Me denota esmero e paciência por parte de Vincent Giarrusso, o grande mentor e compositor da banda, principalmente na forma como acerta nos mínimos detalhes. Das guitarras que escorrem ao longo de todo o trabalho, passando pelos arranjos de cordas, pianos, efeitos e vozes, tudo se movimenta de forma sempre estratégica, como se cada mínima fração do que escutamos tivesse um motivo para se posicionar dessa forma. Ao mesmo tempo em que é possível absorver Staring At You Staring At Me como um todo, entregar-se aos pequenos detalhes que preenchem o trabalho é outro resultado da mais pura satisfação, como se os Underground Lovers projetassem inúmeras possibilidades e aventuras ao ouvinte em cada canção, assentes num misto de psicadelia, rock progressivo, soul e blues.
O som espacial, experimental, psicadélico e melódico que a banda criou ao longo da carreira, encontra aqui o conforto que necessita para se justificar e se cimentar ainda mais, com o disco a acrescentar à bagagem sonora dos Underground Lovers novas e belíssimas texturas, mais serenas, mas que não se desviam do cariz fortemente experimental que faz parte do ADN do grupo. Assim, da luminosidade do efeito metálico da guitarra que conduz Seen It All, passando pela serenidade folk das cordas que abastecem It’s The Way It’s Marketed e Unbearable e pela elevadíssima dose de psicadelia em que assenta St. Kilda Regret, assim como pela majestosidade experimental e intensa de Glamnesia, um tema cantado com uma voz em eco entrelaçada com uma guitarra plena de distorção, dois detalhes que conferem à canção um enigmático e sedutor cariz vintage, são vários e convincentes os exemplos de rejuvenescimento de um projeto essencial para o rock alternativo australiano e não só.
Apesar da longevidade e da erosão que a instabilidade da formação provoca no seio de uma banda, os Underground Lovers parecem não ter perdido o brilho e não demonstram cansaço ou falta de inspiração. Staring At You Staring At Me tem tudo para ser mais um clássico de uma banda que mergulhada num universo sonoro um pouco mais intimista e reflexivo, continua a soar tão jovial e inventiva como soava há duas décadas. Espero que aprecies a sugestão...
01. St. Kilda Regret
02. You Let Sunshine Pass You By
03. The Conde Nast Trap
04. The Rerun
05. Seen It All
06. It’s The Way It’s Marketed
07. Glamnesia
08. Every Sign
09. Unbearable