man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Feist - Pleasure
Seis anos depois de Metals, o seu último registo de originais, a canadiana Feist regressou em 2017 aos discos com Pleasure, um compêndio de onze canções gravado ao longo de três meses, entre Stinston Beach, Nova Iorque e Paris. Pleasure foi produzido pela própria autora, com a ajuda dos habituais colaboradores Renaud Letang e Mocky e chegou aos escaparates a vinte e oito de abril, à boleia da Interscope Records.
Descrito pela própria autora e compositora como um trabalho em que a mesma explorou até aos limites todas as emoções que foi sentindo nos anos mais recentes e onde sensações de solidão, vergonha, rejeição, perca e até falta de auto-estima foram presença assídua, Pleasure teve como single de apresentação o tema homónimo, uma canção que impressiona pela tonalidade rock, simultaneamente agreste e sedutora, confirmando que Feist, além de excelente compositora, é também uma das guitarristas mais versáteis da atualidade. E através desse chamariz percebemos logo que nos últimos anos muita coisa mudou na carreira desta canadiana ex Broken Social Scene, cada vez mais íntima da típica rugosidade, visceralidade e sujidade do rock e do blues, em detrimento da luminosidade pop e do jogo intrincado e floral que muitas vezes estabeleceu, com algum conforto e elevado acerto, nos primeiros discos, nomeadamente no estreante Monarch (1999), entre diferentes espetros da pop e da folk.
Seja como for, aquilo que não mudou em Feist ao longo de todo este tempo foi a beleza da sua voz, irrepreensível na emotividade ao longo de todo o disco e particularmente expressiva e acutilante no já referido single Pleasure, num registo vocal que também serve de eficaz contraponto à simplicidade melódica desse tema. Mas se há canções que me causaram impacto particularmente positivo foram Any Party e, principalmente, A Man Is Not His Song, composições que bem no centro nevrálgico do alinhamento de Pleasure, ao serem triunfalmente exaltadas pelo posicionamento vocal de várias vozes em coro e por sonoramente apostarem todas as fichas numa filosofia estilística de elevado cariz lo fi, não só vão de encontro aquelas que são as minhas mais recentes preferências dentro do universo pop, mas também porque firmam indelevelmente a nova chancela identitária de Feist.
Pleasure relembra-nos com clareza por que razão Feist continua a ser um sopro de frescura no universo pop, mais que não seja pelo modo como se reinventa sem colocar em causa quer os seus desígnios enquanto cantora e compositora quer pela eficácia na preservação do seu exército de seguidores devotos que vão conseguindo moldar-se e aconchegar-se a cada nova inflexão que planeia e executa. Ela já não traz permanentemente debaixo do braço o conforto da guitarra acústica e o seu piano acutilante, mas mantêm-nos sob encantamento, mesmo ligada de modo mais vincado à corrente, ao ponto de ainda ser uma das artistas que maior peso sentimental, paz de espírito e sensação de distância do mundo nos confere, através dos seus álbuns. Espero que aprecies a sugestão...
01. Pleasure
02. I Wish I Didn’t Miss You
03. Get Not High, Get Not Low
04. Lost Dreams
05. Any Party
06. A Man Is Not His Song
07. The Wind
08. Century (Feat. Jarvis Cocker)
09. Baby Be Simple
10. I’m Not Running Away
11. Young Up