man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Os melhores discos de 2016 (10-01)
10 - Suuns - Hold/Still
Assertivos e capazes de romper limites, os Suuns oferecem-nos, em Hold/Still, entre belíssimas sonorizações instáveis e pequenas subtilezas, um portento sonoro de invulgar magnificiência, com proporções incrivelmente épicas, um disco bem capaz de proporcionar um verdadeiro orgasmo volumoso e soporífero a quem se deixar enredar nesta armadilha emocionalmente desconcertante, feita com uma química interessante e num ambiente simultaneamente denso e dançável, despido de exageros desnecessários, mas que busca claramente a celebração e o apoteótico.
01. Fall
02. Instrument
03. UN-NO
04. Resistance
05. Mortise And Tenon
06. Translate
07. Brainwash
08. Careful
09. Paralyzer
10. Nobody Can Save Me Now
11. Infinity
09 - LNZNDRF - LNZNDRF
LNZNDRF é uma simbiose corajosa e sem entraves ou inibições, entre três músicos que acabaram por ser aquele detalhe orgânico que dá alma a todas as ligações de fios e transístores que tiveram que estabelecer nestas oito canções e que transportam um infinito catálogo de sons e díspares referências que parecem alinhar-se apenas na cabeça e nos inventos nada óbvios de cada um deles e de todos em conjunto. Espero que aprecies a sugestão...
01. Future You
02. Beneath The Black Sea
03. Mt Storm
04. Kind Things
05. Hypno-Skate
06. Stars And Time
07. Monument
08. Samarra
08 - Allah-Las - Calico Review
Calico Review é um disco feito de referências bem estabelecidas e com uma arquitetura musical que garante aos Allah-Las a impressão firme da sua sonoridade típica e ainda permite terem margem de manobra para futuras experimentações. Ensaio de assimilação de heranças, como se da soma que faz o seu alinhamento nascesse um mapa genético que define o universo que motiva esta banda californiana, Calico Review conquista e seduz, com as suas visões de uma pop caleidoscópia e o seu sentido de liberdade e prazer juvenil e suficientemente atual, exatamente por experimentar tantas referências antigas.
01. Strange Heat
02. Satisfied
03. Could Be You
04. High And Dry
05. Mausoleum
06. Roadside Memorial
07. Autumn Dawn
08. Famous Phone Figure
09. 200 South La Brea
10. Warmed Kippers
11. Terra Ignota
12. Place In The Sun
Dan Carney é um mestre da introspeção que todos precisamos de fazer periodicamente, aquela que resulta porque vai direita ao âmago, de punhos cerrados, com garra e fibra, sem falsos atalhos e cansativos clichês. Além de refletir sabiamente sobre o mundo moderno, Astronauts fá-lo materializando os melhores atributos que guarda na sua bagagem sonora, tornando-nos novamente cúmplices das suas angústias e incertezas, enquanto sobrepõe texturas, sopros e composições contemplativas, que criam uma paisagem imensa e ilimitada de possibilidades e um refúgio bucólico dentro da amálgama sonora que sustenta a música atual. Espero que aprecies a sugestão...
01. Recondition
02. Civil Engineer
03. Dead Snare
04. You Can Turn It Off
05. A Break In The Code, A Cork In The Stream
06. When It’s Gone
07. Split Screen
08. Hider
09. Breakout
10. Newest Line
11. Skeleton
06 - Pavo Pavo - Young Narrator In The Breakers
Com nuances variadas e harmonias magistrais, em Young Narrator In The Breakers tudo se orienta com o propósito de criar um único bloco de som, fazendo do disco um corpo único e indivisível e com vida própria, com os temas a serem os seus orgãos e membros e a poderem personificar no seu todo umgroove e uma ligeireza que fazem estremecer o nosso lado mais libidinoso, servidos em bandeja de ouro por um compêndio aventureiro, que deve figurar na prateleira daqueles trabalhos que são de escuta essencial para se perceber as novas e mais inspiradas tendências do indie rock contemporâneo, além de ser, claramente, um daqueles discos que exige várias e ponderadas audições, porque cada um dos seus temas esconde texturas, vozes, batidas e mínimas frequências que só são percetíveis seguindo essa premissa.
01. Ran Ran Run
02. Annie Hall
03. Ruby (Let’s Buy The Bike)
04. Wiserway
05. A Quiet Time With Spaceman Sputz
06. Somewhere In Iowa
07. Belle Of The Ball
08. The Aquarium
09. No Mind
10. John (A Little Time)
11. Young Narrator In The Breakers
12. 2020, We’ll Have Nothing Going On
05 - You Can't Win, Charlie Brown - Marrow
Marrow escuta-se num ápice e não deixa ninguém indiferente! Mexe, espicaça, suscita um levantar de poeira que depois não se resolve de modo a que no fim assente pedra sobre pedra e exala uma curiosa sensação de sofreguidão, porque se quer ouvir sempre mais e mais e ficar ali, preso neste mundo dosYou Can't Win, Charlie Brown, consistentes e esplendororos no modo como, música após música, conceptual e criativamente nos confortam e desassossegam com melodias maravilhosamente irresistiveis e onde é muito ténue a linha que separa o positivamente irascível do enigmaticamente ternurento.
1 – Above The Wall
2 – Linger On
3 – Pro Procrastinator
4 – Mute
5 – If I Know You, Like You Know I Do
6 – In The Light There Is No Sun
7 – Joined By The Head
8 – Frida (La Blonde)
9 - Bones
04 - Radiohead - A Moon Shaped Pool
Disco muito desejado por todos os seguidores e não só e que quebra um longo hiato de praticamente meia década, A Moon Shaped Pool é um lugar mágico para onde podemos canalizar muitos dos nossos maiores dilemas, porque tem um toque de lustro de forte pendor introspetivo, livre de constrangimentos estéticos e que nos provoca um saudável torpor, num disco que, no seu todo, contém uma atmosfera densa e pastosa, mas libertadora e esotérica. Acaba por ser um compêndio de canções que nos obriga a observar como é viver num mundo onde somos a espécie dominante e protagonista, mas também observadora de outros eventos e emoções, um trabalho experimentalista naquilo que o experimentalismo tem por génese: a mistura de coisas existentes, para a descoberta de outras novas, como tão bem prova a fabulosa e surpreendente versão de True Love Waits, uma das mais bonitas canções que a banda compôs e que tocou ao vivo pela primeira vez já no longínquo ano de 1995.
01. Burn The Witch
02. Daydreaming
03. Decks Dark
04. Desert Island Disk
05. Ful Stop
06. Glass Eyes
07. Identikit
08. The Numbers
09. Present Tense
10. Tinker Tailor Soldier Sailor Rich Man Poor Man Beggar Man Thief
11. True Love Waits
03 - DIIV - Is The Is Are
Is The Is Are é um daqueles registos discográficos onde a personalidade de cada uma das canções do alinhamento demora um pouco a revelar-se nos nossos ouvidos, mas é incrivelmente compensador experimentar sucessivas audições para destrinçar os detalhes precisos e a produção impecável e intrincada que as distingue e que sustenta a bitola qualitativa de um disco incubado por um grupo que procura redimir-se do seu passado, mas que também quer mostrar que vive no pico da sua produção criativa, porque exige e consegue navegar sem parcimónia em diferentes campos de exploração. A imprevisibilidade é, afinal, algo de valor no mundo artístico e Zachary Cole, uma dos personagens mais excêntricas no mundo da música de hoje, continua a jogar com essa evidência a seu favor, à medida que apresenta diferentes ideias e conceitos de disco para disco, tendo, neste caso, excedido favoravelmente todas as expetativas e criado um dos álbuns essenciais do ano.
01. Out Of Mind
02. Under The Sun
03. Bent (Roi’s Song)
04. Dopamine
05. Blue Boredom (Sky’s Song)
06. Valentine
07. Yr Not Far
08. Take Your Time
09. Is The Is Are
10. Mire (Grant’s Song)
11. Incarnate Devil
12. (Fuck)
13. Healthy Moon
14. Loose Ends
15. (Napa)
16. Dust
17. Waste Of Breath
02 - Parquet Courts - Human Performance
Independentemente de todas as referências nostálgicas e mais contemporâneas que Human Performance possa suscitar, este tomo de canções possibilita-nos apreciar uns Parquet Courts renovados, enérgicos e interventivos, que chegam a 2016 instalados no seu trabalho mais consistente e ousado, uma sucessão incrível de canções que são potenciais sucessos esingles e passos certos e firmes para um futuro que não deverá descurar um piscar de olhos a ambientes ainda mais experimentalistas, sem colocar em causa esta óbvia e feliz vontade de chegarem a cada vez mais ouvidos.
01. Dust
02. Human Performance
03. Outside
04. I Was Just Here
05. Paraphrased
06. Captive Of The Sun
07. Steady On My Mind
08. On Man, No City
09. Berlin Got Blurry
10. Keep It Even
11. Two Dead Cops
12. Pathos Prairie
13. It’s Gonna Happen
Funny Papers sabe a muito pouco, tal é a hipnose instrumental que nos oferece, pensada para nos levar numa road trip pelo deserto com o sol quente na cabeça, à boleia da santa tríade do rock, uma viagem lisérgica através do tempo em completo transe e hipnose. Da psicadelia, ao garage rock, passando pelo shoegaze e agora também pelo chamado punk rock, são várias as vertentes e influências sonoras que podem descrever a sonoridade dos MALL WALK, que acabam de dar um passo bastante confiante, criativo e luminoso na sua já respeitável carreira. Espero que aprecies a sugestão...
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Os melhores discos de 2016 (20-11)
Aproxima-se o final do ano e o momento de fazer o balanço discográfico de 2016. Como é habitual, Man On The Moon começa hoje a publicar a lista daqueles que considera terem sido os vinte melhores discos do ano, abrindo as hostilidades com os lançamentos discográficos posicionados da vigésima à décima primeira posição. Confere...
Em Forever Sounds os Wussy mantêm-se concisos e diretos na visceralidade controlada que querem exalar e provam elevada competência no modo como separam bem os diferentes sons e os mantêm isolados e em posição de destaque, durante o processo de construção dos diferentes puzzles que lhes dão substância. Muitas vezes torna-se demasiado dominante e percetivel a distorção das guitarras em bandas que apostam no espetro sonoro relacionado com o indie rock mais cru, mas no caso deste quinteto tal preponderância atinge uma bitola qualitativa elevada, além de não faltar uma porta aberta a um saudável experimentalismo. O modo exemplar como Forever Sounds amplifica estas impressões faz deste Wussy um nome a reter com urgência, impulsionados por um disco que é um espetacular tratado de indie punk rock aternativo, aditivo, rugoso e viciante.
01. Dropping Houses
02. She’s Killed Hundreds
03. Donny’s Death Scene
04. Gone
05. Hello, I’m A Ghost
06. Hand Of God
07. Sidewalk Sale
08. Better Days
09. Majestic-12
10. My Parade
19 - The Lees Of Memory - Unnecessary Evil
Os The Lees Of Memory deslumbram pelo à vontade com que navegam nos meandros intrincados e sinuosos do indie rock mais progressivo e psicadélico. A leveza contínua, o entusiasmo lírico, a atmosfera amável, apesar do fuzz constante e o clima geral luminoso, enérgico e algo frenético de Unnecessary Evil, são os principais indicadores de um disco que flui bem, não só porque tem um conjunto de belíssimas canções, que nos oferecem camadas sofisticadas de arranjos criativos e bonitos, mas também porque é um álbum que reforça o traço de honestidade de uma banda que quer tornar-se protagonista no universo sonoro em que se move. Espero que aprecies a sugestão...
01. Any Way But Down
02. No Power
03. XLII
04. Stay Down
05. Just For A Moment
06. Unnecessary Evil
07. Artificial Air
08. The End Of The Day
09. Squared Up
10. Look Away
18 - James Supercave - Better Strange
Better Strange é um disco muito experimentalista naquilo que o experimentalismo tem por génese: a mistura de coisas existentes, para a descoberta de outras novas. Mas tem também uma estrutura sólida e uma harmonia constante. É estranho mas pode também não o ser. É a música no seu melhor.
01. Better Strange
02. Whatever You Want
03. Burn
04. Body Monsters
05. How To Start
06. Get Over Yourself
07. The Right Thing
08. Virtually A Girl
09. Chairman Gou
10. With You
11. Just Repeating What’s Around Me
12. Overloaded
Pussy's Dead contou com uma enorme sapiência para a criação de nuances variadas e harmonias magistrais, onde tudo se orientou com o propósito de criar um único bloco de som, fazendo do disco um corpo único e indivisível e com vida própria, onde couberam todas as ferramentas e fórmulas necessárias para que a criação de algo verdadeiramente imponente e que obriga a crítica a ficar mais uma vez particularmente atenta a esta nova definição sonora que deambula algures pela cidade dos anjos. Espero que aprecies a sugestão...
01. Selectallcopy
02. Soft Scene
03. Hamster Suite
04. Junk For Code
05. Anonymous
06. Brainwasher
07. Listen To The Order
08. Reappearing
09. Change My Head
10. Becker
16 - American Wrestlers - Goodbye Terrible Youth
Terrible Youth, permitem-nos contemplar todo um charme rugoso que os American Wrestlers replicam hoje melhor que ninguém e dão-nos o mote para um álbum curioso e desafiante, que impressiona pela forma livre e espontânea como os vários instrumentos, mas em especial as guitarras, se expressam, guiadas pela nostalgia e pelas emoções que Gary, o líder deste projeto, pretende transmitir.
15 - Pfarmers - Our Puram
Our Puram é um ribeiro sonoro por onde confluem vários sons da mais diversa estirpe e de diferentes proveniências, mas todos cheios de vida e prestes a desaguar na Terra Prometida idealizada pelos Pfarmers. Aí são arremessadas para longe todas as tensões e desajustes de um passado de Seim, que está, pelos vistos, na sua vida pessoal, a salivar por uma banda sonora tremendamente sensorial, feita aqui com uma arrebatadora coleção de trechos sonoros cuja soma resulta numa grande melodia linda e inquietante. Para chegar a este resultado único, Seim e os seus parceiros, não recearam entregar-se de corpo e alma ao instrumentos que mais apreciam mas também ao mundo das máquinas, numa simbiose corajosa e sem entraves ou inibições, em oito canções que transportam um infinito catálogo de sons e díspares referências que parecem alinhar-se apenas na cabeça e nos inventos nada óbvios destes Pfarmers.
01. 97741
02. Tour Guide
03. Red Vermin
04. You’re with Us
05. Sheela
06. The Commune
07. Osho Rising
08. Our Puram
Em Dusk vai-se, num abrir e fechar de olhos, do nostálgico ao glorioso, numa espécie de indie-folk-surf-suburbano, feito por mestres de um estilo sonoro carregado de um intenso charme e que parecem não se importar de transmitir uma óbvia sensação de despreocupação, algo que espalha um charme ainda maior pela peça em si que este disco representa. Neste disco, os Ultimate Paiting avançam em passo acelerado em direção à maturidade, de um modo extraordinariamente jovial, que seduz pela forma genuína e simples como retratam sonoramente eventos e relacionamentos de um quotidiano rotineiro.
01. Bills
02. Song For Brian Jones
03. A Portrait Of Jason
04. Lead The Way
05. Monday Morning, Somewhere Central
06. Who Is Your Next Target?
07. Skippool Creek
08. I’m Set Free
09. Silhouetted Shimmering
10. I Can’t Run Anymore
13 - Helado Negro - Private Energy
Ao quinto disco, cada vez mais confiante, inspirado e multifacetado, Langecontinua a aventurar-se corajosamente na sua própria imaginação, construída entre o caribe que o viu nascer e a América de todos os sonhos. Nestas suas novas canções contorna, mais uma vez, todas as referências culturais que poderiam limitar o seu processo criativo para, isento de tais formalismos, não recear misturar tudo aquilo que ouviu, aprendeu e assimilou e que é, mais uma vez, sonoramente tão bem retratado, com enorme mestria e um evidente bom gosto, ao mesmo tempo que reflete com indisfarçável temperamento sobre si próprio, enquanto compila com música, história, cultura, saberes e tradições, num pacote sonoro cheio de groove e de paisagens sonoras que contam histórias que Helado Negro sabe, melhor do que ninguém, como encaixar.
01. Calienta
02. Tartamudo
03. Obra Dos
04. Lengua Larga
05. Runaround
06. Young, Latin And Proud
07. Obra Tres
08. Transmission Listen
09. Persona Facil
10. Mi Mano
11. Obra Cuatro
12. It’s My Brown Skin
13. We Don’t Have Time For That
14. Obra Cinco
12 - Wilco - Schmilco
Disco que se destaca pelo habitual entusiasmo lírico e por um prolífero e desafiante incómodo contínuo, que neste caso se saúda com inegável deleite, Schmilco mantém firme o traço de honestidade de uma banda que quer continuar a ser protagonista no universo sonoro em que se move. É um trabalho que desafia o nosso lado mais sombrio e os nossos maiores fantasmas, no convite que nos endereça à consciência do estado atual do nosso lado mais carnal e no desarme total que torna inerte o lado mais humano do nosso peito, nem sempre devidamente realista e racional. Com a temática das canções a expôr as habituais angústias da sociedade de hoje profundamente tecnológica e a dependência da contínua revolução que vivemos, Jeff Tweedy avisa-nos que não se pode deixar de vivenciar sentimentos e emoções reais, de preferência com a crueza e a profundidade simultaneamente vigorosas e profundas que merecem.
01. Normal American Kids
02. If I Ever Was A Child
03. Cry All Day
04. Common Sense
05. Nope
06. Someone To Lose
07. Happiness
08. Quarters
09. Locator
10. Shrug And Destroy
11. We Aren’t The World (Safety Girl)
12. Just Say Goodbye
11 - Psychic Ills – Inner Journey Out
Os Psychic Ills fazem-nos recuar quase meio século, sob o efeito soporífero de canções que parecem não ter um tempo exato para viverem e que se deixam espraiar até ao limite de tudo aquilo que têm de sublime para nos transmitir, oferecem-nos uma revisão bastante contemporânea de toda a herança que o indie rock de cariz mais melancólico, ambiental e lo fi nos deixou até hoje.
01. Back To You
02. Another Change
03. I Don’t Mind
04. Mixed Up Mind
05. All Alone
06. New Mantra
07. Coca-Cola Blues
08. Baby
09. Music In My Head
10. No Worry
11. Hazel Green
12. Confusion (I’m Alright)
13. Ra Wah Wah
14. Fade Me Out
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Cœur De Pirate – Chansons Tristes Pour Noël EP
Aproxima-se o natal e, como é hábito, algumas bandas aproveitam para gravar alguns temas ou conjuntos de temas relacionados com esta época tão especial, sejam versões de alguns clássicos ou originais. Chansons Tristes Pour Noël é um desses exemplos, um pequeno mas encantador EP de três canções, da autoria dos canadianos Cœur De Pirate de Béatrice Martin e Renaud Bastien.
Com dois temas cantados em francês e uma cover do clássico dos Wham Last Christmas, Chansons Tristes Pour Noël é um pequeno mas aconchegante instante natalício, perfeito para tocar na noite de consoada, naquela pausa entre o levantar das espinhas do bacalhau da mesa e a ascensão do leite creme ao primeiro plano da mesma, com uma elevada toada nostálgica e uma luminosidade muito peculiar. São canções que sobrevivem à custa de arranjos de cordas exuberantes, num cosmos natalício onde se mistura harmoniosamente a exuberância acústica da voz, conseguida através da combinação da guitarra com outros sons e detalhes.
Optimistas por natureza, estes dois músicos mostram-se maduros e conscientes, compondo num estágio superior de sapiência que lhes permite utilizar o habitual espírito acústico para se colocarem à boleia de arranjos de cordas tensos, dramáticos e melódicos e contar histórias que os materializam na forma de conselheiros espirituais sinceros e firmes e que têm a ousadia de nos querer guiar pelo melhor caminho, sem mostrar um superior pretensiosismo ou tiques desnecessários de superioridade. Espero que aprecies a sugestão...
01. Noël Sous Les Tropiques
02. Last Christmas
03. Pour La Première Fois, Noël Sera Gris
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Andrew Belle – Back For Christmas
O compositor e músico californiano Andrew Belle compôs e editou um tema de natal para este ano. A canção intitula-se Back For Christmas e está incluída no alinhamento de A Very RELEVANT Christmas, Vol 6, uma edição da publicação Relevant e na qual se incluem, também com composições alusivas a esta quadra festiva, outros nomes imprescindíveis como Kyle Cox, Sleeping At Last, Hoyle e Branches, entre outros.
Esta canção já existe em formato demo desde 2010, mas só agora, no ocaso de 2016, Andrew Belle viu a oportunidade certa para lhe dar os arranjos finais. Ela tem um historial bastante interessante de junção de fragmentos, conforme referiu Belle no release de lançamento: The demo of this song was actually created back in 2010 and I wrote each of the verses at different times over the last six years,” shares Belle. “In the first verse I’m talking about the existence of God, the second is about discovering who he is, and the third verse says, ‘I only got what I can give away,” which is something I’m learning, slowly, as I get older.
Com o ambiente sonoro multicolorido e espetral a ser influenciado pela paisagem multi cultural de Los Angeles, cidade onde Andrew vive atualmente e com um forte cunho impressivo por parte do produtor Chad Copelin (Ben Rector, Sufjan Stevens, Ivan & Alyosha), Back For Christmas explora algumas das mais contemporâneas interseções entre pop e eletrónica enquanto nos oferece um excelente instante sonoro para esta consoada.Confere...
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Velhos - Velhos
Gravado e misturado no Estúdio Zeco por João Sozinho e masterizado por Nélson Carvalho no Estúdio SSL Valentim de Carvalho, exceto Manso, canção não masterizada e uma edição conjunta da AMOR FÚRIA e da Flor Caveira, Velhos é o novo registo de originais dos Velhos, um coletivo lisboeta que em nove magníficas canções nos oferece uma das melhores surpresas nacionais sonoras de 2016.
As canções de Velhos têm o curioso efeito de parecerem deambular numa espécie de descontrolado vaivém, sem aparente origem e destino. A falsa lentidão do riff da guitarra de Aberta Nova e o modo como um efeito distorcido se insinua no refrão, são apensas dois dos detalhes que, logo no tema de abertura, nos fazem ter essa impressão de que há aqui algo simultaneamente denso e intrincado, mas também bastante profundo e revelador. O feliz enclausuramento que todos deveríamos sentir pelo menos uma vez na vida e que é descrito em Manso, desfilando perante os nossos ouvidos através dessa matriz sonora, parece ainda mais perene e um daqueles alvos apetitosos, que deve estar ali, num lugar cimeiro dos nossos objetivos mais prementes.
Todo o disco merece dedicada e atenta audição, sendo um exercício ainda mais recompensador se acompanhado por uma interiorização dos diversos poemas musicados, assentando, no geral, em lindíssimas melodias amigáveis e algo psicadélicas, feitas com guitarras distorcidas, mas também momentos mais íntimos e quase silenciosos, onde se canta de modo mais grave e existe uma maior escassez instrumental. Aqui Parado é um tema que nos apresenta, com exatidão, esta ambivalência que, no fundo, é algo fictícia porque o rumo melódico e instrumental que sustenta esta e as outras canções é, apenas, uma forma de apresentar as diversas cargas emotivas que as letras contêm. E depois, no modo como em Dorme a bateria se relaciona com o fuzz da guitarra e os diferentes registos vocais, a solo e em coro, são aspetos que esclarecem-nos que este é um coletivo de músicos único e que também consegue libertar-se de uma certa timidez introspetiva, para se apresentarem, quando é necessário, mais luminosos e expressivos. Aliás, isso também fica plasmado em Casa Comigo, canção que impressiona pelo seu edifício melódico, que oscila entre o épico e o hipnótico, o lo-fi e o hi-fi, com a repetitiva linha de guitarra a oferecer um realce ainda maior ao refrão e as oscilações no volume a transformarem a canção num hino rock, que funciona como um verdadeiro psicoativo sentimental com uma caricatura claramente definida e que agrega, de certo modo, todas as referências internas presentes na sonoridade de Velhos, mas com superior abrangência e cor.
Velhos acaba por ser uma espécie de narrativa espiritual e sem clímax, com uma dinâmica bem definida e muito agradável e, ao longo da sua audição, acabamos, frequentemente, por ter de esquecer tudo aquilo que nos rodeia para conseguirmos saborear devidamente algo grandioso, porque transmite um rol de emoções e sensações com intensidade e minúcia, misticismo e argúcia e sempre com uma serenidade melancólica bastante contemplativa. Espero que aprecies a sugestão...
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Nosound – Scintilla
Os italianos Nosound são vistos como uma das mais influentes bandas de alt/art rock da Europa, já que combinam, com particular mestria, influências que vão da psicadelia setentista de século passado ao rock alternativo da década seguinte, passando por alguns dos traços mais caraterísticos do rock progressivo atual. Este projeto começou a solo em 2005, pelas mãos de Giancarlo Erra, mas rapidamente cresceu para uma banda de cinco músicos, com Marco Berni, Alessandro Luci, Paolo Vigliarolo e Giulio Caneponi a serem os companheiros atuais de Erra nesta aventura, que também já contou com os músicos Paolo Martellacci, Gigi Zito, Gabriele Savini e Mario Damico.
Uma sonoridade intensa e bastante evocativa encabeçada por nomes tão distintos como Brian Eno e Pink Floyd por um lado ou Sigur Rós e Porcupine Tree por outro, é aquela que abastece Scintilla, o nome do quinto e novo registo de originais destes Nosound, dez canções embrulhadas por uma produção impecável e que nos emergem numa intensa catarse de letargia sentimental proporcionada com apurado bom gosto.
Logo na introdutória Short Story sentimos nos ombros toda a carga emocional do universo Nosound. Logo depois, na cândura vocal de Erra e na beleza melancólica de Last Lunch, que nos conserva e nos alivia, somos clarificados acerca do enorme poder que a música pode ter no nosso amago e no modo como remexe com causas que achávamos perdidas e convenções que eram, para o nosso cerne, verdades insofismáveis.
A música de Scintilla possibilita este abanão estimológico, numa espécie de profecia que abrigada pelas asas onde planam os metais de Little Man ou pela guitarra que divaga em Sogno E Incendio, nos faz crer que nem sempre tudo aquilo que julgamos resolvido, para o bem ou para o mal, não possa ser visto de uma outra perspetiva e acabar por ser alvo de uma diferente abordagem. A eternidade que dura cada nota da guitarra deste último tema dá-nos o fôlego suficiente para nos apropriarmos daquela réstia de coragem que falta para que tudo se revire e em The Perfect Wife o modo como o baixo oscila entre o querer estar no primeiro plano do processo de construção melódica e, a partir de determinado ponto, numa posição de menor protagonismo, cimenta esta ténue fronteira entre aquilo que é o que é, mas nem sempre é o que realmente parece ser. A própria atmosfera do tema homónimo e os raios de luz que o piano e a distorção da guitarra nos oferecem nessa canção, traduzem este sentimento que se baseia num misto de eterna dúvida acerca das felizes certezas que vamos construindo e na nossa predisposição para não fazermos de conta que a vida é mesmo assim, um constante sobressalto para quem se resigna a viver numa realidade de confortáveis aparências. Espero que aprecies a sugestão...
01. Short Story
02. Last Lunch
03. Little Man
04. In Celebration Of Life
05. Sogno E Incendio
06. Emily
07. The Perfect Wife
08. Love Is Forever
09. Evil Smile
10. Scintilla
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The Ocean Party – Restless
Jordan Thompson, Liam Halliwell, Curtis Wakeling, Lachlan Denton, Zac Denton e Crowman, são os The Ocean Party, um projeto australiano de indie pop oriundo de Melbourne e que se move em pardacentas areias sonoras, onde pianos, batidas, sopros e cordas conjuram aventuras e demandas, rumo aquela luz que nunca esmorece e que além de nos aquecer a alma, pode também fazer oferecer sensações físicas que nem sempre conseguimos voluntariamente controlar.
Restless, um belíssimo tomo de onze canções e que se abre perante nós através do delicioso buliço de um tema homónimo que nos mostra todos os ingredientes de que este projeto se serve, é o mais recente assomo de delicadeza, mas também de desafio, deste sexteto que não se importa nada de nos fazer recuar até aos gloriosos anos oitenta, quer nas asas do baixo e do sintetizador da majestosidade inebriante de Hunters, mas também da subtileza festiva que extravasa da incrível e frenética melodia que conduz Back Bar e, mais adiante, na elegância de West Koast.
Abrigados pela insuspeita Spunk Records!, morada de nomes tão consistentes como Nadia Reid, Ty Segall ou Emma Russack, os The Ocean Party gostam de passear e fazer-nos também passear entre a serenidade e a agitação sem darmos conta, sendo exímios a compôr temas que, frequentemente, contêm um clima simultaneamente misterioso e atraente, algo que Decent Living clarifica com particular bom gosto, balizados por uma indie pop apimentada com uma elevada dose de experimentalismo. Apesar de o clima destas canções ser antagónico ao habitual cinzentismo enigmático do rock de cariz mais sombrio, o baixo é, curiosamente, um instrumento essencial na condução das canções de Restless, com Teachers a ser um excelente exemplo do modo como se servem dele para solidificar o edifício que sustenta o tema e como depois afagam os restantes instrumentos em redor. Logo a seguir, em Better Off, há um timbre de guitarra que vai surgindo e servindo de chamariz para um entra e sai de cordas e sopros, mas o baixo está lá sempre, permanentemente, a guiar toda a trama e a não deixar que toda esta heterogeneidade rítmica e instrumental resvale. Já em Pressure é mesmo o baixo que sobe ao palco em primeiro lugar e o instrumento sobre o qual todos os holofotes se colocam à medida que a canção escorre em arrojo e emoção e transmite o seu ideário.
Em Restless fica clara a capacidade inata dos The Ocean Party em compôr entre a serenidade e a agitação sem perderem sapiência melódica, caraterística que lhes confere uma versatilidade difícil de encontrar na maioria das bandas da atualidade. As canções deste disco não são apenas um simples agregado de efeitos e batidas, entrelaçadas com acordes e sons de cordas, mas algo grandioso, transmitindo um rol de emoções e sensações expressas com intensidade e minúcia, misticismo e argúcia e sempre com uma serenidade melancólica e bastante contemplativa. Reach talvez seja aquela canção que melhor consegue resumir este excelente compêndio de canções que atesta a maturidade o alto nível de excelência, de uma banda que merece chegar ao público ávido de novidades e que procura constantemente algo de novo e refrescante e que alimente o seu gosto pela música alternativa. Espero que aprecies a sugestão...
01. Restless
02. Hunters
03. Back Bar
04. Decent Living
05. Teachers
06. Better Off
07. Pressure
08. Reach
09. Second Guess
10. West Koast
11. Locked Up
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Low – Some Hearts (At Christmas Time)
Aproxima-se o natal e, como é hábito, algumas bandas aproveitam para gravar alguns temas relacionados com esta época tão especial, sejam versões de alguns clássicos ou originais. Um deles é Some Hearts (At Christmas Time), um original dos Low de Alan Sparhawk e Mimi Parker, aos quais se juntou o baixista Steve Garrington desde 2008, banda que desde a última década do século passado tem vindo a impressionar-nos com a sua pop emotiva e sedutora, desde a pequena cidade de Duluth, no Minnesota.
Mesmo sendo uma canção de natal, Some Hearts (At Christmas Time) é, claramente, mais um marco significativo na carreira dos Low, mais uma pancada seca e certeira numa pop paciente e charmosa, nas asas de uma fidelidade quase canónica à lentidão melódica, ao charme da guitarra e à capacidade que o uso assertivo de agudos e falsetes na voz têm de colocar em causa todos os cânones e normas que definem alguns dos pilares fundamentais da nossa interioridade. Confere...
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American Wrestlers - Goodbye Terrible Youth
American Wrestlers é um projeto liderado por Gary McClure, um escocês que vive atualmente nos Estados Unidos, em St. Louis, no estado do Missouri. A ele juntam-se, atualmente, Ian Reitz (baixo), Josh Van Hoorebeke (bateria) e Bridgette Imperial (teclados). Tendo Gary crescido em Glasgow, no país natal, mudou-se há alguns anos para Manchester, na vizinha Inglaterra, onde conheceu a sua futura esposa, com quem se mudou, entretanto, para o outro lado do Atlântico.
Depois de em Manchester ter feito parte dos míticos Working For A Nuclear Free City, juntamente com o produtor Philip Kay, um projeto que chegou a entrar em digressão nos Estados Unidos e a chamar a atenção da crítica e a ser alvo de algumas nomeações, a verdade é que nunca conseguiu fugir do universo mais underground acabando por implodir.
Já no lado de lá do atlântico, Gary começou a compôr e a gravar numa mesa Tascam de oito pistas e assim nasceram os American Wrestlers. O projeto deu um grande passo em frente, ao assinar pela insuspeita Fat Possum e daí até ao disco de estreia, um homónimo editado na primavera do ano passado, foi um pequeno passo. American Wrestlers impressionou pelo ambiente sonoro com um teor lo fi algo futurista, devido à distorção e à orgânica do ruído em que assentavam grande parte das canções, onde não faltavam alguns arranjos claramente jazzísticos e uma voz num registo em falsete, com um certo reverb que acentuava o charme rugoso da mesma.
Se essa estreia, já na prateleira lá de casa, nos oferecia uma viagem que nos remetia para a gloriosa época do rock independente, sem rodeios, medos ou concessões, proporcionada por um autor com um espírito aberto e criativo, o sucessor, um trabalho intitulado Goodbye Terrible Youth e que viu a luz do dia em meados de novembro, cimenta essa filosofia vencedora. Mas no modo como, logo em Vote Tatcher, o sintetizador se relaciona com o fuzz da guitarra, esclarece-nos que à segunda rodada Gary libertou-se de uma certa timidez introspetiva, para se apresentar mais luminoso e expressivo. Aliás, isso também percebe-se em Give Up, a primeira amostra divulgada, canção que impressiona pela melodia frenética em que assenta e que oscila entre o épico e o hipnótico, o lo-fi e o hi-fi, com a repetitiva linha de guitarra a oferecer um realce ainda maior ao refrão e as oscilações no volume a transformarem a canção num hino pop, que funciona como um verdadeiro psicoativo sentimental com uma caricatura claramente definida e que agrega, de certo modo, todas as referências internas presentes na sonoridade de American Wrestlers, mas com superior abrangência e cor.
Na verdade, o quarto onde McClure compôs o registo de estreia transformou-se num grande palco, sem colocar em causa aquele clima algo misterioso que define este projeto American Wrestlers, mas oferecendo ao ouvinte uma maior multiplicidade de detalhes e caraterísticas dos vários espetros sonoros que definem o indie rock alternativo. O grunge que exala de So Long, o crescente frenesim psicadélico que nos envolve em Hello, Dear, o fuzz inebriante do baixo de Someone Far Away e o modo como o riff da guitarra ácido e extremamente melódico rebarba de alto a baixo a secção rítmica de Terrible Youth, permitem-nos contemplar todo este charme rugoso que os American Wrestlers replicam hoje melhor que ninguém e dão-nos o mote para um álbum curioso e desafiante, que impressiona pela forma livre e espontânea como os vários instrumentos, mas em especial as guitarras, se expressam, guiadas pela nostalgia e pelas emoções que Gary pretende transmitir. Espero que aprecies a sugestão...
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The Jesus And Mary Chain – Amputation
Banda icónica do punk rock alternativo de final do século passado, os escoceses The Jesus And Mary Chain acabam de anunciar o seu primeiro registo de originais do século XXI. O sucessor de Munki (1998) chama-se Damage And Joy, irá ver a luz do dia a vinte e quatro de março de 2017 à boleia da ADA/Warner Music e já se conhece Amputation, o tema que abre o alinhamento do álbum.
A canção estreou na BBC na passada quinta-feira e, pela amostra, parece claro que o grupo, sem deixar de estar agregado ao estigma inerente à sua sonoridade típica, procurarará evoluir em Damage And Joy para outras sonoridades e para a exploração de diferentes territórios sonoros. O fuzz da guitarra que conduz Amputation, abriga-se numa zona de conforto mas, ao mesmo tempo, procura romper um pouco com a mesma. Confere o single e a tracklist de Damage And Joy...
01. Amputation
02. War On Peace
03. All Things Pass
04. Always Sad
05. Song For A Secret
06. The Two Of Us
07. Los Feliz (Blues and Greens)
08. Mood Rider
09. Presidici (Et Chapaquiditch)
10. Get On Home
11. Facing Up To The Facts
12. Simian Split
13. Black And Blues
14. Can’t Stop The Rock