man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Helado Negro - Runaround
Helado Negro é um projeto liderado por Roberto Carlos Lange, um filho de emigrantes equatorianos, radicado nos Estados Unidos e que vai lançar, já a seis de outubro, Private Energy, o seu quinto longa duração. Runaround é o mais avanço divulgado do álbum, um tema com forte pendor temperamental e com um ambiente feito com cor, sonho e sensualidade.
Private Energy será mais um momento marcante deste músico sedeado em Brooklyn, um disco em que Lange irá ampliar as suas experimentações com samples e sons sintetizados de modo a replicar, em catorze canções, uma multiplicidade de referências sonoras, contando, desta vez, com o contibuto visual e artístico, nomeadamente em palco, do coletivo Tinsel Mammal, um grupo de dançarinos com vestes prateadas e que encarnam na perfeição o espírito muito particular e simbólico da música de Helado Negro. Confere...
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Weaves - Weaves
Jasmyn Burke (voz), Morgan Waters (guitarra), Zach Bines (baixo) e Spencer Cole (bateria), são os Weaves, um quarteto canadiano natural de Toronto, que depois de um excelente ep lançado há dois anos acaba de se estrear nos discos, de modo bastante promissor, com Weaves, onze canções abrigadas pela Kanine Records e que em pouco mais de meia hora cruzam os fundamentos do indie rock com alguns dos aspetos mais contemporâneos desse género sonoro, num resultado final que tem tanto de acessível como de inédito, criativo e agradavelmente refrescante e único.
No fuzz e no curioso efeito abrasivo da guitarra de Tick e, nesse mesmo tema, no baixo que marca a cadência das mudanças de ritmo de uma bateria frenética e numa voz que balança entre o lamento e vigoroso impulso, fica desde logo percetível que estes Weaves são audaciosos e vanguardistas, mas também não descuram uma vertente mais comercial, que melodicamente seja atrativa e possa fazê-los atingir uma apreciável franja de público mais jovem e que goste de sonoridades efusivas, viscerais e festivas. Se Birds & Bees e Candy contêm esse apelo pretensioso de conseguir usar o ruído como algo aditivo e dançável, já Shithole, por exemplo, tem um cariz mais sério e maduro, sem deixar de soar de modo refrescante e simultaneamente vintage, com os Pixies a serem uma referência marcante e óbvia, algo que a mais intimista e subtil Eagle também demonstra, assim como, na mesma toada, o clima mais sensual e desconcertante de Two Oceans.
Estes Weaves são assim, imprevisíveis, salutarmente impulsivos e animados e algo pervertidos até, sem deixarem de exalar uma atraente inocência e até um inusitado experimentalismo, expresso no arrojo de Coo Coo e Sentence e particularente reflexivo em Stress. Conduzidos por guitarras inspiradas, uma sapiência melódica invulgar e um irresistível travo festivo, apresentam-se humildemente ao grande público sem um denecessário glamour ou uma insípida limpidez sonora, mas antes com toda a honestidade que é possível existir no seio de uma banda de indie rock que quer apenas e só, como claramente se percebe, servir-se da música para celebrar um presente colorido, como se não houvesse amanhã. Espero que aprecies a sugestão...
01. Tick
02. Birds & Bees
03. Candy
04. Shithole
05. Eagle
06. Two Oceans
07. Human
08. Coo Coo
09. Sentence
10. One More
11. Stress
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Melt Yourself Down - Last Evenings On Earth
Depois de um homónimo lançado em 2013, os britânicos Melt Yourself Down de Kushal Gaya estão de regresso com mais uma incandescente e festiva dose de afrobeat, à boleia de Last Evenings On Earth, nove canções que viram a luz do dia em abril com a chancela da The Leaf Label e que se debruçam sobre o contínuo apocalipse que o mundo vive, principalmente desde o início do século passado, feito de guerras, doenças, uma desenfreada corrida às armas e, principalmente, um choque civilizacional que cava um fosso cada vez maior entre uma pequena casta de privilegiados e o resto da humanidade, muito nela ainda a viver de modo desumano e em absoluta pobreza.
Percorrer o sinuoso e labiríntico alinhamento de Last Evenings On Earth é nunca saber o que está um pouco mais à frente ou do outro lado da esquina, que se apresenta na forma melódica menos esperada. Batidas orgânicas são subitamente trespassadas por teclados, particularmente impressivos na monumentalidade de Jump The Fire e os sopros estão sempre presentes, com canções como The God Of You, a ébria Listen Out, ou o punk aparentemente descontrolado de Communication a criarem um falso clima de festa. É que, se por um lado o corpo é continuamente convidado à dança despreocupada e enérgica, também não há como ficar indiferente ao conteúdo incisivo da escrita destas canções onde a virulância da morte e das doenças e o sortilégio da guerra são áreas vocabulares continuamente presentes e transversais.
Melt Yourself Down é um compêndio muito próprio e sui generis, que numa mescla do referido afrobeat com alguns dos melhores detalhes do jazz atual, que comporta cada vez mais e sem aparente pudor alguns artifícios eletrónicos e do próprio indie rock, exemplarmente expresso no fuzz da guitarra de Bharat Mata, nos oferece um verdadeiro caldeirão sonoro nada ingénuo e bastante criativo. Espero que aprecies a sugestão...
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TTNG - Disappointment Island
Já se chamaram This Town Needs Guns, agora são apenas os TTNG e são um trio britânico formado por Tim Collis, Chris Collis, Henry Tremain e de regresso aos discos com Disappointment Island, um disco lançado a oito de julho à sombra da Sargent House e o terceiro tomo da carreira de um grupo que se estreou em fevereiro de 2009 com Animals.
Apesar do nome do disco poder antever que nos espera um alinhamento de canções com um cariz sombrio e pessimista, a verdade é que Disappointment Island é um festim de indie rock, luminoso e descomprometido, pouco mais de quarenta minutos frenéticos e com uma sonoridade que encaixa eficazmente nestes dias quentes e convidativos.
Estes TTNG, apesar de ser oriundos de um país que não é particularmente conhecido pelas horas de sol de que usufrui anualmente e de cultivar um orgulhoso isolamento que vinca caraterísticas muito próprias e que acabam por extravasar para o campo musical, acabam por encontrar a sua matriz sonora identitária num universo algo díspar e mais abrangente e global. Como se percebe logo em Coconut Crab, estas canções sobrevivem alicerçadas naquele indie rock feito com guitarras plenas de riffs virtuosos e com uma sonoridade algo étnica e uma bateria que implora por constantes variações rítmicas e alterações de cadência, exemplarmente tocada em Consoling Ghosts. Depois, para rematar e compôr a filosofia sonora, surge a voz de Henry a funcionar como um agente pacificador de todos estes elementos e a ser um elemento chave para aquela aúrea tranquila e algo relaxada que este espetro sonoro geralmente exala. In Praise Of Idleness e Whatever Whenever traduzem bem este espírito virtuoso e acelerado, que num limbo entre a saborosa contemplação de Bliss Guest e o abanar de ancas de Destroy The Tabernacle, convida permanentemente à dança e à permanência fora de horas numa qualquer praia sem espaços vazios e pontos escuros ou de acesso duvidoso. Espero que aprecies a sugestão...
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Day Wave - Hard To Read EP
Natural de Oakland, o norte americano Jackson Phillips, que assina a sua música como Day Wave, está de regresso com Hard To Read, o seu segundo EP lançado em formato digital, o sucessor de Headcase, o primeiro tomo do músico e que o colocou logo nos radares da crítica mais atenta.
Com a melhor dream pop na mira, Phillips tomou as rédeas de todo o trabalho envolvido na gravação destas suas novas cinco canções, desde a mistura à produção, passando pela própria gravação. O resultado é um alinhamento de temas vibrantes, com Gone, o primeiro single retirado de Hard To Read, a impressionar pela linha melódica sintetizada vibrante e pelo modo como um estrondoso baixo e a bateria a ela se juntam para depois abrirem as mãos para uma linha de guitarra insinuante. É uma canção que parece querer forçar o ouvinte a deixar, nem que seja por breves instantes, tudo e todos para trás, rumo aquela luz que está sempre ali, mas que nunca temos coragem de perscutar.
O rock emotivo do tema homónimo, a atmosfera catárquica de Stuck e o clima sonhador de You são mais três belos momentos destes dezoito minutos que sabem aquela brisa quente e aconchegante que entra pela nossa janela nestas convidativas noites de verão. Day Wave pode gabar-se de ser capaz de mostrar uma invulgar intensidade emocional na sua escrita e de poder ser já caraterizado como um artista possuidor não só dessa importante valência mas também de um tímbre vocal único, uma postura confiante e exímio intérprete de guitarras angulares, acompanhadas por sintetizadores luminosos e um baixo geralmente imponente, as suas principais matrizes identitárias. Ele exala uma faceta algo sonhadora e romântica que se aplaude e que é também fruto de uma produção cuidada e que irá certamente agradar a todos os apreciadores do género. Espero que aprecies a sugestão...
01. Gone
02. Stuck
03. Deadbeat Girl
04. Hard To Read
05. You
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Dinosaur Jr. – Give A Glimpse Of What Yer Not
2016 está a ser um ano profícuo no que diz respeito à música e ficará invariavelmente na história por marcar o regresso aos discos dos míticos Dinosaur Jr. de J Mascis, Lou Barlow e Murph aos discos. Recordo que o trio gravou três álbuns nos anos oitenta e surpreenderam-nos a todos quando se reuniram novamente já neste século, há pouco mais de uma década, tendo editado desde então Beyond (2007), Farm (2009) e I Bet On Sky (2012). Agora, onze anos depois desse recomeço, chega aos escaparates Give A Glimpse Of What Yer Not, sendo curioso constatar que uma das bandas essenciais do rock alternativo de final do século passado tenha já mais discos editado no século XXI do que nessa fase inicial da carreira.
Tendo visto a luz do dia à boleia da conceituada Jagjaguwar, Give A Glimpse Of What Yer Not contém doze canções que, celebrando trinta anos de carreira deste projeto único, oferecem aos nossos ouvidos uma já esperada toada revivalista, protagonizada por uma banda em grande forma e com todas as suas marcas identitárias intactas e consentâneas com toda a herança que carregam. Assim, e como se percebe logo nas festivas Going Down e Tiny, o busílis instrumental concentra-se, naturalmente, em guitarras bastante eletrificadas e com uma identidade vincada, uma bateria frenética e um baixo sempre omnipresente, mesmo que não esteja na primeira linha da condução melódica e, o mais importante, numa jovialidade e numa luminosidade festivas que se saúdam e que atestam o habitual excelente humor e positivismo destes três músicos, mesmo quando em Be A Part e Lost All Day se mostram ligeiramente soturnos e intimistas e mais progressivos e sombrios em I Walk For Miles.
Com nove das canções a terem sido escritas por J Mascis e as outras duas por Lou Barlow, as amáveis Love Is... e Left/Right, duas composições que personificam um pouco a personalidade de um músico que dos Sebadoth ao seu projeto a solo sempre procurou um balanço delicado entre o quase pop e o rock mais ruidoso, Give A Glimpse Of What Yer Not é um disco que flui bem, não só porque tem um conjunto de belíssimos temas, mas também porque reforça o traço de honestidade de uma banda que é protagonista cimeira no universo sonoro em que se move. Numa América onde se prime o gatilho com uma incrível facilidade e com toda a insanidade que prolifera por este mundo fora nos dias de hoje e num verão particularmente turbulento e agitado, é bom poder contar com este refúgio sonoro tão refrescante e ligeiro e, ao mesmo tempo, preenchido com canções cheias de significado, têmpera e entusiasmo. Espero que aprecies a sugestão...
01. Goin Down
02. Tiny
03. Be A Part
04. I Told Everyone
05. Love Is…
06. Good To Know
07. I Walk For Miles
08. Lost All Day
09. Knocked Around
10. Mirror
11. Left/Right
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FAWNN – Ultimate Oceans
Ferndale, nos arredores de Detroit, no Michigan, é o poiso dos FAWNN, uma banda formada por Alicia Gbur, Christian Doble, Matt Rickle e Mike Spence e que aposta na opulência e na majestosidade sonoras, como permissas fundamentais do seu cardápio sonoro, recentemente atualizado com Ultimate Oceans, o quarto álbum da carreira do grupo, onze canções que viram a luz do dia o início deste verão à boleia da Quite Scientific Records.
Ultimate Oceans é uma porta aberta para um mundo paralelo feito de guitarras distorcidas e governado pela nostalgia da pop, do rock experimental, do grunge e do punk rock, uma multiplicidade de géneros e estilos que, entrocando no ramo comum do rock alternativo, encontram nas guitarras o seu grande referencial instrumental. Assim, se temas como Galaxies e Master Blaster são um piscar de olhos objetivo ao rock mais melódico e pulsante, já o baixo, as variações ritmícas e o fuzz da guitarra de Secret Omnivore piscam o olho a ambientes mais experimentais, com o clima soturno de Nosebleed a conter algumas marcas identitárias do típico som americano de final do século passado.
Traçado logo até à terceira música o cenário deste Ultimate Oceans e da cartilha sonora destes FAWNN, percebe-se que conhecedores profundos e claramente marcados por uma sonoridade que é muito própria de uma América que sabe como condensar diferentes estilos, não faltando até um travo de shoegaze e alguma psicadelia lo fi nesta música, numa espécie de space rock que não é tão pesado e visceral como o grunge, mas também não é apenas delírio e pura experimentação e que, como bónus, ainda tem em Survive, por exemplo, a própria pop adocicada e intimista na mira. Os Breeders, os My Bloody Valentine e, mais recentemente, os próprios Surfer Blood, podem ser para aqui chamados como referenciais incontornáveis, especialmente pela toada lo fi e toda esta aparente amálgama que prova que os FAWNN estão bem documentados e têm gostos musicais muito ecléticos.
Num alinhamento que avança permitindo às canções espreitar e ir um pouco além das zonas de influência sonora da banda que as criou, Ultimate Oceans é pura adrenalina sonora, uma viagem que nos remete para a gloriosa época do rock independente que reinou na transição entre as duas últimas décadas do século passado, um rock sem rodeios, medos ou concessões, com um espírito aberto e criativo. Espero que aprecies a sugestão...
01. Galaxies
02. Secret Omnivore
03. Nosebleed
04. Shadow Love
05. Dream Delivery
06. Master Blaster
07. Survive
08. Phantom Phantasy
09. Red Moon
10. Watching You…
11. Pixel Fire
12. Galaxies (Remix)
13. Shadow Love (Remix)
14. Red Moon (Remix)
15. Pixel Fire (Remix)
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Wilco - Locator
Exatamente um ano após a surpreendente edição do excelente Star Wars, os norte americanos Wilco de Jeff Tweedy, ofereceram uma nova canção, de modo a celebrar a efeméride. Disponível aqui em troca do teu endereço de email, Locator teria cabido no alinhamento de Star Wars, pela excelência de um folk noise algo cru e minimal e que contém aquele balanço delicado entre o quase pop e o ruidoso, sem nunca descurar a particularidade fortemente melódica que costuma definir as composições desta banda de Chicago. Confere...
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The Lees Of Memory – Unnecessary Evil
Há algo no típico indie rock norte americano de inédito, genuíno e único, detalhes impressos à velocidade de um timbre de distorção da guitarra que é inigualável, bastando cinco segundos da audição da mesma para se perceber a origem de determinadas bandas e projetos. Uma demanda que terá começado na década de oitenta com os R.E.M. e que nomes como os Wilco, The New Pornographers, Foo Fighters, Yo La Tengo ou Stereolab, entre outros, têm sabido preservar e que serve de inspiração aos The Lees Of Memory, banda que acaba de editar, Unnecessary Evil, o segundo disco da carreira, dez canções bastante sugestivas e com a capacidade de nos fazer divagar sobre a paixão, o amor e outros psicoativos sentimentais indispensáveis à nossa existência.
Tudo começou há alguns anos com o multi-instrumentista John Davis e o seu amigo Brandon Fisher, os grandes responsáveis pela conceção de Sisyphus Says (2014) o disco de estreia destes The Lees Of Memory, onde também participou o baterista Nick Slack. Produzido por Nick Raskulinecz, esse trabalho viu a luz do dia à boleia da SideOneDummy Records, teve direito a edição em cassete patrocinada pela Burger Records e colocou logo alguma crítica atenta em sentido. Agora, dois anos depois, novamente com a ajuda inestimável de Raskulinecz e do produtor e engenheiro de som Mike Purcell, Unnecessary Evil amplia as fronteiras sonoras de uns The Lees Of Memory decididamente apostados em oferecer um indie rock luminoso e acessível, onde não falta uma vibe psicadélica assertiva e uma curiosa crueza vintage, que dão vida a canções dominadas por guitarras com linhas e timbres com um clima marcadamente progressivo e rugoso.
Este som mais cru e ruidoso, fica logo plasmado em Any Way But Down, uma porta de entrada para um alinhamento que repete até à exaustão todos os atributos, que este tema contém, numa banda que também se consegue mover confortavelmente por territórios mais acústicos, como se pode escutar em The End Of The Day, ou Look Away, duas lindíssimas baladas e exemplos felizes do lado mais sensível e emotivo deste grupo. Mas o que realmente sobressai durante a audição integral do trabalho é a perceção clara que os The Lees Of Memory optaram por ligar a sua faceta elétrica a pleno gás, obtendo em No Power, por exemplo, um balanço delicado entre o quase pop e o rock mais ruidoso e progressivo e sem nunca descurar aquela particularidade fortemente melódica que costuma definir as suas composições. Os quase três minutos do tema homónimo, canção que se sustenta num arranjo de cordas alto e um riff de guitarra bastante elétrico, a fazer lembrar alguns dos melhores instantes de A Ghost Is Born, um clássico dos Wilco, são a expressão máxima, em Unnecessary Evil, da boa forma deste grupo e da capacidade que os seus músicos têm de se agarrar a uma herança coletiva sem deixarem de se mostrar altivos, joviais, vibrantes e contemporâneos. E mesmo quando em Stay Down nos fazem recuar umas quatro décadas até aos primórdios do rock clássico, com a sensibilidade do efeito metálico abrasivo de uma guitarra que corta fino e rebarba, ou quando em Artificial Air nos oferecem um clima mais negro e próximo do grunge, os The Lees Of Memory deslumbram pelo à vontade com que, nessas várias inflexões, navegam nos meandros intrincados e sinuosos do indie rock mais progressivo e psicadélico.
A leveza contínua, o entusiasmo lírico, a atmosfera amável, apesar do fuzz constante e o clima geral luminoso, enérgico e algo frenético de Unnecessary Evil, são os principais indicadores de um disco que flui bem, não só porque tem um conjunto de belíssimas canções, que nos oferecem camadas sofisticadas de arranjos criativos e bonitos, mas também porque é um álbum que reforça o traço de honestidade de uma banda que quer tornar-se protagonista no universo sonoro em que se move. Espero que aprecies a sugestão...
01. Any Way But Down
02. No Power
03. XLII
04. Stay Down
05. Just For A Moment
06. Unnecessary Evil
07. Artificial Air
08. The End Of The Day
09. Squared Up
10. Look Away
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Graham Candy – Plan A
Graham Candy é um ator e compositor que nasceu nos antípodas, na Nova Zelândia, cresceu em Auckland, onde estudou música, dança e teatro, mas tem o seu quartel general atualmente montado na Alemanha, onde vive desde 2013. Começou por dar nas vistas ofercendo a sua voz a algumas composições do conceituado DJ alemão Allen Ferben, nomeadamente no tema She Moves, que ganhou projeção internacional, o que fez com que colaborasse também, e mais recentemente, com Parov Stelar e o DJ Robin Schulz. Depois de um EP editado o ano passado, Plan A é o seu disco de estreia, doze canções editadas no início de maio e que impressionam não só por causa do falsete adocicado de um timbre vocal único, mas também devido a uma feliz amálgama sonora que coloca em primeiro plano uma indie pop bastante acessível e intensa, onde pianos e sintetizadores ditam a sua lei.
As canções de Plan A são um passeio pelas influências de Graham e pela sua capacidade inventiva na hora de usar essas referências para criar. Espalhada pelo álbum há muito da energia que nomes como Gnarls Barkley ou, numa direção oposta, Sufjan Stevens e até Mika, nos foram deixando na primeira década deste século, com o piano de Home e a batida adornada de efeitos de Glowing In The Dark, a plasmarem essas heranças diretas da pop e das novas tendências de uma eletrónica cada vez mais abrangente e que tem sempre as pistas de dança na mira. Os próprios samples que introduzem o groove da batida plena de soul de 90 Degrees são uma excelente amostra desse piscar de olhos objetivo à bola de espelhos, uma filosofia sonora constante num alinhamento ruidoso, mas luminoso, cheio de ganchos, improvisos e colagens, que nasceram, certamente, num processo de gravação rápido e divertido e onde é evidente um processo de mistura e produção bastante inspirado e feliz, que tem como ponto alto a visceralidade e as pujança de Back Into It, uma daquelas canções que clama por punhos cerrados e uma elevada dose de testosterona, à medida que a batida nos aprisiona sem dó nem piedade.
Claramente talentoso, com uma enorme soul na alma e comparável a alguns virtuosos clássicos da pop e do próprio R&B, exemplarmente homenageados em Kings And Queens, logo na estreia Graham Candy grita e afirma quer o seu lado mais clássico, quer a sua definitiva obsessão por uma superior e ímpar grandiosidade instrumental, onde não faltam saxofones e trompetes, além de uma percussão imponente, detalhes que dão a este excelente álbum uma toada sentimental indisfarçável. É uma espécie de eletropop épico e barroco e mais uma maravilhosa viagem pelos cantos mais alegres e bem dispostos da mente deste excelente autor. Espero que aprecies a sugestão...
01. Home
02. Glowing In The Dark
03. 90 Degrees
04. Back Into It
05. My Wellington
06. Kings And Queens
07. Travellers Lovers
08. Heart Of Gold
09. Little Love
10. Paid A Nickel
11. Broken Heart
12. Memphis