man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Inca Gold – Rewilder
Existe mais uma banda a merecer a maior atenção possível de quem aprecia escutar canções que contenham uma abrangência pop bastante atual, que da eletrónica ao rock progressivo, impressione pela forma subtil como, ao criar um ambiente muito próprio e único através da forma como se sustenta instrumentalmente, albergue diferentes géneros sonoros. Chamam-se Inca Gold, têm Londres como o seu poiso natural e Rewilder é o nome do disco de estreia, um trabalho disponível na plataforma bandcamp do grupo, com a possibilidade de doares um valor pelo mesmo, ou de o obteres gratuitamente.
Sendo, na sua essência, um álbum mutante, pelo modo como abarca um leque alargado de estilos, Rewilder cria um universo que até parece algo obscuro, mas essa é uma percepção que se vai transformando à medida que avançamos na sua audição, que surpreende a cada instante. Logo no início, os sintetizadores e o falsete impecável de Desert Rats, assim como o groove do baixo e da bateria e os efeitos radiososos e a melodia intensa, abrem-nos portas para um alinhamento de canções que não deixa ninguém indiferente. Logo de seguida, o ritmo e os efeitos da pulsante Dark Skies firmam a primeira impressão positiva e consubstanciam uma verdadeira entrada a matar num registo de forte pendor hipnótico, ora catártico devido à batida, ora em busca de uma psicadelia que, muitas vezes, só um baixo picado a lançar-se sobre o avanço infatigável de todo o corpo eletrónico que sustenta as canções e que também usa a voz como camada sonora, consegue proporcionar.
A partir daí, no groove sedutor da tonalidade étnica de Hollow Shade e Pillars e na linha rugosa mas surpreendentemente delicada da guitarra que conduz Flutar, assim como no experimentalismo algo jazzístico de Ascend, canção que nos arrasta para um oasis de melancolia fortemente contemplativo e sugestivo e no curioso torpor rítmico e solarengo da frenética e exuberante Hologram, assistimos, consumidos e absortos, a uma verdadeira revisão histórica da pop dos últimos vinte anos, uma revisão eufórica que, no geral, está envolvida por um toque de lustro livre de constrangimentos estéticos e que nos provoca um saudável torpor.
Rewilder é um compêndio de canções que, no seu todo, contém uma atmosfera densa e pastosa, mas libertadora e esotérica. Baseado no indie rock, mas misturado com tiques da eletrónica, hip hop, dubstep e reggae e o que mais apetecer a quem agora se dedica a esta mistura de sonoridades do passado com as ilimitadas possibilidades técnicas que o desenvolvimento tecnológico proporciona e disponibiliza aos produtores e compositores, acaba por ser um disco muito experimentalista naquilo que o experimentalismo tem por génese: a mistura de coisas existentes, para a descoberta de outras novas. Mas tem também uma estrutura sólida e uma harmonia constante. É estranho mas pode também não o ser. É a música no seu melhor. Espero que aprecies a sugestão...
01. Desert Rats
02. Dark Skies
03. Hollow Shade
04. Flutar
05. Pillars
06. Ascend
07. Hologram
08. Energise
09. Farewell