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Twin Cabins – Harmless Fantasies EP

Sábado, 06.02.16

Viu a luz do dia a treze de novembro passado Harmless Fantasies, o mais recente discográfico do projeto californiano Twin Cabins, liderado por Nacho Cano e ao qual se juntam, atualmente, Jack Doutt, Dan Gonzalez Hdz, Cheyne Bush, Ben Levinson e Mona Maruyama. Refiro-me a um EP com oito canções, disponível na plataforma bandcamp gratuitamente ou com a possibilidade de doares um valor pelo mesmo e que parece pretender abarcar num único e longo abraço toda a gama de mestres da melancolia pop norte americana.

Um súbito piscar de olhos torna-se involuntário e depois permanente enquanto o trompete de Made Me vai espreitando por uma melodia fortemente percussiva e envolvente e a verdade é que este detalhe sonoro que compõe o primeiro tema do alinhamento de Harmless Fantasies serve de base à maioria das canções. Logo depois, em Get Better, teclados luminosos e marcados por um tom atmosférico, mas alegre, continuam a ser amparados por uma bateria sintetizada que depois recebe a companhia ilustre de alguns efeitos e uma voz que, apesar do registo e efeito em eco, nunca deixa de se mostrar dotada de uma enorme acessibilidade poética e lírica. Isso percebe-se também em Painfully Obvious, canção permeada por versos deliciosos e uma instrumentação bastante harmónica, onde, claro está, a percussão, dominada por uma pandeireta, dita a sua lei e o tal trompete torna-se no seu principal aliado, numa dinâmica melosa e emotiva que parece querer denunciar uma necessidade confessional de resolução e redenção, exposta de modo delicado e emocionante, mas também um pouco triste. Esse trompete torna-se ainda mais convincente e vigoroso em You're Being Stupid, sendo, de certa forma, apesar de instrumento de sopro, um aparato tecnológico mais amplo para toda esta expressão musical que Harmless Fantasies contém, um EP que parece servir para a descoberta da mente de Nacho Cano, um homem cheio de particularidades e com uma enorme mente criativa, que se expressa intensamente mesmo quando o ambiente sinistro de (Fantasy) nos quer sugar para o interior de um âmago que se esforça de forma inédita para explicitar alguns dos maiores aspetos da fragilidade humana.

Uma das grandes virtudes destes Twin Cabins expressa-se no modo como abordam um convincente ineditismo, plasmado na honestidade derramada na sua música, transformando versos muitas vezes simples, num retrato sincero de sentimentos, mas também no modo como toda esta amálgama sintética e calculadamente minimalista que suporta este EP, nos traz luz... uma luz que de certa forma nos cega porque não é aquela que é transmitida por uma lâmpada ou pelo sol, mas pelo contacto e pela tomada de consciência (fez-se luz) de muito do que guardamos dentro de nós e tantas vezes nos recusamos a aceitar e passamos a vida inteira a renegar. Espero que aprecies a sugestão...

Twin Cabins - Harmless Fantasies

01. Made Me
02. Get Better
03. Painfully Obvious
04. You’re Being Stupid
05. (Fantasy)
06. Angelina
07. With Pleasure
08. Still

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publicado por stipe07 às 21:45

Fine Points – Hover EP

Quarta-feira, 03.02.16

Editado no início do verão do ano passado, Hover é o registo discográfico de estreia dos Fine Points, uma projeto norte americano oriundo da costa oeste e formado por Evan Reiss e Matt Holliman, dois músicos dos míticos Sleepy Sun. Refiro-me a um EP com sete canções, que viu a luz do dia à boleia da Dine Alone Records e que contém uma pop psicadélica invulgar, mas bastante atrativa, gravada numa antiga igreja em New Telos, em Oakland e que captou eficazmente a energia revigorante das ondas do pacífico e a paz cristalina que emana das paisagens de uma porção da imensa América que sempre transmitiu um calor intenso e mágico a quem se foi deixando, desde a década de sessenta do século passado, absorver por este ambiente cristalino único e invulgar.

Hover vale pelo modo como pisa um terreno fortemente experimental, banhado por uma psicadelia pop ampla e elaborada, onde um timbre cristalino debitado por guitarras inebriantes, uma percussão vigorosa e sedutora e uma panóplia de efeitos se cruzam de modo a fazer-nos ranger os dentes e elevar o queixo, guiados por um som luminoso, atrativo e imponente, mas que não descura aquela fragilidade e sensorialidade que, como se percebe logo em Astral Season, encarna um registo ecoante e esvoaçante que coloca em sentido todos os alicerces da nossa dimensão pessoal mais frágil e ternurenta.

Com um som intenso, épico e esculpido à medida exata, Hover arranca o máximo de cada componente do projeto. Se as guitarras ganham ênfase em efeitos e distorções hipnóticas, como sucede em The Painted Fox ou These Day e se um baixo imponente se cruza com cordas e outros elementos típicos da folk em Just Like That, já Future Hands torna sonoramente bem audível um piscar de olhos insinuante a um krautrock que prova o minucioso e matemático planeamento instrumental de um EP que contém um acabamento límpido e minimalista, seguindo em ritmo ascendente, mas sempre controlado.

Hover oferece-nos aquele sol da Califórnia que tantos de nós se habituaram a ver apenas nos filmes, replicado por uns Fine Points divididos entre redutos intimistas e recortes tradicionais esculpidos de forma cíclica, enquanto escrevem versos que parecem dançar de acordo com harmonias magistrais, onde tudo se orienta com o propósito de criar um único bloco de som, fazendo deste Hover um corpo único e indivisível e com vida própria, com os temas a serem os seus orgãos e membros e a poderem personificar no seu todo, se quisermos, uma sonoridade própria e transparente, onde foram usadas todas as ferramentas e fórmulas necessárias para a criação de algo verdadeiramente único e imponente. Este é um verdadeiro compêndio pop, no sentido mais restrito, que nos acolhe numa ilha mágica, cheia de sonhos e cocktails e onde podemos ser acariciados pela brisa do mar. E quem não acredita que a música pode fazer magia, não vai sentir-se tocado por este EP, que tem nas suas canções visões de cristal, muitos corações e estrelas cintilantes, tornando-se num espetáculo fascinante, capaz de encantar o maior dos cépticos. Espero que aprecies a sugestão...

Fine Points - Hover

01. Astral Season
02. Just Like That
03. The Painted Fox
04. Amalia
05. Future Hands
06. These Days
07. In Lavender

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publicado por stipe07 às 21:04

Kinsey – My Loneliest Debut

Terça-feira, 02.02.16

Dezoito de setembro último foi o dia do lançamento de My Loneliest Debut, o registo de estreia do baterista, produtor, compositor e multi instrumentista nova iorquino Kinsey, onze canções produzidas pelo próprio músico e misturadas por Chris Athens e que agregam alguns dos mais interessantes detalhes que definem a indie pop contemporânea norte americana, nomeadamente quando se mistura com pilares fundamentais do rock setentista de século passado, uma simbiose magistralmente interpretada aqui, em composições como Wide Awake, o esplendoroso tema de abertura de My Loneliest Debut.

Kinsey oferece-nos, logo na estreia, um registo discográfico pleno de luz em forma de música, um disco cheio de brilho e cor em movimento, uma obra com um alinhamento alegre e festivo e que parece querer exaltar, acima de tudo, o lado bom da existência humana. Não é só o tema já referido que transborda alegria e majestosidade; A folk charmosa debitada pela viola de Dawn e, de modo mais animado, pelo banjo de Whipping Boy, as cordas reluzentes e o piano frenético da composição homónima, os tambores e novamente o piano, mas mais deambulante e soturno em Defender, ou os efeitos da guitarra que adornam o blues empolgante de I'm Home e o ruído envolvente de We Are Pipes, são composições que abordando a pop sobre as diferentes perspetivas que comprovam o elevado ecletismo do autor, nos fazem desertar por uma espécie de universo paralelo, que nos proporciona um presente feito com aquela felicidade incontrolável e contagiante que todos nós procuramos e que, ao longo da audição deste My Loneliest Debut, vão surgindo quer nas notas mais delicadas, quer quando as mesmas se mostram num modo particularmente explosivo, à medida que os instrumentos fluem naturalmente, sem se acomodarem ao ponto de se sufocarem entre si.

Em My Loneliest Debut vence aquela pop clássica e intemporal e que só ganha vida se houver quem se predisponha a entrar num estúdio de mente aberta e disposto a servir-se de tudo aquilo que é colocado ao seu dispôr para criar música, sejam instrumentos eletrónicos ou acústicos e assim dar origem a canções cheias de sons poderosos e tortuosos e sintetizadores flutuantes e vozes deslumbrantes. E Kinsey parece dominar a fórmula correta para o fazer, como se percebe por este álbum pop poderoso, sem cantos escuros, orquestral e extremamente divertido, que sem deixar de evocar um certo experimentalismo típico de quem procura, através da música, fazer refletir aquela luz que não se dispersa, tem a capacidade de a usar como instrumento privilegiado para inundar os corações mais carentes daquela luminosidade que transmite energia e que nos permite aceder a uma dimensão musical com uma assumida pompa sinfónica e inconfundível, onde tudo soa utopicamente perfeito. Espero que aprecies a sugestão...

Kinsey - My Loneliest Debut

01. Wide Awake
02. Dawn
03. Get Lost
04. Whipping Boy
05. Youth
06. My Loneliest Debut
07. Chateau Ludlow
08. Defender
09. I’m Home
10. We Are Pipes
11. Eat Your Heart Out

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publicado por stipe07 às 21:46

PJ Harvey - The Wheel

Terça-feira, 02.02.16

Let England Shake (2011), o último registo de originais da britânica PJ Harvey, já tem, finalmente, sucessor. As onze canções que farão parte do alinhamento de The Hope Six Demolition Project irão ver a luz do dia a quinze de abril próximo e um dos temas já divulgado é The Wheel, canção que tem também já direito a um vídeo realizado pelo fotojornalista Seamus Murphy e que compila várias imagens da cantora, recolhidas entre 2011 e 2015 no Kosovo.

The Wheel amplia as enormes expetativas já criadas em redor do conteúdo de Six Demolition Project e, pela amostra, parece claro que PJ Harvey irá regressar a territórios sonoros mais elétricos, crus e rugosos, um retorno que, quanto a mim, se saúda. Confere...

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publicado por stipe07 às 18:07

Bloc Party – Hymns

Segunda-feira, 01.02.16

Foi no passado dia vinte e nove de janeiro que chegou aos escaparates Hymns, o quinto registo de estúdio dos britânicos Bloc Party, uma banda londrina liderada pelo carismático vocalista e guitarrista Kele Okereke e referência fundamental do indie rock alternativo do início deste século.

Primeiro álbum dos Bloc Party com o baixista e teclista Justin Harris e o baterista Louise Bartle, Hymns foi produzido por Tim Bran e Roy Kerr e procura relançar a carreira de um projeto que já em 2012 tentou obter um novo fôlego à boleia do visceral Four, mas que tarda em regressar à boa forma dos primórdios. Com uma herança pesada nos ombros e com agulhas também direcionadas para uma carreira a solo, Kele Okereke tem tentado, em abono da verdade, manter os Bloc Party à tona e só o simples fato de o grupo ter sobrevivido às querelas pós lançamento de Four, que resultaram no adeus do baterista Matt Tong e do multi instrumentista Gordon Moakes, é já um sinal positivo e que merece realce, no que concerne ao lançamento deste novo trabalho da banda.

A primeira impressão que estas quinze canções no oferecem é de absoluto domínio por parte do líder dos Bloc Party relativamente à filosofia sonora subjacente, uma ideia que se amplia quando se tenta fazer uma intereseção entre o conteúdo de Hymns e o piscar de olhos ao house e à eletrónica que Okereke tem feito ultimamente, em nome próprio. Logo na sintetização de The Love Within e, pouco depois, nas batidas da ambiental My True Name, aqui numa abordagem oposta, mas no mesmo campo sintético, fica plasmado este ideário. E apesar de temas como a intensa Into The Heart, a animada The Good News ou a soul de Only He Can Heal Me, tentarem salvar a face do indie rock mais cru e punk que ainda poderia caraterizar o momento atual desta banda londrina, a verdade é que é aquele ambiente mais sintético e algo artificial que paira constantemente ao longo da audição eclipsando, assim, qualquer tentativa que Okereke tenha feito de fazer prevalecer o genuíno som que catapultou, há mais de uma década, os Bloc Party para um merecido estrelato. No meio do disco, Virtue acaba por ser aquele tema que faz uma espécie de ponte entre estes dois mundos, pelo modo inspirado como a orgânica das guitarras consegue uma junção simbiótica feliz com os teclados, sendo, infelizmente, caso isolado no alinhamento, algo que deixa um certo amargo de boca a quem percebe que aqui sim, houve acerto e criatividade na nova fórmula que conduz o presente dos Bloc Party.

Urgência, angústia, raiva e caos sempre foram temáticas muito presentes na música deste grupo, não só nas letras, mas também no modo como a crueza e a espontaneidade instrumental exalavam, fluidamente, estas ideias. Em Hymns há apenas resquícios de tudo isto e um notório abrandamento rítmico e mesmo em algumas letras que abordam uma certa espiritualidade e que se focam, quase de certeza, em experiências pessoais do líder da banda, além de ampliarem a tal sensação de dominância por parte do guitarrista e vocalista, transportam-nos para um universo algo complexo e filosófico, que tem pouco a ver com a energia e a genuinidade de antigamente.

Compete ao público em geral e aos fãs mais acérrimos dos Bloc Party decidirem se este Hymns é, ou não, mais um passo em falso na carreira deste grupo. A própria adesão aos concertos da digressão que aí vem e a química no seio da banda durante a mesma, poderão influenciar decisivamente o comportamento comercial deste registo. Seja como for, é impossível evitar o sentimento de uma certa desilusão, naturalmente originada por uma herança pesada e com a qual os Bloc Party ainda não lidam devidamente, mas também por um agregado sonoro demasiado experimental, artificial e etéreo e que não oferece solidez, vibração, consistência e criatividade, com as doses devidas, tendo em conta a assinatura impressa nos créditos de cada canção. Espero que aprecies a sugestão...

Bloc Party - Hymns

01. The Love Within
02. Only He Can Heal Me
03. So Real
04. The Good News
05. Fortress
06. Different Drugs
07. Into The Earth
08. My True Name
09. Virtue
10. Exes
11. Living Lux
12. Eden
13. Paraíso
14. New Blood
15. Evening Song

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publicado por stipe07 às 23:09


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