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Old Jerusalem - One For Dusty Light

Quinta-feira, 18.02.16

Com uma carreira já cimentada de praticamente quinze anos, o projeto Old Jerusalem, de Francisco Silva, está prestes a ver o sétimo tomo de uma já extensa e riquíssima discografia, a tomar finalmente forma, ainda por cima após um interregno de quatro anos. Refiro-me a uma incrível jornada, batizada com uma  música do mítico Will Oldham, que tem em a rose is a rose is a rose, o título deste novo álbum, um jogo de palavras muito curioso que sustenta dez canções ambiciosas, impecavelmente produzidas e com um brilho raro e inédito no panorama nacional.

O primeiro single divulgado deste a rose is a rose is a rose chama-se One For Dusty Light, uma ternurenta balada, onde sobressai uma percussão vibrante e arranjos de cordas com uma estética sonora particularmente luminosa e deslumbrante e que abre as portas a um disco que garanto ser extremamente extrovertido, alegre e comunicativo. Em breve partilharei a minha análise ao mesmo e uma entrevista com o autor. Confere...

 

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publicado por stipe07 às 20:18

Suede – Night Thoughts

Quarta-feira, 17.02.16

Editado a vinte e dois de janeiro último à boleia da multinacional Warner e produzido por Ed Buller, colaborador de longa data da banda, Night Thoughts é o mais recente registo discográfico dos Suede, o sétimo tomo da carreira discográfica desta banda de rock alternativo britânica, um trabalho que sucede ao excelente Bloodsports de 2013.

Grupo que teve e tem como maiores referências os Smiths e os Commotions, os Suede andaram sempre à procura da direção certa e dos melhores cruzamentos sonoros dentro da esfera britpop. Curiosamente, quando a banda se formou em 1989, num anúncio de jornal era pedido um baterista e o ex Smiths Mike Joyce candidatou-se ao cargo, mas logo desistiu quando percebeu que a sua anterior banda seria uma das bitolas dos Suede e que ele próprio poderia tornar-se num óbice dentro de um projeto que queria estabelecer uma identidade própria apesar de não renegar influências.

Ao longo da carreira, os Suede acabaram por conseguir estabelecer uma sonoridade muito peculiar e sua, graças não só à postura de Brett Anderson, o carismático líder, mas também devido aos detalhes sofisticados e aos arranjos únicos do guitarrista Richard Oakes. Não houve propriamente uma coesão em termos de sonoridade já que a discografia dos Suede não é particularmente homogénea; O primeiro álbum, homónimo, editado em 1993, era um disco mais rockDog Man Star (1994) já mostrava uma faceta da banda mais obscura e de sonoridades sofisticadas. O terceiro, Coming Up (1996) mostrou um lado pop e melódico da banda, sendo até hoje o disco dos Suede mais bem sucedido comercialmente. Depois do experimentalismo em excesso com Head Music (1999), a banda lançou A New Morning (2002), trabalho cheio de arranjos acústicos e que, apesar da qualidade, não chamou muito a atenção do grande público.

Pouco mais de dez anos depois a banda regressou, curiosamente numa fase em que o retro e os anos noventa voltaram a estar na moda, com o tal Bloodsports e agora, neste Night Thoughts, o atual quarteto deixa para os fãs a possibilidade de eles próprios concluirem se o grupo continua a ser capaz de lançar canções de qualidade e finalmente estabelecer a tal identidade que tanto procuraram toda a carreira. E a verdade é que se o antecessor, editado há dois anos, piscava o olho ao lado mais lírico e luminoso de Coming Up, este Night Thoughts parece estar mais de acordo com a herança deixada pelos elementos mais obscuros e experimentais de Dog Man Star.

Logo em When You Are Young, o envolvente e grandioso tema que abre o disco, percebe-se que o clima que irá permear grande parte das canções deste álbum está impregnado com arranjos envolventes e sofisticados, onde não falta um inédito ambiente clássico e que, neste caso, transporta uma sensibilidade melódica muito aprazível. Os sons modulados e as camadas sonoras que sustentam este tema e, pouco depois, o edifício da identitária No Tomorrow, canção tipicamente Suede, assim como a aparente dicotomia entre os sons atmosféricos plenos de brilho e a guitarra rugosa de Pale Snow e Tightrope, os dois temas mais soturnos e noturnos dos disco, são aspetos que além de sustentarem uma toada atmosférica bastante incisiva, dão um clima espectral a Night Thoughts, devido ao modo como defende a herança sonora do grupo, ao mesmo tempo que enriquece o seu cardápio global e aponta o quarteto rumo a universos mais experimentais e que acertam em cheio em agumas das tendências mais interessantes da pop contemporânea.

Até ao ocaso deste alinhamento de doze canções, os riffs inspirados da visceral e dançante Like Kids e o travão na euforia provocado pela soturna I Can’t Give Her What She Wants, uma canção com a tal toada inicial atmosférica, mas que depois cresce para um registo mais aditivo e linear, sem nunca descurar o pendor climático, demonstram este balanço constante entre dois mundos algo opostos mas que se contemplam porque são, cada vez mais, o sustento fundamental do adn identitário deste projeto londrino. A grandiosa The Fur And The Feathers, tema que intercala uma excelente interpretação de Anderson com um trabalho habilidoso da restante banda, dita o fim de um registo sonoro com um resultado global algo nostálgico e polido e particularmente intenso, enquanto exala uma faceta algo sonhadora e romântica que se aplaude e que é também fruto de uma produção cuidada e que irá certamente agradar a todos os apreciadores do género. Espero que aprecies a sugestão...

Suede - Night Thoughts

01. When You Are Young
02. Outsiders
03. No Tomorrow
04. Pale Snow
05. I Don’t Know How To Reach You
06. What I’m Trying To Tell You
07. Tightrope
08. Learning To Be
09. Like Kids
10. I Can’t Give Her What She Wants
11. When You Were Young
12. The Fur And The Feathers

Website
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publicado por stipe07 às 21:50

Sea Pinks – Soft Days

Terça-feira, 16.02.16

Belfast, na República da Irlanda, é o poiso dos Sea Pinks, um trio formado por Neil Brogan, Davey Agnew e Steven Henry e de regresso aos discos com Soft Days, onze canções fundidas por uma pop particularmente luminosa e incisiva, apimentada por um saboroso pendor lo fi e que viram a luz do dia em janeiro à boleia da CF Records.

Vibrantes, animados e algo descomprometidos, estes Sea Pinks oferecem-nos em Soft Days uma lindíssima coleção de composições, assentes em guitarras estratosféricas e coloridas, melodias intensas e cativantes, misturando acessibilidade, diversidade e intrincado bom gosto, com enorme eficácia. Canções como a divertida , a vibrante Cold Reading ou a apelativa (I Don’t Feel Like) Giving In, são apenas três exemplos do uso assertivo de uma fórmula simples, mas que contém uma mágica melancolia que trespassa e que nos permite obter um completo alheamento de tudo aquilo que nos preocupa ou pode afetar em nosso redor.

Num disco alegre e extrovertido, mesmo quando em Green With Envy sobressai uma maior variedade ritmíca na guitarra e na percussão, em Trend When You’re Dead há a exploração de territórios mais intrincados e acústicos no dedilhar sedutor da viola e em Depth Of Field a guitarra pisca o olho ao melhor rock alternativo americano dos anos oitenta e em Down Dog ao rock britânico da década seguinte, o que se escuta é sempre replicado à sombra de um universo muito específico que percorre vias menos óbvias e que não descurando um intenso sentido melódico, busca uma cândura muito própria e aconchegante, capaz de soar sempre com enorme prazer, independentemente do momento e do estado de espírito.

Disco com pouco evidentes mas felizes ambições sonoras, quer estruturais, quer estilísticas e com um elevado sentido pop, Soft Days quer entrar pelos nossos ouvidos com propósitos firmes, de modo a criar espontâneos sorrisos. Mesmo que a musica destes Sea Pinks não coloque em causa ideias pré concebidas ou afronte estruturas e sentimentos que julgamos ser inabaláveis, a verdade é que à medida que comunicam connosco sacodem os nossos sentidos com sopros e composições contemplativas, que criam uma paisagem imensa e ilimitada de possibilidades e um refúgio bucólico dentro da amálgama sonora que sustenta a música atual. Espero que aprecies a sugestão...

Sea Pinks - Soft Days

01. (I Don’t Feel Like) Giving In
02. Ordinary Daze
03. Cold Reading
04. Trend When You’re Dead
05. Green With Envy
06. Depth Of Field
07. Everything In Sight
08. Yr Horoscope
09. Down Dog
10. I Won’t Let Go
11. Soft Days

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publicado por stipe07 às 21:42

LNZNDRF – LNZNDRF

Segunda-feira, 15.02.16

Coletivo fundamental do indie rock deste século, os norte americanos The National têm sabido potenciar e expressar a enorme veia criativa dos seus membros noutros projetos paralelos, que devem o sucesso obtido não só ao símbolo de qualidade intrínseco à presença de um membro dessa banda nos créditos, mas também, e principalmente por isso, por causa da superior qualidade do conteúdo sonoro que é criado. Assim, se em 2015 Matt Berninger e Bryce Dessner uniram-se a Brent Knopf dos Menomena para formar os EL VY e se Bryan Devendorf deu as mãos a Danny Seim, dos mesmos Menomena e a Dave Nelson (David Byrne, St. Vincent, Sufjan Stevens), para incubar os Pfarmers, agora foi a vez dos irmãos Scott e o mesmo Bryan Devendorf unirem-se a Ben Laz dos Beirut, para criar os LNZNDRF, um projeto que se estreou hoje mesmos nos discos, com um homónimo editado à boleia da conceituada 4AD.

Se os EL VY apostam as fichas todas na voz grave de Berninger, conjugada com arranjos bastante melódicos, refrões simples e versos acessiveis, componentes que em Return To The Moon, o álbum de estreia, ofereceram-nos uma explícita toada mais pop e luminosa do que o habitualmente escutado nos The National, ampliada também por boas guitarras e alguma sintetização, já Gunnera, o registo inicial dos Pfarmers, é um compêndio de canções de cariz fortemente ambiental, sustentado por várias camadas de sopros sintetizados, uma espiral pop onde não falta o marcante estilo percurssivo de Devendorf, ou algum do cardápio de efeitos que Danny apresentou nos Menomena, mas onde tudo é filtrado de modo bastante orgânico, amplo e rugoso. LNZNDRF acaba por seguir um pouco esta linha mais experimental, em oito canções que se sustentam numa orgânica particularmente minimal, mas profunda e crua, um universo fortemente cinematográfico e imersivo, já que estes LNZNDRF parecem tocar submergidos num mundo subterrâneo de onde debitam música através de tunéis rochosos revestidos com placas metálicas que aprofundam o eco das melodias e dão asas às emoções que exalam desde as profundezas desse refúgio bucólico e denso onde certamente se embrenharam, pelo menos na imaginação, para criar composições que impressionam pelo forte cariz sensorial.

Logo em Future You debatemo-nos com um som esculpido e complexo, onde é forte a dinâmica entre um enorme manancial de efeitos e samples de sons que parecem ser debitados pela própria natureza e a tríade baixo, guitarra e bateria, num encadeamento que nos obriga a um exercício exigente de percepção fortemente revelador e claramente recompensador. A mesma receita, mas de modo ainda mais grandioso e hipnótico, repete-se em Beneath The Black Sea, canção que impressiona pela cândura inicial das teclas, mas que depois se desenvolve e simultaneamente nos envolve, numa espiral de sentimento e grandiosidade, patente também nos efeitos e no frenesim da guitarra e numa bateria inebriante, com a voz a fazer aqui a sua primeira aparição, funcionando e sussurrando também como membro pleno do arsenal instrumental, não havendo, como se percebe, regras ou limites impostos para a inserção da mais variada miríade de arranjos, detalhes e ruídos.

De facto, estes LNZNDRF são mais um bom exemplo de uma banda capaz de ser genuína no modo como manipula o sintético, de modo a dar-lhe a vida e a retirar aquela faceta algo rígida que a eletrónica muitas vezes intui, convertendo tudo aquilo que poderia ser compreendido por uma maioria de ouvintes como meros ruídos ou linhas de guitarra dispersas em produções volumosas e intencionalmente orientadas para algo épico. Os feitos que borbulham de MT Storm, uma canção onde os flashes metálicos projetados pelas teclas em várias direções, a percussão robusta, uma distorção de guitarra imponente e um falsete impiedoso e suplicante criam um cenário idílico para os apreciadores do rock progressivo mais enérgico e libertário, a insanidade desconstrutiva em que alicerçam as camadas de sons das guitarras, do baixo e dos detalhes percussivos que dão vida a Kind Things, o tema mais acessível e comercial do disco e com uma deliciosa pitada psicadélica a escorrer por todos os seus poros e a incontestável beleza e coerência dos detalhes orgânicos das cordas e dos flashes sintetizados que nos fazem levitar no instrumental Hypno-Skate rumo a um universo invulgarmente empolgante e sensorial justificam, sem qualquer sombra de dúvida, a atribuição de um claro nível de excelência aos diferentes fragmentos que os LNZNDRF convocaram nos vários universos sonoros que os rodeiam e que da eletrónica, à pop, passando pelo rock progressivo criam uma relação simbiótica bastante sedutora, enquanto partem à descoberta de texturas sonoras que podem muito bem servir de referência para projetos futuros.

A indulgência folk que ressalta da luz emanada pelas cordas de Monument e, numa direção oposta, o krautrock rugoso de Samarra, um ribeiro sonoro por onde confluem vários sons da mais diversa estirpe e de diferentes proveniências, mas todos cheios de vida e prestes a desaguar na Terra Prometida idealizada pelos LNZNDRF, ditam o ocaso de um disco que foi entalhado no ventre da terra mãe e de onde brotou para se tornar na banda sonora perfeita de um território tremendamente sensorial, assente numa arrebatadora coleção de trechos sonoros cuja soma resulta numa grande obra linda e inquietante. Certamente que tudo isto terá resultado de uma simbiose corajosa e sem entraves ou inibições, entre três músicos que  acabaram por ser aquele detalhe orgânico que dá alma a todas as ligações de fios e transístores que tiveram que estabelecer nestas oito canções e que transportam um infinito catálogo de sons e díspares referências que parecem alinhar-se apenas na cabeça e nos inventos nada óbvios de cada um deles e de todos em conjunto. Espero que aprecies a sugestão...

LNZNDRF - LNZNDRF

01. Future You
02. Beneath The Black Sea
03. Mt Storm
04. Kind Things
05. Hypno-Skate
06. Stars And Time
07. Monument
08. Samarra

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publicado por stipe07 às 18:35

Mangoseed - Lucy

Domingo, 14.02.16

Oriundos de Londres, os Mangoseed são um quarteto que tem levantado alguma celeuma junto da crítica especializada deivdo a Lucy, um single que irá ver a luz do dia a dezoito de março à boleia da Lost in The Manor e que antecipa o lançamento de um novo disco de um projeto que começou por ser uma dupla formada pelo vocalista Nicholai La Barrie e o guitarrista Karlos Coleman, à qual se juntaram pouco depois o baixista Richard Hardy e o baterista Sam Campbell.

Com um disco já em carteira, um trabalho intitulado Basquiat, lançado em 2014, estes Mangoseed têm dado nas vistas devido à fusão sonora de géneros e estilos que replicam, o que não admira já que Trinidade e Tobago, Jamaica e Austrália são os países de origem dos seus membros, misturando rock com ska, reggae e eletrónica, com enorme mestria e bom gosto e uma energia incomum, que tem consolidado uma elevada reputação, nomeadamente no que diz respeito aos espetáculos ao vivo da banda.

Lucy é um tema que reforça toda esta matriz identitária dos Mangoseed, uma canção dominada por uma guitarra eletrificada intensa, uma bateria imponente e um baixo volumoso, que sustentam uma melodia com uma energia invulgar e  intencionalmente étnica, fortemente aditiva e claramente dançante. Confere...

 

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publicado por stipe07 às 18:14

Bravestation - V

Sábado, 13.02.16

Depois de Giants Dreamers, álbum editado em 2012 e do EP IV, os Bravestation dos irmãos Devin Wilson (voz e baixo) e Derek Wilson (guitarra) e Jeremy Rossetti (bateria e percurssão), estão de regresso aos discos com V, um EP editado no passado mês de maio. Este projeto tem raízes em Montreal, a cidade canadiana dos mil lagos e inspira-se na novela Brave New World de Aldous Huxley e no ensaio The Station, da autoria de Robert J. Hasting. No entanto, os Bravestation instalaram-se em Toronto no ano de 2008 e viram este seu mais recente tomo de composições ser editado pela etiqueta local Culvert Music, quatro canções que podem ser escutadas no bandcamp da banda.

Algures entre o R&B, o post punk, a new wave e a eletrónica, os Bravestation convidam-nos a escutar paisagens sonoras com uma atmosfera e abordagem tendencialmente pop. De facto, eles são exímios no modo como conseguem colocar uma elevada dose de groove nas canções, com a batida sintética e os teclados de Haven ou o modo particularmente inspirado como em Gemini nos oferecem uma paisagem contemplativa com um charme e uma delicadez subtis, a serem aspectos lúcidos e sustentados que nos confrontam com o modo inspirado como estes Bravestation compõem e dão vida às suas emoções através da música .

Os anos oitenta estão, como se percebe, bastante presentes em V, quer nos efeitos hipnóticos colocados na voz, como nos sintetizadores, que recriam a sonoridade típica dessa década. E, à semelhança do que acontece com outros projetos similares contemporâneos, é possível sentir aqui que a abordagem a esses gloriosos anos da pop soa, ao mesmo tempo, como um retrocesso temporal, mas também algo sonoramente futurista. Espero que aprecies a sugestão...

Bravestation - V

01. Haven
02. Actors
03. Gemini
04. Operator

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publicado por stipe07 às 15:00

The Drink - Capital

Quinta-feira, 11.02.16

Os britânicos The Drink de Dearbhla Minogue, Daniel Fordham e David Stewart regressaram aos discos apenas onze meses após o espetacular disco homónimo de estreia, com Capital, o título do novo trabalho desta banda Londrina, gravado numa antiga quinta de produção suína, entretanto convertida em estúdio, nos arredores de Sheffield. De recordar que esse trabalho de estreia resultou de uma compilação dos três primeiros Eps do grupo e permitiu aos The Drink andar em digressão, com passagens pelos festivais Green Man e End Of The Road, abrir concretos para Toro Y Moi e participar no mítico programa da BBC 6, apresentado por Marc Riley.

Admiradores confessos de sonoridades esplendorosas e que os façam tocar a guitarra sempre completamente ligados à corrente, os The Drink abrem este disco com a roqueira e dançante Like A River e percebe-se logo que há, simultaneamente, com a ajuda de uma bateria a recordar detalhes do garage rock, uma tentativa de estabelecer pontes entre o indie rock, com alguns detalhes mais sensíveis da pop, bem estruturados e devidamente adocicados com arranjos bem conseguidos. O groove sedutor de You Won't Come Back At All e a luminosidade algo minimal e claramente ambiental da divertida Potter's Grave, acentuada por um falsete irrepreensível, oferecem-nos duas canções doces, mas com alguma distorção e instantes bem noisy, que ajudam a reforçar uma fusão particularmente consistente e carregada de referências assertivas.

À medida que o disco avança e somos confrontados com a densidade melodiosa de The Coming Rain e a subtileza invulgar que emana das cordas do baixo de Month Of May, enquanto se cruza com o efeito da guitarra e as teclas do orgão, vamos percebendo que este Capital é um exemplo particularmente feliz do que é um alinhamento que oferece um equilíbrio interessante entre a busca de uma toada lo fi expressiva e sintética e um som que não dispensa a vertente orgânica conferida pelas cordas e pela percussão. E a cereja no topo do bolo foi estes The Drink terem tido a capacidade de encontrar este ponto açucarado envolto numa pulsão rítmica, que casa eficazmente com uma voz apaixonada, uma Dearbhla Minogue que canta letras fortemente reflexivas sobre algumas questões importantes da sociedade ocidental contemporânea.

Chegamos ao ocaso de Capital e deparamo-nos com No Memory, talvez o momento mais alto deste belíssimo trabalho. Canção que fala do passado e de como ele tantas vezes nos consome e desfoca, No Memory oscila entre uma certa subtileza experimental percussiva e uma clara busca de algo mais comercial ao nível dos efeitos, o que faz do tema uma escolha nada inocente para chamariz do álbum. Há uma forte vertente experimental nas guitarras e uma certa soul na secção rítmica e no baixo sedutor, excelentes tónicos que potenciam o modo como Dearbhla sopra na nossa mente e a envolve com uma elevada toada emotiva e delicada, que faz o nosso espírito facilmente levitar, algo que provoca um cocktail delicioso de boas sensações. Capital viu a luz do dia a treze de novembro à boleia da Melodic Records. Espero que aprecies a sugestão...

Capital cover art

1. Like A River
2. You Wont Come Back At All
3. Potter's Grave
4. Roller
5. Hair Trigger
6. I Can't Sleep
7. The Coming Rain
8. I'll Never Make You Cry
9. Month Of May
10. No Memory

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publicado por stipe07 às 21:31

Old Yellow Jack - Glimmer

Quinta-feira, 11.02.16

Oriundos do meio universitário lisboeta, os Old Yellow Jack são Guilherme Almeida (voz, guitarra), Henrique Fonseca (guitarra, teclado), Miguel Costa (baixo) e Filipe Collaço (bateria), uma banda que nasceu em 2011, fundamentalmente por iniciativa do Filipe. Conheceu o Guilherme e após alguns meses a tocarem juntos juntou-se a eles o Miguel, e por fim, o Henrique. Começaram por se inscrever e participar em concursos de bandas e, desse modo, deram a conhecer a sua insana cartilha sonora, assente num indie rock psicadélico, direto e algo cru, mas também amplo e abrangente, uma sonoridade exemplarmente plasmada em, Magnus, o EP de estreia, um compêndio de cinco canções, produzido por Bruno Pedro Simões (Sean Riley & The Slowriders) nos Black Sheep Studios em Sintra e que viu a luz do dia em janeiro do ano passado.

Se Magnus era uma amostra de rock energético e viajante, assente em guitarras tão agressivas quanto angelicais, deixando logo uma boa amostra daquilo que poderíamos esperar do futuro desta jovem banda de Lisboa, o longa duração de estreia dos Old Yellow Jack, que verá a luz do dia a vinte e nove de abril próximo, irá marcar uma certa inflexão sonora, como se percebe em Glimmer, o primeiro single divulgado desse trabalho. Canção assente em guitarras levemente distorcidas e harmoniosas, banhadas pelo sol dos subúrbios e misturadas com arranjos luminosos e com um certo toque psicadélico, Glimmer é conduzida por uma melodia que transmite uma forte sensação sentimental, algo que espalha um charme intenso numa peça sonora onde é fácil sentir aquela nostalgia onde o nosso quotidiano facilmente se revê.

Espera-se pois um álbum que, não tendo ainda título, irá olhar com particular atenção para o rock alternativo dos anos oitenta e, servindo-se de uma vincada vertente orgânica, terá um cariz claramente urbano, proposto por uns Old Yellow Jack ainda mais reflexivos e fluídos. O disco será lançado de forma independente, à semelhança de Magnus, é novamente gravado nos Blacksheep Studios em Sintra, mas desta vez conta com a produção de Guilherme Gonçalves. Confere...

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publicado por stipe07 às 18:29

DIIV - Is The Is Are

Quarta-feira, 10.02.16

Os DIIV (lê-se Dive) são um grupo do nova iorquino Zachary Cole Smith, músico dos Beach Fossils e que tem como companheiros de banda neste projeto Andrew Bailey (guitarra), Devin Ruben Perez (baixo) e Colby Hewitt (bateria). O disco de estreia chamou-se Oshin e viu a luz do dia há pouco mais de três anos através da Captured Tracks, mas já tem sucessor. Is The Is Are, o novo trabalho dos DIIV, foi escrito na íntegra por Zachary, gravado em Brooklyn e chegou recentemente aos escaparates à boleia da mesma etiqueta.

Se em Oshin Zachary se deixou envolver pelo garage rock e dialogou incansavelmente com a recente tendência surf rock que ocupa boa parte do panorama alternativo norte americano, principalmente no modo como incorpora doses indiscretas de uma pop suja e nostálgica, Is The Is Are não renega totalmente estes atributos essenciais para a definição justa do adn do grupo, mas basta ouvir o single ouvir Bent (Roi’s Song) para se perceber que esta nova trip deambulante dos DIIV, proporcionada pelas guitarras e pela voz melódica do autor, conduzindo-nos a esse rock alternativo de cariz mais lo fi, privilegia, desta vez, o confronto amigavel com uma pop particularmente luminosa e com um travo a maresia muito peculiar. E por tudo isto torna-se claro que em 2016 Zachary Cole quer reclamar uma posição quer de destaque quer de abrangência junto da massa crítica, enquanto alarga o potencial do seu cardápio relativamente à agregação de um maior leque de apreciadores do mesmo e, já agora, limpa a imagem pessoal e de uma banda que acumulou alguns episódios menos positivos nos últimos tempos e que agora não importa enumerar, mas que conotaram os DIIV de um grupo de músicos homofóbicos e dependentes de substâncias ilícitas. 

Chegamos a Dopamine, canção que versa exatamente sobre a questão da adição às drogas, assim como, mais adiante, a homónima, e nela o autor além de se referir à sua experiência pessoal, procura influenciar o ouvinte para que não repita os seus erros (Fixing now to mix the white and brown, Buried deep in a heroin sleep). Neste tema, conduzidos por uma bateria frenética, um baixo vibrante e uma guitarra estratosférica e luminosa, deparamo-nos com o ponto mais alto de Is The Is Are, canção que além de assegurar algum ideal de continuidade relativamente a Oshin, algo que mais adiante o ambiente sonhador e cristalino de Loose Ends também consegue transmitir com eficácia, é um daqueles excelentes instantes sonoros que merecem figurar em lugar de destaque na indie contemporânea. Esta canção, mas também depois o fuzz da guitarra e os efeitos sombrios do teclado de Valentine, o hipnotismo incisivo da guitarra de Blue Boredom (Sky’s Song), canção que conta com a participação vocal de Sky Ferreira, companheira de Cole e o piscar de olhos do baixo de Yr Not Far a um ambiente mais punk e progressivo, puxam os autores para um patamar superior de abrangência, não só pela miríade sonora que abrangem, mas também, e principalmente, por estarmos a falar de canções que misturam acessibilidade, diversidade e intrincado bom gosto, tudo com enorme eficácia.

Compêndio que privilegia então uma sensibilidade pop inédita nos DIIV e que em alguns momentos é atingida com um forte cariz épico e monumental, como se infere, por exemplo, nas derivações melódicas e na majestosidade instrumental de Take Your Time, Is The Is Are contém uma mágica melancolia que trespassa e que nos permite obter um completo alheamento de tudo aquilo que nos preocupa ou pode afetar em nosso redor. E além destes aspetos, transversais a grande parte do historial do grupo e que se misturam e se sublimam em vários temas deste novo álbum, com o já citado riff alegre e sonhador do single Dopamine a ser talvez aquele que melhor consegue juntar toda a amálgama que hoje define o adn dos DIIV, há outros traços também expressos com intensidade e requinte superiores, nomeadamente um piscar de olhos objetivo aquela crueza orgânica que aqui faz questão de viver permanentemente de braço dado com o experimentalismo e em simbiose com a psicadelia e que em Mire (Grant’s Song) atinge um patamar particularmente turtuoso.

Is The Is Are é um daqueles registos discográficos onde a personalidade de cada uma das canções do alinhamento demora um pouco a revelar-se nos nossos ouvidos, mas é incrivelmente compensador experimentar sucessivas audições para destrinçar os detalhes precisos e a produção impecável e intrincada que as distingue e que sustenta a bitola qualitativa de um disco incubado por um grupo que procura redimir-se do seu passado, mas que também quer mostrar que vive no pico da sua produção criativa, porque exige e consegue navegar sem parcimónia em diferentes campos de exploração. A imprevisibilidade é, afinal, algo de valor no mundo artístico e Zachary Cole, uma dos personagens mais excêntricas no mundo da música de hoje, continua a jogar com essa evidência a seu favor, à medida que apresenta diferentes ideias e conceitos de disco para disco, tendo, neste caso, excedido favoravelmente todas as expetativas e criado um dos álbuns essenciais do ano. Espero que aprecies a sugestão...

01. Out Of Mind
02. Under The Sun
03. Bent (Roi’s Song)
04. Dopamine
05. Blue Boredom (Sky’s Song)
06. Valentine
07. Yr Not Far
08. Take Your Time
09. Is The Is Are
10. Mire (Grant’s Song)
11. Incarnate Devil
12. (Fuck)
13. Healthy Moon
14. Loose Ends
15. (Napa)
16. Dust
17. Waste Of Breath

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publicado por stipe07 às 21:52

White Noise Sound – Like A Pyramid Of Fire

Segunda-feira, 08.02.16

O indie rock psicadélico tem mais um nome relevante a acrescentar ao longo cardápio de bandas e projetos que se têm assumido no universo sonoro alternativo, rebocadas pelo sucesso atual de um espetro sonoro revivalista, mas com caraterísticas muito próprias que acabam por se entrelaçar com elevado grau de asserto com algumas das tendências mais contemporâneas do rock. Falo dos galeses White Noise Sound, uma banda que em 2015 lançou Like A Pyramid Of Fire, um compêndio de oito canções que viram a luz do dia com a ajuda da editora Rocket Girl, uma etiqueta cada vez mais rica e essencial para os apreciadores deste género sonoro e com nomes tão influentes como God Is An Astronaut ou Jon DeRosa na sua lista de projetos.

Para o segundo disco da carreira, os White Noise Sound rodearam-se de nomes tão importantes como o produtor e DJ Phil Kieran e Cian Ciaran e o resultado foi um aglomerado hipnótico e intenso, mas bastante melódico de psicadelia, com uma assumida pompa sinfónica e inconfundível. Como se percebe logo na majestosa Heavy Echo, é uma filosofia sonora conduzida por um sintetizador pleno de efeitos deslumbrantes, um baixo que marca o ritmo e a cadência com rigor, mas também flexibilidade e sentimento e onde abundam distorções de guitarra que criam um oásis denso, atmosférico e sujo de riffs imponentes e incisivos. Logo depois, no piano sensível e profundamente revivalista, claramente pink floydiano, de Bow, não existem mais razões para duvidarmos do modo como este Like A Pyramid Of Fire está carregado de melodias que projetam inúmeras possibilidades e aventuras ao ouvinte em cada canção, sempre com enorme mestria e criatividade. O modo como em All You Need, primeiro a bateria e depois o sintetizador, fazem a composição atravessar terrenos experimentais e etéreos e com elevada fluidez e prazer, amplifica a certeza sobre o modo como estes White Noise Sound conseguem ser concisos e diretos e, ao mesmo tempo, separar bem os diferentes sons e mantê-los isolados e em posição de destaque, durante o processo de construção dos diferentes puzzles que dão substância às canções. O próprio modo como o punk mais libidinoso e másculo exala de todos os poros das cordas das guitarras que sustentam Red Light e, em Can't You Seet It, a forma como a composição cresce em volume e grandiosidade enquanto se desembrulham nos nossos ouvidos diferentes detalhes sintéticos, orgânicos e percussivos, nos quais se incluem alguns samples vocais e batidas e a fluidez com que os instrumentos vão surgindo, são outros marcos impressivos nesta dinâmica que o disco contém, enquanto nos oferece uma viagem única que constitui um verdadeiro sopro de renovação de um género sonoro que tocado com tal mestria, torna-se verdadeiramente intemporal. Espero que aprecies a sugestão...

White Noise Sound - Like A Pyramid Of Fire

01. Heavy Echo
02. Bow
03. Can’t You See It
04. Red Light
05. All You Need
06. Step Into The Light
07. Do It Again
08. Feel It

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publicado por stipe07 às 16:46







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