man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Suede – Night Thoughts
Editado a vinte e dois de janeiro último à boleia da multinacional Warner e produzido por Ed Buller, colaborador de longa data da banda, Night Thoughts é o mais recente registo discográfico dos Suede, o sétimo tomo da carreira discográfica desta banda de rock alternativo britânica, um trabalho que sucede ao excelente Bloodsports de 2013.
Grupo que teve e tem como maiores referências os Smiths e os Commotions, os Suede andaram sempre à procura da direção certa e dos melhores cruzamentos sonoros dentro da esfera britpop. Curiosamente, quando a banda se formou em 1989, num anúncio de jornal era pedido um baterista e o ex Smiths Mike Joyce candidatou-se ao cargo, mas logo desistiu quando percebeu que a sua anterior banda seria uma das bitolas dos Suede e que ele próprio poderia tornar-se num óbice dentro de um projeto que queria estabelecer uma identidade própria apesar de não renegar influências.
Ao longo da carreira, os Suede acabaram por conseguir estabelecer uma sonoridade muito peculiar e sua, graças não só à postura de Brett Anderson, o carismático líder, mas também devido aos detalhes sofisticados e aos arranjos únicos do guitarrista Richard Oakes. Não houve propriamente uma coesão em termos de sonoridade já que a discografia dos Suede não é particularmente homogénea; O primeiro álbum, homónimo, editado em 1993, era um disco mais rock e Dog Man Star (1994) já mostrava uma faceta da banda mais obscura e de sonoridades sofisticadas. O terceiro, Coming Up (1996) mostrou um lado pop e melódico da banda, sendo até hoje o disco dos Suede mais bem sucedido comercialmente. Depois do experimentalismo em excesso com Head Music (1999), a banda lançou A New Morning (2002), trabalho cheio de arranjos acústicos e que, apesar da qualidade, não chamou muito a atenção do grande público.
Pouco mais de dez anos depois a banda regressou, curiosamente numa fase em que o retro e os anos noventa voltaram a estar na moda, com o tal Bloodsports e agora, neste Night Thoughts, o atual quarteto deixa para os fãs a possibilidade de eles próprios concluirem se o grupo continua a ser capaz de lançar canções de qualidade e finalmente estabelecer a tal identidade que tanto procuraram toda a carreira. E a verdade é que se o antecessor, editado há dois anos, piscava o olho ao lado mais lírico e luminoso de Coming Up, este Night Thoughts parece estar mais de acordo com a herança deixada pelos elementos mais obscuros e experimentais de Dog Man Star.
Logo em When You Are Young, o envolvente e grandioso tema que abre o disco, percebe-se que o clima que irá permear grande parte das canções deste álbum está impregnado com arranjos envolventes e sofisticados, onde não falta um inédito ambiente clássico e que, neste caso, transporta uma sensibilidade melódica muito aprazível. Os sons modulados e as camadas sonoras que sustentam este tema e, pouco depois, o edifício da identitária No Tomorrow, canção tipicamente Suede, assim como a aparente dicotomia entre os sons atmosféricos plenos de brilho e a guitarra rugosa de Pale Snow e Tightrope, os dois temas mais soturnos e noturnos dos disco, são aspetos que além de sustentarem uma toada atmosférica bastante incisiva, dão um clima espectral a Night Thoughts, devido ao modo como defende a herança sonora do grupo, ao mesmo tempo que enriquece o seu cardápio global e aponta o quarteto rumo a universos mais experimentais e que acertam em cheio em agumas das tendências mais interessantes da pop contemporânea.
Até ao ocaso deste alinhamento de doze canções, os riffs inspirados da visceral e dançante Like Kids e o travão na euforia provocado pela soturna I Can’t Give Her What She Wants, uma canção com a tal toada inicial atmosférica, mas que depois cresce para um registo mais aditivo e linear, sem nunca descurar o pendor climático, demonstram este balanço constante entre dois mundos algo opostos mas que se contemplam porque são, cada vez mais, o sustento fundamental do adn identitário deste projeto londrino. A grandiosa The Fur And The Feathers, tema que intercala uma excelente interpretação de Anderson com um trabalho habilidoso da restante banda, dita o fim de um registo sonoro com um resultado global algo nostálgico e polido e particularmente intenso, enquanto exala uma faceta algo sonhadora e romântica que se aplaude e que é também fruto de uma produção cuidada e que irá certamente agradar a todos os apreciadores do género. Espero que aprecies a sugestão...
01. When You Are Young
02. Outsiders
03. No Tomorrow
04. Pale Snow
05. I Don’t Know How To Reach You
06. What I’m Trying To Tell You
07. Tightrope
08. Learning To Be
09. Like Kids
10. I Can’t Give Her What She Wants
11. When You Were Young
12. The Fur And The Feathers