man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Indoor Voices - Auratic EP
Depois de no final de 2011 terem editado Nevers e um ano depois um EP intitulado S/T, os Indoor Voices de Jonathan Relph, Owen Davies, Ryan Gassi, Craig Hopgood e Kate Rogers estão de regresso com Auratic, um novo EP com cinco canções, editado no passado dia quinze de janeiro através da Häxrummet Records e disponivel no bandcamp do projeto em formato digital e com a possiblidade de aquisição de um exemplar em cassete, cuja produção foi limitada a quarenta exemplares. Em Auratic, esta banda de Toronto, no Canadá, contou com a ajuda de Chris Stringer na mistura e de Jeff Elliot na produção de cinco temas que contaram também com as participações especiais de Mihira Lakshman nos violinos e Alisha Erao (Lush Agave e Alligator Indian), Maja Thunberg (Star Horse), Kate Rogers (IV e Kate Rogers Band), Jimena Torres (The Great Wilderness) e Sandra Vu (SISU e Dum Dum Girls) nas vozes.
É algures entre o épico e o lo fi que estes Indoor Voices se sentem confortáveis a dar à luz canções iluminadas por uma fragilidade incrivelmente sedutora, à medida que deixam as guitarras, o baixo e a bateria seguirem a sua dinâmica natural e assumirem uma faceta algo negra e obscura, para criar um cenário musical tipicamente rock, esculpido com cordas ligas à eletricidade, mas com uma certa timidez que não é mais do que um assomo de elegância contida, uma exibição consciente de uma sapiência melódica.
Este desígnio é logo audível na imponência de See Wish e o clima etéreo de Atomic, assim como o modo como, nesta composição de forte cariz orquestral, deliciosos acordes e melodias minusiosamente construídas com diversas camadas de instrumentos, carregam uma sobriedade sentimental esplendorosa, é outro exemplo feliz do modo como nestes Indoor Voices é possível conferir leves pitadas de shoegaze e post rock, mas nada de muito barulhento ou demasiado experimental.
Na verdade, todos os temas de Auratic têm uma toada eminentemente tranquila e algo de épico e sedutor. Há uma sonoridade muito implícita em relação à eletrónica dos anos oitenta e para mim destacam-se os belos instantes sonoros pop onde a instrumentação é colocada em camadas e a voz manipulada como uma espécie de eco, criando uma atmosfera geral calma e contemplativa, que atinge um elevado pico de magnificiência em What Can I, o meu destaque maior do trabalho.
Além de manter intacta a aura melancólica e mágica de um projeto que se aproxima cada vez mais de algumas referências óbvias de finais do século passado, Auratic exala o contínuo processo de transformação de uns Indoor Voices que procuram sempre mostrar, com a marca do indie shoegaze muito presente e com uma dose de experimentalismo equilibrada, uma rara sensibilidade e uma explícita habilidade para conceber texturas e atmosferas sonoras que transitam, muitas vezes, entre a euforia e o sossego, de modo quase sempre impercetível, mas que inquietam todos os poros do nosso lado mais sentimental e espiritual. Espero que aprecies a sugestão...