man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Villagers – Where Have You Been All My Life?
Os irlandeses Villagers são, neste momento, praticamente monopólio da mente criativa de Conor O'Brien e estão já na linha da frente do universo indie folk europeu, pelo modo criativo e carregado com o típico sotaque irlandês, como replicam o género, ainda por cima oriundos de um país com fortes raízes e tradições neste género musical. Com um trajeto musical bastante profícuo nos últimos anos, além de intenso e rico, acabaram por resolver agregar alguns dos temas mais significativos de Becoming a Jackal (2010), {Awayland} (2013) e Darling Arithmetic (2015), dando assim origem a Where Have You Been All My Life?, um álbum editado a oito de janeiro último, através da Domino Records e que nos oferece não apenas uma simples compilação de sucessos, mas uma narrativa muito pessoal e autobiográfica de um cantor e compositor extraordinário, que se debruça frequentemente sobre a temática da sexualidade e os desafios emocionais que a questão da sua homossexualidade lhe tem colocado nos anos mais recentes.
Com o apoio inestimável de Richard Woodcraft, um dos elementos fundamentais da retaguarda dos Radiohead e do engenheiro de som Ber Quinn, os Villagers assentaram arraiais nos estúdios RAK, em Londres e regravaram os doze temas do alinhamento de Where Have You Been All My Life?, adaptando os novos arranjos de modo a que fluissem como uma narrativa homogénea e linear, a exata sensação que a audição do álbum nos oferece.
Se temas como Set The Tigers Free ou Everything I Am Is Yours não defraudam a implacável herança folk que foi tipificando o som do Villagers, já o dedilhar de cordas de Darling Aritmethic e de The Souls Serene ou o baixo impulsivo de Memoir oferecem-nos um olhar mais vincado sobre o modo como Conor consegue entrelaçar letras e melodias e adicionar ainda belos arranjos, de forte teor sentimental, caraterísticas que fazem deste coletivo irlandês não só uma referência essencial e obrigatória no género, mas também um bom aconchego para alguns dos nossos instantes mais introspetivos e fisicamente intimistas.
Seja como for, o meu grande destaque deste trabalho acaba por ser, sem dúvida, até pela temática, Hot Scary Summer, uma canção onde o autor canta emotivamente sobre o fim do amor e o lado mais destrutivo desse sentimento (all the pretty young homophobes looking out for a fight); É nesta canção que Conor amplifica inteligentemente o modo como em Villagers fala de si e das suas experiências e esse ênfase, ampliado pela cândura do seu falsete, acaba por fazer com que se dispa totalmente, exalando uma vincada veia erótica.
Terminando com uma lindíssima versão de Wichita Lineman, um original de 1968 da autoria de Glen Campbell, já revisto por nomes importantes como os R.E.M., Where Have You Been All My Life? contém instantes sonoros de superior magnificiência, em que é possível sentirmos que estamos abraçados ao líder desta banda, a partilhar o mesmo espaço físico da mesma, completamente desprovidos de qualquer defesa, enquanto testemunhamos o modo como Conor se entrega a uma aritmética amorosa, onde está em causa não só o modo como gere a sua relação com o amor, mas também consigo mesmo e os seus próprios conflitos emocionais. Espero que aprecies a sugestão...
01. Set The Tigers Free
02. Everything I Am Is Yours
03. My Lighthouse
04. Courage
05. That Day
06. The Soul Serene
07. Memoir
08. Hot Scary Summer
09. The Waves
10. Darling Arithmetic
11. So Nave
12. Wichita Lineman