man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
We Are The City – Above Club
Oriundos de Vancouver, os canadianos We Are The City são Cayne McKenzie, David Menzel e Andrew Huculiak, um trio de regresso aos discos com Above Club, depois de já no início deste ano nos ter surpreendido com Violent, um trabalho produzido por Tom Dobrzanski e os próprios We Are The City e que abraçava a indie pop com o rock luxuriante, num ritmo e cadência certas, abraço esse que continha uma certa toada melancólica, alicerçada num salutar experimentalismo que compilava um interessante leque de influências, com uma óbvia filosofia vintage.
Above Club mantém a receita de Violent e neste disco conferimos uma dialética sonora assente numa liberdade de expressão melódica e criativa, que é a pedra de toque de oito canções feitas com guitarras levemente distorcidas e harmoniosas, banhadas pelo sol dos subúrbios e misturadas com arranjos luminosos e com um certo toque psicadélico. Logo na panóplia de efeitos e detalhes de Take Your Picture With Me While You Still Can percebe-se que este trio não está preso e limitado a uma fronteira sonora claramente definida, tateando diferentes espaços e espetros, plasmados em curiosos detalhes que, no caso de Keep On Dancing, tanto podem ser um simples toque num teclado, como uma batida compassada num tambor, à medida que os sintetizadores debitam, sem nexo aparente, variados ruídos que a voz e a guitarra ajudam a acomodar.
Genuínos, ecléticos e criativos, estes We Are The City não se intimidam na hora de compôr e deixam o arsenal instrumental que lhes foi colocado à disposição divagar livremente, compondo temas capazes de nos enredar numa teia de emoções que prendem e desarmam, sem apelo nem agravo, numa parada de cor, festa e alegria, onde terá havido certamente um forte sentimento de comunhão entre os músicos, pelo privilégio de estarem juntos e comporem a músicas que gostam.
Em Heavy As A Brick o trio aponta as agulhas para uma eletrónica algo minimalista, mas acessível, mas mesmo nesse tema a irregularidade da percussão, alguns efeitos metálicos e as variações de ritmo e de intensidade, abastecem uma filosofia sonora bastante aditiva e peculiar, que procura gravitar em torno de diferentes conceitos sonoros e esferas musicais, que transmitem, geralmente, sensações onde a nostalgia do nosso quotidiano facilmente se revê. Aparentemente crua e despida de conteúdo, Cheque Room é uma das canções que melhor condensa este casamento feliz entre dois mundos sonoros que nem sempre coexistem pacificamente, audível no modo como um simples efeito de uma guitarra elétrica, uma percussão estridente e um sintetizador deambulante se cruzam e dão as mãos para nos oferecer uma música perfeita para se ouvir num dia de sol, ali, no exato momento em que começa o nosso fim de semana e ao conduzirmos para casa começamos a sonhar. Mas a amplitude dramática que exala de Kiss Me, Honey também consegue este efeito intenso e algo inebriante.
A sirene estridente, o piano melancólico e o registo vocal sincero e incondicional que abrigam Lovers In All Things e o efeito abrasivo de Sign My Name Like QUEEN são apenas mais dois compêndios de detalhes que colocam a nú o imenso ecletismo destes We Are The City, capazes de nos levar à boleia dos seus pensamentos mais inconfessáveis, enquanto falam emocionadamente sobre o amor, deixando-nos descobrir plenamente a sobriedade sentimental que marca a intensa aúrea vincadamente orgânica e, por isso, fortemente sensual que envolve o trio, já que nestas canções consegues sentir a verdadeira personalidade do agregado sentimental que carateriza este projeto verdadeiramente único.
Ouvimos cada uma das oito músicas de Above Club e conseguimos, com clareza, perceber os diferentes elementos sonoros adicionados e que as esculpiram, com as guitarras a não se situarem sempre na primeira fila daquilo que se escuta, mas a serem o fio condutor que suporta aqueles simples detalhes que fazem toda a diferença no cariz que a canção toma e nas sensações que transmite. Este é um exercício prático claramente bem conseguido de conjugação de diversas camadas de instrumentos, que nos oferecem paisagens grandiosas e significativas, arrebatadores banquetes de sedução, servidas em bandeja de ouro, com um forte entusiasmo lírico que contorna todas as amarras que prendem a nossa alma, apresentando, desse modo, a notável disponibilidade dos We Are The City para nos fazer pensar, mexendo com os nossos sentimentos e tentando dar-nos pistas para uma vida mais feliz. Espero que aprecies a sugestão...
01. Take Your Picture With Me While You Still Can
02. Heavy As A Brick
03. Keep on Dancing
04. Sign My Name Like QUEEN
05. Club Music
06. Cheque Room
07. Lovers In All Things
08. Kiss Me, Honey